Kill(ua)
Capítulo 38 – Kill(ua)
Harry sentia o vento úmido e frio batendo contra seu rosto. Um cheiro de terra molhada pairava no ar enquanto voavam baixo. No momento, tanto Harry quanto Guilherme estavam invisíveis, visto que estavam em área trouxa. Voavam rápido sobre uma vila deserta. Haviam voado a noite inteira, parando duas vezes durante a noite para descansar um pouco. Neste momento, voavam ao amanhecer. O sol despontava timidamente no horizonte, atrás de morros verdejantes.
-Não falta muito agora, Harry. Vamos parar no próximo vilarejo. – gritou a voz de Guilherme de algum lugar ao seu lado.
-Certo. – respondeu Harry no mesmo tom.
Em poucos minutos haviam descido em uma rua deserta de um vilarejo trouxa. Logo, ambos já podiam se ver e Guilherme guiou Harry por uma viela onde saíram na frente de um galpão com um letreiro luminoso. O letreiro brilhava intensamente com letras finas e rebuscadas nos dizeres: "1984". Murmurando um feitiço para encolher as vassouras, Guilherme bateu fortemente na porta metálica três vezes.
Um instante depois, uma janelinha se abriu à altura dos rostos dos rapazes. O rosto redondo de um enorme segurança apareceu usando óculos escuros. Sua voz grosseira resmungou:
-Senha?
-George Orwell. – respondeu Guilherme. Imediatamente em seguida, o som da tranca deslizando foi ouvido e a porta se escancarou.
Guilherme adentrou o recinto e Harry o seguiu. Era uma ante-sala onde haviam mais três montanhas de músculos chamados de seguranças, excluindo aquele que abrira a porta, sentados à uma mesa jogando cartas.
Guilherme os cumprimentou com um aceno de cabeça e atravessou a salinha, chegando até uma cortina cor de vinho aberta. Do outro lado da cortina, Harry pôde ver uma multidão dançando, apesar de não ouvir nenhuma música, enquanto canhões de luzes varriam o espaço lotado fechado.
-Interessante, não é? – perguntou Guilherme, observando a multidão dançar, aparentemente sem música. – É um feitiço muito útil de isolamento acústico. Assim que se cruza essa cortina se pode ouvir a música.
-O que estamos fazendo aqui exatamente? – perguntou Harry, observando a multidão dançante.
-Essa boate é de um conhecido meu. Viemos pegar um portal pra um lugar mais distante. Demoraria muito para chegar lá de vassoura. – explicou Guilherme enquanto fazia sinais para uma japonesa próxima. Ela confirmou com a cabeça e sumiu na multidão.
-O nome da boate é 1984? – perguntou Harry surpreso se lembrando do letreiro luminoso lá fora.
-Sim. É o livro preferido desse meu amigo. Foi escrito por um homem chamado George Orwell. Inclusive o famoso programa de televisão trouxa, o tal de Big Brother, é baseado nesse livro.
-Você sabe bastante sobre trouxas, não?
-Sei algumas coisas sim... – No entanto, antes que Guilherme pudesse terminar de falar, a moça japonesa voltara e fizera um movimento para que a seguissem. Ao cruzar a cortina, a música eletrônica se fez presente nos ouvidos de Harry, descompassando seu coração. Caminharam à orla da multidão que dançava. Num instante, Harry quase não conseguia mais distinguir as costas de Guilherme em meio às luzes multicoloridas que piscavam.
Quando se deu conta, estava em frente a um lustroso balcão de madeira onde um barman servia drinks e bebidas multicoloridas. Guilherme começou a conversar com o garçom em tom baixo e Harry se encostou no balcão para observar a multidão. Até aquele momento não tinha notado que muitos dos freqüentadores da boate usavam colares que emitiam uma luz fluorescente no ambiente mal-iluminado. Harry pegou um colar que havia sido abandonado sobre o balcão e o olhou mais de perto. Era feito de várias bolinhas plásticas que emitiam uma luz esverdeada graças à iluminação precária. Enquanto segurava o colar brilhante, uma moça loira de longos cabelos cacheados se aproximou e parou à sua frente. Quando Harry ergueu os olhos para ver o que a moça queria, parou embasbacado. Ela tinha rosto fino e caprichosamente maquiado, pele perfeita e olhos castanhos claríssimos.
-Essas contas são suas? – perguntou a moça loira apontando o colar que Harry segurava. No entanto, antes que Harry pudesse responder, a moça já tinha colocado a mão em sua nuca e o puxado para um beijo. Harry ficou ali, parado, em choque. Enquanto a moça o beijava ele ficou parado, os olhos abertos, sem saber o que fazer. A moça se separou dele e sorriu. – Nada mal. Minha mesa fica ali perto dos banheiros, então, apareça por lá mais tarde, certo? – e com uma piscadela se afastou.
Harry observava a moça se afastar, chocado demais para falar qualquer coisa quando ouviu uma risada conhecida. Olhando para seu lado, viu Guilherme observando a moça também. Ele ria enquanto segurava uma taça com um líquido transparente e uma cereja. Harry se aproximou dele e em resposta à sua cara chocada, Guilherme disse:
-É o colar, Harry. São contas de fiestas. É uma tradição mexicana. – Guilherme bebeu seu drink num só gole e depois continuou. – Quem usa colares desses nessas festas está procurando alguém com quem se agarrar.
Harry arregalou os olhos e depois olhou o colar que brilhava por entre seus dedos. Ao erguer os olhos para a multidão pulsante, viu várias garotas, e alguns rapazes, o observando. Num instante, jogara o colar de volta ao balcão, onde o encontrara. Guilherme riu e pegou a cereja na traça vazia com um palito.
-Quer beber alguma coisa, Harry? – perguntou ao colocar a taça, agora vazia, sobre o balcão.
-Não, obrigado. – disse Harry. Era melhor não provar bebidas oferecidas pelo colega.
-Certo. – disse o rapaz. Logo o barman voltou segurando duas cartas de baralho. Guilherme lhe entregou uma nota de cem libras e depois fez um movimento para Harry acompanha-lo.
Caminharam na direção de uma escada de metal, onde um segurança impedia a passagem. Quando chegaram à frente do homem, Guilherme tentou passar por ele como se fosse a coisa mais normal do mundo, mas o homem impediu sua passagem.
-Aqui é a área V.I.P.
-Eu sei disso. – disse Guilherme tentando passar pelo homem que ocupava todo o espaço possível na escada, impedindo a passagem de qualquer pessoa. – Por isso quero entrar aí.
-Sinto muito. É só para convidados. – disse o segurança fazendo cara de mal.
-Você sabe quem eu sou? – perguntou Guilherme impaciente.
-Deveria saber? – perguntou o segurança fazendo cara de quem não ligava.
-Eu sou sócio do dono dessa boate, sabia? – retrucou Guilherme cínico.
-Não me diga... – ironizou o enorme homem.
-Está acontecendo alguma coisa aqui? – perguntou uma voz vindo da escada que o segurança escondia com o corpo.
-Só evitando que penetras entrem, senhor. – disse o homem saindo do caminho para olhar o chefe e apontando Harry e Guilherme.
-Olá, Hatake. Como vai sua esposa? – cumprimentou Guilherme. – E a pequena Takada? Bem, espero.
O superior do segurança encarou Guilherme e sorriu abertamente. Seus olhos puxados e seu terno impecável em oposição às luzes piscantes e à música alta.
-McKinnon! – sua voz soou surpresa, mas alegre. Depois se virou para o segurança: – O que você pensa que está fazendo barrando esse garoto? Ele é sócio do Sr. Wakabayachi, idiota.
O segurança arregalou os olhos e ficou parado chocado ao lado da escada enquanto os três subiam os degraus metálicos.
-Obrigado, Hatake. – disse Guilherme apertando a mão do japonês de terno.
-Por nada, McKinnon-san. Sr. Wakabayachi disse que um amigo dele viria utilizar o portal, mas não disse que seria você.
-Sim, sim. Estou aqui em segredo, entende? Pedi para ele não revelar nada a ninguém. Me desculpe por isso. Mas como vão Suzuiro e Takada?
-Ah sim... Suzuiro está ótima, só um pouco cansado devido às noite sem dormir. - Hatake riu. – E a pequena Takada está ótima. Aliás, muito obrigado pelo presente que você mandou. É muito bonito.
-Ah, não foi nada. – disse Guilherme modesto com um gesto de mão. – Deixe-me apresenta-lo ao meu amigo Harry. Harry este é Hatake Mitsuiro. Ele é gerente da boate e fica no comando quando o dono não está. – explicou Guilherme para Harry. – Por falar nisso, Wakabayachi não está por aqui, está?
-Não, senhor. Sinto muito. Ele está em Tóquio resolvendo negócios com a Yakuza. – Mitsuiro sussurrou a última palavra, como se tivesse medo de ser ouvido mesmo com a música altíssima.
-Entendo. Bem, temos que ir, não é Harry? Foi muito bom revê-lo Hatake. Mande lembranças à família, sim?
-Claro. Volte mais vezes, McKinnon-san.
Guilherme caminhou pela plataforma metálica, onde se localizava a área V.I.P., até uma porta. Ao entrarem na sala e fecharem a porta, a música silenciou instantaneamente. Estavam numa ante-sala redonda com outra porta. A japonesa que os guiara até o barman estava lá, parada em frente à porta. Guilherme se aproximou e entregou as duas cartas de baralho que o barman lhe dera. Harry viu que eram idênticas e possuíam a imagem de uma porta com um grande cadeado sobre a fechadura. A japonesa pegou as cartas e as trocou por outras duas que mostravam imagens idênticas de chaves douradas. Em seguida, a moça abriu a porta às suas costas e Harry viu que a porta fora construída em frente a uma parede. A parede começou a brilhar assim que se aproximaram e depois que Guilherme jogou as cartas de chave, um portal se abriu. Segurando o cotovelo de Harry, Guilherme entrou no portal, arrastando o Menino-Que-Sobreviveu consigo.
***
Depois que atravessaram o portal na boate, Harry se viu no meio de um vilarejo trouxa. O sol despontava no horizonte e Harry tinha a impressão de que a cidade começava a acordar. Harry piscou molemente. Estava cansado e doido para se jogar em uma cama e dormir umas 12 horas.
-Por aqui, Harry. – chamou Guilherme saindo do beco onde apareceram. Caminharam com o sol nascente às suas costas pela rua de paralelepípedos e por fim adentraram uma casa que mantinha as portas abertas. Passaram pelo homem da recepção que via televisão sonolentamente e subiram as escadas. Ao entrarem um quarto, Guilherme disse: - Peguei esse quarto ontem. Vamos dormir algumas horas e depois fazer compras, certo?
Harry apenas concordou com a cabeça e se jogou numa das duas camas do quarto. Adormeceu quase instantaneamente.
***
Harry acordou por volta do meio-dia. Sentia uma estranha sensação de liberdade naquele quarto estranho. Uma brisa fresca adentrou o quarto pela janela aberta. O sol iluminava a maior parte do quarto, mas Harry apenas observou o teto não querendo se levantar.
-Precisamos ir, Harry. – a voz de Guilherme veio de uma poltrona ao lado da janela. Ele estava sentado lendo um exemplar do Profeta. Ao seu lado uma mesinha fora colocada com um bule e duas xícaras de chá.
-Certo. – Harry se levantou de imediato, sentindo-se pouco descansado, mas mesmo assim animado. Foi ao banheiro e minutos depois adentrava o quarto, ligeiramente mais acordado. Guilherme o esperava ao lado da porta. Num instante a porta bateu, deixando o quarto vazio para trás.
***
-Você disse que vamos fazer compras?
-Sim, isso mesmo. – respondeu Guilherme depois de entregar a chave do quarto para uma mulher sorridente na recepção, juntamente com uma nota de cem libras.
-E o que você vai comprar? – perguntou Harry, caminhando ao lado do amigo pela rua de pedra.
-Eu? Nada. Quem vai fazer compras é você, Harry. – disse Guilherme, parecendo surpreso.
-Eu? – Harry parecia mais surpreso ainda.
-É claro. Você não vai continuar usando as roupas velhas do seu primo para sempre, vai? – Ouvindo as palavras do amigo, Harry percebeu que ele tinha razão. Suas roupas trouxas eram todas herdadas de Duda e todas eram ridiculamente grandes para Harry.
-Pensando por esse lado, você tem razão. Mas eu não tenho dinheiro trouxa. E tenho poucos galeões comigo.
-Ah, não se preocupe com isso. – Guilherme tirou um bolo de notas de cem libras enroladas com um elástico do bolso e entregou para Harry. – Pode gastar. – e vendo que Harry não aceitaria, emendou, revirando os olhos: - Depois você me paga.
-Certo. – aceitou Harry de má vontade.
Não demoraram a achar uma loja de jovens trouxas e Harry entrou, se sentindo livre.
***
-Para onde você as mandou? – perguntou Harry, enquanto ele e Guilherme caminhavam por uma rua cheia de bruxos. Guilherme não dera explicações. Depois das compras, simplesmente pegaram uma chave de portal até a entrada daquela cidade.
-Estão todas no quarto de hóspedes esperando por você. Até que você não comprou tanta coisa. – respondeu Guilherme.
-Eu não queria gastar o seu dinheiro assim.
-Besteira, Harry. – Disse Guilherme parando ao chegarem à rua principal do vilarejo.
Harry notou que era uma cidade turística. Inúmeras lojas de todos os tipos estavam abertas, mostrando todo tipo de objeto, bruxo e trouxa; e várias barracas montadas nas calçadas amontoavam multidões de bruxos de vestes variadas. A rua era larga e feita de paralelepípedos meio irregulares. Os vendedores anunciavam seus produtos aos berros para que todos que passassem pudessem ouvir em meio a balburdia.
À medida que caminharam pela multidão de pessoas na rua, Harry notou que os cidadãos da cidade e vendedores lhes lançavam olhares estranhamente sérios e nada agradáveis, totalmente diferente dos olhares acolhedores e amigáveis que lançavam aos outros clientes.
-Por que estão nos olhando assim? –indagou Harry em um murmúrio que apenas Guilherme poderia ouvir.
-Quem? – perguntou o garoto se virando para o amigo. Harry notou que a mão do amigo estava dentro do bolso, provavelmente segurando a varinha enquanto seus olhos esquadrinhavam a multidão de turistas.
-Os vendedores e mercadores. – explicou Harry, sentindo-se sob refletores debaixo de tantos olhares que podia sentir, mesmo sem checar para ter certeza.
-Ah, isso? Não se preocupe. Não estão olhando pra você. Estão olhando para mim. – disse Guilherme com um sorriso mais relaxado.
-E por que ficam te olhando?
-Tirando o fato de que eu comprovadamente matei um homem e fui preso? – ao ver a expressão de surpresa pela frase, Guilherme riu. – Não se preocupe. Eles nunca gostaram de mim, mesmo antes daquele incidente. Eu era meio anti-social com os moradores dessa vila.
-Quer dizer que você morava por aqui?
-Ah, sim. A casa onde eu cresci é no final desse vilarejo. Na verdade, eu acho que se eles pudessem, eles, isto é, o povo do vilarejo, não deixariam que eu entrasse mais na vila, mas não fazem isso.
-E por que não? –perguntou Harry interessado.
-Bom, primeiro por que eles não são loucos de se meter com um assassino condenado; segundo por que é um vilarejo bruxo, de modo que apenas trouxas são proibidos de entrar; e terceiro... meu tio.
-Seu tio?
-Sim, sim... nunca te falei sobre ele? –perguntou o rapaz de olhos cor de mel quando saiam numa parte mais vazia da rua, caminhando com mais liberdade.
-Não. – negou Harry.
-Bem, sim. Ele é um membro importante na comunidade bruxa desse país. Na verdade ele é o terceiro na hierarquia de poder do Ministério local. Se o ministro e o seu subordinado direto morressem, meu tio assumiria o governo.
-Sério? Impressionante. – comentou Harry.
-Pois é. Ele tem bastante influência, por isso o povo da vila prefere me ignorar a tomar qualquer medida.
-Deve ser bem ruim, hein? – perguntou Harry, se referindo ao fato de ser ignorado por todos, sentimento que sentira na própria pele enquanto vivera com os Dursleys.
-Ah, nem tanto. Eu nunca tive muitos amigos mesmo. – Começaram a subir por uma trilha um morro pouco íngreme logo no fim da vila. – Na verdade tirando a família da Susan e Killua, um grande amigo meu, nunca tive amizade alguma aqui.
-Nenhuma?
-Bom, exceto Max, mas obviamente ele não conta. – resmungou Guilherme, se referindo à traição do professor.
Chegaram em frente a um grande portão de metal. Haviam duas gárgulas de pedra guardando os lado do portão e um grande "M" floreado em meio às grades metálicas. As grades continuavam de ambos os lados do portão, se perdendo de vista.
-Podem abrir o portão, por favor? – indagou Guilherme a ninguém especificamente. Num instante as gárgulas abandonaram sua falsa imobilidade e se puseram a cheirar os visitantes.
-Hum... um deles é um McKinnon, Yang.
-Sim, Yin. O outro é mestiço, mas há um pouco de sangue puro em suas veias. Sim, sim, sem dúvida.
-Andem logo com isso. – apressou Guilherme. Se virou para Harry e murmurou: - Não ligue para elas. São um sistema de segurança. Detectam a Maldição Imperius, entre outras coisas, e adoram fazer comentários sem nenhuma importância sobre sangue puro.
Quando as gárgulas voltaram aos seus lugares, perguntaram em uníssono:
-Seja bem-vindo, Sr. McKinnon. Quem traz com o senhor?
-Este é Harry Potter. Ele é um amigo e eu lhe dou total permissão de adentrar a Mansão.
-Entendemos. Sejam bem-vindos. – disseram novamente as duas gárgulas e o portão se abriu, dividindo o grande "M" ao meio.
-Não ligue para Yin e Yang, Harry. São realmente idiotas. – comentou Guilherme quando passavam pelo portão. Harry ainda pode ouvir a voz de uma das gárgulas comentar:
-Um Potter? Quem diria que a realeza viria até aqui. Isso é que é sangue puro, né Yang?
Harry respirou fundo. Por algum motivo estava muito irritado, e foi dessa forma que ergueu os olhos para a residência à sua frente.
Era simplesmente impressionante. Tinha três andares esplendorosos, inúmeras janelas e uma grande porta de mogno escuro sobre degraus de pedra. Do portão onde estavam até as escadas da entrada, havia pelo menos uns cinqüenta metros de trilha a ser percorrida. A trilha estava marcada em pedras na grama verde que se espalhava por todos os lados, exceto por um dos lados da casa, onde uma floresta ocupava e preenchia toda a visão do lado direito de quem chegava. A floresta parecia profunda e talvez por isso fosse um pouco afastada da casa. A única árvore próxima à casa era um grande e imponente carvalho.
-É uma bela casa. – comentou Harry sem jeito. As únicas construções mais surpreendentes que aquela eram os templos que visitaram em busca de Excalibur e Hogwarts. De resto, não havia comparação.
-Ah, obrigado, Harry. Apenas não comente isso na presença do meu tio, ok?
-Por quê?
-Bom, você até pode comentar se quiser ouvir um monólogo de duas horas e meia sobre como a casa foi conservada e passada por 22 gerações de McKinnons. – Guilherme enfiou as mãos nos bolsos e revirou os olhos. – E acredite em mim: são realmente duas horas e meia. Eu cronometrei na quinta vez que ele contou aos convidados.
-Certo. – concordou Harry, rindo.
Finalmente chegaram até as escadas de pedra. Pararam um segundo para retomar o fôlego e Guilherme comentou:
-Não me lembrava que a casa ficava tão longe dos portões. – e dizendo isso, subiu as escadas e adentrou a mansão, sendo seguido por Harry.
Mais uma vez Harry se surpreendeu. O piso do hall era de mármore branco com o símbolo do brasão dos McKinnons – um grande "M" floreado dentro de um escudo amarelo, ladeado por dois lobos cinzentos em pé nas patas traseiras – feito em mármore negro e ouro. Sim, ouro. No chão. Aquela gente deveria ser muito, muito rica, pensou Harry. O hall era alto e as paredes muito brancas. Uma escada de mármore branco com um tapete vermelho se erguia no canto esquerdo mais afastado da porta. Uma mesa estava encostada à parede logo após a porta, no lado direito. Um espelho com moldura trabalhada em ouro estava apoiado na parede sobre a mesa. Na mesa havia um vaso com flores recém colhidas e alguma correspondência. Poucos metros depois da mesa, a parede acabava, dando passagem a uma sala de estar com uma lareira gigantesca de pedra, quadros delicados, tapeçarias e poltronas confortáveis. Do lado oposto à entrada para a saleta de estar, duas portas lisas e simples estavam fechadas.
Guilherme pareceu ignorar a expressão abobalhada no rosto de Harry, porque apenas tirou a mochila que carregava e pendurou num cabideiro ao lado da porta de mogno, que deixara aberta.
-Doblin! Doblin estou em casa. Não vai vir me receber? – perguntou Guilherme se posicionando no meio do hall e falando para as paredes. Sua voz ecoou pelo hall enorme da casa. No mesmo instante as portas simples que Harry vira há pouco se abriram e um elfo muitíssimo velho veio correndo ao encontro de Guilherme. Usava vestes brancas impecáveis com o brasão dos McKinnons estampado no peito. Jogou-se contra o garoto o abraçando pela cintura como Dobby costumava fazer com Harry. Apenas de observar, não parecia possível que um elfo tão velho pudesse correr tão rápido.
-Guilherme McKinnon voltou. Meu senhor voltou. Doblin fica muito feliz. Muito feliz, meu senhor. – o elfo se afastou e Harry viu que grandes lágrimas escorriam de seus olhos. – Doblin estava muito preocupado com o senhor. Muito preocupado. Sua última carta para Doblin veio pouco depois do Natal, meu senhor. Doblin se preocupou.
-Meu desculpe por isso, Doblin. Estive realmente ocupado. Depois te contarei as histórias, como antes, certo? Deixe-me apresentar você a um amigo meu...
-Não é o jovem Zaoldyeck, é? O senhor pensa que Doblin se esquece, mas Doblin se lembra sempre...
-Não, não é o Killua, Doblin. Este é o Harry. Harry Potter. Harry, este é um grande amigo meu e mais fiel elfo da família: Doblin.
-Oh... sim, sim. O famoso Harry Potter. Sim, sim, é realmente um prazer conhecer o grande bruxo que derrotou Aquele-Que-Não-Devemos-Nomear. Oh, sim, sim. O senhor é um grande bruxo. Doblin fica feliz ao ver que o senhor de Doblin fez tão bom amigo. Sim, sim...
-Não ligue muito pra o que ele diz, Harry. É um bom elfo, mas já está muito velho, coitado. – sussurrou Guilherme próximo ao ouvido de Harry para que apenas este pudesse ouvi-lo. Harry concordou com a cabeça ao ver que Doblin continuava a concordar sozinho, lembrando estranhamente Monstro, o elfo da mãe de Sirius.
-Sabe Doblin... você sabe que eu confio minha vida a você, não é? – perguntou Guilherme se ajoelhando para encarar o elfo na mesma altura. – Por isso, te peço que cuide de Elizabeth novamente. Por favor. Sempre que eu a pego depois de você cuidar dela, ela está mais poderosa... – e Guilherme continuou a tecer elogios sobre como o elfo cuidava bem da espada. Harry não pôde deixar de sorrir ao ver aquilo. Sentia que o elfo não poderia ficar mais feliz com qualquer outra ação. Seus olhos marejaram e brilharam ainda mais do que antes quando Guilherme lhe entregou o bracelete dourado que era Elizabeth. – Cuide bem dela, certo Doblin?
O velho elfo sequer respondeu, apenas voltou para a cozinha, de onde viera, olhando o bracelete com reverência. Assim que a porta se fechou, Guilherme deu às costas ao hall e adentrou a sala de visitas. Harry o seguiu, em dúvida se deveria fazê-lo.
Guilherme atravessou a sala, desviando das poltronas, sofás, mesinhas de chá e chegou até uma porta lisa e simples, repleta de trancas.
-O que é que há aí? – perguntou Harry, surpreso com a quantidade de trancas que a porta tinha.
-É só o corujal. – respondeu Guilherme, se abaixando à medida que ia destrancando as travas mais baixas. – Mas por ser um cômodo aberto, é impossível instalar feitiços de proteção, então o meu tio preferia instalar várias trancas nessa porta. – concluiu Guilherme abrindo a porta.
Uma brisa quente adentrou a sala de visita, trazendo uma sensação de prazerosa liberdade a Harry. Guilherme atravessou o batente da porta e Harry o seguiu, entrando no corujal. Era uma sala circular com paredes de pedra e janelas sem vidros. Vários poleiros estavam espalhados pelas paredes e pelo teto, permitindo a permanência de no mínimo umas vinte corujas ao mesmo tempo, embora só houvessem umas 5 naquele momento. Guilherme foi até um poleiro próximo onde uma bonita coruja negra estava pousada observando-os. Seus olhos claros brilharam ao ver Guilherme lhe estender o braço. Num instante ela voara do poleiro e pousava no braço estendido do dono.
-Você conhece Kronos, não é Harry? – perguntou Guilherme enquanto saiam do corujal levando a coruja. Guilherme fez um movimento com a mão e a porta se fechou, trancando-se automaticamente.
-Já nos vimos antes. – concordou Harry, que se lembrava vagamente de ter visto a coruja em outras oportunidades.
-Que bom. – Guilherme colocou a coruja sobre um solitário poleiro ao lado de uma mesa de madeira no canto da sala de estar e abriu uma gaveta, pegando pergaminho, pena e um tinteiro. Rabiscou um bilhete que Harry leu por sobre seu ombro: "Estou em casa. Venha me ver agora mesmo. B.K.". Guilherme dobrou o pergaminho e o atou à pata da coruja negra. A levou até a janela e consultou seu relógio de pulso. Ficou parado, imóvel, a coruja pousada em seu braço em frente à janela aberta, apenas olhando o relógio. Por fim disse, ainda olhando o relógio:
-Vou solta-lo em alguns segundos, Kronos. Quero que entregue essa carta ao Killua em exatamente dois minutos. Nem um segundo a mais, nem um a menos. Exatamente dois minutos, entendeu? – a coruja negra piou em sinal de entendimento. – Excelente. 3... 2... 1... Agora! – e lançou a coruja pela janela.
Ao erguer os olhos, Guilherme viu Harry o encarando sem entender. Sorriu um pouco e fez um movimento para que Harry o seguisse enquanto se encaminhavam para fora.
Sentaram-se na escada de pedra que levava ao jardim e Guilherme disse:
-Eu estava cronometrando o tempo que o meu amigo demorará para chegar aqui. – comentou ele em resposta à muda pergunta de Harry. – Sempre faço isso.
-Onde ele mora exatamente? – perguntou Harry olhando o horizonte.
-Ele mora ali. – apontou Guilherme, indicando uma montanha que se erguia pouco depois do vilarejo por onde haviam passado. – Montanha Kukuru. – checou o relógio. – Ele está atrasado.
-Atrasado? – surpreendeu-se Harry. – Mas você acabou de mandar a carta.
-A carta foi entregue há exatamente um minuto e vinte e sete segundos... vinte e oito... vinte e nove...
-Está me dizendo que esse seu amigo vinha daquela montanha até aqui em menos de um minuto e meio?
-A última vez que eu marquei o tempo dele, ele chegou em um minuto e dezenove segundos. Ele está enferrujando, eu acho.
Um silêncio tomou conta deles enquanto Guilherme continuava a olhar o relógio. De sopetão, enfiou a mão no bolso e puxou uma caixinha como se tivesse se lembrado dela de repente.
-Coloque isso, Harry. – disse entregando a caixinha preta a Harry. – É enfeitiçado. Se você estiver usando, poderei localizar você e poderá pedir ajuda se necessário.
Quando Harry abriu, viu um anel dourado com uma pedra quadrada e vermelha na parte superior. Colocou no indicador e sentiu o anel diminuir até ficar perfeitamente ajustado no seu dedo. Guilherme também estava usando um, com a diferença de o anel dele ter as letras "B.K." douradas boiando dentro da pedra vermelho-rubi.
Nesse momento, ouviram-se passos apressados vindos da floresta. Guilherme e Harry se levantaram e Guilherme checou o relógio novamente.
-Vergonhoso! – anunciou Guilherme. – Seu tempo piorou em 43 segundos. Você enferrujou enquanto estive fora? – na mesma hora um garoto de aparentemente 16 anos saiu da floresta em alta velocidade e parou exatamente em frente aos degraus de pedra, encarando Guilherme. Usava uma regata preta com uma bermuda escura e meio suja. Seus cabelos eram de uma coloração branco-prateada impecável, possuía um rosto pontudo e fino e olhos muitíssimos verdes sob a luz do claro dia de verão.
-"Moshimo Kono Sekai de Kimi to Boku ga Deae Nakattara"? – perguntou Killua, apertando os olhos. Guilherme imediatamente abriu um enorme sorriso, e em duas passadas alcançou o amigo para um abraço. Quando se separaram, o rapaz de cabelos negros disse:
-Não acredito que ainda se lembra disso...
-Do que está falando? – perguntou Killua erguendo uma sobrancelha. – Foi a última frase que me disse antes de ir embora. E que jeito estranho é esse de falar? Está com sotaque britânico?
-Acho que um pouco. – riu Guilherme. – Deixe eu te apresentar, Killua. Este é Harry Potter. Harry, este é Killua Zaoldyeck.
-Ah, sim. É um prazer conhece-lo. Você é muito famoso.
-É... eu sei. – concordou Harry de má vontade.
-Venham, vamos entrar. Vou pedir um chá para nós. – disse Guilherme, adentrando o hall da mansão com os amigos.
***
-Tudo que preciso fazer é encontrar com um contato designado pelo ministério, hoje à tarde, para pegar uns documentos. – ia dizendo Guilherme, enquanto tomava chá com Harry e Killua na sala de estar. – Depois disso ficarei livre e poderemos fazer algo de mais interessante.
-Está pensando em uma partida de Quadribol? – perguntou Killua. Guilherme riu.
-Exatamente. Já te aviso que Harry é um talento nato para Quadribol.
-Sério mesmo? – perguntou Killua surpreso. E depois se virando para Harry: - Isso me surpreende. Pensei que você fosse bom apenas em derrotar bruxos das trevas. – Harry não pôde reprimir um sorriso e Killua riu. – Em que posição joga, Harry?
-Apanhador. – disse simplesmente.
-Um dos melhores que já vi, Killua. – emendou Guilherme.
-Nossa. Se o B.K. está dizendo isso, você deve ser realmente bom, Harry. Que vassoura usa?
-Uma Firebolt. – disse Harry orgulhoso.
-Sério mesmo? – Killua arregalou os olhos. – Uau. Você deve ser realmente muito rico para ter uma Firebolt.
-Foi um presente. – disse Harry de imediato, sem pensar. – Do meu padrinho. – só então se lembrou de Sirius e imediatamente toda a lembrança de sua morte veio à mente de Harry.
Guilherme, percebendo a expressão de Harry, se levantou e disse:
-Tenho mesmo que ir encontrar o cara do Ministério. Harry, você terá que vir comigo, ok? Quer vir também, Killua? Pode ser divertido.
-Claro. – respondeu o garoto de cabelos brancos se levantando. – Eu não estava fazendo nada mesmo.
***
Jacob Champers, também conhecido como Jake, era um jovem bastante simples. Tanto em seu modo de ser quanto em seus gostos. Em todos os seus 19 anos de vida, sempre gostou de tudo certo, tudo em seu devido lugar. Sempre procurara se vestir impecavelmente e sempre conseguira tal feito. Seu único hobby era jogar boliche aos sábados. Nunca fora um excelente jogador, mas também não era ruim. O seu recorde era 270 pontos por noite. Era um rapaz que se orgulhava de ter sua rotina e odiava tudo e qualquer coisa que a quebrasse.
Esse era o caso. Sua rotina fora quebrada, mas foi por uma boa causa, disseram-lhe. Essa manhã vestia um impecável terno preto e uma camisa azul-claro por baixo do paletó escuro. Nunca fora excepcionalmente bonito. Seu cabelo sempre fora de um tom castanho escuro e seu rosto fino e ligeiramente pálido destacava seus olhos de um castanho escuro, mas que dependendo da luz variavam de castanho-esverdeado a preto.
Jake sempre fora uma pessoa calma, pacífica e completamente normal. Nunca fizera mal a uma mosca, literalmente falando. Conhecia tudo sobre os bruxos, é claro, inclusive sobre a crise que viviam atualmente com o problema Voldemort. Trabalhava no Ministério da Magia, na área de ligação entre bruxos e trouxas.
Não costumava carregar uma pasta executiva preta, mas hoje era diferente. Sua rotina já fora quebrada o suficiente por um dia. Aquela tarde, deveria se encontrar com um membro importante do movimento Anti-Voldemort, um bruxo conhecido como B.K. Não fazia idéia do porquê do nome e nem queria saber o motivo. Tudo o que queria era terminar a missão que lhe fora ordenada e voltar à sua rotina perfeita. Pouco sabia sobre o que deveria fazer. Na verdade, os membros do alto escalão pouco se importaram em lhe informar o que estava sendo designado a fazer. Apenas lhe explicaram que estava sendo escolhido devido ao fato de ser um trouxa civil ligado ao Ministério. Tudo o que deveria fazer era se encontrar com o bruxo. Na verdade, o bruxo o encontraria. Quando isso ocorresse, deveria lhe entregar um envelope com documentos secretos, os quais estavam nesse momento dentro de sua pasta executiva preta, e então sua missão teria terminado. Poderia voltar à sua rotina e todos viveriam felizes para sempre. Pelo menos era o que pensava.
O céu estava nublado naquela manhã, mas isso não impedia a super lotação das ruas de Londres. As nuvens repolhudas e acinzentadas ameaçavam um temporal que não demoraria a chegar. Caminhava pela calçada lotada, esbarrando em pessoas frias e sem rostos. Não se importavam se esbarravam ou não. Apertou a alça de sua pasta mais firmemente, com medo de perdê-la na multidão. Isso não seria tolerável.
Chegou à uma esquina e parou, esperando o sinal fechar. O tráfego passou roncando: barulhentos ônibus vermelhos, Volkwagens, um caminhão grande e inúmeros carros de todas as cores e formas possíveis. Era apenas um homem, mas não um homem qualquer, e pôde ver o homem que o mataria pelo canto do olho. Era um homem de preto, e não dava para ver o rosto, só a pelerine que rodopiava, as mãos estendidas e o sorriso duro, profissional. Jake caiu na rua com os braços esticados, mas sem largar a pasta executiva preta que continha os documentos secretos de B.K. Deu uma breve olhada, através de um pára-brisa polarizado, no rosto horrorizado de um homem de negócios que usava um chapéu azul-escuro. Em algum lugar, um rádio explodiu com rock-and-roll. Uma senhora idosa no meio-fio oposto deu um grito. Ela estava usando um chapéu preto com uma rede. Nada havia de vistoso naquela rede negra, na verdade, lembra um véu de acompanhante de enterro. Jake só sentiu surpresa e experimentou sua habitual sensação interna de perplexidade, é assim que a coisa termina? Antes de conseguir fazer mais que 270 pontos no boliche?
Bateu com força no asfalto, vendo um buraco tapado a uns cinco centímetros dos olhos. A pasta foi puxada de sua mão. Está se perguntando se esfolou os joelhos quando o carro do homem de negócios, que usa chapéu azul-escuro, passa por cima dele. É um grande Cadillac 1976 azul, com pneus de banda branca. O carro é quase exatamente da mesma cor que o chapéu do homem de negócios. Quebra as costas de Jake e faz o sangue lhe sair da boca como um jato de alta pressão. Jake vira a cabeça e vê as flamejantes lanternas traseiras do Cadillac e a fumaça brotando embaixo das rodas recém-freadas. O carro também atropela sua pasta, deixando sobre ela uma larga marca negra de pneus. Vira a cabeça para o outro lado e vê um grande Ford cinzento com os freios cantando a centímetros o seu corpo. Um sujeito negro, que tem um carrinho que vende rosquinhas e refrigerantes, vem correndo em sua direção. O sangue escorreu do nariz, orelhas e olhos de Jake. Seu corpo fora esmagado. Ele se pergunta, irritado, se os joelhos tinham ficado muito esfolados. Achava que poderia chegar atrasado ao trabalho. O motorista do Cadillac veio correndo em sua direção, balbuciando alguma coisa. Vinda de algum lugar, uma voz calma, terrível, a voz do juízo final diz:
-Sou padre. Me deixem passar. Um Ato de Contrição...
Vê a batina preta e experimenta um súbito horror. É ele, o homem de preto. Jake virou a cara com a última de suas forças. Viu sua própria mão se arrastando na calçada, grande, branca, bem proporcionada. Ele nunca roera as unhas. Olhando para sua mão, Jake morreu.
***
Perto do corpo, o padre que abrira caminho na multidão observava o cadáver do jovem. Apesar de ser um bom ator, seu olhar frio e profissional, era a única coisa que denunciava que não era padre. Neste momento, começou a recuar na multidão se afastando do corpo do jovem e levando uma pasta executiva preta consigo para longe do cadáver.
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N/A: Olá pessoal... Aí está mais um capítulo... Obrigado a todos que tem lido... Estamos na reta final da fic hein... Deixem-me dizer que o Killua é um personagem baseado num personagem de anime, do anime HunterXHunter... Quem quiser ver fotos dele, pode digital "Killua" no google ou no orkut que encontrará mtas fotos... Até mês que vem com o próximo cap...
Abs
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