Helena
Capítulo 43 – Helena
Harry estava se forçando a andar ao lado do amigo. Seus braços pareciam feitos de chumbo e suas pernas de gelatina. A idéia de estar cercado por dezenas de lobos ferozes e provavelmente famintos não lhe agradava nem um pouco, para dizer o mínimo.
O caminho pareceu muito mais longo para Harry do que realmente era. A trilha fechada e a constante agressividade que os cercava não ajudavam em nada. Mas Harry e Guilherme finalmente emergiram em uma clareira gramada, cercada por árvores escuras e perigosas. Harry pressentia o perigo vindo de cada sombra naquele lugar. Não eram bem-vindos, e sabiam disso.
Ao fundo da clareira, havia uma grande fenda no paredão de rochas cinzentas, que parecia ser a entrada de uma caverna, e ali, no meio exato da clareira havia uma grande pedra na vertical. Guilherme se aproximou respeitosamente da pedra e Harry o seguiu, compreendendo que aquela era a lápide a qual o amigo se referia. Haviam algumas palavras gravadas em baixo relevo na pedra cinzenta: HELENA - A MORTE É APENAS UM TROFÉU PARA QUEM TEVE CORAGEM DE VIVER.
Guilherme depositou as flores que trazia de forma respeitosa, se ajoelhando e permanecendo naquela posição. Harry ficou parado ao lado do amigo apenas observando, sem saber o que dizer ou fazer. Os minutos se alongaram interminavelmente, mas Guilherme não se moveu da posição em que estava. Harry ficou em silêncio deixando o amigo se concentrar no que achou que fosse uma oração silenciosa. Apenas aproveitou o toque fresco da brisa sobre seu rosto, o calor do sol sobre sua pele, o aroma emanado das flores silvestres que enfeitavam o túmulo de pedra.
Pelo fato de estar divagando sobre a natureza ao seu redor, utilizando seus novos sentidos super-aguçados, Harry notou quase instantaneamente quando um vulto baixo e peludo emergiu da fenda na parede rochosa, caminhando na direção deles. O vulto, como Harry logo notou, era um lobo cinzento com uma feia cicatriz em forma de meia-lua abaixo de um dos olhos. À medida que se aproximava deles, caminhando pela clareira, ainda mais lobos se juntaram ao primeiro, como um macabro séqüito de feras famintas. À medida que se aproximaram, Harry deu um passo para trás instintivamente. Aquele sutil e quase imperceptível movimento pareceu despertar Guilherme que virou a cabeça na sua direção. Sua expressão estava impassível, como sempre, mas seus olhos tinham um quê de alerta. Levantou uma das mãos que estavam pousadas pacificamente nas coxas dobradas e fez um movimento silencioso para Harry se ajoelhar perante o túmulo também. Ao mesmo tempo em que se abaixava, Harry pôde sentir um dedo invasor penetrar timidamente em sua mente, mas sendo repelido pela impenetrável barreira mental que ergueu de imediato, por instinto. Ao ver o olhar de Guilherme, percebeu que ele é que estava tentando fazer contato mental e baixou, relutante, a parede mental que protegia sua mente. A voz de Guilherme soou calma e inalteradamente cristalina:
-Apenas fique calmo e em silêncio, Harry, e mantenha a mente aberta dessa forma que você irá presenciar algo inesquecível! – o garoto se virou para a frente, olhando para o túmulo e, mais adiante, para as centenas de animais que se aproximavam liderados pelo lobo marcado pela cicatriz.
***
Poucas horas depois, voltando para a casa de Guilherme, acompanhado pelo amigo, Harry continuava pensando em tudo que acontecera na clareira. Harry nunca se conectara mentalmente a tantas outras criaturas vivas ao mesmo tempo, mas ao manter a mente aberta, como Guilherme lhe dissera para fazer, pôde sentir as mentes animalescas de todas as centenas de lobos que se posicionaram ao seu redor e ao redor de Guilherme e do túmulo. A grande maioria dos animais tinha pensamentos simples, quase nada mais que instintos. Podia sentir a intenção de todos os animais à sua volta.
Assim que Harry percebeu a utilidade daquele poder, se perguntou o motivo de as pessoas não o utilizarem com freqüência, mas a resposta lhe ocorreu no segundo seguinte: se sentia extremamente exposto com sua mente tão aberta e sem defesas. Tinha certeza absoluta que se algum bruxo quisesse invadir sua mente naquele instante não só não teria dificuldade nenhuma como provavelmente poderia ler seus pensamentos com a clareza e facilidade com que se lê um livro aberto. Aquele era o poder daquela técnica e também sua fraqueza, pensou Harry a caminho da casa de Guilherme.
Ao chegarem à porta da frente, Harry e Guilherme se sentaram em silêncio nos degraus de pedra que levavam à mansão. Harry apenas se apoiou na pedra quente e fechou os olhos relaxando.
-O que aconteceu lá, Harry, deve ficar em segredo. – disse Guilherme.
-Eu sei. – concordou Harry.
-Ótimo. – disse Guilherme, aparentemente contente por aquilo ter sido esclarecido.
Ficarem ambos em um silêncio confortável, apenas sentindo o calor do sol sobre suas peles, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos.
O tempo foi passando e o silêncio perdurou entre eles. Guilherme também estava apoiado contra a parede de pedra da mansão, de olhos fechados, sentindo a brisa fresca se sobrepondo à quente luz solar. Harry observou o amigo, que parecia cochilar tranquilamente. A cicatriz branco-perolada em sua bochecha brilhou levemente na claridade. Harry voltou a olhar para as árvores não muito distantes, sentindo o perfume que empesteava a brisa e ouvindo o leve arrulhar dos pardais e andorinhas.
Harry nunca soube exatamente quanto tempo se passou. Achou até mesmo que chegou a cochilar por alguns minutos à luz do sol. Acordou com o ruído de conversas se aproximando. Achou que as pessoas estariam falando a poucos metros dele, mas quando abriu os olhos tudo o que pôde ver foi a sombra indistinta dos amigos se aproximando pelo caminho ao longe. Olhou para o lado e Guilherme estava acordado, observando o céu do meio dia.
-Acho que podemos jogar uma partida de Quadribol depois do almoço. O que me diz, Harry? – comentou ele, casualmente.
Harry olhou para o céu antes de responder. Havia nuvens escuras no horizonte, aparentemente vindo em sua direção. Apontou para elas com a cabeça e disse:
-Parece que vai chover...
-Sim. – concordou Guilherme. – Mas não antes do final da tarde. Podemos jogar um pouco antes de ficarmos ensopados. Que tal?
-Parece ótimo. – concordou Harry sorrindo, mais animado. Se espreguiçou, fazendo suas costas e as juntas de seus braços estalarem.
Logo os amigos se aproximaram, acenando. Harry acenou de volta, percebendo o quão contentes eles pareciam. Estavam queimados de sol e o tempo na piscina parecia ter lhes feito bem. Ostentavam sorrisos enormes.
-Olá pessoal. – cumprimentou Guilherme se levantando e acenando.
Todos chegaram, conversando alto e rindo. A alegria se tornou contagiante para Harry, que acabou rindo junto e participando das conversas, embora ainda preguiçosamente sentado nos degraus de pedra. Foi então que Harry notou que havia um outro garoto entre os amigos.
-Deixe eu te apresentar, Harry. Esse é meu irmão mais novo: Danny. – disse Susan se aproximando com um garoto um pouco mais baixo, mas muito parecido com ela: cabelos negros curtos e espetados, olhos muito azuis e penetrantes e bochechas permanentemente coradas. – Danny, este é Harry.
-Oi, como vai? – perguntou o garoto se aproximando e apertando sua mão.
-Oi, prazer em conhecê-lo. – disse Harry, apertando a mão do garoto. Teve uma estranha sensação ao tocar a mão do garoto. Algo no seu interior se contraiu de forma desagradável, como um mau pressentimento pairando sobre o garoto como uma nuvem negra. Já não estava mais sorrindo.
Os amigos ficaram reunidos ali perto, conversando descontraída e animadamente. Apenas Harry ficara ali nas escadas, sentado, isolado. Observava os movimentos de Danny. Sentia que algo muito, muito ruim cercava o garoto. Não sabia como sabia, mas sabia. Observou como o mais novo gesticulava à medida que falava, como lançava olhares disfarçados para Gina, como corava quando a atenção dos mais velhos se concentrava nele. Foi então que viu algo: seu olhar atento perscrutava o garoto a tal ponto que conseguiu enxergar vários pontos fracos, aberturas, por assim dizer, na guarda do garoto. Entendeu que ele não era treinado. Nunca fora. Provavelmente nunca seria. Não era um guerreiro. Voltou seu olhar para os amigos que se espalhavam ao redor. Seu olhar primeiro caiu sobre Killua. Um receio inesperado cresceu ao observá-lo: seus movimentos eram perfeitamente calculados, não fazia movimentos ou gestos desnecessários; não havia uma só abertura em sua guarda. Era como se ele estivesse o tempo inteiro pronto para um ataque surpresa. Supôs que levara anos para se tornar aquilo. Um guerreiro a se temer.
Seu olhar em seguida passou para Rony. O garoto continuava o mesmo magricela alto e desengonçado que sempre fora, mas o olhar aprofundado de Harry agora captava que ele também mantinha a guarda quase o tempo inteiro. Conseguiu captar uma ou outra abertura, mas à medida que se movia, o ruivo as cobria e defendia e, dessa forma, fazia surgir uma ou outra nova abertura. Era um ciclo e Harry achou estranhamente interessante observar aquilo. Também notou que o melhor amigo tinha um estranho tique nervoso, um gesto involuntário, em que batia os dedos de leve no bolso de trás da calça e foi então que Harry percebeu que ele estava checando se a varinha ainda estava no bolso, pronta para ser sacada se necessário. Passou os olhos para Hermione e Gina e percebeu que embora mais discretas e com pequenas diferenças, elas também faziam o mesmo. Cobriam suas fraquezas, expondo novas aberturas e assim por diante, sempre checando as varinhas. Será que aqueles gestos compulsivos eram resultado de sua convivência com ele próprio? Será que o fato de sempre estarem ajudando o grande Harry Potter a sobreviver havia lhes influenciado e ensinado a sempre estar preparados para um ataque surpresa?
Seu olhar divagou e parou, por fim, em Guilherme. Assim como Killua, não havia aberturas em sua guarda. Não havia gasto de energia com movimentos desnecessários. Ele estava ali, simplesmente parado, ouvindo atentamente a conversa e adicionando comentários eventualmente. Não estava interagindo exatamente com os outros, era quase um espectador com uma leve voz no grupo, nada mais que um sussurro. Passaria despercebido em meio a uma multidão. Harry sentiu um calafrio ao observar isso. Era como observar uma árvore secando, morrendo. A vida se esvaía, simplesmente passava sem ser aproveitada. Guilherme era um guerreiro formidável, sim. Isso era indiscutível, mas era invisível. Negativamente invisível. E o pior era que Harry estava se tornando ele. Sabia disso. Estava a cada dia que passava se tornando mais parecido com ele. Estava obtendo a gigantesca habilidade que o garoto possuía e talvez isso fizesse a diferença nesta guerra. Mas será que ao chegar ao final, não estaria morto, de uma forma ou de outra? Será que ao final da guerra, não estaria morto, independente de seu corpo estar ou não vivo? Será que seria algo mais do que uma casca vazia?
***
Harry subiu ao céu, sentindo o conhecido sentimento de liberdade. O vento frio batendo em seu rosto o animou mais do que qualquer coisa naquele dia, embora as nuvens escuras se aproximassem visivelmente. Deu uma grande volta pelo campo verdejante onde jogariam Quadribol, observando os amigos pelo canto dos olhos. Todos estavam pousados em terra firme, para decidir os times e tudo o mais, mas Harry simplesmente não podia aguentar mais um só segundo sem a liberdade que sua Firebolt lhe proporcionava. Depois de alguns minutos de alegria pura, e não sem uma pontada no peito, Harry pousou ao lado dos amigos.
-Bem, agora que todos estão aqui... – brincou Guilherme e todos riram, incluindo Harry. – Vamos escolher os times. Serei o capitão de um se não se importam. – colocou sua vassoura no ombro, uma lindíssima Nimbus 2005, modelo novíssimo. – Quem será do outro? – Killua deu um passou à frente antes que qualquer outro pudesse falar.
-Vou acabar com você, B.K. – e sorriu tranquilamente.
-Veremos. Deixo inclusive que escolha primeiro. – disse se referindo aos jogadores sem time.
-Ótimo. Escolho a Susan. – disse Killua, cruzando os braços. A garota passou por Guilherme e se postou atrás de seu capitão, a vassoura idêntica a do namorado apoiada no ombro.
-Harry. – escolheu B.K. e Harry se uniu a ele.
-Danny. – Killua deu um sorriso cruel, como si tivesse acabado de fazer algo muito esperto e malvado ao mesmo tempo. Guilherme não pareceu contente quando Danny se postou atrás de Susan, sorrindo.
-Gina. – foi a vez de Guilherme sorrir.
-Hermione. – chamou Killua.
-E por fim o Rony vem para o nosso time. – anunciou Guilherme. – Como temos pouca gente, acho melhor soltarmos apenas um dos balaços, que tal? Assim fazemos um batedor, dois artilheiros e um goleiro por time. O que acham?
-Concordo. – disse Killua, o capitão do outro time. – Em 5 minutos?
-Ok. – disse Guilherme e se afastou para um dos lados do campo com seu time. – Hum, deixem-me ver... Rony, você obviamente será o goleiro. Acho que esta posição lhe é familiar, não?
-Claro – concordou o ruivo. – Nada vai passar por mim!
-Não tenha tanta certeza. No time de Quadribol da nossa escola aqui, eu e Killua éramos os segundos melhores artilheiros, só perdendo para a Dupla de Ouro: Susan e seu irmão, Danny. Separadamente são bons, mas juntos são inacreditáveis. Tome cuidado. Harry, desculpe, mas vou te pedir para ser o batedor. Como não teremos apanhador e eu e Gina somos bons artilheiros, não sobram muitas opções. Você se importa?
-Não, não mesmo. Vai ser divertido tentar outra posição. – disse, de bom grado. Se lembrava claramente de seu teste para apanhador no primeiro ano, com Olívio Wood, e ouvira que se não fosse tão bom apanhador, poderia tentar uma vaga de batedor.
- Muito bom. Gina, tome cuidado com Killua. Tenho quase certeza de que será o batedor deles. Harry, tente mirar nos artilheiros deles, ok? Vamos lá!
***
Foi uma experiência completamente nova. Principalmente porque Harry sempre tinha de estar concentrado única e exclusivamente no pomo, e no máximo na narração do jogo. Qualquer detalhe além destes o distraiam. Dessa vez, no entanto, teve que se concentrar em todos os jogadores em campo, procurar o único balaço que estavam usando, proteger seus companheiros enquanto eles cumpriam suas funções, que eram marcar pontos e defender o gol, além de, é claro, carregar um grosso bastão, que depois de um tempo começou a ficar realmente mais pesado.
Estavam jogando em uma colina não muito longe do vilarejo de Guilherme. Era uma campina cercada por feitiços de proteção, pelo que disseram, em que era totalmente seguro jogar Quadribol, pois as bolas não podiam fugir do perímetro e nenhum trouxa podia ver o que estava acontecendo ali dentro.
Harry realmente percebeu que Susan e Danny faziam uma dupla espetacular. Seus movimentos eram completamente sincronizados e com um olhar de um para o outro, mudavam totalmente de atitude e estratégia. Killua era um batedor razoável, mas ficou claro que não era sua primeira opção de posição, assim como Harry. Guilherme e Gina estavam se esforçando muito para conseguir alcançar a Dupla de Ouro e estavam indo razoavelmente bem. Sem duvida o diferencial eram os goleiros, Rony e Hermione, que equilibravam a partida – Rony por ser bom, e Hermione por ser tão drasticamente ruim.
A partir de determinado momento, uma tórrida chuva de verão começou a cair pesadamente, não deixando outra opção além de encerrar a partida. O time de Killua acabou vencendo por uma margem de apenas 40 pontos.
Todos pousaram na grama encharcada, espirrando lama e água para todos os lados. Harry que estava concentrado na sensação da chuva batendo contra sua pele, acabou batendo no chão com mais força do que deveria e escorregou, caindo de costas da lama. Abriu os olhos, olhando para o céu cinzento e pesado e sentindo as gotas baterem contra seu rosto, molhando seu corpo inteiro. A sensação de prazer, liberdade, era simplesmente inacreditável.
-Venha, Harry. Vamos embora. – chamou a voz de Hermione aos seus pés. Ele ergueu a cabeça e ela lhe estendeu a mão para ajuda-lo a se levantar. Ele podia ver os amigos pelo canto dos olhos não muito distantes dali. Viu um movimento, como se alguém tivesse dado um passo a frente. Percebeu tudo isso enquanto ainda encarava Hermione, que estava com o cabelo preso e pingava de tão molhada que estava. Seu rosto marcado pelas gotas de chuva, sorria para ele. Estendeu a própria mão e pegou a dela. Instantaneamente sentiu seu corpo se contrair, uma sensação de puro êxtase inundou sua mente com uma força inacreditável. Uma descarga elétrica percorreu seu corpo inteiro numa potência que Harry nunca tinha sentido antes. Essas incríveis sensações não duraram mais que alguns segundos, e quando finalmente passaram, Harry percebeu que estava novamente caído no chão, Hermione o olhando, meio preocupada, e alguns de seus músculos ainda se contraiam prazerosamente numa velocidade cada vez menor. Sabia que sensação era aquela e tinha a impressão de que se tocasse Hermione novamente, a sentiria de novo. Se sentindo ligeiramente tentado, Harry se sentou e sorriu para a garota, meio envergonhado. Balançou a cabeça e ficou de pé, puxando a roupa molhada que grudava em seu corpo.
-Você está bem? – perguntou ela, o encarando.
-Ótimo. Podemos ir?
Quando finalmente se juntaram ao resto do grupo, Guilherme se aproximou de Harry e sussurrou em seu ouvido:
-Eu disse para não tocar nela, não disse? – e sem esperar por resposta, se afastou.
Harry decidiu que dali por diante, no que se referisse a estes novos poderes, sempre seguiria os conselhos do garoto.
***
Chegando em seu quarto, não muito depois, tiritando de frio graças a chuva e a lama que encharcaram suas roupas e gelaram seu corpo, Harry decidiu-se por tomar um banho quente antes do jantar. Começou a se despir no quarto, jogando a roupa suja e encharcada no chão quando seus olhos bateram no enorme espelho que preenchia a parte de dentro do armário. Simplesmente começou a observar a si mesmo. Não tinha notado os resultados físicos de seu treinamento até aquele momento. Estava magro, bronzeado e mais forte do que se lembrava. Também se movia menos do que imaginava, quase como se estivesse imitando Guilherme e Killua na economia de movimentos desnecessários. Analisou seu próprio corpo com a ajuda do espelho, melhorando sua visão, tentando encontrar pontos fracos em si mesmo, ou então analisando sua própria pele de perto para saber a textura. Harry sorriu ao terminar de se despir: aquilo tudo era muito interessante. Aqueles novos poderes eram demais. Foi tomar banho para aquecer seu corpo gelado e limpa-lo de toda aquela lama.
***
Harry se arrumou mais rápido do que esperava. Estava pronto poucos minutos depois de sair do banho. Foi por isso que, querendo se entreter com algo, saiu de seu quarto e se dirigiu para o final do corredor, onde ficava o quarto de Guilherme. Ainda não visitara o verdadeiro quarto do amigo, que era o quarto onde ele crescera, ali, naquela casa. Bateu na porta que vira Guilherme adentrar mais cedo naquele dia. Como não houve resposta, bateu novamente e entrou.
Era um quarto muito mais cheio de coisas e decorado do que aquele que Harry estava usando, sem falar que era muito maior também. Logo ao lado da porta estavam umas quatro ou cinco prateleiras cheias de livros, cadernos, pesos de papel, pequenas estátuas de decoração, e alguns objetos que Harry sequer reconheceu, provavelmente objetos mágicos. Logo ao lado das prateleiras, havia um armário idêntico ao que Harry possuía em seu quarto. Inclusive, de uma porta ligeiramente aberta (aquela mesma porta que no quarto de Harry levava a um banheiro) vinha o som de um chuveiro ligado. Na parede oposta à porta havia uma cama gêmea aquela que Harry possuía no quarto vizinho, a diferença era na parede sobre a cama, que naquele caso estava simplesmente cheia de armas medievais, de espadas a machados de todos os tipos e tamanhos. Na parede oposta ao armário, ou seja, na parede a direita de Harry, que acabara de entrar no quarto, havia uma gigantesca coleção de vassouras de corrida: todas presas na horizontal, dentro de cúpulas de vidro onde havia uma plaquinha de bronze com as informações sobre a vassoura em questão. No restante do quarto, haviam tapetes extremamente felpudos e algumas poltronas postadas frente a janela que era a única coisa que interrompia a parede de vassouras, bem no centro, além de um baú aos pés da cama. Harry entrou e ficou observando aquela coleção incrível que deveria ter custado uma fortuna para ser montada.
Foi então que notou um único quadro pendurado na parede da porta de entrada. Era simplesmente belíssimo. Parecia ter sido pintado especialmente para Guilherme, pois a criatura na imagem se parecia estranhamente com o rapaz. Os mesmos cabelos negros, o mesmo tipo físico. Era meio hipnotizante. Obviamente fora pintado antes de o garoto ser capturado e torturado, pois não haviam cicatrizes em seu corpo. A imagem retratava um anjo, mas Harry não tinha dúvidas de que o artista se inspirara em Guilherme: a imagem se concentrava única e exclusivamente no anjo, que parecia ser dividido ao meio. O lado direito da imagem era mais deprimente: a asa esquerda do anjo era feita de penas negras e longas; o anel na mão esquerda possuía um brilho vermelho; e o pior era que seu olho esquerdo derramava uma única lagrima que deixou um rastro de sangue por seu rosto. Já o lado esquerdo da imagem era mais belo, pacífico: a asa direita do anjo era de belas penas brancas e longas; o anel na mão direita possuía um brilho puramente azul; e o seu olho direito derramava uma única lágrima branca. Seus braços se cruzavam sobre o peito e a ponta interior de suas asas quase se tocavam na altura da cintura, já que estavam meio fechadas em um gesto estranhamente protetor.
Harry tocou de leve a moldura dourada até que seus dedos rasparam a plaquinha de cobre na base da pintura, onde estava escrito: “O Anjo Protetor: Guilherme/B.K.”.
Harry finalmente se afastou relutante do quadro, voltando sua atenção contra sua vontade, por incrível que pareça, para a coleção de vassouras do amigo. Caminhou pelo quarto observando-as em suas cúpulas, intocadas, até que chegou ao fim da coleção e dali sua atenção foi atraída para o baú aberto aos pés da cama de Guilherme. Não queria mexer ainda mais nas coisas do amigo, mas algo ali dentro chamou sua atenção: uma esfera de vidro branco, meio empoeirada. Lançando um olhar para a porta do banheiro de onde ainda vinha o som do chuveiro ligado, Harry pegou a bola de vidro branco e a ergueu para olhá-la contra a luz. Parecia uma bola de cristal branco-leitosa. Impossível de ver se havia algo dentro. Mas aquela cor, e peso lhe lembravam alguma coisa. E então, com um estalo, Harry se lembrou: A Sala das Profecias do Ministério. Aquela era uma das esferas onde se guardavam profecias. Mas o que Guilherme estava fazendo com aquilo? Ele roubara do Ministério? Era uma profecia sobre ele? O que será que dizia?
Harry estava se remoendo de vontade de saber, mas não sabia se deveria. Primeiro porque Guilherme poderia sair do banho a qualquer minuto; e segundo porque Harry não sabia como abrir a esfera sem quebrá-la e tinha certeza que quebrá-la não era uma boa ideia.
Por fim, pegou a varinha e hesitou antes de tocar na esfera com ela, mas quando o fez não se arrependeu: a esfera flutuou até o chão e assim que pousou, se abriu, liberando um vulto translúcido. A imagem a sua frente era a de um velho extremamente magro. Possuía barbas cinzentas sujas, e o rosto maltratado pelo tempo, coberto de rugas e marcas da idade. Seus lábios eras finos e ressecados e ele não parecia ter muitos dentes na boca. Mas o pior mesmo eram seus olhos, ou melhor, a falta deles: inicialmente estava com as pálpebras fechadas, mas quando começou a falar, as abriu e mostrou o espaço vazio e negro onde deveriam estar seus olhos, mas onde não havia nada. Começou a discursar de forma monótona e automática, como se as informações que proferia não tivessem a mínima importância para a mais simples e frágil das criaturas. Sua voz era rouca e asmática e se parecia com os sons emitidos por um animal agonizante, à beira da morte.
-A última batalha se aproxima. Sangue será derramado nas areias do tempo. Lâminas irão se cruzar em uma batalha sem raça, sem cultura, sem origens. O Cavaleiro Negro irá perder seu mundo. Ao mesmo tempo, a fortaleza triunfará sobre os servos do Mal. O Cavaleiro Negro cumprirá a missão que recebeu quando veio ao mundo. A Criatura Sem Nome brandirá sua espada contra seu pior inimigo e este cairá perante sua lâmina. Uma nova cicatriz marcará o início do fim. O Maior de Todos dará uma chance sem volta ao Escolhido, mas isso lhe custará a vida. A Arma Sagrada mudará de mãos e quando ninguém a empunhar, o fim chegará. Vidas se perderão, mas a vitória surgirá do sangue derramado. Quando o fim chegar, o Cavaleiro Negro e o Homem da Cicatriz se encontrarão frente ao Anjo Protetor e à Virgem Que Chora e nesse momento as lágrimas do céu purificarão o mundo, trazendo novamente a Paz. - o vulto translúcido do velho sem olhos voltou a se recolher à esfera, desaparecendo sem deixar rastro.
Neste momento, Harry ouviu o chuveiro ser desligado e pode ouvir uma movimentação vinda do banheiro, pegou a esfera com pressa e a colocou no lugar onde a havia encontrado. Quando Guilherme finalmente saiu do banheiro enxugando os cabelos, parou perto da cama, se aproximou do baú e o fechou com um estalo. O quarto estava vazio.
***
O jantar daquela noite transcorria tranquilamente. Todos estavam mortos de fome graças ao Quadribol e por isso devoravam a refeição com avidez, mas ao mesmo tempo se permitiam rir e brincar uns com os outros, pelo menos até a coruja chegar.
Todos riam de uma piada suja que Rony contava, quando uma coruja cinzenta desconhecida entrou voando velozmente pela porta que dava para o hall da casa e esvoaçou até pousar no encosto da cadeira de Guilherme. O riso morreu na garganta de todos com a velocidade de uma vela se apagando. O garoto pousou os talheres e pegou o pergaminho preso à pata que a coruja estendia. Acariciou a coruja e a dispensou com um gesto.
Quando Guilherme rompeu o lacre do pergaminho, o desenrolou e leu, a tensão na mesa se tornou palpável. O silêncio predominava. Seu rosto que minutos antes estava sorridente e relaxado agora estava sério e possuía um quê de preocupação. Uma ruga de concentração surgira entre suas sobrancelhas. Por fim, baixou o pergaminho e o pousou na mesa. Segurava um pequeno embrulho que estivera magicamente preso à parte de dentro do pergaminho.
Todos olhavam em expectativa para saber do que se tratava, mas Guilherme permaneceu durante alguns minutos olhando para o prato, como se pensasse em algo muito sério e não acreditasse que até alguns segundos antes estivera tão despreocupado. Seus dedos deslizavam quase sem perceber pelo pequeno embrulho que segurava entre os dedos.
-O que houve? – perguntou Killua, próximo ao melhor amigo. O som de sua voz, embora calma e fria como sempre, soou um tanto alarmada e preocupada para Harry. Era o som da preocupação de pessoas que tentam viver em meio a uma guerra, pensou Harry. Com o som da voz do amigo, Guilherme pareceu acordar e ergueu os olhos para os colegas na mesa. Parecia perdido, sem saber exatamente o que fazer e isso foi o que mais assustou Harry. Por fim, o olhar de B.K. se encontrou com o de Harry e ele soube que algo muito sério acontecera.
-Me deem licença. – disse Guilherme se levantando de sua cadeira, deixando o prato não terminado para trás ao lado do pergaminho aberto. O garoto caminhou pela sala e pousou uma mão gentil em um dos ombros de Harry. – Venha comigo até a biblioteca, ok? – Harry se levantou de imediato, sondando o rosto impassível do amigo atrás de alguma informação. Começava a ficar seriamente preocupado. Antes de sair da sala, Harry lançou um último olhar para os amigos, que o encararam, preocupados. Ao mesmo tempo, Killua se debruçava sobre a mesa e alcançava o pergaminho abandonado. Harry saiu.
***
Harry se sentia meio insensível, como se estivesse boiando no meio de um estranho vácuo sentimental. Guilherme estava sentado à sua frente numa das poltronas da biblioteca e acabara de lhe dar a notícia. E Harry não sentia nada. Simplesmente não conseguia sentir nada. Sequer sabia se queria sentir algo. Olhava abobado para o amigo que lhe dera a má notícia. Não sabia sequer se considerava aquilo uma má notícia ou não. O silêncio pesado do luto havia se apossado do ambiente. E o choque, de Harry. Não imaginava que aquilo poderia acontecer. Achava que eles seriam deixados em paz se ele não estivesse mais presente. Acreditara piamente nisso. Estava errado.
A carta trouxe a notícia de que houvera um ataque naquela tarde. Os Dursleys haviam sido assassinados. A Marca Negra flutuava sobre a casa. Harry não sabia o que devia sentir. Estava sozinho agora. Completamente só. Embora nunca tivesse gostado dos Dursleys, pelo menos sabia que sempre tivera um lugar para onde voltar, ainda que não fosse bem-vindo. Agora nem isso possuía mais. Não havia mais para onde ou para quem voltar. Estava só no mundo. E mesmo com esses pensamentos a rodopiar pela mente e sufoca-lo, não conseguia sentir tristeza. Não sentia nada. Simplesmente nada.
Harry se levantou e se aproximou da janela, encarando o horizonte lá fora. Não muito tempo antes achou a vista bela. Naquele momento achava a vista solitária. De alguma forma aquela beleza era estonteantemente, aterradoramente solitária. Nunca percebera o quão grande o mundo era e o quão sozinho estava. Achava que por pior que os Dursleys tivessem sido com ele durante toda a sua vida, sempre estariam lá para aceita-lo de volta, ainda que de mau humor e cara fechada.
-Harry... você está bem? – a voz de Guilherme estava ligeiramente preocupada.
-Estou. – respondeu automaticamente. Em seguida se assustou com a tranquilidade e calma que exprimia pela voz. Estava com medo de si mesmo pelo fato de não sentir nem mesmo uma pontinha de tristeza, arrependimento, saudade ou mesmo satisfação ou aceitação. Não sentia nada. E isso era pior do que qualquer outra coisa.
-Escute... – começou o amigo. – Sei que não é fácil passar pelo que você está passando. Eles eram a única família que você tinha e...
-Pare com isso, ok? Você não faz ideia de como estou me sentindo! – disse Harry em voz baixa, ainda olhando para o imenso céu que estava pontilhado de estrelas.
-Então me diga, Harry. Me diga como você está se sentindo. – disse a voz do garoto de algum lugar às suas costas. Harry apenas olhou para fora, conseguindo ver languidamente as luzes do vilarejo morro abaixo. O silêncio perdurou indefinidamente. Guilherme ia esperar que estivesse disposto a falar. Agradeceu mentalmente por isso.
-Eu apenas... não consigo... sentir.
-Não consegue sentir? – perguntou o amigo, sem entender. Harry deu as costas à janela e encarou o amigo que estava sentado no braço de uma poltrona, olhando em sua direção.
-Não consigo sentir nada. Nenhuma emoção. Nada. – aquilo o estava frustrando absurdamente. Estava começando a ficar com raiva de si mesmo. Como podia ficar tão impassível quando seus únicos parentes estavam mortos? Quando haviam acabado de ser cruelmente assassinados?
-Não consegue sentir nada? Harry, eu acho que... – mas não pôde terminar a frase, pois naquele momento Hermione entrava na sala.
-Harry, eu fiquei sabendo e... – parou vendo que interrompera uma conversa. – Desculpem, eu... Volto depois. – e saiu antes que Harry pudesse impedi-la.
O silêncio novamente se estabeleceu. Guilherme pareceu esquecer o que ia dizer, pois apenas encarou a caixinha que segurava firmemente e que viera com o pergaminho. Terminou se levantando e a colocando no bolso.
-A situação está pior do que eu pensava. – recomeçou B.K. – Embora você tenha saído da vida deles, em teoria permanentemente, não os deixamos desprotegidos, Harry. – o garoto se aproximou da janela e olhou para fora, suspirando. – Dois aurores morreram do lado de fora do número quatro esta tarde. Serão dois a menos que lutarão ao nosso lado quando a batalha final chegar. Dois homens bons. Dois homens de família. E mais duas famílias destruídas pela ambição de Voldemort!
Um trovão soou ao longe, riscando o céu da noite com o azul brilhante que anuncia a chuva. As pesadas nuvens da tarde voltaram com força total, derramando um véu cinzento sobre a vista que se estendia à frente de ambos. Harry encarava o perfil do amigo em silêncio. Não consegui vê-lo muito bem na penumbra da sala e na escuridão que chegava do outro lado da janela.
-Eu não queria começar este assunto num momento como este, Harry. Mas isto tem que parar. Temos que pará-lo. Não importa o que tenhamos de fazer. Se depender de mim, Voldemort vai cair. – Guilherme se virou para Harry e o garoto achou que nunca tinha visto o amigo tão sério antes. – E, sinto muito ter de lhe dizer isso, Harry, mas você não está pronto. Embora você seja esforçado e seja um ótimo guerreiro, você ainda não é o bom o suficiente para pará-lo.
Harry sentiu o estômago despencar e gelar, fazendo um arrepio desagradável de desapontamento e medo subir pela coluna. Temia aquelas palavras há muito tempo.
-Se eu não sou bom o suficiente, o que devemos fazer?
-Sinceramente, eu só consigo pensar em uma possibilidade e você não vai gostar... – ele voltou a olhar para fora, sentindo gotículas de chuva batendo contra seu rosto graças ao vento que rugia fora da janela. Seus dedos apertaram o batente de madeira da janela com força, transformando suas juntas em manchas brancas em meios à escuridão de sua pele. – E, para falar a verdade, nem eu gosto, mas não sei que outra coisa podemos fazer.
-O que é? – perguntou Harry, a esperança renascendo em seu peito, embora timidamente.
-Um lugar que eu conheço que pode ajudar. O tempo lá passa diferente: você terá mais tempo para melhorar suas habilidades. Mas se queremos ver uma melhora significativa teremos que ir para lá o mais cedo possível. Quanto antes melhor.
-Quando você quer ir? – perguntou Harry, sem pensar, esperançoso com a possibilidade de haver um jeito de acabar com a guerra.
-Ao nascer do sol, suponho.
-Você quer dizer... amanhã? Por quanto tempo você acha que vai ser preciso ficar lá?
-Me dê até o final das férias, Harry. Temos um pouco mais de um mês antes de primeiro de setembro. Me esforçarei ao máximo para que esse tempo seja suficiente, mas também vai depender de você.
-Como assim?
-Quero que você se concentre. Nada de distrações, cartas ou visitas. Apenas treinamento, pelo tempo que seu corpo agüentar. – vendo que Harry tinha dúvidas, complementou – Sinto muito ter que exigir isso de você, Harry. Mas é nossa última esperança. Minha última esperança. Não tenho mais cartas na manga.
-Está bem. Eu concordo em me dedicar completamente por esse tempo. Espero que seja suficiente.
-Eu também espero. – disse Guilherme. – Se prepare, nos vemos ao nascer do sol. – E saiu da biblioteca, aparentemente para fazer os preparativos para a viagem.
Harry assumiu o lugar que o amigo ocupara em frente à janela. Logo depois sentiu o perfume de Hermione se infiltrar na sala e a mão quente e carinhosa da garota sobre seu ombro. Ela o virou e o abraçou silenciosamente.
Harry apenas sentiu o aconchego dos braços da moça, o perfume dela e dos cabelos ainda meio úmidos do banho. Quando finalmente se separaram, ela o pegou delicadamente pela mão e o levou até a lareira acesa, fazendo com que se sentassem sobre um macio tapete, próximos ao fogo, apoiados contra uma das confortáveis poltronas de couro. Ali, ela passou o braço por seus ombros e apoiou a cabeça do garoto contra seu ombro, ainda sem pronunciar uma única palavra.
As horas passaram velozmente. A noite escureceu ainda mais e nas horas que antecederam a aurora a chuva parou de martelar contra os vitrais da biblioteca, embora nuvens cinzentas ainda marcassem o céu que clareava lentamente. Harry não dormira. Passara a noite inteira acordado, perdido em pensamentos sobre treinamentos e sobre a saudade que sentiria da garota adormecida ao seu lado, além dos amigos que não estavam ali.
Quando os primeiros raios de sol surgiram no céu, Harry sentiu a presença de Guilherme do lado de fora da biblioteca. Estava lhe esperando para irem. Se separou, relutantemente, de Hermione e embora seu movimento tenha sido leve, ela abriu os olhos, meio desnorteada, olhando para ele preocupada. Vendo a imagem da garota meio adormecida ali, Harry não resistiu e a abraçou murmurando:
-Volte a dormir, está tudo bem. Eu volto logo. – quando ia se afastando, Harry parou e voltou, beijando os lábios da garota de leve. Não aprofundaram o beijo. Foi apenas um momento puramente platônico, que para Harry era uma despedida e, para Hermione, uma declaração. Quando se separaram, Harry murmurou um sonoro “eu te amo” que para a garota pareceu parte de um sonho. Então ele se levantou e caminhou até a porta, deixando a moça confusa e perdida sobre o que acontecera. Ele se virou para trás, mas ela não ouviu os lábios dele murmurarem um adeus. Ele saiu da biblioteca.
Os raios de sol de verão tentaram penetrar as grossas nuvens cor de chumbo, mas poucos tiveram sucesso. Um novo dia estava começando.
_________________________________________________________________________________________________
N/A: Oi meu povo. Tô vivo! *todos comemoram, ou não*
Primeiro algumas explicações: minha vida tá uma correria. É isso. Pretendo sim terminar de postar essa fic antes de fazer 30 anos (tenho 21 gente) e peço que me perdoem pela demora milenar. Sério, me sinto mal por fazer vocês esperarem tanto. Uma desculpa pra demora é a seguinte, estou com muitos projetos em andamento. Sério. Tenho um romance começado, terminei um conto e comecei um novo, e um roteiro de HQ também começado, fora esta fic e uma história que comecei a escrever na internet com um amigo. Sem falar que tenho trabalhos de faculdade, provas, estou procurando estágio e escrevo resenhas regularmente para um blog (está na descrição da fic, se quiserem visitar). A boa notícia é que quero terminar a fic logo para poder me dedicar aos outros projetos. Vida de estudante de Jornalismo é uma correria sempre, pessoal, então me perdoem por isso. Ah, o novo capítulo já foi começado, aguardem-no para o final de maio ou meio de junho. O que mais?? Ah, sim, me sigam no twitter e mandem reclamações sobre a demora se quiserem: @guilhermealeixo
É isso gente. Espero que gostem do capítulo. Até a próxima. Fui!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!