Capítulo 12



Os pés não pisavam com muita firmeza sobre o solo já irregular e úmido da Floresta, e os olhos, fixos no nada, mal notavam o caminho à frente. Ele escorregava, tropeçava, e só não se estatelava de vez no chão porque as mãos buscavam apoio, de quando em quando, nos troncos sólidos e ásperos das árvores. Ásperos a ponto de fazer sangrar as palmas das mãos, mas como já havia algum sangue escorrendo por outras partes de seu corpo, um pouco a mais não faria diferença. Estava andando desde que o dia amanhecera, não sabia calcular com precisão quanto tempo fazia, porque o céu encoberto não o deixava ver a posição do sol. Seu corpo cansado e desabituado a tanto esforço físico reclamava como se fossem horas de caminhada, mas ele se forçava a seguir em frente. Em absoluto estado de choque. Pelo que quase tinha acontecido a ele.


*


E foi naquele estado quase catatônico que Lily o enxergou, caminhando no meio das árvores, como se nem o castelo em si fosse capaz de enxergar. Pediu licença ao Professor Kettleburn e sem sequer ouvir a resposta disparou para o meio da Floresta. Tinha estado preocupadíssima desde o café da manhã, quando não o vira à mesa da Sonserina. Primeiro, pensou em retaliação por parte dos colegas, e quando a notícia do ataque chegou à escola, sua preocupação atingiu o auge. Havia pego Severus andando pelos corredores, em certas noites, até mesmo com os cabelos e a roupa úmidos por causa do orvalho da noite, em várias ocasiões desde o ataque nas estufas. Quando chegou a aula de Trato das Criaturas Mágias e Severus não apareceu, ela já havia se decidido a ir atrás dele, dentro da própria Sonserina, se fosse necessário. Duvidava muito que pudesse ser realmente atacada, afinal, era uma monitora - mas não podia dizer o mesmo de Severus. Mas, não, ele não estava no castelo, como ela descobria agora, mas caminhando pelo meio da floresta, coberto de sangue, com os olhos muito abertos e olhando em sua direção, mas parecendo não enxergá-la realmente.

"Severus!"

Ela segurou os ombros dele e sacudiu-o com delicadeza; os olhos negros pareceram entrar em foco, mas ele não esboçou nenhuma reação particularmente forte ao vê-la ali.

"Sev?" ela chamou, olhando-o ansiosa nos olhos e, da mesma forma, afastando para trás o cabelo negro e examinado seu rosto. "Sev, está tudo bem com você?", ela perguntou, com uma nota de apreensão na voz.

Só então ele pareceu despertar minimamente, e respondeu, numa voz neutra, que estava tudo bem com ele.

"Ah, Sev... achei que tinha acontecido algo de ruim", ela desabafou, abraçando-o com ímpeto. "Mais uma coisa, quero dizer", ela acrescentou, afastando-se e mordendo o lábio, escaneando-o com os olhos. "É horrível, Sev. Horrível", ela disse, sem, no entando, explicar-se mais.

Agarrou-o pela mão e levou-o na direção do castelo.

"Onde foi que você se machucou assim?"

Ele suspirou, e pareceu precisar se esforçar muito para murmurar alguma coisa parecida com 'na floresta'. Lily voltou-se para ele, percorreu-o de cima a baixo com os olhos. Se fossem realmente apenas arranhões, e sangue, ela poderia dar um jeito. Mas se ele tivesse apenas tropeçado e ralado os joelhos no chão, porque estaria em choque daquela forrma? Não, devia ser algo bem mais grave, e ela não queria correr riscos, não mais um, naquele dia. Decidiu:

"Acho melhor a gente ir pra Ala Hospitalar", ao que ele não retrucou.

Acostumado aos ferimentos causados pelas preciosas criaturas sobre as quais lecionava, o Professor Kettleburn não se mostrou muito impressionado com o sangue que cobria as vestes de Snape, e resmungou quando Lily anunciou que acompanharia o amigo até a Ala Hospitalar.

"O que é isso, debandada? Desse jeito, vou acabar dando aula aos unicórnios!", o professor retrucou, apontando as criaturas fantásticas. Mas nem elas eram capazes de distrair a turma naquela manhã.

"Ele não tem a menor condição de chegar lá sozinho, Professor", Lily replicou, ao mesmo tempo com firmeza e com doçura.

O Professor avaliou Severus com um pouco mais de atenção, e acabou concordando.

"Remus não veio à aula hoje", ela comentou, num tom de voz estranho. "E Potter, Black e Pettigrew estão na Ala Hospitalar, com ele."

"Hm."

Percorreram em silêncio a distância até o castelo, na metade do caminho, uma garoa fria começou a cair, e Lily fechou a capa junto ao pescoço. Então, disse:

"Aconteceu uma coisa horrível essa noite, Sev. Um lobisomem apareceu em Hogsmeade e... matou..."

"Eu sei", Severus respondeu, ainda naquele tom de voz neutro. Um arrepio sacudiu seus ombros, e os olhos se arregalaram, como se estivessem presenciando a cena do ataque.

Outra vez.

Ela buscou a mão dele e entrelaçou seus dedos nos dele, e passou a acariciar com o polegar as costas da mão maior e mais pálida enquanto caminhavam. Foi como se o calor do corpo dela se espalhasse pelo dele a partir daquele ponto, e Severus foi, durante o resto do caminho, adquirindo cor, parecendo relaxar e tomar consciência do que ocorria à sua volta, embora permanecesse ainda bastante sério e engolisse em seco de quando em quando. Lily deu a ele um pequeno sorriso antes de entrarem, mas Severus absolutamente não teve nenhuma vontade de sorrir-lhe de volta. Assim como não sentiu a mínima irritação ao descobrir que Potter e sua gangue também estavam ali. Da mesma forma, James mal reagiu ao vê-lo entrar, ainda de mãos dadas com Lily. Um olhar de relance foi tudo, e ele tornou a curvar-se para a frente, onde alguém estava deitado, Remus, e exceto por este, todos os outros três falavam apressadamente, mal conseguindo conter os sussurros. Mas Severus não se importou.

Madame Pomfrey não demorou a aparecer, alvoroçada, e o comentário dela sobre Severus estar de volta em tão pouco tempo, da mesma maneira, não teve efeito algum sobre ele. A única coisa que Severus desejava era que Lily continuasse a segurar sua mão - o que ela fez, embora não parecia nem um pouco animada como costumava ser, quando sentaram-se frente a frente em uma pequena sala reservada. Primeiro, ela observou-o intensamente por longos segundos, então, jogou-se em seu pescoço mais uma vez, abraçando-o com força.

"Você está bem?"

Ele sacudiu a cabeça, afirmativamente, e notando a preocupação gritante no rosto dela, reforçou sua resposta, dizendo:

"Estou. Estou bem agora."

"Ah, Sev", ela disse, enxugando os olhos com as costas das mãos. "Nem consigo dizer o quanto fico aliviada. Remus...", ela disse, ameaçando chorar outra vez. "Você... você estava mesmo certo, Sev. Detesto ter mentido...", os olhos dele se estreitaram levemente, embora sua expressão continuasse neutra. "Ah, deus, detesto tanto confessar que é mesmo verdade... Remus... é um lobisomem." Severus não esboçou reação alguma, e ela continuou: "E... ele não fica aqui, no castelo, quando se transforma e... e todo mundo está achando que foi ele quem matou aquele homem ontem à noite."

Madame Pomfrey estava de volta, trazendo os costumeiros frascos de remédios. Sentou-se numa terceira cadeira e examinou os ferimentos nos joelhos de Severus.

"Onde foi que se machucou assim?"

"Subindo numa árvore", ele disse, e acrescentou: "Mas pode ter certeza de que eu preferia aparatar, se soubesse como."

Lily deu um meio-sorriso com a duração de um segundo e abriu a boca para dizer alguma coisa, mas então, a voz de Dumbledore, no salão ao lado, desviou a atenção de todos.

"Toda a área está sendo investigada e, até agora, não existem provas que o incriminem, Sr. Lupin", o direitor disse, em tom grave. "E, se por acaso surgir alguma, todas as providências já estão sendo tomadas pra lhe proteger."

O silêncio caiu sobre toda a Ala Hospitalar, até Sirius o quebrar:

"Tem que existir alguma coisa que a gente possa fazer, Aluado. Simplesmente tem. Podemos dizer que estávamos lá, que..."

"Não, os senhores não podem", Dumbledore replicou, séria e tristemente. "O Sr. Black e o Sr. Potter estavam cumprindo uma detenção do ano passado, ainda, com a Prof. Mc Gonnaggal na noite passada, a qual acabou exatamente no horário em que o ataque começou. Ela é extremamente rígida com horários, acho desnecessário dizer isso a vocês, Grifinórios, e seria impossível chegar até a Casa dos Gritos em poucos segundos. Eu gostaria muito de ter provas da inocência dele, em vez de apenas não possuir nada que o comprometa, mas...", Dumbledore suspirou, "não podemos inventar algo que não aconteceu."

Lily estava, outra vez, à beira das lágrimas. Severus parecia indiferente, mas, olhando-se com mais atenção, logo abaixo da superfície calma algo parecia prestes a explodir. E Madame Pomfrey, caindo em si, ajoelhou-se no chão e se pôs a limpar os ferimentos na perna do rapaz.

"Subir numa árvore! Que idéia! Pra que foi que fez isso, afinal?"

"... simplesmente não consigo me lembrar", os sussurros débeis de Remus escoavam por entre a porta entreaberta.

Não se aguentando mais, Lily ficou de pé e caminhou apressada até a porta, espiando pela fresta e torcendo as mãos.

"... tenho certeza de que... de que fui eu, sempre soube que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde..."

"Pode parar com isso, Aluado!", James repreendeu o amigo.

"Já discutimos um milhão de vezes essa frescura sua", Sirius acrescentou.

"Vocês não entendem", Remus ofegou, angustiado. "Eu... preciso sair daqui, Prof. Dumbledore. Quero dizer, ir embora."

"Voltar para sua casa? Abandonar a escola?", Dumbledore indagou, em tom de surpresa. "E acha mesmo que será o melhor pra você?"

"Vai ser melhor pros outros."

"Ora, vamos, vamos fechar essa porta", Madame Pomfrey disse, com energia, ficando de pé.

Severus gostaria que fosse tão fácil ignorar seus pensamentos e emoções quanto fechar uma porta. Lily tornou a se sentar em sua cadeira, de frente para ele, e agora, as lágrimas escorriam abertamente por sua face. Severus analisou a cena, indiferente, porque toda a sua atenção estava voltada para a decisão que poderia tomar, ou não, e as conseqüências de agir ou deixar as coisas seguirem seu caminho.

"Tudo resolvido aqui, agora, vamos cuidar dessas mãos", a mulher anunciou, tentando dar um tom animado e energético à voz. "Mas ainda não me contou, rapaz, porque foi que subiu numa árvore", ela insistiu, tentando desviar a atenção do que se desenrolava do outro lado das paredes.

Severus ficou em silêncio por um ou dois segundos, os olhos fixos em Lily, a expressão oscilando entre raiva, determinação, medo e frustração. Ele suspirou e, depois, engoliu em seco. Franziu a testa e inspirou profundamente. Então respondeu, muito devagar, ainda olhando para Lily:

"Para... para fugir do lobisomem."

"Remus", ela ofegou, arregalando os olhos.

Severus inspirou profundamente, sentindo toda a cor deixar seu rosto.

Somente ele havia testemunhado o ataque. Era sua chance, a melhor e mais concreta que tivera até então, de se vingar dos quatro malditos, de um deles, que fosse. Bastava acenar com a cabeça, e tudo estaria feito. Esmagaria o lobisomem, e uma satisfação cruel e vingativa palpitava em seu interior quando imaginava esse futuro. Esmagaria-o definitivamente, de forma mais espetacular do que qualquer coisa que os malditos tinham feito a ele até então. Azkaban, quem sabe, ele pensou, quase sorrindo. O velho hábito de se satisfazer com o sofrimento alheio, era aquilo, querendo tomar conta dele outra vez. Severus estremeceu. E havia sido exatamente aquilo que o condenara, tinha visto e aprendido naqueles segundos traumatizantes de recordações compartilhadas com sua versão adulta. Havia ficado indubitavelmente claro, fora seu rancor, e não somente seu fascínio pelas Artes das Trevas, embora ambos ligados, o que havia dado início à toda a tragédia.

Vingar-se seria apenas alimentar aquilo.

E ele queria alimentar aquele seu lado, afastar-se dela outra vez? Queria? Realmente? Desejava repetir sua história, ter um futuro repleto apenas de trevas e remorso e culpa? Uma sobrevida?

"Remus. Ah, ele nunca fez nada pra ninguém, é tão, mas tão injusto..."

Severus afastou a enfermeira com um braço e ficou de pé, abriu a porta, decidido, e se encaminou na direção do grupo.

"Eu vi o que aconteceu. Eu estava lá", ele anunciou sem hesitar.

Cinco pares de olhos voltaram-se para ele, e ele ainda pôde ouvir Lily e, logo depois, Pomfrey, o seguindo.

"Sim, Sr. Severus. Já soube que esteve andando pelos terrenos do castelo durante a noite, por mais que eu os tenha alertado sobre os perigos", disse Dumbledore. "Posso lhe perguntar o por quê?"

Severus pensou por um instante e respondeu a primeira coisa que lhe veio à cabeça, "estava sem sono", dando de ombros. "Mas não importa", ele se apressou a acrescentar, antes que pudesse mudar de idéia. "O que interessa é que... ", ele inspirou profundamente outra vez, deu uma olhada de lado para Lily, e disparou: "Não foi Lupin."

Severus fechou os olhos, com uma expressão da mais profunda dor, pela chance excepcional que havia acabado de jogar fora, ao contar a verdade. Foi se dando conta, aos poucos, do silêncio profundo que se seguiu, da mão dela alcançando a sua outra vez e a envolvendo com força, então, dos murmúrios e exclamações que começaram a espocar.

"Por que o Ranhoso faria uma coisa dessas?", James começou.

"Sr. Potter...", Dumbledore o repreendeu.

"É, é!", Sirius exclamou. "Por que Snape faria isso?"

"Um excelente motivo para acreditarem", Severus replicou, abrindo os olhos. Precisava se fazer acreditar, simplesmente precisava... "Sempre gostei muito do... Lupin, não é mesmo?", Severus perguntou, sarcástico, sentindo a raiva tomar conta de si em meio ao desespero crescente. "A ponto de mentir para salvar a pele dele."

Lily apertou ainda mais forte sua mão e reforçou:

"Todo mundo aqui conhece toda a história desses cinco", ela disse, muito séria, indicando Severus e os quatro Grifinórios com a cabeça. "Prof. Dumbledore, por favor. Não haveria motivo para Severus afirmar que não foi Remus... se não fosse mesmo verdade."

Ainda sentado em sua cadeira, o diretor curvou-se para a frente, analisando Snape por trás dos óculos de meia-lua, muitíssimo interessado.

"E o senhor, Sr. Snape, chegou a ver quem foi que atacou o pobre William Witherall, e colocou um fim em sua vida?"

Snape assentiu com a cabeça.

"Nunca a vi antes, mas não havia como me confundir. O lobisomem era uma mulher."

O clima se tornou notavelmente mais leve, embora Black e Potter, principalmente, ainda encarassem Snape de forma desconfiada.

"E estaria disposto a dar seu testemunho frente ao Ministério?", Dumbledore perguntou.

"Eu...", Snape hesitou. A mão dela, morna e suave, apertou a sua. Severus acenou que sim, poderia fazer aquilo.

"Muito bem, então!", o direito exclamou, ficando de pé. "Isso encerra nossos problemas. Srs. Pettigrew, Black e Potter, vamos. Precisamos deixar Lupin descansar. E, Sr. Snape...", o direito baixou a voz e se aproximou de Severus, "acho que seria bem melhor para Remus se a condição dele... permanecesse em segredo."

Severus, mais uma vez, afirmou com a cabeça. Dumbledore saiu, tocando os três malditos para fora. Remus tentava se sentar em sua cama, Lily correu a ajudá-lo, o lobisomem parecia tão patético, com os olhos rasos d'água, olhando para ele, fraco, pálido...

"Muito obrigado, Severus! Eu nunca... nunca pensei que..."

"Não se preocupe em me agradecer, Lupin", Snape resmungou, e virou-lhe as costas, sentindo, ainda, uma ponta de remorso pelo que havia feito.

Não queria mais ver aquela criatura triste, nem pensar sobre a chance jogada fora, nem... com a respiração acelerada, as mãos ainda sangrando, tomou o mesmo caminho que o diretor.

"Sev!"

Ele esperou, ainda, porém, de costas para ela.

"Sev, o que foi que aconteceu?", ela perguntou, parando ao lado dele; vinha correndo tão rápido que os cabelos continuaram ainda naquela direção por um instante, e cobriram seu rosto. Ela os afastou com impaciência. Seu rosto trazia uma expressão de surpresa, imensa e agradável, pelo que se podia deduzir pelo sorriso em sua boca.

Severus abriu a boca, mas ainda não tinha idéia do que dizer - simplesmente jamais revelaria a ela qualquer informação sobre aquela aparição.

"Se eu não tivesse visto com meus próprios olhos...", ela continuou. Parecia a ponto de chorar outra vez, mas, agora, de alegria. "Você mudou, mudou mesmo!"

A expressão dele se iluminou, e ele agarrou sua chance.

"Mas eu te falei... uma porção de vezes! Você acredita, agora?"

"Como eu não acreditaria?", ela perguntou, e o abraçou com força.



*


À medida em que os dias passavam, o tempo se tornava cada vez mais frio, e o Mundo Bruxo, mais e mais temeroso das ações e planos de Lord Voldemort, cada vez mais sedento por poder e mais belicoso. A hipótese de uma guerra se tornava cada vez mais próxima no horizonte. O mesmo, no entanto, não podia ser dito do que acontecia entre Severus e os Marotos. Embora o clima ainda fosse tenso, parecia ter sido declarada uma espécie de trégua muda por parte dos Grifinórios. Quanto a Severus, ele sequer queria ou gostava de se lembrar de que os outros existiam, principalmente Remus. Pensar no rapaz o fazia se sentir incrivelmente frustrado, embora, também, satisfeito consigo mesmo. Porque Lily havia voltado a olhar para ele com a admiração e a cumplicidade dos primeiros tempos, e as decepções freqüentes pareciam ter sido deixadas quase que completamente no passado.

"E então, Sev. Com quem é que você vai ao baile de Halloween?", ela perguntou, ajeitando o cachecol em torno do pescoço.

"Baile?", ele repetiu, como se aquela fosse uma palavra estrangeira que ele ouvia e pronunciava pela primeira vez na vida.

Dumbledore havia organizado o tal baile, argumentando que, apesar dos prenúncios de guerra, os alunos deviam, na maior parte do tempo, levar a vida dos adolescentes que eram.

"Não vou", ele disse, desviando o rosto para a frente. "Tenho, ah, coisas mais importantes pra fazer, preciso revisar vários pontos de Transfiguração."

Ela sacudiu a cabeça e fez um som de desaprovação.

"Você é inteligente, Sev, pra que estudar tanto? Se divertir às vezes também é bom", e agora, era a repetição de outra velha discussão que acontecia com alguma freqüência entre eles. Ele sacudiu a cabeça de forma negativa. "Ah, que pena", ela suspirou, caminhando ao lado dele.

"Por quê?", ele perguntou, ressabiado, arriscando uma olhada de canto de olho pra ela.

Por um segundo a imagem deles dois dançando juntos no Salão, e os olhares de inveja de Potter, surgiram em sua mente. Mas ele logo voltou à realidade: não sabia dançar. Emburrado, tornou a olhar para a frente, enquanto ela respondia:

"Ah, só curiosidade", ela disse, pensou um pouco, e acrescentou: "Queria saber se você estava... disponível", ela disse, então parou, fitando-o intensamente.

Severus parou também, tentando disfarçar a surpresa.

"Disponível?", repetiu.

Ela mordeu o lábio e corou levemente, e ergueu o rosto para ele.

"Sev... você... você ainda me ama?", ela perguntou, ao mesmo tempo acanhada e desafiadora.

Ele desviou o rosto outra vez.

"Não tem importância", murmurou, mal movendo os lábios.

Ela segurou o queixo dele, fazendo seus olhos se encontrarem. Ele reparou como as abas das narinas dela tremiam, por causa da forma profunda com que inspirava. E os olhos dela, o fitando com quase voracidade, o impediam de notar muito mais além daquilo.

"Ama?", ela insistiu, firme.

Ele, também, inspirou profundamente. Amaria-a até o fim; duvidava que sequer existisse qualquer outra garota, mulher, que fosse capaz de rivalizar com ela, fosse em beleza, magia, ou simplesmente a forma como o fazia se sentir. Ele não fazia, era fato, o tipo extrovertido, com facilidade para expôr o que sentia. Mas os olhos dela... o fitando daquela forma... a insinuação ao baile...

Severus assentiu com um movimento de cabeça.

Ela ficou na ponta dos pés e beijou-o, em cheio, na boca.


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go, lily! *sacode os pompons*

well. essa cena deu uma bela mudada em relação à primeira versão da fic (alguém ainda se lembra? =P). é que sempre tive a impressão de que aquela cena, onde o snape quase é atacado pelo remus, e o james o salva, blabla, se passava no livro sete. mas aí, veio o livro sete e e a tal cena acontece antes da briga do snape e da lily, so... eu tive que mudar, né.

o capítulo ficou grandão e gostei bastante dele =) (ok, apesar da cena da lily finalmente se jogando no snape ter me lembrado um pouco R/H no livro sete =P)

espero que vocês também, mas to achado que quase todo mundo cansou da fic, que merreca de comentários. tudo bem, eu entendo, a culpa é minha, mãs.... =/

moooito obrigada, bizinha (não deixei vcs esperando tanto ;D), ana (acho que dei um drible no povo ;D), morg (eu adoraria matar o pottah, mas prefiro fazer isso em sentido figurado, e matá-lo de inveja pelo que virá >;D até porque o sev ganhou MUITOS pontos com a lily <3), beca (acho que vc vai gostar ainda mais desse capítulo, e do próximo, fofice vai dominar, hahaha ;D), e igualmente a quem leu mas não comentou (seu chato =P)

se eu por acaso demorar muito pra atualizar, ou quem quiser ler previews meus e outras fics ss/le (porque eu tenho vergonha na cara e não vou saturar vocês <3), to montando um site com algumas coisinhas inéditas:

http://www.devilici0us.com/fics/index.php

;D

bejos, e até o próximo!

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