"Não sou casada com Ronald Wea

"Não sou casada com Ronald Wea



- Eu não sabia que as lojas do Beco abriam no Natal. – comentei assim que aparatamos em frente a uma grande loja, cujo letreiro colorido dizia: GEMIALIDADES WEASLEY. Gina riu.
- Eu deveria esperar que depois de tanto tempo casada com meu irmão, o seu senso de humor ficaria mais apurado, Hermione. Mas veja, apenas algumas lojas abrem.
“Eu não sou casada com seu irmão!”
Resolvi ficar quieta, embora minha vontade fosse gritar a todos que eu era professora de Transfiguração de Hogwarts e que a capa preta surrada que eu usava não era minha. E, principalmente, que eu não era casada com Ronald Weasley!
Gina já me puxava para uma loja pequena, onde havia vários livros estampados em meio à inscrição um pouco envelhecida: Garatujas. Olhei para seu interior, seguindo Gina em direção à casa, com minha curiosidade instigada pelo nome incomum do local. Estava fechado. Para minha surpresa, Gina pegou sua varinha e murmurou algo como uma senha. A porta abriu-se e entramos. Tratava-se de um local extremamente organizado, apesar do pouco espaço. Havia centenas de livros, em algumas prateleiras, dispostos por ordem alfabética. Imediatamente, comecei a procurar algum título que remetesse a encantamentos temporais, mas a visão de uma pessoa do lado de fora da vitrine me chamou a atenção. Corri em direção a Landon Parker, aluno da Corvinal, terceiro ano.
- Sr. Parker. – gritei, acenando para ele, enquanto corria em sua direção. Eu estava salva! Landon me conhecia e poderia dizer a Gina, Rony e todos os outros o quão loucos estavam! – Sr. Parker, é um imenso prazer te encontrar no Natal.
Ele se assustou, e me olhou um tanto quanto intrigado.
- Desculpe... Mas quem é a senhora?
Senti minhas pernas bambearem e meu sangue sumir de meu corpo. Que piada era aquela? Se Landon pensava que poderia me tratar como bem entendesse apenas porque estávamos fora dos limites de Hogwarts, ele estava muito enganado! Respirei fundo, e disse com a voz autoritária que estava tão acostumada a usar:
- Landon, não é por não estarmos em Hogwarts que você deve desrespeitar seus professores. Vou desconsiderar sua impertinência dessa vez, mas que isso não se repita.
- Me desculpe, mas deve estar havendo algum engano. A senhora não é minha professora. E como sabe meu nome?
Aquilo já passava dos limites.
- Landon, estou avisando... Você está na minha aula de Transfiguração há três anos, e sabe perfeitamente bem que não tolero nenhum tipo de brincadeira. E não é porque estamos no Beco Diagonal que isso vai mudar!
Apesar de achar tudo muito estranho, eu falava com convicção. Afinal, eu era a professora de Transfiguração, e nada poderia mudar isso.
- Me perdoe mais uma vez, senhora, – ele respondeu, com uma educação fora do comum e uma expressando confusão em seu rosto lívido – mas quem ministra aulas de Transfiguração em Hogwarts é o Professor Mavvle.
Antes que eu pudesse assimilar o que Landon acabara de me dizer, ouvi Gina chamando meu nome. Virei-me e ela vinha em minha direção, carregando um pequeno embrulho nas mãos.
- Quem era? – ela apontou com o pescoço o jovem que se afastava arrastando os pés na neve.
- Um perdido. Queria informações. – respondi rapidamente. Tudo o que Landon me dissera havia me desconcertado totalmente. É claro que poderia ser uma brincadeira de muito mau gosto – crianças. - Mas algo em seu rosto me fez acreditar que não se tratava disso. Landon Parker realmente não sabia quem eu era.


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- Já estava ficando preocupado! – Rony disse, assim que nos viu na sala de sua casa. As crianças ainda brincavam na neve espalhada pelo jardim.
- Rony, nós não demoramos nem meia hora. Francamente, você anda mais ansioso do que nunca!Eu não conseguiaencontrar o livro que comprei pro Harry. Bem, já vou para casa. Vejo vocês lá daqui a pouco, espero.
- Claro. É só o tempo de Eddie e Diana trocarem os casacos. Vou chamílos.
Gina desapareceu no mesmo instante em que Rony saía para chamar os filhos fora de casa. Era a minha chance de falar com quem eu queria e provar que não estava louca. Sem hesitar, corri até a lareira e peguei um punhado de pó de flu.
- Escritório da Diretora Minerva McGonagall, Hogwarts.
Minha cabeça começou a rodar nas chamas verde-esmeralda pela segunda vez em apenas dois dias. Assim que eu descobrisse o que estava acontecendo, Rony teria o castigo que merecia!
Mas ao invés do rosto austero da Professora McGonagall, visualizei o olhar severo e o nariz adunco de Severo Snape, o então professor de Defesa Contra as Artes das Trevas. Provavelmente não havia como entrar na sala de McGonagall sem ser convidada. Ele me viu, e veio lentamente até mim, como se estivesse se divertindo muito com aquela visão.
- Ora ora, Sra. Weasley. O que faz aqui?
- Snape, deixemos nossas diferenças de lado. Preciso falar com McGonagall. É urgente.
- Algum problema que a brilhante Hermione não consegue resolver? Ora, eu tinha certeza que viveria para ver esse dia! – havia ironia em sua voz e por alguns instantes desconfiei de que ele sabia de tudo. Mas isso não importava, pois me ajudar seria a última coisa que ele faria em sua vida.
- Você sabe como ser estupidamente desagradável, Snape. – depositando um pouco da raiva que eu sentia por não saber o que se passava, retirei minha cabeça da lareira, em tempo de me virar para ver Rony e as crianças entrando na sala.
- Se sente melhor, meu amor? – ele se aproximou, tentando encostar seus lábios nos meus. Eu o repeli imediatamente com as mãos, e ele me olhou intrigado.
“Não sou casada com Ronald Weasley! Não sou casada com Ronald Weasley!”.
- Mamãe, nós não vamos logo para a casa da vovó? Quero mostrar minha coruja nova pro tio Fred!
- Você já escolheu um nome para ela, Eddie? Eu a chamaria Bridget se fosse minha. Vocês sabem, por causa de Bridget Wenlock, a bruxa que estabeleceu as propriedades do número sete. Ela era ótima em aritmancia. – a pequena menina disse, muito segura de si. Sorri para tentar disfarçar meu nervosismo. Ela se parecia muito comigo, e se antes de reparar nesse detalhe eu pensei que nada mais pudesse me assustar, me enganei. Eu estava em pânico.

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