Traidor?!



Capítulo 34 – Traidor?!

Os bruxos se entreolharam, indagando silenciosamente o que deveriam fazer. Guilherme pôde ouvir nitidamente Hermione murmurando para si mesma:
-Não deviam se ajoelhar... é como se fossemos superiores...
Imaginando que a garota poderia ofender as criaturas se pedisse para que se levantassem, o garoto deu um passo à frente e fez um reverência, dizendo:
-Obrigado, ó honrado líder dos sereianos. Estamos gratos por permitirem que passemos. – depois de dizer essas palavras, caminhou até Harry e o pegou pelo cotovelo. – Faça o melhor possível para entrarmos logo nesse Templo. Não temos muito tempo.
-Certo. – murmurou Harry caminhando rapidamente até a entrada principal do monumento submerso, sendo acompanhado pelos outros garotos.
-Será que eles já estão à caminho? – perguntou Guilherme à Lupin, enquanto observavam todos os jovens olhando as paredes do Templo a alguns metros de distância. – Os Comensais?
-Provavelmente. E estão sendo liderados por ele.
-Por... ele? Você quer dizer que...
-Que ele é o traidor da Ordem. – confirmou Lupin. – Sim. E provavelmente foi ele quem soltou você quando era prisioneiro de Você-Sabe-Quem.
-E desde quando vocês sabem? – perguntou Guilherme olhando para os aurores e Lupin.
-Desde que você avisou Dumbledore. Ele sabia que havia um espião entre nós e quando você disse que poderia ser ele, investigamos um pouco, o seguimos e descobrimos que você estava certo.
-Mas... porque ele continua na Ordem então? Por que não prenderam ele por ser um Comensal e ajudar Voldemort?
-Dumbledore acha que é melhor não agirmos por enquanto. – respondeu Quim com a voz profunda e lenta, mesmo embaixo d'água.
-Só pode estar de brincadeira comigo... – murmurou Guilherme, desacreditando.
-Acalme-se, ele não vai fazer nada. Estamos de olho nele. – disse Tonks.
-De olho nele? E acham que isso vai ser suficiente? Ele deve estar trazendo um monte de Comensais sanguinários para atacar esse povoado e arrancar nossas cabeças.
-Não seja bobo. – murmurou Tonks, quase rindo. – Temos membros da Ordem lá em cima.
-É sério? – indagou um sarcástico Guilherme. – E o que seria aquilo ali? – o moreno apontou para vários flashs de luz que estouravam casas e faziam sereianos saírem voando.
-Isso não é bom... – murmurou Lupin para si mesmo.
-Jura? Eu nem tinha notado. – comentou Guilherme, irônico.
Naquele momento Hermione veio nadando da entrada do Templo e disse assim que chegou ali:
-Conseguimos abrir. – e depois nadou de volta para os amigos.
-Vá. – pediu Lupin à Guilherme. – Iremos segurá-los. Pegue o que quer que haja lá dentro e fujam o mais rápido que conseguirem.
-Mas...
-VÁ! – ordenou Lupin puxando a espada e varinha e se virando para o lado da balburdia.
-Certo. – murmurou Guilherme, e com um impulso, nadou o mais rápido que pôde até a entrada do Templo, onde era aguardado pelos amigos.

***

Harry, Susan, Gina e Hermione estavam esperando por Guilherme em frente a uma abertura quadrada de pedra grossa. Rony estava sentado no chão e parecia bem melhor, mesmo para seus parâmetros. Tinha uma faixa enrolada na cabeça.
-Bom trabalho. – murmurou Guilherme para Harry assim que chegou. Depois, puxou a varinha e apontou para dentro do túnel escuro – Esferatus Luminarie.
Um raio amarelo-canário adentrou o túnel e em um segundo, o teto do mesmo havia se enchido de grandes bolas de luz amarela.
-Vamos lá. – guiou Guilherme, adentrando o túnel recém iluminado.
Caminharam alguns metros em silêncio. Guilherme às vezes lançava olhares esguios para a entrada do túnel, por cima do ombro. Parecia preocupado e a ruga entre suas sobrancelhas demonstrava isso perfeitamente. Susan, que o conhecia melhor do que qualquer um que estivesse naquele corredor de pedra bruta, se aproximou do namorado, colocando a mão sobre seu ombro. Ele parou de andar e se virou para ela. Ela lhe sorriu gentilmente enquanto dava um aperto mais forte no ombro do garoto. Em um instante ele a abraçara. Harry, Rony (que era carregado pelo amigo e pela irmã), Gina e Hermione pararam de andar e desviaram o olhar. Era uma cena estranhamente inusitada. Harry e Gina colocaram Rony sentado em uma pedra próxima e depois se sentaram no chão ao lado de Hermione.
Harry ouviu sussurros vindos do casal abraçado. Estavam conversando em voz tão baixa que nenhum dos outros amigos de Harry havia percebido os sussurros de Guilherme e Susan. Apurou os ouvidos para a conversa deles, ignorando a reclamação de Rony de que estava cansado e queria voltar para Hogwarts.
-...eu te avisei sobre ele... é o traidor da Ordem. – murmurou Guilherme, ainda abraçado à morena.
-Mas eu o conheço desde... eles devem estar enganados... não pode ser o traidor... um espião de Você-Sabe-Quem... impossível... – respondia ela.
Por fim, se separaram e a cara de preocupação de Guilherme só havia piorado. Olhou para a namorada e balançou a cabeça negativamente enquanto dizia:
-Vamos.
Bastou Rony fazer menção de se levantar da pedra em que estava sentado que um ruído alto foi ouvido e num instante a lâmina de Elizabeth havia entrado em uma fenda do outro lado do túnel. Da mesma fenda, saia a metade de uma lança, e a ponta dessa estava apontada para o exato lugar onde Rony estava.
Todos ficaram paralisados por um segundo, inclusive o próprio Guilherme, que empunhava a espada dourada. Ele soltou um suspiro alto e por fim disse devagar:
-OK, Weasley. Levante-se devagar. Estou impedindo que o mecanismo de disparo funcione com a ponta da espada, mas não sei se há outras armadilhas.
Rony se levantou devagar, o pânico estampado no rosto. Sua voz ecoou no silêncio do túnel, aguda e apavorada:
-Sempre comigo... porque é sempre comigo?
Assim que o ruivo se levantou e foi amparado por Gina e Harry, Guilherme puxou a ponta da espada da fenda e a lança foi lançada de vez, acertando em cheio o lugar onde o coração do ruivo deveria estar.
-Eu juro que nunca mais venho em uma expedição dessas. Vocês... – apontou para Harry e Hermione. - ...façam o favor de me lembrar disso.
-Certo. – concordaram em uníssono.
-OK. Vamos indo. – murmurou Guilherme, guardando a espada dourada na bainha.
No restante do caminho, Guilherme prestava atenção a cada detalhe ao seu redor antes de cada passo. No instante em que se abaixava para desativar uma armadilha, deu um pulo de susto e colocou a mão no peito, demonstrando que se assustara muito. Se virou para os garotos. O rosto pálido à luz das bolas amarelas do túnel.
-Eu quase matei a todos nós agora. – ele respirou fundo e enfiou a mão no bolso da bermuda que usava e retirou o comunicador da Ordem. Estendeu para os garotos e murmurou, ainda pálido. – Alguém, por favor, atenda.
Harry, que era o mais próximo do moreno, se aproximou e pegou o objeto. O comunicador da Ordem se parecia com um daqueles antigos relógios de bolso ou então um daqueles estojos redondos de maquiagem que as mulheres trouxas carregam nas bolsas. Segurou o objeto metálico e redondo e observou os desenhos em alto relevo marcado na parte de cima. As letras "OF" floreadas com capricho e uma fênix irritadiça pousada sobre as letras. Sentiu que o metal dourado estava quente, assim como a corrente fina de ouro que balançava ao ritmo da água. Por fim abriu o objeto e viu um espelho redondo onde tudo estava preto. Pôde ouvir uma voz dizer risonha, vinda do outro lado do espelho "Não tão perto, Hagrid. Eles não vão enxergar nada". Harry nem precisou pensar, reconheceu a voz imediatamente como sendo de Alvo Dumbledore. No instante seguinte, a cara sorridente de Hagrid, seu grande amigo barbudo, apareceu no pequeno espelho.
-Ah... olá Harry. Que prazer revê-lo. Desculpe por aquilo. Eu deixei perto demais da minha barba. – riu o meio gigante. – Como estão você e os garotos?
-Ah... olá Hagrid... estamos bem, obrigado. Mas é que... – começou Harry, sem saber como dispensar o grande amigo.
-Ah sim. Recebi sua carta. Desculpe não ter respondido, mas naquelas montanhas é realmente difícil achar uma coruja.
-Montanhas? Onde é que você...?
-Ah, desculpe. Eu não te disse não é? Eu voltei àquela colônia de gigantes nas montanhas. Olímpia foi comigo, assim como o Professor Dumbledore. – nesse momento, embora Harry só pudesse ver o rosto de Hagrid, notou que o peito do amigo se enchera de ar, demonstrando orgulho. – Com Dumbledore lá, conseguimos convencer muito mais gigantes. Acho que agora teremos uma boa ajuda.
-Isso é muito bom, Hagrid. O problema é que...
-Ah me desculpe por não ter falado com vocês antes de ir. Dumbledore achou que seria melhor se ninguém soubesse. Sabe, com aquele espião na Ordem, nunca se sabe...
-Peça ao Harry para chamar o Guilherme, Hagrid. – disse a voz de Dumbledore novamente.
-Certo professor. – respondeu o barbudo a alguém ali perto. Se virou para Harry e disse. – Desculpe interromper o papo, Harry, mas o Guilherme está por aí?
-Ah, está sim, espera aí. – pediu o garoto de olhos verde olhando para o corredor. Estava vazio, exceto por ele próprio. Olhou para a entrada do túnel e os gritos que vinham de lá, pareciam alarmantemente próximos. Como não ouvira aquilo antes?
-Harry o que está fazendo aí? – perguntou Guilherme descendo uma escada de pedra logo à frente. Quando o rapaz se aproximou o suficiente, Harry lhe estendeu o comunicador:
-É pra você. – disse Harry, deu alguns passos em direção à escada, mas parou para ouvir a conversa.
-Oi Hagrid. Não, não é uma boa hora. – murmurou Guilherme para o interlocutor que Harry não conseguia ouvir. – Eu nem sei se sairemos vivos daqui. – ouviu o que o outro dizia. – Eu entendo. É uma boa idéia, sem dúvida. Mas o que eu tenho com isso? – ouviu novamente a pessoa falar. – Ah, sim. Posso arranjar alguns ovos, com certeza. Para quando? – ouviu mais uma vez. – Talvez dê para conseguir nas férias, se eu fizer umas viagens para visitar uns amigos influentes. – outra pausa para ouvir. – OK. Farei o melhor possível. Sim. Obrigado professor. Tchau.
Ao terminar a conversa, se aproximou de Harry e pediu que o acompanhasse. Subiram as escadas rapidamente e passaram por uma entrada de pedra. Ao olhar para dentro da sala, Harry reconheceu como sendo quase idêntica àquela sala cheia de portais que encontraram na Primeira Expedição. Haviam 3 portais coloridos na sala. Dentro dos portais não se via nada, exceto uma luz difusa que mostrava o lacre mágico de cada um deles. Harry viu os símbolos marcados sobre cada um dos portais e reconheceu cada um deles como sendo "Ar, Terra e Fogo". Haviam grandes colunas de pedra, que se perdiam de vista até chegar ao teto que sustentavam. As colunas estavam rentes às paredes, deixando pouquíssimo espaço entre a coluna e a parede de pedra.
-Vamos Harry. Estão nos esperando.
-Está bem. – concordou o outro.
Assim que chegaram a outra sala, ao final do corredor, Harry sentiu novamente. Era como se fosse um dejà vú. A sala em que estava era idêntica àquela do outro templo. Idêntica em tudo. Não havia uma só diferença. Era como se Harry estivesse revivendo tudo de novo. Os amigos pareciam pensar na mesma coisa, pela forma com que olhavam ao redor.
-Eu duvido que haja um túnel atrás dessa parede. – murmurou Rony apontando a parede que fora quebrada por ele e por Gina, no outro Templo.
-E por que haveria? Aquele túnel era uma passagem de ar. Para que haveria uma passagem de ar embaixo d'água? – indagou Gina, ironicamente.
Harry não deu atenção à discussão entre os ruivos, apenas se dirigiu, automaticamente até o tablado onde havia a estátua. A estátua era de um homem velho, de nariz centrado no rosto, barbas maiores que as de Dumbledore e olhos pacíficos. A estátua estava com a palma de uma mão exatamente do lado oposto à palma da outra mão, como um vidente que movimenta as mãos ao redor de uma bola de cristal. Um objeto retangular, de pedra grossa flutuava calmamente entre as mãos da estátua. Harry caminhou sem medo até a estátua e reconheceu a figura como sendo uma imagem em tamanho real de Merlim. Fez uma reverência com a cabeça e, por fim, pegou a placa de pedra. Olhou as letras finas e rebuscadas, gravadas na pedra. Uma luz branca saiu de cada uma das letras, cegando Harry momentaneamente. Sentiu seu corpo caindo, como se estivesse voando sem uma vassoura. Quando a forte luz branca desapareceu, Harry abriu os olhos e se surpreendeu. Não estava mais no Templo.

***

Harry estava em um quarto já visitado por ele antes. As paredes, o chão e o teto eram de pedra fria, embora houvessem móveis rústicos e inúmeros tapetes para deixar o lugar mais aconchegante. Harry estava em pé, ao lado de uma confortável poltrona pousada ao lado da janela. Tinha vista para muros de pedra e depois deles, uma floresta e um lago. Soltou um suspiro. Já havia visto aquela paisagem antes. Era a vista que se tinha ao olhar da janela do quarto de Merlim. Harry caminhou para o espelho e lá estava ele novamente. A imagem de um velho de barbas e cabelos brancos e compridos, com nariz grande e reto e com olhos azul-anil profundo e reflexivos, sorriu para ele.
-Pelo visto voltamos a nos encontrar, Escolhido. Espero que não se importe com essas viagens que eu o convido a fazer. – disse o velho com uma voz calma e melodiosamente pacífica. – Infelizmente, essa é uma conversa onde apenas eu falo. Tudo o que você pode fazer é ouvir e aceitar tudo o que eu lhe propor e mostrar. Não se preocupe, não vai demorar muito agora.
O velho homem voltou à observar a vista que a janela lhe proporcionava. Num instante haviam batido à porta e o mesmo jovem loiro que Harry vira da última vez de nome Edward entrara. A diferença é que o jovem loiro parecia bem mais velho. Aparentava 15 ou 16 anos.
-Ó honorável, Sir Lancelot pede que vossa senhoria compareça ao corredor do quarto do rei. Ele disse que é muito urgente.
-Oh sim. – Harry sentiu a própria boca responder. – Tenho certeza que é muito urgente.
Em poucos segundos, Harry caminhava ao lado do garoto por corredores de pedra decorados com lindas pinturas e às vezes armaduras vazias.
-Onde está Alphonse? – perguntou Harry.
-Ah? Al foi comprar as especiarias no mercado, mestre. Hoje é dia de compras.
-Ah... é mesmo, havia me esquecido. – respondeu Harry com um sorriso. Embora a atuação de Merlim fosse convincente para quem o visse e ouvisse, para Harry que estava dentro de sua mente era inútil. Tinha certeza de que Merlim não se esquecera que era dia de compras. E tinha igual certeza de que Merlim sabia onde Alphonse estava.
Viraram um corredor e havia dois cavaleiros a fechar-lhes a passagem.
-Sir Lancelot deu permissão apenas ao honorável Merlim. Ninguém mais pode passar.
Harry se virou para o garoto loiro ao seu lado, e sorriu ao ver a cara que ele fizera ao ouvir as palavras do cavaleiro.
-Tudo bem, Edward. Pode voltar aos seus afazeres.
-Certo mestre. – concordou o rapaz, e se virando, sumiu pelo corredor.
Harry olhou para os cavaleiros e estes abriram passagem para que passasse. Harry caminhou até o meio do corredor e pôde ver as costas de mais dois cavaleiros guardando a outra entrada do corredor. Olhou a pintura pendurada exatamente à frente da porta do quarto do rei. Era uma bela mulher usando uma coroa. A rainha-mãe fora realmente uma mulher muito bela. Levantou a mão e bateu apenas uma vez. Imediatamente assim que bateu, a porta se abriu, dando-lhe passagem para entrar no quarto. Quem segurava a porta era o cavaleiro mais fiel ao rei que Harry e Merlim conheciam.
-Cavaleiro. – cumprimentou Harry, com um aceno de cabeça.
-Honorável. Que bom que viestes. Sinto-me aliviado ao ver que Vossa Majestade ainda tem aliados de confiança.
-Infelizmente, o rei também tinha aliados nos quais não podia confiar. – ao dizer essas palavras, Harry olhou para o quarto em que estavam. Era incrivelmente pequeno para o quarto de um rei. Uma cama de dossel estava encostada à parede, os lençóis sobre ela estavam desarrumados como se quem estivesse nela repousando, houvesse saído de seu conforto às pressas. As cortinas que protegiam a cama e seu ocupante da luz solar estavam caídas sobre a cama e a parte que ainda resistia estava rasgada e esfiapada. Os pequenos armários que repousavam cada um de um lado da cama estavam abertos e todo o seu conteúdo estava jogado no chão. As cortinas estavam abertas, dando passagem à tênue luz solar que entrava timidamente no aposento, limitando-se a iluminar a pequena poça de sangue que manchava o tapete persa. Tapete este que fora recebido alegremente pelo rei e que agora tinha sobre si o corpo do próprio homem que um dia se alegrara ao ganhar um tapete feito em tão distantes terras. O tapete, que cobria a maior parte do chão do pequeno quarto era feito em linhas de seda branca, marrom e com fios de ouro. As imagens não se moviam, mas o rei apreciara muito aquele presente não-mágico. Ao lado da janela havia um grande armário de madeira escura, com as portas abertas. Todo o conteúdo do armário estava espalhado pelo chão. As pinturas à óleo que decoravam o quarto do rei haviam sido rasgadas e arrancadas bestialmente de seus lugares, sendo lançadas de qualquer modo para os lados. Isso era tudo o que se via no quarto. Armários abertos, roupas e pertences do rei atirados, forrando o chão assim como o corpo do próprio homem, idolatrado por muitos, respeitado por todos. O rei estava caído de bruços, ao lado de sua mão direita estava uma espada com cabo de ouro. A empunhadura era recoberta de pedras brilhantes e a lâmina prateada havia sido levemente mergulhada na poça de sangue do homem que deveria estar utilizando-a para se proteger. O motivo da invasão era simples e óbvio: estavam procurando por alguma coisa. E a causa da morte do homem caído no chão era ainda mais óbvia do que o motivo da invasão. Havia um punhal encravado em suas costas. Um punhal que fora presenteado ao rei pelo seu próprio pai.
-O que será que houve aqui? – indagou Lancelot. – Como é que algum inimigo do rei conseguiu entrar no castelo?
Harry não estava ouvindo. Andou cuidadosamente pelo quarto, tomando o cuidado de não pisar em nada. Puxou a varinha e murmurou algumas palavras em latim. Fechou os olhos e quando reabriu-os uma leve fumaça rosa brilhante flutuava em certos pontos do quarto.
-O que é isso? – perguntou o cavaleiro.
-Estou usando um feitiço para rastrear magia. – explicou Harry se virando para o homem de armadura brilhante. – Estais a ver esta fumaça rosada?
-Sim. O que tem?
-Isso é rastro mágico. Em todo lugar que há essa fumaça, foi usado algum tipo de magia.
Sir Lancelot olhou à volta, abobalhado. A fumaça rosada estava flutuando por todo o aposento. Inclusive havia um rastro mais forte que mostrava o caminho de alguma coisa ao lado da cama do rei até o ponto acima de onde o rei estava caído.
-O que é este rastro mais forte?
-Rastros mais fortes podem indicar duas coisas: ou é a magia mais recente realizada ou algum feitiço com intenções muito malignas foi usado. Nesse caso... – apontou Harry - ...acho que foram ambas as coisas.
-Como assim?
-O rei guardava aquele punhal... – apontou para as costas do rei. - ...naquela gaveta. – apontou a gaveta onde o rastro começava.
-Estas a me dizer que...
-...Que quem matou o rei, fez o punhal atacá-lo... usando magia.
-Mas como isso é possível. Achei que o senhor havia protegido o castelo de bruxarias externas.
-E protegi. – afirmou Harry.
-Então como isso aconteceu? – perguntou Lancelot se irritando.
-A única explicação não me agrada.
-E qual é?
-É que eu protegi o castelo contra bruxarias externas, e não...
-...Contra bruxarias internas. – completou o cavaleiro.
-Exatamente.
-Isso quer dizer que algum bruxo de dentro do castelo matou o rei?
-É exatamente isso que quer dizer. – afirmou Harry.
-Mas o que procuravam? O que queriam?
-Só há uma resposta para isso...
-EXCALIBUR! – disseram ambos ao mesmo tempo.
Num instante, os dois andavam rapidamente em direção à Sala do Trono. Adentraram rapidamente e caminharam até o fim do tapete vermelho, onde o trono do rei estava pousado.
-Contaste para alguém sobre isso cavaleiro? Qualquer um que seja? – perguntou Harry no caminho até o trono.
-Sobre o que? Sobre o assassinato do rei ou sobre a localização da Espada Sagrada?
Harry parou de andar um segundo, analisando qual das questões queria que fosse respondida, por fim decidiu-se pelas duas:
-Ambas as coisas. – disse Harry voltando a andar em direção à cadeira dourada, com estofado cor de vinho.
-Pois eu respondo "não" para as duas perguntas, honorável.
-Ótimo. – aliviou-se Harry. – Eu não contei nem mesmo aos meus aprendizes. Os únicos que sabemos somos eu e você.
Haviam chegado ao trono dourado do rei. Deram a volta nele, se dirigindo à uma grande estátua logo atrás do trono. Era uma estátua em tamanho real do falecido rei. Usava roupas dignas do rei, uma coroa de ouro cheia de pedras coloridas, um colar com a cabeça de um dragão em ouro e prata entrelaçados, braceletes de ouro e rubis e presa à cintura havia uma espada.
Ambos encararam o rosto pálido brilhante da estátua de mármore, como se encarassem o rei.
Harry ergueu a mão e pegou o pingente em formato de cabeça de dragão pendurado no pescoço da estátua. Segurou a pequena forma animalesca feita em ouro e prata. Cabia perfeitamente na mão de Harry. O garoto observou as curvas graciosas e a beleza esplendorosa dos metais prateado e dourado, que brilhavam à pouca luz do recinto. Fechou a mão sobre a peça metálica que ele próprio forjara, sentindo uma tristeza profunda por imaginar que aquela peça de sua autoria havia sido a causadora da morte do seu grande amigo, soberano daquelas terras.
-Acho melhor que fique comigo. – murmurou Harry para Lancelot que concordou com a cabeça. – Vou fazer com que fique bem guardada.
E ainda apertando a cabeça metálica do dragão se virou para a porta. Quando se dirigia para a saída da Sala do Trono, no entanto, Harry parou, virou para direção da estátua e fez uma reverência dizendo:
-Foi uma honra e um prazer servi-lo, meu rei. – e depois de dizer essas palavras, Harry se encaminhou para fora da Sala e sumiu de vista.
Sir Lancelot que assistira a cena olhou para o pálido rosto de pedra da estátua e murmurou:
-Pois eu digo o mesmo. E prometo-lhe, meu rei, que pegaremos a vil serpente que se deu o direito de tirar-lhe a vida.
Por fim, fez uma reverência à estátua e ao trono e se dirigiu rapidamente para fora da sala.

***

Harry abriu os olhos lentamente. Olhou exatamente à sua frente viu o teto de pedra do Templo. Debruçado sobre ele estava Hermione. Ela estava ajoelhada no chão ao lado dele. Um dos braços da garota segurava as costas de Harry e a outra mão dava tapinhas leves na bochecha do garoto.
-Harry, você está bem? Teve outra visão?
-Estou bem, Hermione. – disse o moreno enquanto se sentava no chão de pedra. – Quanto tempo fiquei desacordado?
-Apenas alguns segundos. Vi você caindo e quando cheguei aqui e me abaixei ao seu lado, você acordou.
Harry olhou para os outros colegas que o encaravam, concordando com Hermione.
-Você tem certeza que está bem, Harry? – perguntou Guilherme se aproximando e conjurando uma bolsa de couro para colocar a placa de pedra.
-Tenho. – respondeu o garoto ainda sentado, observando Guilherme colocara a placa na bolsa e esta enroscada no pescoço.
-Ótimo, então se levante e vamos embora.

***

Alguns minutos depois, os garotos já caminhavam pelo corredor de pedra em direção à saída do Templo. Quando estavam descendo as escadas, ouviram gritos e uma explosão, para em seguida ouvir vozes.
Guilherme colocou o indicador esticado na frente da boca, indicando silêncio e retornou pela escada, entrando na Sala dos Portais.
As vozes se aproximavam. Quem quer que estivesse entrando no Templo, estava subindo as escadas. Estavam perto, bem perto.
Guilherme puxou a espada e a varinha, se colocando à frente dos amigos. Rony fora encostado atrás de uma coluna, mas sacara a varinha. Todos os outros desembainharam as espadas e puxaram as varinhas, prontos para o combate.
Um instante depois um homem passou rapidamente pela sala, estacando ao ver o que e quem estava dentro. O homem era loiro, com cabelos platinados e compridos e olhos azuis acinzentados. Lúcio Malfoy deu um sorriso cruel ao ver quem estava ali. Seu sorriso foi ampliado pelo Feitiço Cabeça-de-Bolha que usava.
-Ei... venham ver quem está aqui. – disse para alguém logo atrás de si.
Segundos depois, Bellatrix Lestrange e Maximus Clapham aparecem, usando o mesmo feitiço.
-Ora, ora, ora... – murmurou a mulher, tresloucada. – Se não é o bebezinho Potter e seus amiguinhos.
-Eu não acredito... – Harry ouviu Susan murmurar para Guilherme. – Você realmente estava certo... Maximus Clapham é um espião e traidor da Ordem da Fênix.
Então Harry notou que ela estava certa. Maximus estava parado entre Lúcio Malfoy e Bellatrix Lestrange, e com um movimento de varinha murmurou:
-Accio. – sorriu mais cruelmente do que os outros dois e disse. – Vocês verão o que acontecerá com vocês.
Quando ele terminou de falar, agarrou alguma coisa redonda e grande que viera voando ao seu chamado. Harry saltou para trás assim que o homem jogou o objeto na direção deles. Sentiu náuseas ao ver o que era aquilo. Olhou horrorizado e percebeu a mesma expressão de horror no rosto dos amigos.
-E então... quem será o próximo? – perguntou Maximus Clapham, acariciando a lâmina manchada de sangue da própria espada.
Harry encarou os olhos frios e cinzentos do homem a quem chamara de professor. Não acreditava que ele fizera aquilo, mas no fundo sabia que fora ele.
Voltou a olhar o objeto redondo caído a poucos metros de distância. A cabeça de Quim Shacklebolt estava parada quase imóvel, sendo movida apenas pelo movimento da água. Seus olhos baços e arregalados de horror e surpresa encaravam a todos como se suplicassem por uma ajuda que nunca viria.

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N/A: Olá novamente pessoal... E aqui está o mais novo capítulo... Desculpem novamente pela demora viu, mas agora que estou de férias postarei mais rapidamente (imagino)... Espero que gostem desse capítulo... Eu gostaria de saber o que vocês estão achando da fic... Deixem comentários dizendo o que está bom e o que está ruim, para que eu possa melhorar... Por exemplo, as cenas de Harry/Merlim: vcs gostam? Devo mudar alguma coisa? Estão um pouco confusas?
Deixem suas opiniões sobre isso para que a fic fique melhor, OK??
Espero que gostem desse cap e obrigado pelos comentários... Até logo pessoal e se puderem comentar, vou agradecer mto, pq fico mto feliz com os coments e escrevo mais rápido...xD
Abs a tds

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