Terra
Capítulo 35 – Terra
Os bruxos das trevas sorriam debilmente para os garotos à sua frente.
-E então, bebezinho Potter, veio tentar salvar o mundo mais uma vez? – indagou Bellatrix, rindo.
Harry sentiu o sangue latejar em sua cabeça e estava se preparando para dar uma resposta bem grosseira quando foi interrompido por Guilherme.
-Não responda isso, Harry. – dissera o garoto simplesmente. – Então eu estava certo ao desconfiar de vocês, Max. Assim que o vi em Hogwarts imaginei se não seria um espião infiltrado, e não é que eu estava certo?
-Como sempre, está se achando o sabe tudo não é, McKinnon?
-Eu faço o que posso. – respondeu o garoto, firmando a espada dourada na mão.
-É claro que faz. Sempre faz o que pode e algo mais. – concordou Maximus.
-Sim, eu faço. – retrucou Guilherme.
-Chega de papo... vamos lutar. – disse Lúcio Malfoy, dando um passo à frente.
-É, vamos lutar. – repetiu Clapham.
-Quer mesmo lutar novamente, Max? – perguntou Guilherme sarcasticamente. – Não se lembra do que houve na última vez que insistiu em lutar comigo? Eu venci!
-E você achou mesmo que venceu por si mesmo? – retrucou Max, alargando o sorriso. – Eu deixei você ganhar.
Os olhos de Max se estreitaram com a reação de Guilherme. Esperava que o garoto o encarasse surpreso, brigasse e discutisse na tentativa de afirmar que vencera sozinho. No entanto, tudo que o garoto fez ao ouvir as palavras de Max, foi sorrir. Um sorriso franco e divertido que Maximus Clapham nunca havia visto Guilherme McKinnon dar na vida.
-Você... você sabia? – perguntou Max, estreitando os olhos para o garoto que sorria. – Sabia que eu tinha deixado você vencer?
-É claro que sim. Devo admitir que você atuou bem, mas depois, quando me lembrei da luta, percebi que seus golpes eram lentos e fracos demais. Sequer chegavam perto da força que você utilizava treinando comigo. Não demorei a perceber que você queria que eu vencesse. A pergunta era por quê? A resposta que me ocorreu foi simples: você queria que eu acabasse com Avery.
-É... você está certo. Não achei que fosse perceber tão rapidamente. Sim, o Lord das Trevas chegou ao ponto de pedir para que nos livrássemos dele. Não era um bom Comensal. Nessa hora, pensei em um plano e o coloquei em prática.
-Um plano que envolvia a mim. – concordou Guilherme. – É, eu sei. Deixou a falsa carta para que eu achasse e pesquisasse sobre o Avery. Depois me deu dicas e conselhos sem que eu percebesse para que eu o achasse e o matasse. Até deixou "acidentalmente" aquele livro sobre a Avada Kedavra esquecido lá em casa. Uma pena que quando percebi isso tudo, já era tarde.
-É, você é mais esperto do que eu pensei...
-Já chega desse papo. – disse Bellatrix em voz alta. – Vamos começar logo a nos divertir.
-É, estou ansioso há muito tempo para matar esses garotos. – disse Lúcio.
-Esperem aí... – disse Guilherme. Ele retirou o comunicador da Ordem do bolso e jogou para Rony atrás de uma pilastra e depois se aproximando do ruivo, sussurrou enquanto tirava a placa de pedra, juntamente com a bolsa de couro e as deixava ali, ao lado do ruivo: - Já usou um espelho de dois sentidos? É bastante simples, basta chamar a pessoa com que você quer falar, que o rosto dela aparece no lugar do seu reflexo. Quero que tente se comunicar com seus irmãos, Fred e Jorge, com Moody, Tonks e Lupin e depois Dumbledore. Conte a ele o que esta acontecendo aqui e diga que é Prioridade Alfa.
-Certo. – disse o ruivo, abrindo o comunicador e começando a fazer o que o garoto pedira.
Guilherme voltou ao lado dos amigos, que encaravam os três bruxos das trevas, concentrados.
-Gina, Susan, Hermione, vocês ficam com o Malfoy. Harry, acho que você prefere a Lestrange, não? – Harry concordou com a cabeça, firmando a varinha numa mão e a espada na outra. Guilherme olhou para Clapham e sorriu cruelmente. – E o Max ali, é meu. Então vamos lá, pessoal.
Depois de dizer essa palavras, Guilherme se aproximou de Maximus, ignorando tudo o que acontecia ao seu redor. Não havia notado antes as roupas que ele usava. Parecia uma roupa de mergulho trouxa. Usava um cinto de couro com a bainha da espada presa. A espada em questão, no entanto, se encontrava na mão do bruxo. Ele usava um cordão com pingente de cavaleiro medieval e seus óculos metálicos brilhavam dentro da bolha de ar que envolvia sua cabeça.
-É um belo pingente que você tem aí, Max? Um presente de natal?
-Pra falar a verdade sim... um presente que Eva Peterson me mandou. – disse Clapham com um sorriso que pareceu gentil.
-Ah... é claro. A Sra. Peterson é realmente muito gentil... mas tem certeza que esse presente é dela?
Ao ouvir a frase proferida pelo garoto, Max estreitou os olhos, encarando os olhos cor de mel do garoto à sua frente. Olhou para baixo, a ponto de ver o pequeno cavaleiro de armadura, segurando a espada apontada para baixo. Voltou a olhar para Guilherme e aquele sorriso triunfantemente irritante a povoar-lhe os lábios. Em um segundo Max levara a mão ao colar para arrancá-lo. Assim que sua mão se fechou ao redor da fina corrente, Guilherme disse em alto e bom som:
-Úsuros.
No instante seguinte, a espada de Clapham afundou lentamente até atingir o chão de pedra do Templo. Ambas as mãos do ex-professor estavam ocupadas tentando em vão soltar a correntinha que o sufocava. O pequeno pingente de cavaleiro ganhara vida e apontava a afiada e minúscula espada para a garganta do homem que usava ao cordão. Guilherme assistia a luta de Max, sorrindo malvadamente. O homem segurava a fina corrente com as duas mãos, tentando afrouxar seu aperto mortal, embora não obtivesse sucesso. Com um sorriso particularmente cruel, o garoto disse:
-Você realmente não achou que eu, desconfiando de você, deixaria de ter uma apólice de seguro, achou? Ora, não seja tolo Max... você já jogou xadrez comigo, sabe que eu gosto de me prevenir contra futuros ataques.
-Isso é Magia Negra... – resmungou o homem, apenas com um fio de voz.
-E isso importa? Nunca achei muito justo que nós, os bonzinhos, tivéssemos que usar as regras até mesmo para lutar contra as trevas. Quero dizer, parece idiotice que uma pessoa tenha que obedecer as regras e leis mesmo quando está lutando contra o mal. Eu apenas não aderi a essa filosofia. Concordo com aquele ditado que diz "use fogo contra fogo". É apenas o que estou fazendo. E cá entre nós... a Magia Negra é um tantinho mais divertida, mas não conte ao Dumbie e aos outros, tá?
-Ora seu... – ele lutou mais um pouco contra o colar e resmungou novamente. – Seu garotinho mimado desgraçado... eu vou acabar com você.
-Ora, ora, ora... alguém está perdendo a compostura, hein? – riu Guilherme.
-Quando eu tirar essa droga... eu juro que vou arrancar o seu coração ainda pulsando... e o levarei ao Lord das Trevas juntamente com a cabeça do Potter.
-Tsc, tsc, tsc... Alguém realmente perdeu a compostura. Nunca te ensinaram que se deve manter a compostura nas batalhas, Max? Isso irrita o oponente.
-Ora seu... – a respiração do homem chegara ao auge, fazendo-o cair ajoelhado no chão de pedra. Um segundo depois, um feitiço verde-esmeralda cruzou na frente dos dois, batendo contra uma das seis pilastras da sala e destruindo-a. Guilherme não estava perto do feitiço, mas o acompanhou com os olhos, apenas para saber o seu destino e ficou ligeiramente contente quando viu o mesmo terminar em uma pilastra de pedra. Quando votou seu olhar para Clapham, ele segurava um punhal e em um instante, arrebentara a pequena corrente com a lâmina.
-Ah... você acabou com a brincadeira. Uma pena. Teria sido divertido ver você lutar até que acabassem suas forças e você morresse sufocado.
-Eu... vou... acabar... COM VOCÊ! – e avançou velozmente, o punhal em uma mão e a espada em outra. Guilherme abriu seu maior sorriso até então e disse:
-Então pode vir.
***
-Gina, Susan, Hermione, vocês ficam com o Malfoy. Harry, acho que você prefere a Lestrange, não? – Harry concordou com a cabeça, firmando a varinha numa mão e a espada na outra. Era tudo o que o garoto queria. Guilherme continuou. – E o Max ali, é meu. Então vamos lá, pessoal.
Harry viu Bellatrix estreitar os olhos, se aproximando, um sorriso a aflorar os lábios.
-E então, bebezinho Potter... queria se encontrar comigo?
-Claro que sim. Para acabar com você pelo que fez ao Sirius! – respondeu Harry, num só fôlego.
-Ah... você ficou tristinho por causa dele, foi? – perguntou ela, fazendo a irritante voz de bebê.
Harry sentiu o sangue latejar em seus ouvidos. Desde que voltara do Ministério, meses atrás, imaginava aquele momento. O momento em que acabaria com Bellatrix Lestrange.
-Você o matou... E agora vai pagar... Eu vou acabar com você!
A mulher riu escandalosamente, para depois dizer:
-Acha mesmo que conseguirá me vencer, Potter? – fez uma pausa esperando uma resposta que não veio. – Eu sou a mais fiel seguidora do Lord das Trevas, você não poderia, mesmo que quisesse...
-Estupefaça! – disse Harry lhe apontando a varinha. O feitiço voou até a mulher, que o desviou facilmente.
-Ora, vamos. Você sequer sabe lançar feitiços não-verbais. Acha mesmo que conseguirá vencer a mais fiel e poderosa serva do Lord das Trevas?
-Você fica se intitulando como a mais fiel serva do Lord... mas será que é mesmo? – provocou Harry. – Você repete isso tantas vezes que é como se estivesse tentando se convencer também.
-Não se atreva... é claro que eu sou... eu passei anos em Azkaban pelo Lord... me sacrifiquei por ele... quem mais poderia... NINGUÉM PODE COMPETIR COMIGO! EU SOU A MAIS FIEL SERVA DO LORD! EU, E SOMENTE EU! Avada Kedavra! – berrou ela.
Harry sorriu brevemente ao ver o feitiço esmeralda voar em sua direção. Já esperava que ela perdesse a cabeça. Defendeu-se simplesmente com um movimento de varinha. O feitiço atravessou a sala, tendo seu fim em uma das pilastras que sustentavam o teto de pedra.
-Eu não acho que você seja tudo o que pensa que é. É apenas uma mulher desorientada e com sérios problemas...
-Não se atreva a falar assim comigo... – disse ela com olhos estreitados, atacando com a espada.
Harry defendeu-se do ataque da bruxa, utilizando sua própria espada. A irritação subira à cabeça dela. Estava irritada e consequentemente desconcentrada. Seus movimentos, lentos e previsíveis.
-Isso é lamentável. Eu quase não consigo lutar com você por pena. Piedade. É o que eu sinto por você. É tão fraca que sequer consegue executar um ataque com espada. É pra isso que se intitula "a mais fiel e poderosa serva"? Se você é a mais poderosa, tenho até pena de Voldemort por estar cercado de um bando de fracotes inúteis. – Harry sentia seu queixo se mexer e ouvia essas palavras saindo de sua boca. No entanto, não tinha idéia de onde tais palavras saiam. Tudo o que sabia era que elas passavam por sua mente e numa tentativa de irritar a Comensal, Harry lançava tudo num tom de asco. Também podia notar o tom avermelhado que o rosto cadavérico de Bella adquirira.
A mulher não respondeu, apenas começou a atacar com a espada e por vezes lançava feitiços que Harry se desviava por pouco. Apesar da dificuldade em se desviar dos feitiços e encantamentos da bruxa, Harry não conseguia parar de lançar zombarias em sua direção como: "É o melhor que pode fazer?" ou então "Ora, o titio Voldie não lhe ensinou mais do que isso?".
Harry recuava pelo fundo da sala, passando ao lado de todos os portais lacrados. O moreno andava de costas, falando, se desviando e por vezes conjurando um Feitiço Escudo. Até que aconteceu. Um dos feitiços os quais Harry havia se desviado tinha batido contra o chão de pedra, provocando um buraco. Harry que andava de costas não pôde ver e ao pisar em falso, se estatelou no chão, a varinha voando da mão.
Harry nem sentira as costas bater na pedra, tudo o que sentira fora a surpresa de não haver chão por um instante. Tamanha surpresa o fez se distrair, perdendo a varinha. Recuou no chão, encarando destemidamente o olhar mortal que Bellatrix lhe lançava. Ela enfincara a espada no chão e simplesmente lhe apontava a varinha.
-E então Potter... É o melhor que pode fazer? – zombou ela. – Então veremos se conseguirá escapar dessa vez: AVADA KEDAVRA!
Bellatrix ergueu a varinha até o alto da própria cabeça, apontando-a diretamente para o coração de Harry, caído aos seus pés e gritou a maldição da morte. Num segundo, Harry soube que não havia escapatória. Estava se varinha. Sua espada estava caída inerte ao seu lado. Sabia que seria seu fim, pois não havia como escapar dessa vez. Não havia ninguém para se jogar a sua frente e morrer por ele.
Para Harry, tudo aconteceu em câmera lenta. O raio verde-esmeralda partiu da ponta da varinha da Comensal, mergulhando em sua direção. Num instante, um grosso pedaço de pedra veio voando de algum ponto de seu lado direito (ao seu lado esquerdo estavam as paredes com os portais), entrando diretamente na trajetória do raio mortal. A pedra pareceu flutuar enquanto o raio se chocava diretamente contra seu centro. O segundo se passou, mas a pedra, que Harry notou ser o mapa de pedra da sala vizinha, continuou parada no ar.
Harry piscou para a placa de pedra grossa. Ela havia recebido todo o dano do Avada Kedavra de Bellatrix. Um instante depois, várias rachaduras brancas se espalharam pela pedra, ainda imóvel no mesmo lugar onde fora atingida. Em seguida a placa de pedra explodiu, lançando um flash de luz branca sobre todos e fazendo com que Bellatrix, que era a mais próxima, fosse lançada contra a parede oposta.
Harry olhou para o lado de onde a placa de pedra viera voando em seu auxílio. Lá estava Rony, segurando a bolsa de couro conjurada para carregar a placa agora destruída. O ruivo deu de ombros dizendo:
-Foi mal pela placa, mas não tive tempo pra pensar...
-Obrigado. – agradeceu Harry, incrivelmente mais grato do que poderia expressar ao amigo.
Num pulo, Harry estava de pé, observando as grandes lascas de pedra que juntas formavam o mapa para o próximo Templo. Enquanto observava os pedaços, estes flutuaram no espaço e como se um fantasma montasse um quebra cabeça no ar, os pedaços voltaram a se juntar, no mesmo lugar onde foram destruídos. Harry olhou abobalhado para Rony, que estava apoiado à parede, mantendo uma cara muito parecida com a que Harry imaginava manter no próprio rosto.
Quando Harry pensou em pegar a placa de pedra que flutuava, esta saiu voando em direção a um portal e o atravessou, desaparecendo de vista. Harry se aproximou da parede dos portais e encarou os portais. Os portais vermelho do Fogo e branco do Ar continuavam igualmente lacrados, no entanto o portal do meio, que antes tinha uma proteção marrom-esverdeada estava visivelmente aberto. Harry soube que a placa abrira o lacre que mantinha o portal fechado. Tudo o que o garoto podia ver era um redemoinho em vários tons de verde girando atrás do portal. Olhando à volta, Harry se surpreendeu com o estado da sala em que estavam. Quando entrara pela primeira vez, contara seis grandes colunas de pedra, sustentando o teto. Agora, entretanto, apenas três o faziam. Duas colunas em uma das paredes e uma coluna na parede oposta. O motivo da destruição eram as batalhas que ainda ocorriam. Guilherme ocupara o espaço que Harry e Bellatrix haviam ocupado na sua luta com Clapham. Era incrível. Ambos se moviam de um jeito ágil e fluido, como se deslizassem pela água numa dança milimétricamente ensaiada. Guilherme usava a espada com uma destreza que Harry jamais vira, exceto talvez em Maximus. Ambos usavam as espadas de maneira parecida, embora os movimentos em sua maioria, fossem diferentes. Clapham usava além da espada a varinha e por vezes lançava feitiços que Guilherme desviava com a mão nua.
Do lado oposto da sala estavam Gina e Susan batalhando ferozmente contra Lúcio Malfoy. Hermione estava encostada numa parede, uma flecha espetada no ombro esquerdo, no entanto, seu olhar mostrava uma determinação que deu forças a Harry. As garotas se esforçavam e o atacavam ao mesmo tempo, embora ele parecesse se divertir imensamente.
Agora que Harry parara para observar, podia notar que aquela sala estava em péssimo estado. A intervalos de minutos, grandes pedaços do teto de pedra, se soltavam, afundando lentamente até o chão, que a essa altura já se encontrava cheio de grandes lascas e pedaços de pedra cinzenta. Harry deu uma olhada à sua volta e constatou que Bellatrix continuava desacordada no lugar onde havia caído. Se aproximando do amigo ruivo, Harry viu que as batalhas que ainda ocorriam estavam destruindo ainda mais a sala, que corria o risco de soterrar a todos eles.
Pensando rápido, Harry pegou sua varinha no chão e fez mira, apontando para o corpo esguio e magro de Lúcio Malfoy:
-Estupefaça. – disse Harry, fazendo com que o raio vermelho atravessasse a sala, acertando em cheio peito magro do Comensal. Malfoy ainda mantinha o sorriso enviesado no rosto enquanto caía inconsciente no chão.
-O que você pensa que está fazendo? – perguntou Gina se virando para ele.
-Salvando a pele de vocês... – começou Harry.
-Salvando? – indagou Susan se virando para Gina e voltando a olhar Harry. – Por quê? Nós acabaríamos com ele...
-Nós não temos tempo pra isso... – disse Rony, saltando num pé, na direção das garotas. – Se vocês não notaram, esse lugar vai desabar, e o que é pior: CONOSCO AQUI DENTRO!
-Isso mesmo... – começou Harry para as garotas. – Conseguimos abrir um portal. No momento, não importa pra onde ele nos leva, desde que consigamos sair daqui com vida, já está ótimo. Vocês podem ajudar o Rony?
-Claro. – concordou Susan e ela e Gina começaram a carregar o ruivo em direção ao portal enquanto Harry pegava sua espada no chão. Virou-se e correu para ajudar Hermione. Assim que chegou ao lado da moça, ela se levantou, sorrindo, trêmula:
-Eu estou bem, Harry. Posso ir sozinha. Vá ajudar o Guilherme.
Harry vendo que a garota não aceitaria ajuda, murmurou um simples "OK" e se virou para o lado em que Guilherme batalhava.
-Não pense... nem por um momento... em se meter, Harry. – arfou Guilherme, sem nem mesmo lançar um olhar ao garoto que se aproximava.
-Nós temos que ir embora agora. – disse Harry, mantendo Max sob seu olhar. – Esse lugar vai desabar a qualquer segundo.
-Ótimo, pegue os outros e vá! – disse Guilherme andando em círculo, no lado oposto ao lado em que Max estava.
-Mas e você? – perguntou Harry, atento a qualquer ataque.
Mas não houve resposta, no momento em que Harry disse aquelas palavras, um brilhante raio púrpura voou na sua direção. Harry que já esperava algo do tipo, apenas se abaixou, para depois ouvir uma das últimas pilastras que seguravam o teto vir abaixo, devido ao impacto do feitiço. Mas Guilherme não deixou por menos. Se aproveitando da distração do ex-professor, fez um ataque horizontal com a espada e por muito pouco, Maximus não foi cortado ao meio.
O homem levou a mão ao abdome, onde um corte se abrira, lançando sangue escarlate na água.
-Ahhhhhhhhhhh... – um grito feminino.
Harry olhou em volta. Gina estava caída no meio do salão, uma enorme pedra estava em cima do seu pé. O moreno de olhos verdes lançou um olhar ao portal, onde Rony e Susan estavam quase voltando para ajudar a ruiva. Hermione, entretanto, já agarrara uma mão da garota e puxava o mais fortemente que podia.
-Vão. – gritou Harry para eles. – Nós pegamos ela. Vão!
-Certo. – disseram os dois em uníssono, para um segundo depois, sumirem ao atravessar o portal. Harry se lançou na direção da ruiva e ambos puxaram o pé dela debaixo da pedra ao mesmo tempo, sem, no entanto, obter sucesso.
-O que você estava fazendo? – perguntou Harry, com mais um esforço. – Eu não falei pra vocês levarem o Rony?
-Eu vim salvar aquele traste. – disse a ruiva apontando o corpo inconsciente de Lúcio Malfoy. – Apesar de tudo, ele não precisa morrer... – e adicionou em pensamentos "... ainda mais se ele chegar a ser meu sogro".
Com mais um esforço conjunto e o pé da moça se soltou de baixo da pedra. Harry pegou em seu braço e se moveu na máxima velocidade, juntamente com Mione, que pôde em direção ao portal que ainda permanecia aberto.
-Expendia. – disse Clapham ao mesmo tempo. À medida que Harry e Gina se dirigiam ao portal com Hermione, viram um grande embrulho passar voando ao seu lado, batendo com força na parede de pedra oposta. Em instantes, o embrulho revelou-se como sendo Guilherme McKinnon. Guilherme levantou a cabeça, parecendo desnorteado:
-Cuidado... – alertou ele.
Na mesma hora, Harry soube a razão do alerta. Clapham conjurara uma corda e esta se enrolara no pé de Gina. Harry olhou por sobre o ombro enquanto segurava a garota pelas mãos: o portal aberto esta a dois metros deles. Se Harry conseguisse puxar a moça por mais alguns metros, estaria à salvo. Sabia que de algum modo, os Comensais não poderiam passar pelo portal.
-Puxe... Harry! – resmungou Hermione, agarrada a uma mão da amiga, puxando com todas as suas forças.
A cena era um tanto bizarra: Clapham rindo de um lado, segurando uma corda amarrada ao pé de Gina; Harry e Hermione, cada um segurando uma mão da ruiva, puxando-a para o seu lado; e a própria moça, no meio, erguida no espaço, um pé balançando sem tocar no chão. Era como cabo-de-guerra, com a pequena diferença de que a corda era o corpo de Gina Weasley.
A sala tremeu. Enormes blocos de pedra se soltaram do teto do Templo, caindo ao redor deles.
Gina olhou para cima, seu olhar triste, a expressão de derrota e disse:
-Harry... pegue a Hermione e vá! Leve ele daqui.
-Não... – recusou o amigo, agarrando firmemente sua mão.
Harry estava em pânico. Sentiu a sola de seus pés, deslizar facilmente pelo chão de pedra. Clapham estava ganhando o cabo-de-guerra. E o pior era que o Templo estava se desmanchando ao redor deles.
Maximus vendo o desespero de seus ex-alunos, apenas apontou a varinha para uma das duas pilastras que seguravam o teto. Ele riu ao lançar um feitiço que explodiu a coluna. O teto tremeu mais ainda e Gina puxou sua mão da mão desesperada de Hermione. Se esticando ao máximo, Gina empurrou Hermione para o portal. Hermione se surpreendeu com a atitude da ruiva, mas antes que pudesse pensar, já estava caindo em um rodamoinho de cores vibrantes. Harry arregalou os olhos para a ruiva que ainda segurava com as duas mãos. Não ia soltá-la. Não podia soltá-la. Como que lendo os pensamentos do garoto, Gina sussurrou para ele:
-Me solte, Harry.
-Não... – retrucou ele, fazendo o máximo para não soltar a mão da moça.
-Pode me soltar, Harry.
-NÃO! – gritou Harry, puxando com toda a força. Conseguiu dar dois ou três passos em direção ao portal. Podia até mesmo senti-lo girando logo atrás dele.
-Harry... me solte ou ambos morreremos. – disse a ruiva ao ver um grande bloco de pedra atingir um local próximo.
-Então morreremos os dois. – resmungou o garoto quase sem fôlego.
-EXPENDIA! – gritou Guilherme, disparando do canto da sala. Ele veio como um torpedo pela água, deslizando velozmente. Ele trocou um simples olhar com Gina enquanto passava por ela e ela fez um movimento com a cabeça, como que confirmando que era isso o que ela queria. Guilherme que se impulsionara com um feitiço, não parou. Havia disparado como um torpedo e foi com essa velocidade que passou por Gina e bateu com força contra Harry, lançando-se juntamente com ele para dentro do portal.
Harry não soube o que acontecera. Num segundo ele segurava Gina com todas as suas forças, mas foi apenas ela desviar o olhar dele que alguma coisa pesada o atingiu como uma marreta, arrancando-a de seus dedos. Quando se deu conta, estava dentro de um portal multicolorido, e ao seu lado estava Guilherme McKinnon. Antes que pudesse entender a expressão melancólica com que ele o encarava, Harry se viu sendo jogado no chão quente. Abaixo dele só havia terra quente e grama fresca. Antes que pudesse se levantar, uma voz surpresa perguntou:
-Onde está Gina?
***
Harry se sentou no chão. Rony estava em pé logo à frente, olhando para alguém atrás de Harry. Dando uma olhada por sobre o ombro, Harry viu Guilherme de pé, encarando o ruivo, sem expressão alguma no rosto. E então, se deu conta do que havia acontecido.
Gina. A garota havia escapado por entre os dedos de Harry que a agarravam o mais fortemente que eles conseguiam.
-Onde está Gina? – tornou a perguntar Rony, olhando à volta.
-Ela... ela... ela não ficou lá, ficou? – perguntou Hermione se levantando de uma pedra onde estivera sentada.
-O que você quer dizer com... – os olhos do ruivo se arregalaram. – Você a abandonou lá, McKinnon?
Harry imediatamente se levantou. Aquilo não ia resultar em coisas boas.
-Rony... Guilherme não tem culpa, eu...
-Não diga asneiras, Harry. – interveio Guilherme, no que foi encarado por todos. Ele apenas acrescentou naquele mesmo rosto sem expressão. – A culpa foi toda minha. Havia uma pedra caindo sobre vocês e eu saltei levando apenas você para dentro do portal. Se a culpa é de alguém, esse alguém sou eu.
-Ótimo. – disse Rony. Ele deu apenas um passo e socou Guilherme no rosto, sendo logo em seguida puxado para trás por Hermione.
-Rony! – repreendeu ela, embora pela sua cara, parecesse se controlar para não fazer o mesmo.
Guilherme, no entanto, sequer se mexeu, apenas virando o rosto com a força do golpe.
-Eu sinto muito, Weasley. – disse ele.
-Sente muito? Sente muito? Foi a minha irmã que você abandonou lá... Você sente muito? Vai sentir mesmo... – e gritando isso, se livrou de Hermione e avançou para o moreno, socando-o de novo. Guilherme não se preocupou em revidar aos golpes do ruivo, apenas dava um ou dois passos para trás com a força dos golpes seguidos que levava no rosto. Aquilo pegara Harry tão desprevenido que ele demorou alguns segundos até avançar até os amigos e segurar Rony, afastando-o de Guilherme. O garoto moreno estava com o rosto um pouco arranhado e um filete de sangue escorria pelo canto da sua boca. Todavia, ele continuava com a mesma expressão de impassibilidade marcando o rosto.
-Faça alguma coisa... dê um jeito de abrir aquele portal para que busquemos minha irmã! – berrou Rony a plenos pulmões enquanto era segurado por Harry.
-Eu não posso abrir o portal. Não posso... – resmungou Guilherme simplesmente com voz inexpressiva e o rosto ainda naquela mesma expressão vazia.
-Guilherme, abra o portal. – o tom imperativo na voz da garota o fez levantar o rosto que estivera fitando o chão, imóvel. Guilherme olhou meio surpreso para Susan.
-Não posso fazer isso. – respondeu ele novamente.
-POR QUE NÃO? – berrou Rony.
-Eu simplesmente não posso reabrir o portal. – tornou a respondeu o garoto, voltando a olhara para o chão, impassível.
-Harry, me solta para que eu possa arrebentar a cara dele... – disse Rony em voz muito alta.
-ABRA AQUELE PORTAL PARA QUE POSSAMOS SALVAR A GINA...
Harry se surpreendeu com o grito. Ele não viera de Rony como Harry esperava, ao invés disso, viera de Susan que se mantinha em quase silêncio até o momento. Harry que nunca vira a garota se descontrolar daquele jeito, até soltou Rony tamanha a surpresa.
Rony ao se ver livre do aperto de Harry, avançou até Guilherme o mais rapidamente que sua perna machucada pôde levá-lo, para sem seguida levantar o punho e manda-lo em direção ao rosto do rapaz. Guilherme, no entanto, apenas segurou o punho do ruivo com a mão esquerda e colocando a mão direita no peito de Rony, lançou-o para trás com o que pareceu ser um feitiço de empurrão.
Rony voou uns bons dois ou três metros antes de aterrissar no chão, levantando uma pequena nuvem de terra. Devido à briga que começara, no entanto, ninguém pareceu sentir a falta do ruivo.
-EU NÃO POSSO REABRIR AQUELE PORTAL... – berrava Guilherme
-E PORQUE NÃO? – gritava Susan de volta.
-PORQUE ISSO SERIA IDIOTICE. COLOCARIA TODOS NÓS EM RISCO...
-MAS A GINA ESTÁ LÁ...
-ELA NÃO ESTÁ EM PERIGO IMEDIATO...
-Não está em perigo imediato? – perguntou Rony aparecendo ao lado de Harry, coberto de terra. – Tirando o fato de ela estar em posse de COMENSAIS DA MORTE!
-Escutem aqui, todos vocês. – começou Guilherme. – Eu não vou reabrir aquele portal, não importa o que vocês digam. – e vendo que Rony se preparava para vir lhe socar novamente complementou: - E se você tentar me atacar novamente, Weasley, eu vou revidar.
Naquela hora, Harry se virou para Hermione, que encarava a todos como se não acreditasse que aquilo estava sendo discutido.
-Hermione... você pode reabrir aquele portal? – perguntou Harry a ela, enquanto Rony recomeçava a discutir com Guilherme.
-Eu não sei se posso, Harry. Abrir portais já é bem difícil, mas reabrir um que leve exatamente ao mesmo lugar e ainda mais depois que este já se fechou... eu acho que não dá.
-Eu te avisei! – gritou Guilherme depois que houve um flash vermelho e Rony caiu na grama, inconsciente.
-O que você...? – começou Hermione olhando para o corpo caído de Rony.
-Eu só o estuporei com um feitiço não-verbal. – disse Guilherme simplesmente, enquanto cuspia no chão. Harry notou, com uma pontada de nojo, que a saliva do garoto adquirira um tom escarlate devido à mistura com o sangue. Vendo a cara de todos, apenas disse: - Sinto muito. Não adianta insistirem. Harry, venha comigo, por favor.
Antes que Harry pudesse responder, o garoto se embrenhara por uma trilha na mata ali perto. Harry o seguiu hesitante. Logo localizou as costas nuas do garoto, caminhando alguns passos à sua frente. Em poucos minutos ambos saíram em uma grande clareira e no meio dela, havia um Templo enorme. As paredes de pedra pareciam bem velhas e a hera havia se apossado de grande parte, crescendo pelas paredes do Templo, que mais parecia uma pirâmide azteca ou maia.
***
Minutos depois, Harry adentrava na sala principal do Templo, hesitando. Haviam acabado de passar por uma sala cheia de portais, mas não havia portal para o Templo da Água. Havia apenas um grande bloco de pedra bloqueando este portal.
Guilherme estava ao lado de Harry e apontou para a longínqua estátua de Merlim, logo à frente. Ele estava em uma posição estranha, como se segurasse um livro à frente do corpo, oferecendo-o a alguém. No entanto, ao invés de um livro, uma placa de pedra havia sido colocada entre seus dedos.
Harry se aproximou da estátua e pôde sentir a excitação se apossando dele. Guilherme estava ao seu lado encarando a estátua com uma fascinação obsoleta. Quando Harry ergueu a mão para pegar a placa de pedra, teve uma idéia. Logo em seguida, sem nem ao menos tocar na placa, abaixou a mão.
-O que foi, Harry?
-Não vou pegar a placa de pedra. – disse Harry, obstinado, se afastando alguns passos da estátua. – Não enquanto você não me disser seus motivos...
-O quê? Meus motivos? Do que você está falando?
-Dos seus motivos para não reabrir o portal e...
-Harry, não temos tempo pra isso... pegue a placa, por favor.
-Não. Eu quero saber o porquê de você...
-Ah... você quer saber os meus motivos? Por eu vou lhe dar: o principal motivo é você.
-O quê? Eu? Como assim?
-Sim, você. Minha principal missão é proteger você, Harry. Devo proteger todos os outro também, é claro. Mas principalmente você. E tem mais. Eu sequer tenho idéia de como reabrir um portal como aquele, você tem?
-Não, eu...
-Exatamente. E mesmo que eu soubesse reabrir o portal, coisa que eu não sei, eu não tenho o material necessário para fazê-lo. E provavelmente para conseguir mandar-nos para o mesmo lugar eu teria de usar Magia Negra, coisa que vocês não iriam gostar, não é?
-Eu...
-Deixa pra lá... – bufou Guilherme, agora bastante irritado. – Esquece. Eu apenas... – ele fez uma pausa. - ...sinto muito pela Gina. Mas eu tenho certeza que ela não corre perigo imediato. Os Comensais estão esperando que a gente volte por ela. Não vão machucá-la. E depois, se o Weasley fez a coisa como eu disse, a Ordem está bem atrás deles. Eles irão conseguir salvá-la.
-Aham... – concordou Harry, sem saber o que dizer. – Eu vou pegar a...
-Ah... deixa isso. – disse Guilherme que estava mais perto da estátua. Ele esticou a mão dizendo: – Eu pego.
Harry não soube o que aconteceu, apenas se viu gritando um tardio "Não!" que não impediu que o garoto tocasse a placa de pedra. Assim que os dedos tocaram a pedra da placa, houve um flash cegante de luz branca e Guilherme McKinnon voou pela segunda vez no dia. Quando Harry se deu conta, estava correndo na direção do corpo imóvel do amigo que havia sido arremessado pela sala até bater contra a parede de pedra.
-Guilherme... Guilherme... – começou Harry, sacudindo o garoto de leve. Teve efeito, pois o moreno se mexeu com um gemido, levantando a cabeça na direção de Harry. – Guilherme, você está bem?
Guilherme olhou a volta enquanto passava a mão de leve pela nuca e se sentava. Quando ouviu as palavras de Harry, ele ergueu os olhos cor de mel para encarar os olhos esmeraldinos de Harry.
-Quem é Guilherme? – perguntou com um olhar confuso, que deixou Harry completamente desnorteado. Tudo o que Harry pôde pensar foi que aquela situação não podia piorar ainda mais.
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N/A: Olá pessoal... Voltei... Desculpem a demora na postagem... Vou viajar amanha e volto dentro de alguns dias, mas gostaria de ler alguns coments aqui quando voltar, OK??
Agradeço desde já por eles... Espero que gostem e divirtam-se lendo o cap...
Até... Abs
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