Pop puzzle- parte I



- Então você não vai fazer nada? – Harry respirou fundo e respondeu num tom displicente:

- O que você sugere Rony? – disse batendo uma pequena bolinha na cama acima da sua mais uma vez e pegando em seguida.

- Sei lá! Mais do que você está fazendo com certeza! – retrucou o amigo com impaciência.

- Bem, me desculpe se eu não pareço tão entusiasmado Ronald!- rebateu Harry. Compreendia a preocupação do amigo com relação a profecia. E apreciava o seu esforço... Entretanto, era difícil se demonstrar simpático com relação à idéia, quando na realidade...

Por mais vergonhoso que fosse admitir aquilo... Apesar de saber da importância em procurar uma forma de deter Voldemort, Harry não podia negar que o assunto não era exatamente prioridade em sua cabeça nos últimos dias...

Com relação aquilo, estava absolutamente perdido. Eventualmente Voldemort iria encontrá-lo, e quando essa hora chegasse não estaria nem um pouco preparado... Tudo que fazia ali, rodeado de membros da ordem era simplesmente ganhar tempo.

- Eu não sei... – recomeçou. – Talvez... Talvez eu devesse conversar com Lupin, ou... Dumbledore...

- Bom Hermione disse qu... – Rony parou subitamente ao ver o amigo virar o rosto para encará-lo completamente atento. – Eu... Foi mal, eu... – tateou Rony, mas Harry cortou-o em seguida:

- Ela conversou com você sobre isso? – perguntou rapidamente.

- Bem ela meio que... Disse umas coisas... Nada demais. – acrescentou com tom apaziguador. Harry recostou-se novamente.

- Certo... – resmungou Harry. Deveria esperar que qualquer opinião ou mesmo sugestão que partisse dela não chegaria até ele. Entretanto, após tantos anos e amizade, o mínimo que ela poderia fazer era por os “poréns” de lado e ajuda-lo certo? Afinal, ele realmente necessitava de toda ajuda que pudesse, especialmente dela... – O que ela disse?

- Ela supôs que você iria falar com Dumbledore... – respondeu Rony. – Ela acha melhor que você não faça...

- Então porque ela mesma não vem aqui e me diz isso? – retrucou Harry sem esconder a frustração.

- Hei não fui eu quem criou essa confusão entre vocês dois sabe? – rebateu Rony com irritação. – E eu não quero brigar! – acrescentou ao ver que Harry estava prestes a revidar. – Olhe... – recomeçou em tom mais ameno.

- É eu sei. – cortou Harry respirando fundo em busca de paciência. – Tempo...



- Hermione não há nada que eu possa fazer... – respondeu Lupin após a insistência da menina.

- Mas... Vocês não podem desistir assim! – afirmou com veemência. Passara a última hora insistindo para que Lupin lhe desse pelo menos um pouco de liberdade com relação a praticar magia... – Tudo que eu quero é...

- Eu sei que você quer ajudar Harry, mas esse não é o caminho. – cortou ele prestes a sair da porta.

- É o único jeito! – insistiu. – Se eu pudesse dar só uma olhada, e...

- Não. – proibiu Lupin. – Hermione parou franzindo o cenho levemente.

Aquilo não fazia sentido, especialmente vindo d Lupin. Se havia a mínima possibilidade de um outro caminho se não a profecia, ele seria um dos primeiros a procurá-la não?

- Por que não? – Lupin parou com a mão esquerda no trinco. Mais de uma vez se perguntara quando a garota suspeitaria de alguma coisa... Afinal, demorara até demais. Tinha a resposta para a pergunta, entretanto, sabia que não podia entregá-la... – Tem algo mais não é? – continuou Hermione com uma sensação crescente de que aquela não era a história completa.

- Eu não entendo o que você quer dizer Hermione. – mentiu Lupin.

- Tem algo a mais. Algo que vocês não estão falando a ele. – retrucou sem esconder a expressão atônita de súbita compreensão.

- Você não é a única que se preocupa com Harry Hermione. – ela se manteve calada. E Lupin continuou. – Porque nós esconderíamos algo dele que poderia custar a sua vida?

- Eu não sei. Me diga você. – ela estava certa, sabia que estava certa. E a atitude dele em seguida simplesmente confirmou a sua suspeita:

- Essa conversa terminou. – retrucou Lupin fechando a porta atrás de si.

Hermione observou enquanto ele a deixava sozinha no quarto. Ela iria descobrir o que era, com ou sem o consentimento dele...

Hermione parou em frente à porta e respirou fundo. Estava bastante determinada menos de um segundo atrás, entretanto... Toda sua coragem se esvaíra tão rápido que chegava a assustar no momento que estava prestes a entrar no quarto.

Não havia sido uma amiga muito presente desde que descobrira sobre a profecia... Sabia disso. Estava ciente do que gostaria de fazer e de que gostaria de confortá-lo, entretanto deixara o orgulho levar a melhor... E disso se arrependia bastante, apesar de não estar preparada para admitir ainda...

Houve uma batida de leve na porta. Harry e Rony se voltaram para a origem do barulho. Provavelmente Giny chamando os dois para jantar... Pensando bem até que a idéia não era de todo desagradável. – acrescentou Harry mentalmente. – Entretanto, seu pensamento foi interrompido pela surpresa que sentiu ao ver ninguém menos que Hermione em pé no vão da porta.

Ela parou. Fazia um tempo que não sentia o desconforto daquele clima... De fato, nem ao menos se lembrava de quando os três haviam se juntado pela última vez... Acordando do seu próprio devaneio, achou melhor ir direto ao assunto, de modo que se ocupassem de alguma outra coisa exceto encará-la daquela forma:

- Eu quero ver o que você viu. – disse ela se voltando para Harry. Só o fato de ela ter ido até ali já o apanhara de surpresa, mas realmente não esperava que ela fosse dirigir a palavra a ele... Tudo bem que era notável o tom prático que ela utilizara, mas já era um começo certo?

Agora... Originalmente, pelo menos em sua cabeça, Harry tinha uma resposta para aquilo. Entretanto ainda observava a menina atentamente, tão atentamente, que não conseguiu raciocinar o suficiente para por as palavras necessárias em ordem. Então, Rony deu continuidade à conversa:

- O que...? – certo... Não foi uma resposta de muito auxílio...

- A profecia. – respondeu Hermione ainda com os olhos em Harry. – Como você descobriu?

- Dumbledore... – respondeu Harry meio atônito com o ar incisivo da menina. – Ele me mostrou uma lembrança...

- Uma lembrança? – perguntou confusa, caminhando agora em direção à poltrona mais próxima da porta.

- Isso. – respondeu Harry. – De Trelawney, ela...

- Trelawney? – cortou Rony. – Você não disse que Trelawney fez a profecia! – exclamou com ar exasperado.

- Então? Qual a importância? – questionou Harry.

- Bom, é Trelawney certo? Quero dizer... Ela não é exatamente confiável certo? Era... – corrigiu-se rapidamente. Hermione franziu a testa em desaprovação:

- Eu não tenho certeza se isso é relevante... – disse ela.

- Eu vi ok? Eles estavam no Hog’s Head. Além do mais... – acrescentou com sombria veemência. – Não é a primeira profecia que ela faz certo? – Rony ignorou se voltando para Hermione:

- Porque você quer vê-la de qualquer forma? Além do mais, como agente vai fazer isso?

- Rony está certo, nós não temos uma penseira... – concordou Harry.

- Eu posso dar um jeito. – desconversou Hermione.

- Que jeito? – insistiu Rony levantando uma sobrancelha.

- Eu... – começou Hermione. – Bom, nós... Tudo que você tem que fazer é relaxar... – disse tentando transparecer o máximo de calma. Uma tentativa falha.

- O que você vai fazer? – questionou Harry ao ver a menina se aproximar.

- Só... Tente se concentrar na memória, ok? – pediu ela sentando-se a sua frente.

- Eu achei que você não podia fazer mágica. – retrucou Rony com ar preocupado. – Hermione que estava prestes a segurar as duas mãos de Harry parou no ar:

- E eu achei que vocês não podiam me forçar a fazer nada! – respondeu num to arredio.

- Eu vou chamar Lupin. – rebateu Rony caminhando em direção á porta.

- Não! – pediu Hermione. – Eu, eu falei com ele! Foi ele quem me disse que parasse de me preocupar! – de Rony seus olhos se recaíram sobre Hermione, desde quando ela se preocupara? – Eu... Harry... – começou agora se voltando para o amigo. – Eu acho, eu acho que tem muito mais nessa história do que eles estão te contando...

- O que você quer dizer? – murmurou Harry confuso.

- O que eles teriam pra esconder Hermione? – perguntou Rony com ar monótono. Aquela era a idéia mais absurda que já saíra da boca da amiga.

- Eu não sei! Vamos descobrir certo? – insistiu a garota. – Agora tranque a porta Rony. – pediu. O rapaz não se moveu.

- Rony... – pediu Harry. Ele se voltou para o amigo, e com um bufo de exasperação, caminhou até a porta e trancou-a.

- Eu ainda acho que agente não devia fazer isso... – disse ao voltar para sua poltrona e sentar-se. – E agora o que?

- Agora você espera... – Rony franziu a testa em desagrado, apesar de nada dizer. – Ok... Er, agora... – ela pigarreou por um instante e murmurou. – Me dê as suas mãos... – Harry fitou-a por um segundo. Suas mãos...?

- Certo... – murmurou em resposta, entretanto ele não se moveu.

- Eu odeio interromper, mas... É melhor vocês se apressarem antes que alguém bata. – cortou Rony com óbvia impaciência devido à demora. Harry pode notar um leve corado surgir no rosto da amiga que baixou os olhos e se adiantou puxando as suas mãos para junto de si.

- Certo. – respondeu num tom mais seco. – Agora, tente se concentrar.

Fácil dizer... –pensou Harry em seguida. – Fazer não era tão simples assim. Especialmente quando o fato de que tinha suas mãos grudadas nas dela agora rondava sua cabeça. Nem ao menos se lembrava da última vez que... Espere, ele se lembrava sim. De fato, havia tanto tempo que os dois haviam se beijado, mas naquele momento, parecia que havia sido no dia anterior de tão nítida que era a lembrança...

Hermione abriu os olhos repentinamente. Um ar de surpresa e desconcerto se mantinha em sua feição. Obviamente ela sabia o que estava passando pela cabeça do amigo... Ela pigarreou novamente enquanto um forte avermelhado tomou conta das maçãs do seu rosto.

– Er... Você, er... Você tem que tentar se concentrar na profecia... – falou ela com nervosismo mal disfarçado.

- Ok... Eu, certo... – murmurou Harry. Procurando se concentrar, quebrou o contato visual e fechou os olhos.

Uma batida forte seguida do barulho do trinco virando arrancou-o de seus esforços.

- Meninos? – chamou uma voz vinda do lado de fora. – Porque a porta está trancada?! Deixa eu entrar! – gritou Giny. Hermione soltou as mãos de Harry rapidamente. Rony se levantou e abriu a porta:

- Pronto. Calma! – murmurou com irritação, visto que a menina continuara a bater.

- Porque vocês estav...? Oh! – a menina entrou massageando o nariz e parou em surpresa ao ver Hermione no quarto. – Oi...

- Hei... – respondeu ela desviando os olhos.

- Ok, er... Minha mãe pediu pra vocês descerem para jantar... – disse com ar ainda confuso e distante.

- Certo Giny, agente já vai... – respondeu Rony, num tom prático.



- Ok... – murmurou Rony. – Vocês vão lá pra cima e eu cuido pra que ninguém suba de novo certo?

- Que seja... – murmurou Hermione em resposta. Não tinha muita certeza de como se sentia com relação a ficar sozinha no quarto com Harry... Entretanto, a idéia de que Rony cuidaria para que ninguém entrasse parecia muito mais segura a ter alguém como Giny batendo à porta novamente e atrapalhando o que imaginava ela, exigiria bastante concentração...

Dito e feito. Um jantar, meia hora e algumas desculpas esfarrapadas depois, Harry e Hermione rumaram para o sótão, onde segundo ele seria mais seguro...

Não se lembrava do quão longo o caminho era... Ou talvez fosse o fato de que ambos se mantiveram em completo silêncio durante todo o trajeto, o fato era que o clima não se encontrava dos melhores, analisou Harry ao observar a amiga parar segurando o trinco da pequena porta:

- Você poderia ter me falado. – Harry piscou por um momento, enquanto sua boca se abriu num esgar.

- Eu... Seria uma ótima conversa não? – retrucou desejando que houvesse moderado no sarcasmo que obviamente ela capturara:

- Bom, olha só quão ótimo está agora! – os dois se encararam por um momento. Ela podia ver que o amigo estava prestes a dizer algo, provavelmente alguma desculpa ou sei lá... Mas ela não pretendia ouvir aquilo. – Olhe... Nós ainda somos amigos. E por isso eu quero te apoiar e ajudar... Mas isso não muda o fato de que você mentiu pra mim. E eu... – ela parou e fechou os olhos respirando fundo. Podia sentir que sua voz começava a tremer, fitando os próprios pés ela murmurou num tom de encerramento. – Vamos resolver isso de uma vez certo? – e abrindo a porta ela deu espaço para o garoto entrar.

- Então, isso é como Legitimância...? – tentou Harry falhando em desanuviar o clima.

- Sim... Quero dizer, meio que sim eu suponho... – murmurou se ocupando em puxar duas almofadas meio encardidas em um canto e coloca-las no centro do cômodo. – Mais específico eu acho... Pode sentar. – acrescentou apontando.

- Certo. Agora o que? – perguntou ao observar que a menina se sentava à sua frente.

- Relaxe agora... De novo. – acrescentou. Ele o fez. Pelo menos tentou...

Hermione sentiu um leve espasmo em suas mãos. Ela podia ver um ambiente familiar, alguma espécie de bar. Uma mesa... Duas pessoas sentadas, que ela identificou rapidamente como sendo Trelawney e Dumbledore. Foi muito rápido, um tremor... Uma confusão. Então, ela estava frente à Dumbledore, em seu escritório, ele estava dizendo algo, não conseguia compreender muito bem, havia alguma coisa atrapalhando... Alguém estava gritando...? Ela não tinha certeza...

Um puxão intenso a afastou jogando-a contra uma superfície sólida. Ela abriu os olhos... Um borrão vermelho passou por ela e caminhou para o outro extremo do quarto. Fechou os olhos de novo...

- Rony...? O qu...? – ela podia ouvir o amigo dizer alguma coisa...

- Você está bem? – falou ele. Por um momento Hermione considerou se ele não estava falando com ela, entretanto, ao abrir os olhos identificou outra pessoa deitada no chão do sótão com as duas mãos na cabeça gemendo ao que parecia com bastante dor...

- Minha cabeça... – murmurou Harry.

- Harry? Voc...? Você está sangrando... – gaguejou Hermione observando o amigo que levou a mão até o nariz onde o líquido quente escorria.

- Sorte que eu cheguei primeiro... Você estava gritando feito um louco! – falou Rony num misto de preocupação e confusão.

- Eu estou bem... – respondeu sentando-se. – Então? – Hermione ainda parecia meio atônita:

- E - eu, eu sinto muito... Eu não... Você está machucado...

- Eu vou ficar bem... –tranqüilizou-a. – Você viu alguma coisa?

- Vi. – respondeu Hermione, que tentava por os pensamentos em ordem agora. – Não tudo eu suponho... – acrescentou confusa. E então explicou exatamente o que havia visto.

- Isso é o que eu vi. – confirmou Harry.

- Então, você não viu a profecia toda? – perguntou Hermione surpresa.

- Claro que viu. Ele acabou de dizer! – exclamou Rony.

- Não ele não disse! – insistiu Hermione.

- Sim eu dis... – Harry se interrompeu por um momento, onde observou a amiga que mantinha uma sobrancelha levantada, como se esperasse que ele chegasse a mesma conclusão que ela. Mas não chegou. E franzindo a testa acrescentou. – Eu vi sim! Dumbledore me disse, ele me mostrou, eu...

- Espere... Você está insinuando que Dumbledore mentiu? – questionou Rony com um olhar que expressava claramente.

- Por que ele mentiria? – murmurou Harry preso em seus próprios pensamentos.

- Eu não estou insinuando nada! – se defendeu Hermione. – Eu só estou dizendo que, bom, exceto pelo fato de que Dumbledore te disse... – e aqui ela deu uma leve ênfase na sentença. – Nós não temos como ter certeza absoluta de que a profecia é o que você diz que é!

- Então eu estou mentindo agora? – irritou-se Harry.

- Não foi isso que eu quis dizer! – explicou-se depressa. – O que eu estou dizendo é que... Bom, eu... Eu só acho que é suspeito ele ter te contado isso assim na lata, depois de cinco anos escondendo a verdade! – e levantando-se caminhou até a cadeira mais próxima e sentou-se. – É só que, bom, me faz imaginar se ele falou isso porque queria que você soubesse, ou porque era conveniente... Quero dizer, até onde agente sabe, ele era o único que sabia da profecia certo?

- Isso é ridículo! Se nós não podemos confiar em Dumbledore então não podemos confiar em ninguém! – rebateu Rony, que ainda custava em aceitar as considerações da amiga...

- Que seja eu só... Que seja. – resmungou apoiando a cabeça entre as duas mãos e parecendo raciocinar novamente. – Você acha que ele sabe? – perguntou ainda de cabeça baixa. – Voldemort, eu quero dizer... – disse encarando o amigo. Harry, que ainda se encontrava meio perdido nas últimas palavras da amiga, se voltou para ela:

- Eu suponho que sim... Quero dizer, eles mataram Trelawney certo?

- É... Eu não tenho muita certeza sobre isso...

- Ela foi achada morta Hermione. – disse Rony pausadamente. Como se a amiga houvesse perdido completamente o juízo.

- Eu sei disso Rony! Eu estou dizendo que talvez Voldemort não a tenha matado!

- Bom, na realidade, ele matou sim... – murmurou Harry, com uma nítida lembrança do sonho que tivera durante o verão passado, o qual tratou de compartilhar com os amigos.

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