Na Recepção do Sant Mungus.
Capitulo -3-
Na Recepção do Sant Mungus.
Percy foi levado inconsciente. A culpa que Harry sentia pelo incidente provocava-lhe náuseas. Suas náuseas tinham prazer em se juntar com as outras dores, que pareciam ganhar intensidade junto com o nervosismo do garoto. Cada vértebra sua pedia por socorro, a dor de cabeça parecia triturar o seu crânio, sua visão entrava e saia de foco, seus pensamentos em desordem, e sua mente só tinha espaço para três coisas: A senhora Weasley, o senhor Weasley e Gina.
Harry desejava muito ter o abraço da caçula dos Weasley nesse momento. Quando estavam juntos, sentia-se confortável e feliz, realmente feliz, mas agora...
- Potter? – Chamou Umbrigde trazendo o garoto à situação. - Se sente bem? Quero dizer, fisicamente é claro! – com um olhar realmente preocupado Umbrigde fitou Harry.
- Oh! Sim, sim! Eu estava pensando que... Temos que entrar em contato com os Weasley.
Umbrigde interrompeu Harry e começou a falar.
– O ministro dispensou Arthur após o enterro de Dumbledore. Toda a família de Percy deve estar em casa. Arthur garantiu ao ministro que checaria se o senhor está seguro na Rua dos Alfeneiros. A essa hora se Arthur não chegou, está para fazê-lo. E quando chegar, vai ficar extremamente preocupado por não encontra-lo em casa.
- Você tem razão. - concordou o menino. - O quanto mais rápido avisarmos, melhor. Só me faz um favor? – pediu ele de uma vez só.
- O ministro não esta aqui!
- Não tem necessidade de me chamar de Potter, ou de senhor! Eu tenho um nome antes do sobrenome, sabia? - sem tomar fôlego, Harry continuou.
- Olha. Eu sei que não somos amigos e que também não nos damos bem. Mas do jeito com que a senhora pronuncia o meu sobrenome ou me chama de senhor me faz sentir um idiota, uma piada! Além do mais... A senhora não é mais a minha professora, eu não sou mais seu aluno certo? E definitivamente: Já ultrapassamos as formalidades há muito tempo! – concluiu o garoto.
Ele sabia. A hora não era apropriada para tentar uma trégua com Umbrigde, mas diante dos fatos sentiu que era sua obrigação deixar de ser infantil e começar a ser educado. Provaria que não é um molequinho mimado.
Do outro lado da situação, Umbrigde começava a entender por que Alvo Dumbledore escolhera Harry Potter como seu aluno favorito. Não era por ser famoso ou por ser bom aluno. O garoto não se enquadrava no perfil de aluno estudioso, mas tinha que admitir: Harry poderia ser sim muitas coisas que ela julgava serem negativas. Mesmo assim, se destacava por sua garra, determinação, e um caráter formidável. Sabia reconhecer uma causa perdida quando via uma. Sem que ninguém jamais soubesse, admitiu no seu íntimo que Harry Potter, o menino que sobreviveu, era realmente uma pessoa boa. Lentamente os sentimentos ruins que alimentava a respeito do garoto tentavam se dissolver, deixando uma fagulha de respeito no lugar. Sentiu uma agulhada de remorso por ter perseguido tanto o garoto. Mais lúcida do que nunca, viu que todo comportamento rebelde e insolente de Harry jamais foi pura maldade como pensava. Defendeu-o em seus pensamentos ao perceber que todas as vezes que o garoto revidara é por que – ela – tomara a iniciativa de atacar primeiro.
Por puro instinto olhou as costas da mão do menino. Onde uma cicatriz muito clarinha dizia: Mentiroso.
Há tempos Umbrigde não sentia tanta vergonha de quem era...
A voz de Harry chamando Umbrigde fez a mulher despertar de sua reflexão. Ela respondeu ao garoto e foi extremamente amável ao fazê-lo.
- Então? Eu posso ou não posso ser chamado de VOCÊ? Ou pelo meu nome? - questionou Harry.
- Ah! Claro! Se o senhor...quero dizer: Se VOCÊ prefere...eu não tenho nenhuma objeção! Respondeu Umbrigde.
- Bem melhor! - falou o garoto, ainda analisando a resposta da mulher.
- Então se vou chamá-lo de Harry ou de VOCÊ peço que faça o mesmo comigo! Não é tão esportivo quanto ser chamada de SAPA VELHA mas já é um começo não? - disse Umbrigde em tom cordial.
Surpreso e envergonhado, Harry respondeu rapidamente.
- Sim! É justo! E sobre a chamar VOCÊ de sapa velha...
- Esquece Harry! Eu também lhe ofendi! E outra: Varinhas velhas não fazem bons feitiços, certo? - ela respondeu com simpatia. Mas mudou de assunto bruscamente com receio de relembrar o ano em que lecionou em Hogwarts.
- Oh! Arthur já deve estar de cabelos em pé á essa hora! E agora? Como vamos dar a noticia? Deve ter se passado mais de 15 minutos que o jovem Percy foi socorrido, não podemos mais esperar. - falou Umbrigde. - Eu não tenho intimidade suficiente com Arthur... Nós nos falamos muito pouco, sabe... Departamentos diferentes, idades diferentes...
Harry sentiu que era sua obrigação dar a noticia.
- Tudo bem! Eu aviso. - disse ele interrompendo a mulher - A essa altura, o senhor e a senhora Weasley já devem ter me procurado e como não vão me achar em casa mesmo...
Foi a vez do garoto achar a situação muito surreal, estava falando com Umbrigde a mais de um minuto sem gritar e ainda recebeu um sorriso. O garoto pensou:
- Em que dimensão eu estou? - desviando dos seus pensamentos, continuou a falar. - Eu não quero fazer mais ninguém ser internado no Sant Mungus! Acho que por hoje chega!
Harry falou sério quando disse que não queria ninguém naquele hospital por causa dele, mas não seria má idéia se ele tomasse uma poção analgésica antes de deixar o hospital. Foi até o balcão da recepção pedir à atendente que entrasse em contato com o senhor e a senhora Weasley. Dois minutos depois, ela já os tinha avisado. Agora era esperar os Weasleys e saber como estava Percy.
Ele aguardava na recepção pensando em como daria a noticia. Como diria a senhora Weasley que quase matou Percy de vergonha, literalmente?
Umbrigde muito aflita veio ao seu encontro, seu rosto com traços fortes acentuavam mais ainda sua idade. Passou por Harry e quando viu a careta do garoto, apressou-se para tranqüilizai-lo.
- Tenho um conhecido aqui. Vou pedir a ele que nos ajude saber alguma coisa sobre o estado de saúde de Percy.
Harry acenou um positivo com a cabeça.
Ele seguiu a mulher com o olhar para ver onde ela estava indo.Ela caminhou até uma porta pequena de cor verde-água. Umbrigde entrou após três batidinhas acanhadas na porta. O garoto reparou na placa de identificação onde dizia:
Curandeiro Chefe:
James Mcgrath.
Especialidade:
Doenças Mágicas em:
Bruxos Nascidos Touxas.
Bruxos Abortados.
Harry se surpreendeu ao ver à identificação na porta. Dolores Umbrigde sempre deixou claro não apoiar relacionamentos entre bruxos e trouxas. O fato de quase expulsar Hagrid no quinto ano e chamar um rebanho de centauros de mestiços imundos é uma evidencia muito forte da sua antipatia e preconceito com mestiços. Quando Umbrigde formou um grupo de apoio juvenil na escola, fez questão de que todos participantes fossem estudantes de famílias inteiramente mágicas. Será que Umbrigde como Voldemort execrava mestiços por não terem laços sangüíneos inteiramente mágicos?
Era uma pena. Nos últimos minutos ele conheceu um lado menos irritante da personalidade de Umbrigde o qual ele pensou não existir, reconheceu que gostou de Dolores Umbrige com um tom honesto, sem falsos interesses. Até a voz gutural e dissimulada a qual ele aprendeu a detestar mudou, pareceu a Harry ter ouvido uma senhora cansada, mas muito serena e prestativa. Seu ar arrogante e sua forma hipócrita de tratar a todos como se estivesse sempre um degrau acima das outras pessoas parecia não existir agora.
Se ele tivesse conhecido Dolores Umbrigde no hospital e conversado com ela só uma vez não mais do que cinco minutos com certeza teria se afeiçoado à velha senhora.
Não voltaria a chamar Umbrigde de sapa velha, mas era um fato incontestável de que seus traços e algo em sua aparência lhe traziam essa assombrosa semelhança anfíbia. O corpo de Harry ainda doía muito, e a preocupação com Percy a cada segundo triplicava. Em um flash, revisou todos os momentos do dia, em que circunstâncias adversas acabariam trazendo-o à recepção do hospital, conseguindo se manter de pé socorrendo alguém e na companhia da bruxa que fez o inferno em sua vida.
O mais incrível era: brigaram, se insultaram, mas diante da gravidade da situação, conseguiram agir em conjunto e ter cinco minutos de trégua. Isso dava a Harry uma sensação de medo.
- O que mais falta acontecer comigo? – Pensou ele.
De olho na porta ele viu a mulher sair e vir ao seu encontro com o mesmo ar de preocupação que havia entrado. Intimamente ele fez força para continuar de pé independente se a mulher trazia boas ou más noticias.
- Harry, o curandeiro James Mcgrath já me adiantou algumas informações sobre o estado de saúde de Percy. Ele está em observação na Unidade de Magia Intensiva. James soube porque quando chegamos com Percy, ele viu. Ele me garantiu que Percy está se recuperando muito bem, mais seu estado é grave. O senhor James Mcgrath também é amigo de Arthur, por isso já conhecia Percy de vista. Percy vai ser monitorado 24 horas. Depois o Curandeiro responsável pela U.M.I. fará um diagnostico mais preciso. - Umbrigde se calou observando Harry. Sabia que o garoto não iria reagir bem e não esperava que o fizesse.
Agora sim. Harry precisaria de uma poção analgésica. Fazendo muito esforço para não vomitar de remorso no tailleur mais que rosa de Umbrigde. Encostou-se na parede, suas pernas não conseguiam mais sustentá-lo. Umbrigde conduziu Harry pelo ombro até um banco desocupado, estavam na parte lateral da recepção agora, e parecia que por ali não transitavam tantos bruxos.
- Calma Harry! Percy é jovem. A crise foi séria mais ele está se recuperando bem!- falou ela tentando acalmar o garoto.
- Calma? Como posso manter a calma? O irmão do meu melhor amigo está no hospital! O pai e a mãe dele me receberam como se fosse da família... Os gêmeos então? Nossa! Vão inventar berradores que explodirão igual bomba de bosta só para poder me mandar um a cada minuto! Carlinhos vai mandar Norberto me comer vivo! E Gui conhece as piores azarações! Como acha que ele vai reagir sabendo que eu mandei o irmão dele para o hospital? Sem contar a Gina! Nossa! Se ela já está com ódio de mim agora então? Merda! Mais um motivo para ela me odiar! Ótimo! Nunca mais vou ter chance com ela...quer dizer: de sermos amigos, é claro! - acrescentou Harry rouco, mas ainda reclamando.
Ignorando o palavrão e a exclamação de desespero, Umbrigde chamou Harry a razão. Era isso ou teria mais um leito ocupado no Sant Mungus.
- Harry! Não vai ajudar em nada se sentir culpado. Pare de se torturar. Eu já comentei com você que Percy já estava sob tensão, e se não fosse a nossa discussão seria outra coisa! Até o ministro estava preocupado. Percy a tempos se sente mal. O ministro estava pressionando Percy a tirar licença por causa da há quase um mês ! Isso iria acontecer, estando eu e você nos matando ou sorrindo, trocando delicadezas ou não! É inútil se culpar e ter remorso de uma coisa que você não fez! E se continuar agindo dessa forma, Você-Sabe-Quem não vai precisar te perseguir! Você vai enfartar antes de atingir a maior idade! – sentenciou Umbrigde dando um olhar solidário para o rosto contorcido e derrotado de Harry. O garoto se preparou para responder, quando ouviu a voz da senhora Weasley na recepção.
Era agora, ele teria que encarar os Weasleys fosse o que fosse.
Caminhou para a recepção em silêncio com Dolores Umbrigde em seu encalço lhe lançando olhares de incentivo e força. Harry só conseguia pensar no pior:
Perderia a única família que lhe restava.
A senhora Weasley avistou Harry e disparou a perguntar.
- Onde ele está? O que aconteceu com ele? Você já conseguiu ver ele? E você querido como está? Dolores! Onde está o meu Percy?
Harry não conseguiu responder, abriu e fechou a boca duas vezes, mas a única coisa que pensava em dizer era: “Fui eu! A culpa é minha”
Umbrigde interveio. Harry não estava em condições de se manter direito em pé. A mulher tomou coragem. Também não estava em condições, mas alguém tinha que explicar a situação para os Weasley e Harry não parecia capaz disso no momento.
- Senhora Weasley? Arthur? - falou Umbrigde chamando a atenção para si. Temos noticias sobre o estado de saúde de Percy. - para não perder o ritmo continuou a falar. - Está em observação na Unidade de Magia Intensiva. Vai ficar em observação por vinte e quatro horas. Está se recuperando muito bem, mas seu estado de saúde ainda é muito delicado.
Umbrigde não tinha terminado de falar e achou que o Sant Mungus teria que arranjar mais quatro leitos, inclusive um para ela.
A senhora Weasley deu um abraço apertado em seu marido, que retribuiu na mesma intensidade.
Vendo a cena, Harry não se conteve. Sentiu o peso da situação e falou antes que pudesse pensar direito.
- Foi culpa minha Senhora Weasley!
Harry tentou se explicar. Embora no nervosismo falasse por ele no momento.
A senhora Weasley soltou o abraço que dava ao marido, olhou para Harry firme, com o rosto manchado de lagrimas. O senhor Weasley estava pálido com a boca comprimida e Umbrigde prendia a respiração.
O senhor Weasley deu um meio sorriso cansado a Harry, e a senhora Weasley respirou com muito vigor e puxou Harry para um abraço.
O garoto sentiu o alívio e a dor apostarem corrida em suas veias, a velocidade dessa sensação aumentou quando mesmo abraçado com a senhora Weasley sentiu a mão do senhor Weasley suave em seu ombro. Agora mais do que nunca, Percy tinha o dever de ficar vivo e se explicar com os seus pais. Harry tinha a obrigação de se desculpar com ele, mataria Percy com as próprias mãos se ele não ficasse bom e fizesse as pazes decentemente com seus pais.
Quem soltou o abraço foi Harry. O motivo principal foi faltar de ar, mesmo assim precisava se explicar. Mesmo que miseravelmente.
- Senhora Weasley! – Eu sinto muito! Perdi o controle. A culpa é minha!
- Não tem por que se preocupar querido! Eu jamais pensaria isso. Eu confio em você. Sei que jamais faria mal a alguém. Ainda mais a Percy! Não precisa ficar assim, ok? Nós temos certeza que ele vai ficar bom!
Molly olhava para Harry com ternura. O senhor Weasley também, concordando com cada palavra da esposa, e quando a senhora Weasley disse: “Ele vai ficar bom!”, olhou para Umbrigde também.
Arthur pedia detalhes para Umbrigde enquanto Molly secava o rosto e Harry tentava normalizar a respiração.
- Dolores... Ele não se sente bem há quanto tempo?
- Conhecendo Percy do jeito que conheço, isso vem de tempos! – Ah se vem! - sentenciou Arthur. - Sabe o que ele fez uma vez? - o senhor Weasley continuou a falar - Levou uma mordida de um gnomo no quintal a noite e não nos disse nada. Na manhã seguinte, estava marrom e delirando de febre! Molly e eu só ficamos sabendo porque Percy não se atrasa para nada! Passado um minuto do horário que ele descia para tomar café, Molly ficou preocupada e resolveu subir para ver o que estava acontecendo! Não fosse o fato de que Percy delirava e estava marrom, com certeza diria estar gozando de uma saúde impecável! – Arthur falava tentando parecer descontraído disfarçando o ar preocupado, querendo detalhes do estado de saúde do filho nesses últimos tempos. - Ele sempre tentou ser auto-suficiente até quando tinha dor de barriga!
- Você sabe me dizer há quanto tempo ele se sente indisposto? A moça que nos deu o recado disse que ele teve uma forte crise. Crise do que Dolores? – indagou o senhor Weasley.
- De estresse bruxo! - respondeu Umbrigde. Descobriu que tem Asma mágica também. Mas proibiu o curandeiro do ministério de dizer alguma coisa a você... Achou que não queria preocupá-lo...ele não quis nem fazer o tratamento temendo que você descobrisse, Arthur! Coisas de jovem! - justificou Umbrigde.
- Quem está cuidando dele agora? - perguntou a senhora Weasley, mais controlada.- Eu não sei o nome do Curandeiro chefe da U.M.I... Eu soube como Percy está através do senhor Mcgrath.
- Que ótimo! Ele está cuidando de Percy? - falou Arthur.
- Não. - É que quando chegamos com Percy no hospital ele veio socorrer outro paciente e reconheceu Percy. Então procurou saber sobre o estado de saúde dele. - Umbrigde explicou.
- Vamos ver o nosso filho, Arthur? – Molly falou com a voz embargada.
- Vamos . - o marido respondeu.
Molly deu a mão para Arthur , começaram a caminhar para a recepção, ao perceber que os outros dois não a seguiam se virou e perguntou:
- Vocês não vêm?
- Não. – respondeu Umbrigde. - Melhor esperarmos aqui por vocês! Harry e eu não podemos entrar, não somos da família. Mesmo assim eu agradeço Molly, nós esperaremos. – Harry agora mais controlado olhou para a senhora Weasley e fez um sinal concordando com a afirmação de Umbrigde.
- Então não saiam daqui. Assim que eu souber mais alguma coisa eu peço para alguém chamar vocês ou eu venho aqui. Está bem? – Perguntou Molly.
Umbrigde e Harry concordaram.
- Daqui a pouco já estamos de volta. – Disse Arthur, e ainda de mãos dadas com a esposa caminhou para U.M.I.
Assim que o casal saiu Umbrige quebrou o silêncio puxando assunto com Harry.
- Sabe Harry, James Mcgrath cuida da minha prima desde pequena, Arabela Dora Figg, você a conhece, é vizinha dos seus tios.
O garoto ficou chocado. O que mais não sabia? A senhora Figg além de ser um aborto, prima de Umbrigde? Era demais para um só dia. Pela curiosidade não interrompeu o que Umbrigde falava.
- Foi ele quem diagnosticou que Arabela não fazia magia. Ele é especialista em doenças mágicas em trouxas e bruxos abortados. - Alguns anos atrás, Arabela quebrou a perna, e adivinha? - Em vez de concertar colocou um curativo trouxa na perna dela! - disse Umbrigde com ar zombeteiro.
- Gesso. Chama-se gesso. Os trouxas enfaixam e colocam gesso por cima, assim os ossos se colam sozinhos – esclareceu Harry a mulher, lembrando-se de sua tia Petúnia dizendo que a Senhora Figg não poderia ficar com ele por que tinha quebrado a perna.
- Deve ser difícil viver sem magia... - Umbrigde falou pensativa.
- Não é tão ruim quanto parece sabia? Eu vivi sem magia até iniciar em Hogwarts e se não fosse isso, não sentiria falta. É mais difícil sem duvida, mas é normal. Como você sabe, estudantes não podem fazer magia fora da escola, e como os meus tios não são bruxos, eu vivo a maneira trouxa quando estou lá. - continuou o garoto. - O senhor Weasley, por exemplo: não vê nada de ruim na maneira trouxa de viver! Pelo contrário: Sente curiosidade em saber como os objetos dos trouxas funcionam sem magia. – concluiu Harry.
- Entendo...Arabella me falou que seus tios não gostam de bruxos. Não deve ser nada fácil conviver com pessoas que não aceitam as suas origens. Nunca imaginei como seria viver sem magia. Da ultima vez que fui visitar Arabela achei muito engraçado o modo como ela fazia as mesmas coisas que nós...Você entende, ela é bruxa, mais não consegue se quer transfigurar um alfinete, e o mais perto que chegou de um feitiço foi quando levou uma azaração sem querer de um primo nosso! – Umbrigde falava do seu passado com divertimento.
Ainda que fosse difícil para Harry, ele estava realmente tendo uma conversa decente com Dolores Umbrigde. E que parecia agradar a ambos, mas havia algo incomodando Harry.
Não era só o estado de saúde de Percy , os outros Weasleys a essa hora já sabiam como Percy passara mal e temia que os irmãos dele não seriam tão compreensíveis como o senhor e a senhora. Weasley.
Não demorou muito, Molly e Arthur voltaram para falar com eles.
- Ele está inconsciente ainda, mas o senhor Dilan Still o curandeiro chefe da U.M.I. disse que o quadro é estável. Só vamos ter outras noticias amanhã. – falou Molly.
- Eu vou substituir Percy na sua escolta Harry. Por Melim! Se os seus tios não fossem tão trouxas você já estaria em casa! - exclamou Arthur cansado.
- É eu sei... - respondeu Harry.
- Os trouxas e suas curiosidades... - agora Arthur falava com carinho.
Harry se despediu de Molly e recebeu aquele olhar que desaprovava a dieta do garoto. Umbrigde também se despediu de Molly dando votos de melhora prometendo explicar tudo para o ministro pessoalmente. Harry queria visitar Percy, mas sabia que teria que ser escoltado novamente, achou melhor não dar trabalho. Mandaria voto de melhoras por Edwiges e se caso fosse convidado viria ao hospital, lendo os seus pensamentos a senhora Weasley falou:
- Não precisa ficar preocupado querido, ele vai ficar bem. Amanhã todo mundo vêm para cá ver como ele está, você quer vir? Se quiser vamos te buscar.
- Mas é claro que eu quero! – disse Harry.
- Está bem, nós daremos um jeito. - garantiu o senhor Weasley.
- Dolores, você também vem, não é? – perguntou Molly.
- Eu? Bom eu não quero atrapalhar, eu posso vir outro dia...
- Eu faço questão. Afinal você também ajudou a socorrer Percy.
- Hum...tudo bem, se não for realmente atrapalhar...
- Nos veremos no horário de visita então. – falou Umbrigde.
-Vamos Harry, eu preciso agradecer o seu tio, e Umbrigde já passou do horário de serviço. Precisa descansar. Alias, vocês dois. – sentenciou Arthur preocupado.
- Dolores. Mandei uma coruja para o ministro quando recebi o recado de Harry. Por sorte recebi antes de checar se ele estava em casa...mas se puder avisar para o ministro que Harry está ok. É que ficarei com minha família em quanto Percy está se recuperando. Da casa dos tios de Harry eu volto para a minha, depois venho para cá com Molly...
- Claro Arthur. Eu direi sim. O ministro deve ser informado do estado de saúde de Percy. Ele tem Percy em alta estima e deve estar preocupado. Vou informá-lo, pode deixar.
- Muito brigado.
- Não precisa se preocupar. – respondeu Umbrigde.
- Até logo, amor. - falou o senhor Weasley com carinho para a esposa.
- Até logo meu bem. - respondeu.
Despediram-se. A senhora Weasley foi para um lado do hospital, os outros três em sentido contrário. Umbrigde, cansada, pensava em como explicaria para o ministro as manchetes no profeta diário. O senhor Weasley pensando no estado de saúde de seu filho. Harry, por outro lado, só tinha dois pensamentos agora: queria muito estar com Gina e uma poção analgésica ao mesmo tempo.
O caminho para a casa de Harry fluiu normalmente, até o metrô estava tranqüilo. De vez em quando, o senhor Weasley ou Umbrigde faziam algum comentário para cortar o silêncio, e quando chegaram finalmente na Rua dos Alfeneiros, em frente ao numero quatro, Harry se despediu.
- Muito obrigado senhor Weasley. Eu sinto muito mesmo quanto ao Percy...
- Harry. Pare de se culpar, eu conheço bem Percy e tenho certeza de que você não tem culpa.
- Amanhã nos daremos um jeito de te levar ao hospital. Vou enviar uma coruja para você falando o horário que iremos te buscar, combinado?
- Combinado! – respondeu Harry.
- Harry eu gostaria de agradecer o seu tio por ter...
- Oh! Não precisa senhor Weasley, de verdade. – falou Harry.
- Não eu faço questão. – insistiu Arthur. Umbrigde interveio.
- Arthur, os tios de Harry não me pareceram muito gentis com bruxos...eu acho que se deixasse o recado de agradecimento com o Harry teria um efeito melhor. Afinal, eles não parecem ser o tipo de trouxas que entendam que há um bruxo na família. Deixe isso com o Harry tenho certeza que ele dará um jeito de agradecer por você, não é Harry? - perguntou Umbrige.
- Claro. Eu não vou esquecer. – e Harry não esqueceria de jeito nenhum, sabia que pagaria caro por ter feito Tio Valter levar Parcy ao hospital.
- Então...tudo bem vai... Harry não se esqueça tá bem? É importante. Agradeça o seu tio por mim! – falou o senhor Weasley.
- Pode deixar. – respondeu Harry.
- Então Adeus. – Disse Arthur para Umbrige e Harry.
- Adeus. – respondeu os outros dois.
Eles observaram o senhor Weasley caminhar até a esquina e de lá desaparecer. Dolores Umbrigde aproveitou para fazer o mesmo. Precisava falar como o ministro ainda, e só Merlim sabe o que o Profeta Diário já tinha noticiado.
- Adeus Harry. – ainda tenho que falar com o ministro... E o dia foi cheio, muito cheio...
- E como foi! – respondeu ele.
- Então se você vir Arabella diga que mandei lembranças...nós nos vemos amanhã no hospital até lá. Boa tarde. – Umbrigde se despediu.
- Até. Boa tarde para você também. – Harry chegou à porta do numero quatro e girou a maçaneta e quando a fechou, viu Umbrigde acenando e caminhando para o final da rua. Depois disso, ela desapareceu com um estalo. Harry não viu ninguém na sala e a casa estava em silencio. Onde será que tio Valter, Duda e tia Petúnia estavam?
Quando chegou na cozinha teve a sua resposta. Os Durleys estavam lá, e pareciam velar a comida que estavam consumindo. A televisão estava desligada. Duda comia devagar e tia Petúnia não tocava na comida, olhava para o marido esperando que ele fizesse o mesmo, tio Valter comia na velocidade de sempre. Era o único que parecia agir normalmente, comia como se fosse bater o recorde mundial. Ou seja, comia feito um cavalo. - Oi. Tio Valter o pai do meu amigo me...
- Duda suba para o seu quarto agora. – disse tio Valter.
Duda olhou para os lados se certificando de que Valter falava com ele.
Duda não acreditava no que ouvia. Levantou e tentou apelar para a tática do choro fingido e da tosse desesperada. Valter interrompeu a cena de drama prestes a ser feita por Duda.
- Duda pode parar. Já para o seu quarto. Não estou brincando. Quero conversar com seu primo agora.
Nem Harry nem tia Petúnia acreditavam no que ouviram. Ao perceber que Petúnia também iria protestar, Valter se adiantou novamente.
- Petúnia se quiser ficar tudo bem. Mas seria melhor que fizesse companhia para Duda no quarto dele. Não quero ser interrompido. Nem por você nem por Duda.
- Mas querido, esse moleque... Você viu a confusão... Eu e Duda não...
- Acho que fui bem claro Petúnia. Não quero discutir. – Valter falava seco e calmo.
- Está bem querido, eu fico. Dudoquinha, obedeça seu pai. Já já a mamãe vai lá ver como você está. – Petúnia olhava com pena para Duda saindo com cara de choro da sala, e com raiva para Harry achando que a culpa de tudo que acontecia de errado no mundo fosse por causa dele.
- Senta aí, garoto. – Ordenou Valter.
- Não obrigado, estou bem de pé. – respondeu Harry.
-Será que você não é capaz de fazer sequer esse esforço para ser educado? – Valter não falava com ódio, mas a sua voz estava carregada de seriedade.
- Se é tão importante para o senhor, eu sento.
- Por favor, então.
- Tinha que ser esse anormal, sempre é. – Petúnia olhava para o sobrinho com nojo.
- Petúnia, eu disse e repito que eu não quero ser interrompido, por favor. – Valter repreendeu a mulher sem ao menos olhar para ela. Petúnia rapidamente murchou.
- É verdade essa história que você vai embora dessa casa? – perguntou Valter a Harry.
- Sim. - O que esperava que eu fizesse? – Harry falava com deboche - Por quê? O senhor vai sentir minha falta? Aposto que não!
- Eu não quis dizer isso, seu idiota! Quero saber se você realmente tem onde ficar... Não que isso me interesse... É porque não quero que amanhã ou depois apareça um louco da sua laia te procurando e querendo fazer coisas estranhas com a gente por sua causa – explicou Valter.
- Hã...você está com medo então? – Harry continuou debochando.
- Pelo visto nunca poderemos ter uma conversa de gente... Esquece... Pode subir para o seu quarto!
Harry não sabia dizer se era o cansaço ou se também estava sofrendo de alguma doença mágica. Tio Valter sem gritar, tentando um diálogo? Tia Petúnia calada, e Duda em uma espécie de castigo? Aquilo só poderia ser sonho. Harry apertou as unhas contra a palma da mão se certificando de que não era sonho. Quando sentiu dor parou e ainda achando a situação absurda resolveu apostar no jogo que tio Valter propunha.
- Sim tio. Eu vou embora.
- É provável que nunca mais nos vejamos depois que eu partir. Não sei onde vou morar, por isso, mesmo que quisesse, eu não tenho um endereço fixo ainda. E como Dumbledore já tinha falado, Voldemort está de volta. Ele quer me matar de qualquer jeito. Quando eu completar dezessete anos a proteção da minha mãe acaba. E se eu quisesse continuar aqui, coisa que eu não quero, eu estaria colocando a vida de vocês em risco. – conclui Harry.
- Você não sabe para onde vai, o que vai fazer, onde vai morar, é isso? Só sabe que vai embora daqui? – perguntou Valter.
- Basicamente é isso. – respondeu Harry.
- E você pelo menos tem como se sustentar, duvido que gente como você trabalhe em alguma coisa...
- Gente como eu, tio, trabalha em muitas coisas. E sim eu tenho como me sustentar, muito obrigado.
- Aquela cínica da minha irmã... Sempre achei que ela e o imundo do seu pai não tinham onde cair mortos...
- Petúnia se não consegue se controlar vá dormir por favor. Eu não vou pedir de novo.
Agora sim a coisa estava ficando interessante. Valter deu uma nova bronca na esposa, e botou o seu filho a caminho de um castigo. Era tudo que Harry poderia querer de presente de aniversário adiantando, só faltava ele pedir desculpas. Se o fizesse, Harry chamaria um batalhão de aurores para prender aquele homem que poderia ser qualquer um menos Valter Dursley, de tão estranho que estava agindo naquelas ultimas horas.
- Bom...eu quero que saiba que não guardo rancor... E que pode ir sem problemas...
- Tudo bem. É só isso, tio? – perguntou Harry.
- Sim. – respondeu Valter.
- Com licença.
- Pode subir garoto. Quero falar com sua tia em particular, caso seu primo perguntar.
- Ok, eu aviso.
E foi assim que Harry saiu da cozinha deixando Tio Valter com os bigodes intactos e tia Petúnia pálida de medo do marido. Quando Harry estava no segundo degrau da escada escutou tio Valter dizer a esposa:
- Eu não esperava isso de você e de Duda... Ora! Ficar com vergonha? Petúnia, o sobrinho é seu! Ele não é filho de Guida! Como pode fazer isso comigo? Me deixar sozinho daquele jeito, eu não...
Harry continuou subindo as escadas para o seu quarto, agora sabia qual era o motivo. Tia Petúnia e o Dudoquinha do papai ficaram com vergonha de serem vistos no meio da confusão e voltaram para o carro. É por isso que Harry não viu tia Petúnia e Duda quando estava levando o Percy para o carro e é por isso que ela escondia o rosto e Duda também. Valter se sentia rejeitado agora, estava provando de seu veneno, era evidente que não estava gostando. Harry pensando nisso, só queria que isso fizesse de tio Valter um ser humano menos horrível... Quem sabe.
Dentro de pouco tempo ele estaria fora daquela casa, daquela vida e isso é o que importava. Deixaria os Durleys para trás, viveria ou mataria para sobreviver, mas estava ansioso pela nova etapa da sua vida.
Duda estava na beira da escada ouvindo seu pai gritar com sua mãe. E quando Harry passou Duda teve a primeira atitude decente de sua vida: continuar quieto e abaixar a cabeça.
Harry chegou no seu quarto e Edwiges piou alegre, mas impaciente, dando bicadinhas na grade da gaiola. Quando viu a cama só teve um pensamento: se jogar e deixar o cansaço vencer. Mas não foi tão simples assim, seus pensamentos começaram a agir quando Harry se jogou sem cerimônias na cama, as dores que sentia também não deixavam que o garoto ficasse relaxado para uma noite de sono decente.
***
Umbrigde estava de pé na porta do gabinete do ministro. Não sabia por onde começar, mas tinha que ser breve. Queria muito sua cama e um bom chá quente para dormir sem interrupções até o outro dia. Deu três batidinhas na porta e ouviu uma voz severa falando:
- Pode entrar Dolores. – Eu aguardava a sua visita.
A mulher entrou esperando o pior. O que não sabia era explicar como as coisas saíram de controle daquela forma mas era fato: sabendo ou não teria que prestar explicações.
- Boa tarde senhor.- Arthur me disse que o senhor já está sabendo da situação...
- Que parte Dolores eu já estou sabendo? A que eu li no Profeta Urgente de que você puxou a varinha para Harry Potter na porta de uma estação de trem ? Essa Arthur não teve oportunidade de me falar por que o filho dele, graças a esse incidente, está hospitalizado! Ou...o fato de Parcy estar na primeira capa com falta de ar e uma manchete dizendo:
Funcionária do ministério aponta a varinha para o eleito e quase mata o colega de trabalho de desgosto? Leia! veja com os seus próprios olhos:
Funcionária do ministério aponta a varinha para o eleito e quase mata o colega de trabalho de desgosto!
Dolores Umbrigde (a esquerda na foto) funcionária da alta cúpula do ministério, junto com Percy Weasley, assessor Junior do ministro (ao fundo, no centro da foto) estavam cuidando da segurança pessoal do chamado “ELEITO” Harry Thiago Potter (a direita na foto) quando começou a confusão.
Testemunhas afirmam que a agitação começou com uma discussão acalorada entre Harry Potter e Dolores Umbrigde, aparentemente por causa de uma antiga rixa entre os dois.
Percy Weasley começou a passar mal após ver sua colega de trabalho e Harry Potter discutirem. Dolores supostamente teria puxado a varinha e ameaçado Harry Potter pelos insultos recebidos pelo garoto.
A discussão só parou quando ambos perceberam que Percy não se sentia bem. Ele foi levado para o Saint Mungus na companhia dela, de Harry Potter e sua família. O socorro foi cedido à contra-gosto pelo tio de Harry, segundo as informações obtidas.
Percy Weasley está internado no Saint Mungus e seu estado de saúde ainda é delicado. Passará vinte e quatro horas em observação. Arthur Weasley, funcionário dedicado do ministério, e sua esposa Molly Weasley, pais de Percy, passarão a noite no hospital acompanhando a recuperação da saúde do seu filho.
Dolores Umbrigde leu até onde o seu estômago suportou. A nota nada modesta sobre a sua discussão com Harry estava carregada de maldade, mas não podia negar que as informações eram inteiramente verdadeiras. Não tinha mais jeito, fosse o que fosse, teria que dar uma explicação convincente para o ministro.
- Senhor... Eu posso explicar... Eu e Harry discutindo... Eu lhe disse que não era uma boa idéia...
Umbrigde tentava achar as palavras mas algo lhe dizia que não estava tendo sucesso. O ministro interrompeu a miserável tentativa de explicação de Umbrigde, lívido de raiva.
- Vamos Dolores, se explique. Ah! Agora você vai botar a culpa em mim? Faça-me o favor! Você foi professora do garoto por um ano, achei que sabia o suficiente para controlar a situação! - falou o ministro com irritação.
- Mas Harry não é uma pessoa fácil, ministro! Não se dobra Harry Potter assim, do dia para a noite! Quando eu vi já tinha puxado a varinha para ele. E não sou uma pessoa de perder facilmente o controle. O senhor me conhece o suficiente para saber que eu não ajo por impulso, principalmente se tratando de assuntos profissionais. - Umbrigde tentou apelar para todos os anos de trabalho sério e dedicação ao ministério.
- É, pode até ser. Mas você sabe o prejuízo que essa cena nos causou? O showzinho de vocês vai custar caro. O ministério já está com má reputação e nossa credibilidade está indo de mal a pior. Agora então... Fazer o quê, não é? Só quero que você cuide de dar uma nota amanhã bem cedo para o Profeta Diário dizendo que tudo não passou de um mal entendido e que Percy está ótimo. O ministro falava como se as coisas fossem resolver com tanta facilidade, mas Umbrigde sabia que não seria tão simples.
- Não posso senhor. – disse Umbrigde demonstrando seu cansaço.
- Como assim não pode? – O homem agora parecia não entender a afirmação feita por Umbrigde.
- É isso mesmo. Eu não posso. Seria pior para o ministério se eu fizesse isso. Pense: Investigariam por que eu e Harry brigamos e descobririam o incidente na floresta proibida de Hogwarts onde eu insultei o rebanho de centauros... e saberiam que eu tive a ver com alguns incidentes desagradáveis em Hogwarts, pelos quais não me orgulho nem um pouco. Então se deixarmos as coisas como estão, seria mais fácil para cair no esquecimento... Não precisamos de mais publicidade negativa... Tenho certeza que Harry não falara sobre o assunto com a impressa. Percy também não por que está inconsciente até o momento. E quando sair do hospital, essa noticia não será mais importante. Com a guerra mágica e todos os acontecimentos...
- Tudo bem Dolores...Talvez você tenha razão. – falou Rufos - Seu comportamento hoje me decepcionou muito... Mas confio no seu trabalho e no trabalho de Percy. Então nenhum dos dois sofrerá punições.
- Muito obrigada, senhor.
- Pode ir. Nos vemos amanhã.
- Sim. – respondeu a mulher.
-Ah. Athur pediu que dissesse que está tudo bem com Harry. Nós deixamos ele em casa em segurança.
Umbrigde não notou mais chamava o garoto pelo primeiro nome em toda a conversa que teve com o ministro.
- Dolores?
- Sim?
- Notei que passou a chamar o senhor Potter pelo seu primeiro nome. Desde quando você adquiriu esse hábito? - perguntou o ministro, intrigado.
- Eu e Har...quer dizer: eu e Potter conversamos hoje, isso de chamá-lo pelo primeiro nome foi idéia do garoto senhor. Pedi que ele fizesse o mesmo comigo. – Umbrigde não conseguiu disfarçar que estava muito à vontade com o peso que havia tirado das costas ao fazer uma trégua muda com o garoto.
- Você por acaso conseguiu alguma informação dele sobre quais eram os planos de Dumbledore? - indagou o ministro.
- Não. Foi por isso que nós brigamos. Se me permite, senhor, foi uma péssima idéia...
O ministro não deixou que a mulher lhe chamasse a atenção. Interrompeu o que ela ia dizendo sem cerimônias novamente.
- Até amanhã, Dolores.
- Até amanhã, senhor. – respondeu a mulher que, sem se conter, continuou - Percy vai ficar em observação até...
E mais uma vez foi interrompida pelo homem com traços de leão.
- É eu sei. Eu já me informei no Sant Mungus sobre o estado de saúde dele. Já mandei flores e votos de melhora para ele. Não precisa se preocupar.
- Está bem então. Até amanhã.
- Até.
Umbrigde deixou a sala mais rápido do que pensou que seria. Queria ir para a sua casa afundar em sua cama fofa e quente para acordar pela amanhã e encarar mais um dia de trabalho estressante. Talvez estivesse ficando velha demais para tantas emoções. Aparatou do ministério na porta da sua casa. Quando viu o casarão, sorriu. Finalmente teria descanso e um pouco de tranqüilidade.
***
Na casa dos Weasleys o clima era tenso. Quando o senhora Weasley apareceu trazendo noticias sobre o estado de saúde de Percy, a atmosfera ficou mais suave. Dez minutos depois, o senhor Weasley aparatou em casa procurando pela esposa. Molly estava procurando os antigos pijamas que Percy tinha esquecido quando se mudou, e achou uma manta que ele adorava e que ela mesmo tinha feito. Arrumou tudo em uma mala e desceu as escadas preocupadas com a demora do marido.
Quando viu que estavam todos reunidos na sala, inclusive Arthur, ela ficou mais aliviada. Precisavam ir para o hospital agora. Assim que pôs os pés na sala, começou sua longa lista de recomendações.
- Eu não quero que nenhum de vocês faça alguma besteira em quanto estivermos fora. É só por essa noite, não se esqueçam. – todos concordaram. Inclusive os Gêmeos, com ar de inocentes.
- Bom. Como o Fred e Jorge já são maiores eles ficaram responsáveis por vocês dois. – ela olhou, indicando Rony e Gina. Gina não parecia estar prestando atenção no que estava acontecendo, então não fez nenhuma reclamação. Já Rony fez uma careta indicando que foi seriamente ofendido.
- Mamãe! Eu também sou maior! Não preciso de babá! Quem precisa disso é Gina, não eu.
Fred e Jorge estavam se divertindo com a responsabilidade de ficar de babá, então se aproveitaram da situação.
- O Roniquito querido não quer ficar com a gente ? Mas que pena! - disse Jorge debochado, fazendo cara de mágoa, como se tivesse sido rejeitado.
- Olha, se não se comportar direitinho, não vou ler uma historinha para você na hora da sua naninha hein? – disse Fred segurando a barriga para não rir. Rony se preparou para responder aos deboches dos irmãos mas a senhora Weasley foi mais rápida.
- Fred e Jorge, parem com isso. Não é hora para ficarem discutindo. Só quero que me avisem se algo acontecer. Pela manhã estaremos de volta. Eu e seu pai voltaremos e depois vamos todos visitar Percy. Carlinhos já foi avisado me garantiu que vai conosco no hospital. Gui e Fleur também darão um jeito de sair mais cedo do trabalho amanhã para ir ao hospital. Eles queriam ir agora, mas parece que ficaram presos em Gringotes com um duende enfeitiçado por um comensal. O duende tentou roubar o cofre de Nicolau Flamel. – acrescentou o senhor Weasley. Rony não conteve a curiosidade e acabou perguntando.
- Ué... Nicolau Flamel não era o cara da pedra filosofal? Eu não sabia que ele estava vivo ainda! Puxa, o cara é velho demais... Até Dumbledore era mais novo do que ele...
- Ronald Weasley, isso não é jeito de falar das pessoas! E para sua informação, ele está vivo embora a saúde dele esteja abalada... Mas isso não é da sua conta. – Molly encerrou o assunto para voltar as suas recomendações. - Fiquem aqui e não abram a porta, não chamem ninguém. Se realmente tiverem necessidade, chamem alguém da Ordem. – Tonks e Lupin e o resto do pessoal vão amanhã conosco.
- Agora vamos meu bem. – concluiu a senhora Weasley chamando o marido.
- Se comportem. E uma boa noite para vocês. – falou o senhor Weasley aos filhos.
Gina que não tinha dito uma palavra desde que voltou de Hogwarts despertou e perguntou:
- E o Harry? Ele está bem?
- Sim querida. Eu falei com ele agora pouco coitadinho... Achou que a culpa foi dele! Vê se pode? - Molly falou do garoto com carinho.
- Típico do Harry achar que o universo está um lixo por causa dele...
- Eu não entendi querida? – disse Molly perdida.
- Nada mãe. Esquece! – Gina passou por sua família como um relâmpago sem dizer nada a ninguém. O senhor Weasley confuso, perguntou:
- O que deu nela? – Rony respondeu rápido antes que os gêmeos entregassem o jogo.
- Nada pai. Você sabe como Gina é estranhas às vezes. Não se preocupe, logo passa.
- Espero que sim. Ela está estranha, está muito quieta e parece muito deprimida..
- Ah pai, tá na cara, né? – falou Fred.
- O que tá na cara Fred? – quis saber o senhor Weasley.
- Ela está assim por causa do H...
- Pai! Mãe! E se Percy já acordou e vocês não estão lá? Ele vai acordar sozinho e vai ficar chateado... É melhor vocês irem...
- É você tem razão Rony... Vamos amor? – falou a senhora Weasley ao marido.
- Vamos. – respondeu Arthur. – Mas quero saber depois por que Gina está assim. – falou olhando para os gêmeos.
- Pode deixar, pai. Vamos tomar conta direitinho das crianças, pode confiar. – falou Fred e Jorge ao mesmo tempo.
Molly e Arthur abriram a porta, saíram no gramado verde e mal aparado do jardim da casa e ali aparataram para o hospital. Passaram a noite inteira na recepção da U.M.I enquanto Percy ainda inconsciente, se recuperava. Na toca, Fred e Jorge discutiam com o irmão pelo fato de Rony não ter deixado que eles contassem sobre Gina estar agindo estranho por causa de Harry. Os gêmeos não sabiam que Harry e Gina já haviam namorado. Mas Gina só agia estranho quando se tratava de Harry, era como somar dois mais dois. Enquanto isso, Gina chorava baixinho no seu quarto sem ser notada. Depois de muito discutir, Fred e Jorge subiram para o seu antigo quarto para mexer nas caixas que eles deixaram para dar uma solução. Rony subiu para o seu quarto e dormiu abraçado com um objeto estranho. Uma agenda que berrava para as pessoas fazerem seus deveres e não se esquecerem coisas importantes. Dormia profundamente mas com um ar de saudades no rosto. Fred e Jorge separaram um material bom para levar para a loja e outro para aperfeiçoar e depois foram dormir. Gina adormeceu chorando e muito brava com ela mesma por não conseguir tirar Harry se quer um segundo do pensamento, se perguntando se ele estava fazendo o mesmo.
Umbrigde vestiu uma camisola amarelo gema afundou na cama e roncou até a manhã do dia seguinte. Harry Potter, o garoto que sobreviveu, ainda precisava de uma poção analgésica, mas agora só queria Gina. Sentindo muita falta do calor de sua ruiva, dormiu cheio de dores e uma sensação desagradável no peito, uma vontade de chorar que não poderia ser somente sua. E foi assim que o eleito dormiu chamando Gina. A noite inteira chorando, enquanto dormia molhando o travesseiro. Acordaria horas depois, e não sabia que outro dia repleto de surpresas lhe aguardava.
N/A: Bom esse foi o capitulo 3!!! No capitulo quatro vocês vão esperimentar pela primeira vez nessa fic, o lado da conspiração pura e simples saida dessa minha cabecinha louca. Ai começa uma etapa diferente com mais mistérios para serem desvendados, confiram por favor.
Esero o comentário de vocês. Antes de mais nada eu qero agradecer a força que tenho recebido de vocês todos, então vamos aos nomes:
Remulu black: Obrigado, adorei o comentário, embora eu já tenha te respondi por e-mail eu não posso deixar de agradecer de novo e dizer que você pode esperar outras coisas do capitulo quatro, espero mesmo que você continue acompanhando a fic e que eu continue agradando.
McGonagall: Você é uma gracinha!!! Fico feliz de você ter gostado da fic, espero que continue acompanhando ela. Se quiser comentar esteja avontade. Muito obrigado.
Dani: Dani, você é tudo de bom!!! sempre me apoiando nos meus projetos, muito obrigado. Está ai um capitulo fresquinho!!! Espere o quatro e tera mais surpresas...
Clow Reed: Rafa!!! Tái capitulo três postado!!! e a Fic com uma capa que sem a sua ajuda não estaria!!! Muito obrigado. Espero sempre contar com você e seus comentários!!!
Mary Malfoy: Mary, que bom que encontrei outra sonseriana para partilhar idéias!!! Tái o capitulo três para ler e comentar, sinta-se avontade!!! Muito obrigado pelo elogio!!!
naty granger: Oi Naty o capitulo três está ai e com ele a reação dos Weasleys como você me pediu...mas pode ter certeza que a confusão no Sant Mungus não acaba aqui...
Beijão e muito obrigado!!! Seus comentários tem me dado bastante força!!!
MarciaM: Miguinha!!! brigadão viu...eu adoro e espero todos os seus comentários, isso não vai ser diferente no capitulo três!!! Sexta que vem se Merlim permitir o quatro vai estar aqui ai a fic começa assumir outro tom ,hehehehehe...
Lili´s: Filhotinha obrigado por continuar acompanhando a fic!!! Eu quero ver você aqui até o final dela hein? Muito obrigado mais uma vez!!! A opnião de vocês todos é muito importante para mim!!!
Mel: Encerrando com chave de ouro como sempre agradecimentos vão para você Mel. Nunca vou me cançar de agradecer a você minha amiga, que tem cido professora, beta da minha fic, mentora e etc. Conto com você e tenha certeza que você pode contar comigo ok?
Esses foram os meus agradecimentos, graças a cada um eu tenho postado sempre com o maior prazer os capitulos. Semana que vem como eu já disse se Merlim quiser o capitulo quatro chega a vocês!!! Beijão!!! e até lá.
Autor: Mérope Slytherin Houghton
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