"Tell me sweet little things

"Tell me sweet little things



- Eu disse... - Harry não respondeu. Limitou-se à apenas sentar-se no sofá em silêncio. Hagrid entregou uma xícara nas mãos do garoto e se voltou para Canino. – Eu avisei você não quis ouvir...

- Certo Hagrid. – respondeu Harry impaciente. Ele não precisava daquilo... De fato o amigo havia lhe avisado que desse um tempo a mais a Hermione. Primeiramente ele até que concordara... Mas agora, era ainda mais difícil faze-lo, visto que já tinha começado, agora não queria parar...

Harry não foi muito específico no que diz respeito à situação entre ele e os amigos para Hagrid, exceto que, bem... As coisas estavam meio que “diferentes”. E isso foi o suficiente. Percebendo o desconforto dele, o homem não insistiu. E já que ele se encontrava ali sozinho num sábado de manhã. Não havia muito que se explicar...

- Eu nunca pensei que veria Hermione perder o cargo dela... – murmurou Hagrid com um tom de tristeza após um momento. Harry piscou:

- O que? – o cargo...?- Como assim?

- Oh bem... Os dois vieram ontem, McGonnagal passou o distintivo para Rony... – explicou Hagrid com pesar. E parando em seguida e encarando Harry com estranheza. – Eles não te contaram?

- Eu... Claro... Contaram sim, eu esqueci. – mentiu Harry com um sorriso rápido e virando o rosto logo em seguida. Eles não haviam contado nada... E se não fosse por Hagrid, ele nem ao menos saberia... Ela deveria estar devastada... – E como ela estava?

- Oh você sabe... É Hermione... Pobre garota, ela não estava muito bem, não mesmo... – comentou com os olhos na janela, com ar de preocupação. – Ela não tem estado muito bem por esses dias... – continuou - Não é à toa que Dumbledore...

- Dumbledore? – questionou Harry. O que Dumbledore tinha haver com Hermione? - Hagrid se voltou para Harry com cara de quem só agora havia notado a sua presença. E como quem espanta um mosquito, ele desconversou:

- Oh não nada! Besteira minha, só isso... – Hagrid nunca mentia muito bem. Harry manteve o olhar sobre o amigo exageradamente grande. Que vacilou na mesma hora. – Oh Harry, você sabe que eu não posso falar sobre isso! Então não pergunte!

- Não pode? Por que não? – insistiu Harry seguindo o professor com o pescoço, visto que agora ele caminhava pelo minúsculo cômodo.

- Você consegue ser insistente quando quer não? Eu já disse que Dumbledore já tem tudo sobre controle. Hermione vai ficar bem! – falou ele sem pensar.

- Bem? Como assim bem? Ela estava mal? Desde quando? – sua cabeça estava fervilhando. Com curiosidade e preocupação. Mais um pouco e Hagrid lhe diria tudo que precisava saber...

- Isso. Já chega! Eu já disse demais, e você tem que ir! Vamos Harry! Agora. – insistiu Hagrid, ciente de que se o garoto ficasse acabaria por falar demais.

- Mas Hagrid, o qu...? – tentou Harry parando logo em seguida. Seus olhos passaram de relance pelo jornal aberto estendido no canto da mesa. – Hagrid... – recomeçou ele totalmente esquecido do assunto de tão surpreso pelo que via.

- Oh... – murmurou Hagrid em voz baixa ao ver Harry apanhar o jornal nas mãos obviamente, fosse o que fosse Harry não deveria saber:

A notícia trazia uma foto em preto e branco com grandes letras acima:

- “ENCONTRADA MORTA EM FRENTE AO MINISTÉRIO”

Harry observou a foto em silêncio. Havia uma mulher deitada em uma calçada. A foto não se movia... Não. A pessoa na foto não se movia, corrigiu-se Harry mentalmente. Estava morta. Acrescentou com morbidez. Fitando a foto mais uma vez, Harry sentiu a sensação de familiaridade com relação à feição da mulher tomar conta dele. E antes mesmo que lesse o resto da notícia, já sabia...

- Trelawney... – Harry ouviu sua voz murmurar rouca e num tom pasmo. Descendo os olhos para o início da matéria, Harry começou a ler:

“Encontrada as três desta mesa manhã, morta, em frente à sede do Ministério. Sybill Trelawney, 45 anos, estava desaparecida desde Fevereiro. Segundo autoridades contatadas, ainda não se sabia do paradeiro da mulher até esta manhã. Segundo testemunhas, seu desaparecimento ocorreu durante um incidente no vilarejo de Hogsmead, onde foi vista pela última vez. Nenhuma declaração foi dada por parte do Primeiro Ministro, Cornelius Fudge sobre tal acontecimento. Enquanto a população bruxa entra em estado de choque devido a tal demonstração de descaso com relação às autoridades, nenhuma satisfação nos foi dada até agora.”.

A matéria continuava na página seguinte. Harry levantou os olhos para Hagrid que desviou logo em seguida. E ali ele notou um ar de tristeza no professor que não notara antes. De fato - pensava agora - havia certo clima de pesar no salão naquela manhã por parte do corpo docente... E Harry estava tão preocupado com seus próprios problemas relacionados à discussão com Hermione que nem ao menos notara.

- Hagrid, eu...

- Eu sei... É uma pena, ela não era muito próxima da minha parte, mas, mesmo assim... – lamentou.

- É... – concordou Harry, mas já não prestava mais muita atenção aos lamentos do homem.

Harry fechou os olhos por um momento. Ele havia tido um sonho... Um sonho, sobre... Uma sensação, não, não... Era um sonho, isso um sonho. Ele tinha visto algo, alguém... – um flash de memória passou pela mente de Harry. Uma sala... E correntes... Harry abriu os olhos rapidamente.

- Harry você está bem? – ele ouviu ao longe a voz de Hagrid lhe chamando.

“Encontrada na calçada...” – Porque Voldemort a deixaria na calçada daquela forma...? Não era o seu objetivo passar despercebido...? A não ser...

Harry sentiu uma onda de vertigem tomar conta dele. Apoiando-se na mesa, levou a mão esquerda à testa largando o jornal que tinha em mãos. Uma dor aguda o cegou. Harry sentiu uma mão exageradamente grande apoiar-lhe nas costas, Hagrid amparou o que seria a sua queda e fez com que Harry encostasse-se ao sofá de onde havia se levantado.

- Ele sabe... – murmurou Harry sem fazer muito sentido.

- Harry o...? – estranhou Hagrid confuso e com preocupação nos olhos. – Eu vou chamar alguém... Só espere aqui!

- Não. – chamou Harry. Sua voz ligeiramente rouca. Harry sentia sua cabeça latejar como há muito tempo não sentia. E a pior parte era que ele sabia que aquilo fora premeditado, ele... – Eu estou bem. – mentiu Harry com um sorriso pequeno. – Só com um pouco de dor de cabeça... – acrescentou tentando disfarçar o mal-estar que sentia. – Eu acho que vou voltar agora Hagrid...

- Não assim! – protestou o homenzarrão. – Eu vou com você. – Harry não protestou. Caminhou até o castelo em completo silêncio sob os murmúrios de Hagrid sobre como ele deveria passar a noite na enfermaria. “Um completo absurdo... Teimoso, é o que você é!”

Mas novamente, Harry não prestava atenção. Ainda com uma das mãos massageando a testa fortemente, Harry se voltou para o amigo:

- Eu estou bem, sério. – Hagrid levantou uma sobrancelha - Eu posso ir daqui... – insistiu - Obrigado Hagrid... – retrucou Harry esperando para ver se o amigo já sumira de vista. E desviando do caminho da escola seguiu pelos jardins.

Como ele nem ao menos considerara aquilo? Não seria a primeira vez que ele tinha aquelas visões... Claro que depois de Sirius... Mesmo assim... Aquilo foi diferente. – pensou com uma estranha certeza dentro de si. Ele sabia... Trelawnley cedera... – Harry sentiu o estomago embrulhar só de imaginar pelo que a mulher deveria ter passado, e dada à forma como o corpo estava...

Definitivamente, ele sabia da profecia, e mais importante, ele queria que Harry soubesse daquilo... De fato, se havia qualquer resquício de chance de que não acontecesse agora Harry tinha certeza de que Voldemort viria mais cedo ou mais tarde, atrás dele.



- Giny subiu as escadas do dormitório sem muita demora. Já caminhara o colégio inteiro atrás da menina. Mias importante, já fora na biblioteca e para sua surpresa, Madame Pince lhe assegurara que Hermione nem ao menos havia posto os pés no local desde a quinta feira... Então... A pergunta era, onde era estava?

- Oh! Finalmente! – exclamou Giny ao achar quem procurava. Entrando no dormitório com ar de visível impaciência, Giny cruzou os braços em silêncio analisando a amiga:

Hermione se encontrava de cabeça baixa anotando algo em um pedaço de pergaminho, com um livro-texto na outra mão que vez ou outra consultava, voltando os olhos para os escritos novamente. Completamente alienada a visita da ruivinha pelo visto.

- Eu procurei você pelo colégio todo sabia?

- Eu não saí daqui o dia todo Giny... – retrucou Hermione sem levantar os olhos.

- O que você está fazendo?- ressabiou Giny sem esconder o mau humor. – Hermione encarou a menina com estranheza. Não era um pouco óbvio?

- Estudando. – disse ela lentamente, voltando atenção para o exercício logo em seguida.

- Isso eu posso ver... – resmungou Giny num tom azedo. – Mas não foi isso que eu quis dizer! – Hermione não respondeu, abrindo espaço para Giny que parecia extremamente aborrecida continuar. – Por que você está aqui e não na biblioteca? – questionou a garota.

- Por que... Eu não to afim... – retrucou Hermione sem levantar os olhos.

- Bobagem! – exclamou Giny, de modo que fez Hermione levantar os olhos dando agora completa atenção à conversa, apesar de movida por total indignação:

- O que?!

- Você está se escondendo! E francamente, é bem infantil da sua parte, diga-se de passagem...

- Eu, o qu...? Escondendo? O qu...? Giny! – tateou Hermione ainda mais ofendida.

- E não adianta dizer que não porque eu sei que você está! E você sabe também! – continuou Giny, com um ar de verdade absoluto.

- Eu não estou escondida!- exclamou Hermione ofendida. Giny a observou por um momento.

- Olha só pra você! – falou Giny apontando para a cama onde a menina estava. – Você está com tanto medo de encontrar Harry de novo, que se trancou aqui o dia inteiro, porque sabe que ele não pode entrar!

- Eu! Eu não...

- Fez sim! Você sabe que fez!- cortou Giny.

- Não seja estúpida! Eu não estou fugindo de ninguém!

- Está sim!

- Não estou!

- Está!

- Eu n... – Hermione bufou impaciente. – Ok! Então talvez eu esteja! E se eu não quiser encontrar ele? E aí? – retrucou Hermione. – Só porque você e Rony o fizeram não significa que eu deva esquecer também o fato de que ele largou agente aqui por três meses! E voltou sabe lá Deus por que! – Giny encarou Hermione pasma:

- Não seja ridícula! – retrucou abismada. Aquilo estava vindo de Hermione mesmo? Respirando fundo Giny sentou-se ao lado da amiga séria - Fale com ele. – pediu. Hermione não respondeu. – Você sente falta dele! Mione...

- Você já terminou Giny? – interpelou Hermione, que agora tinha lágrimas nos olhos, novamente. – a garota calou-se por um momento até voltar a perguntar num tom cauteloso:

- O que aconteceu entre vocês...? – Hermione deixou escapar um esgar e respondeu num tom sarcástico.

- O que não aconteceu entre Harry e eu Giny?- disse voltando os olhos para a janela onde uma forte chuva caía, dando aos jardins uma visão estranhamente destorcida.

Giny não respondeu. Era retórico, certo? Alguma coisa havia acontecido entre os dois antes de Harry partir... Claro... Ela já sabia, todo mundo sabia... Mas ela não, e...?

- E Rony...? Ele...? – a menina encarou Giny com um ar cético. Claro que ela não havia falado nada... O que não significava que o irmão não seria inteligente o suficiente para deduzir por si só o que estava acontecendo.

- Se eu não quero sair por aí ouvindo todo mundo falar da minha vida, esperando só pra ver o que eu vou fazer, eu acho que você não pode me culpar pode? – retrucou Hermione. Giny recuou:

- Certo... – concordou ela sem questionar.



Harry olhou para o canto da mesa. Rony no mesmo instante captou o olhar do amigo que com um leve aceno de cabeça apontou para a garota sentada ao lado dele.

Por motivos óbvios, não seria ele quem daria o primeiro passo em direção a uma reconciliação entre os dois. Não que não o quisesse... Mas até mesmo Rony, que havia feito questão de esclarecer que também queria que as coisas entre os três voltassem ao normal, havia dito que seria melhor esperar por uma atitude partindo dela.

Motivo pelo qual, Harry mantinha o máximo de distância que ele próprio se permitia da garota. O que por si só já não era muita...

Observava a amiga agora. Ela não havia comido nada, seu prato estava cheio e ela passara os últimos dez minutos encarando-o. Motivo pelo qual ele chamara a atenção de Rony que estava sentado logo ao lado dela. Este se virou para a amiga perguntando com semblante preocupado:

- Por que você não está comendo?

- Eu não estou com fome... – retrucou simplesmente ainda de cabeça baixa e empurrando o prato cheio para longe. Giny parou com o garfo no ar e observou a menina:

- Você devia comer alguma coisa... – comentou Giny, que tinha um ar ainda mais preocupado que o seu...

- Eu estou bem. – cortou Hermione com impaciência.

- Tudo bem... Nós só estamos preocupados com você, só... – começou Rony ligeiramente ofendido com a rudeza da garota, que cortou logo em seguida.

- Se eu ganhasse uma moeda pra cada vez que ouço isso! – exclamou impaciente.

- Nós só estávamos... – começou Rony.

- Esquece. – ignorou Hermione irritada. – Eu vou estar na biblioteca. – retrucou se levantando e pondo sua mochila nas costas. Rony encarou Harry exasperado. Estava claro que ele culpava o amigo pelo disparate da outra, afinal, tudo estaria bem se ele não o houvesse instigado.

- Eu não fiz nada! – se defendeu Harry antes mesmo que Rony pudesse acusá-lo de enxerimento.

- Se você não tivesse me instigado...

- Ela faria a mesma coisa. – interpelou Giny com um ar sério. – Agora parem. – sibilou – Isso não é sobre vocês dois. – e como os dois pareciam interessados em saber de fato o porquê, ela continuou. – Bem... Ela tem andado meio assim ultimamente... Irritadiça...

- Isso é verdade... – comentou Rony, aparentemente aquela não era a primeira vez que a garota agia assim nos últimos dias. Harry não saberia, até mesmo porque os dois não estavam exatamente convivendo juntos... Mas ele se lembrava da conversa que tivera com Hagrid na semana anterior...

- Eu continuou perguntando a ela se ela ainda está tendo problemas... Você sabe... – começou Giny, se referindo às recentes faltas de controle da amiga. – Mas ela continua dizendo que não... Do jeito que ela fala, parece que ela não consegue transformar um sapo em um rato.

- Como assim? – questionou Harry. Giny se aproximou olhando em volta e sussurrando aos meninos:

- Agora... Ela tem pesadelos, e o quarto inteiro treme! – disse exasperada. – As garotas estão começando a falar... Quero dizer... Primeiro era preocupante, agora... Está começando a assustar, sério... Além do mais, tem Pansy, certo? – ela lembrou.

- Talvez nós devêssemos convencê-la a falar com Dumbledore... – disse Rony.

- Eu acho que ele já sabe... – comentou Harry raciocinando. Ambos olharam para ele em busca de explicação. – Bem... Hagrid, ele meio que deixou escapar algo sobre Dumbledore... E como ele parecia preocupado com ela ultimamente, eu... – E Harry narrou a conversa que tivera na cabana do amigo na semana anterior, cuidando para que não falasse o que não devia sobre como descobrira por Hagrid da transferência do cargo de monitora-chefe da menina.

- E porque ele ainda não fez nada? – questionou Giny.

- McGonnagal falou com ela... – comentou Rony. – Pelo que ela me disse, eles meio que pediram pra que ela maneirasse um pouco, você sabe... Com mágica e tal.

- Eles não podem fazer isso! – reclamou Harry sem esconder a indignação. – Como eles podem pedir pra que ela não faça mágica numa escola de magia?! – questionou exasperado.

- Vocês acham que tem alguma coisa haver com o dia em que agente...

- Quer dizer o...? – Harry sabia que eles estavam se referindo ao ritual. E apesar dele próprio já ter pensado nisso antes, prosseguiu com uma pontada de culpa:

- Eu não sei...

- É só que... Bem, aquilo foi bastante, er... Intenso... – disse Giny, que recordava agora dos mesmos momentos que Harry e assim como ele parecia desejar que ele definitivamente ao se repetisse. – Não que eu esteja concordando com eles nem nada... Mas, depois de ter visto o que eu vi, a verdade é que eu entendo o porquê da precaução... – expressou.

Harry concordava, não diria isso para a amiga, jamais é claro. Ainda mais com a relutância que ela demonstrava em admitir que precisasse de ajuda. Ele havia narrado o episódio da floresta ara o amigo, que apesar de estar desacordado e não ter presenciado a transformação da garota, não parecia muito disposto a correr o risco.

- Harry ouviu um ligeiro pigarro que o arrancou de seus pensamentos por um instante. Voltando o olhar para a mesa dos professores, pode ver Dumbledore se levantando, causando quase que instantâneo silêncio no salão apinhado de alunos.

- Hoje, nós relembramos a morte de um amigo muito querido nosso... – começou ele, mas tanto Harry, quanto Rony ou Giny não pareciam dar muito ouvidos a ele.

Como ele pode, esquecer...? Todos eles... Como? Não se admirava que Hermione estivesse naquele estado, ela diferente dos outros se lembrara do amigo... – pensou Harry com uma sensação horrível percorrendo-lhe o estômago enquanto as palavras do diretor continuavam ecoando no salão silencioso. Ele havia se esquecido, de Neville...



O discurso em memória a Neville havia terminado fazia alguns minutos já, e os alunos, em mortal silêncio haviam sido enviados cada um para sua respectiva Comunal, de modo que os corredores estariam agora, absolutamente vazios. Não fosse pelo fato de que Harry não voltara.

Ele não deveria... Mas estava procurando pela amiga. Algo lhe dizia que pelo menos agora, não faria muita diferença as desavenças dos dois, apesar de não admitir, ela precisava de ajuda, ou pelo menos conforto...

Harry passava agora no corredor do sétimo andar, que estava completamente vazio, caminhando em silêncio, ele parou ao ouvir um murmúrio leve e tremido. Caminhando mais um pouco dessa vez em busca do barulho, Harry encontrou uma pequena porta escorada. Sabendo que encontraria a amiga, abriu a porta lentamente observando o local. Era um armário de vassoura, apesar de parecer estar agora inutilizado. O local era pequeno, provavelmente só caberiam ele e ela ali, que se encontrava sentada a um canto chorando copiosamente.

Harry observou a amiga por um momento. Seu desespero era tamanho que ela parecia ter dificuldade até para respirar. Levantando os olhos Hermione encarou Harry, que só agora percebia que de fato ela realmente não conseguia respirar.

Sentando-se ao lado da garota e fechando a porta atrás de si, Harry olhou em volta e apanhou um saco de papel do chão. Entregando o saco a amiga, pediu que se acalmasse e respirasse fundo. Pegando o saco com as duas mãos, Hermione obedeceu rapidamente, vagarosamente reduzindo o ritmo.

A recobrada de fôlego pareceu aumentar mais ainda o choro da menina que agora tremia. Harry olhou para a garota ao seu lado com desespero. “O qu...?”

- Hei, não... – tentou – Calma... – pondo os braços ao redor da amiga ele se aproximou encostando a sua cabeça no seu ombro. – Tudo bem... – murmurou ele tentando fazer o máximo possível para que ela se acalmasse, ao sentir que ela parecia tentar dizer algo, apesar de soluçar mais que falar propriamente dito:

- Eu... – tentou respirando fundo e continuando se acomodando mais no abraço de Harry. – Eu... st... da – disse sem fazer muito sentido. – Eu não sei o que está acontecendo comigo... – disse finalmente num murmúrio que demonstrava mais medo que Harry jamais notara nela.

Harry afagou os cabelos da amiga levemente e continuou assim, por mais algum tempo, e continuaria o quanto fosse necessário para que ela se acalmasse...

Ele estava preocupado com Hermione, bastante... Entretanto não pode deixar de passar pela sua cabeça a noção completa de como lhe agradava tê-la nos seus braços novamente... E após alguns minutos, já relativamente calma, Hermione também pareceu tomar consciência da situação, se afastando levemente e sentando-se mais afastada.

- Você está bem...? – perguntou Harry em voz baixa, sem esconder o forte tom de preocupação.

- Eu... Sim... – e após um segundo. – Não... Não estou... – acrescentou levantando os olhos.

O primeiro impulso que Harry teve foi se aproximar abraça-la novamente, e certamente, ele o teria feito, sem dúvida alguma em sua mente. Entretanto se viu impedido pela frase seguinte da amiga:

- Eu devo ir. – disse se levantando e evitando o seu olhar. Harry mal havia se levantado também quando ela abriu a porta e se virou murmurando. – Obrigada... – e saiu deixando Harry ali, no escuro.

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