St. Mungus
Quarto 217. Esse era o destino do casal que corria de mãos dadas pelos corredores do hospital, na ala que recebia o nome de Hermione Granger.
Ron, Hermione percebeu, estava extremamente nervoso e feliz. A puxava pela mão, guiando-a entre os muitos curandeiros e pacientes e crianças que estavam no meio do caminho. Quando chegaram em frente a porta, o ruivo dirigiu um sorriso nervoso a Hermione ao bater. Molly abriu a porta, mas nem ao menos encarava os dois, olhava para trás e gesticulava muito.
- Ginevra, segure esta criança direito! Cuidado com minha neta! – ela olhou os recém chegados e sorriu, um tanto sem graça devido ao acontecimento na lareira.
- Mamãe, por favor, não faça minha filha já ser obrigada a escutar seus sermões. Espere até os seus onze anos pelo menos, assim ela terá como se livrar da avó louca em Hogwarts.
Os Weasley que se encontravam no quarto – Fred, Jorge, Gui e Ron – riram. Fleur, que acompanhava Gui, resmungou algo em francês.
- É menina, então? – perguntou Ron se aproximando do leito de Ginny. Ela estava recostada em uma pilha de travesseiros muito fofos, com a pequena Ruivinha Weasley apoiada em seu colo, dormindo tranquilamente.
- Não, Ronald! Imagine! Só queremos acostumá-lo a ser tratado como uma menina, sabe? – Ginny respondeu secamente.
Ron se afastou um pouco, rindo, e se virou para sua mãe:
- Tem certeza que tiraram tudo? Não tem mais nenhum dentro dela? Então eu já posso agredi-la? – Hermione bateu no ombro de Ron, rindo. Molly pareceu dar um meio sorriso, parecia que a estabilidade – por mais que esta fosse um pouco instável – voltara a fazer parte do dia a dia da família.
- Ronald Weasley, amado irmão, eu tenho uma filha para cuidar, acho melhor não me dar motivos, não para agredi-lo, mas para não parar em Azkaban.
- Ok, ok... – respondeu Ron com as mãos erguidas em sinal de rendição. – Mas diz... Você já tem algum nome em mente?
- Para ser sincera, não. – respondeu Ginny calmamente, como se nada de anormal entre ela e o irmão tivesse acontecido. – Sabe... – ela começou, sua mão acariciando suavemente a cabecinha de sua filha, que continha um único tufinho de cabelo ruivo. – Tenho certeza de que Harry gostaria que o nome dela fosse Lily, mas minha filha não tem cara de Lily, definitivamente.
- Que tal Cho? – Ron perguntou, já sorrindo.
Hermione quase riu. Quase. Encarou a amiga e percebeu o olhar mortal que ela lançava ao irmão e, tinha certeza, lançaria a qualquer um que risse de sua piada.
- Falando sério agora. – disse Ron, o que fez com que sua irmã lançasse a ele um olhar de quem duvidava de que tal coisa pudesse acontecer. – Juro. – ele disse rindo, ao perceber o olhar. – E Marin?
Ninguém falou nada no quarto. Todos olhavam para o bebê no colo de Ginny, avaliando o nome.
- Marin... – falou Ginny. – Marin Weasley Potter. Bom, o conjunto não cai muito bem, mas pelo menos não é um Ginevra Molly Weasley, e ela já tem de me agradecer. – o quarto, antes silencioso, encheu-se com várias risadas, apenas Molly fitava sua filha séria.
- Seu nome é lindo, Ginevra. – ela disse. – Lindo.
- Eu sei, mãe. Estou brincando. – Molly sorriu e, nesse momento de distração, Ginny virou a cabeça em direção a Hermione e, com a mão que não segurava Marin no colo, gesticulou freneticamente como quem diz que é loucura.
Hermione tentou disfarçar a risada com um acesso de tosse e, ficando com o rosto vermelho, apoiou seu rosto no braço de Ron. Ginny encarou os dois.
- Espera aí... – ela disse arregalando os olhos, olhando para o irmão e Hermione. – Vocês... Vocês...
- Foram flagrados praticamente sem roupa, sangrando e com os rostos vermelhos? Sim, foram. – disse Molly, sentada em uma poltrona roxa, fazendo alguns feitiços sobre as unhas.
- O QUÊ!??!?! – perguntaram Jorge e Gui rindo. Fred não parava de rir.
- Mon Dieu...
Ron e Hermione olharam-se, completamente sem graça.
- Mãe... – começou Ron, mas percebeu que não tinha mais o que dizer.
- Que foi? – ela perguntou como nada tivesse acontecido. – Encarem isso com maturidade! Eu quero netos!
- Mãe, o que a senhora quer? Sete filhos para cada um de seus sete filhos? – perguntou Fred rindo.
- Não seria uma má idéia. Eu adoro a casa cheia! – ela disse, em tom de quem se defende.
- É, eu sei, mãe. Mas assim a casa não ficaria cheia, pareceria mais o Beco Diagonal na véspera da ida a Hogwarts.
- Eu gosto do Beco Diagonal também... – ela completou. Todos sorriram. Gui foi até ela e a abraçou, seguido de Fred e Jorge. Fleur também se adiantou e Ron e Hermione também quiseram participar do abraço.
- Ei! Tem uma mãe com um recém nascido aqui! Tragam o abraço mais para cá! – protestou Ginny. Eles se separaram, rindo. A Sra. Weasley com lágrimas nos olhos e foram mais para perto da cama.
- Arthur adoraria o dia de hoje... – Molly falou, depois de algum tempo onde eles apenas admiravam Marin.
Hermione sentiu seus joelhos tremerem, tinha tanto medo de que as coisas voltassem a acontecer. De que essa fosse só uma fase de Ron e que as coisas se repetissem entre eles.
Ron saiu do lado de Hermione e abraçou sua mãe, depositando-lhe um beijo na testa.
Todos, e não apenas Hermione, reparavam nas ações de Ron. Sabiam que ele era o que mais que se abalara com a morte do pai.
- Eu sei que ele adoraria, mãe. – disse Ron, sua voz tremendo um pouco. – Mas ele sabe que estamos bem e isso, com certeza, já o deixa feliz.
Os Weasley concordaram. E caíram no silêncio mais uma vez. Hermione temendo uma aproximação demorada de Ron.
- Posso entrar? – perguntou Carlinhos sorrindo na porta, apenas com a cabeça para dentro.
Molly que sorrira ao ouvir a voz do filho, congelou-o ao virar seu corpo em direção à porta.
- Como você ousa aparecer aqui, na presença de minha neta, com esse cabelo?? E com esse... esse brinco?!?! – e dirigiu-se para a porta onde ela e Carlinhos começariam, mais uma vez, uma de suas discussões sobre a aparência do garoto que, todos sabiam, em nada resultaria.
- Eles não mudam nunca... – comentou Ron rindo e voltando para o lado de Hermione, abraçando-a por trás e depositando-lhe um beijo em seu pescoço. Na hora ela soube, dessa vez, por mais que ele já tivesse afirmado, ela tinha a prova: a mudança era definitiva.
- Mas isso não muda um fato. – começou Gui, abraçando Fleur pelo ombro. Todos olharam curiosos para ele. – O fato de que a mamãe flagrou vocês dois!
Os risos novamente encheram o quarto e Carlinhos, lá da porta, falou mais alto: “Ah, mãe, me deixe entrar! Eles estão caçoando o Ron!”. Ron balançou a cabeça rindo, como quem não acreditava no que estava acontecendo.
- Hermione Granger... Weasley, claro! – disse Fred fingindo coçar a barbicha que não tinha. – Quem diria, quem diria...
- Então quer dizer – disse Carlinhos finalmente se juntando aos irmãos – que vocês finalmente se acertaram?
- Mais que isso, eu diria. – Ginny disse rindo.
- Ah, eu não acredito... – Hermione suspirou rindo. Sentia-se sem graça, mas completamente feliz em estar em família de novo. – Mas sim, Carlinhos, nos acertamos.
- Com diferentes tipos de comemoração. – disse Fred.
- Quem precisa de Whisky de Fogo quando se tem Ronald Weasley, o Rei do... – Jorge começou, mas foi interrompido por Molly:
- Jorge, minha neta não precisa saber de suas intitulações, obrigada.
- Prefiro isso aos sermões. – Ginny falou baixinho para Jorge. Ele sorriu e mandou um beijo para a irmã.
Ouviu-se, então, o choro de um bebê. Ginny ajeitou Marin nos braços, preparando-se para niná-la, mas ela abriu os olhos e olhou atentamente, como se estudasse cada uma das pessoas ali presentes. Seus olhos, intensamente verdes, enchiam o quarto com a presença de Harry.
- Ela tem os olhos dele... – Ginny disse, levando uma das mãos ao rosto, secando as lágrimas.
Todos ficaram muito quietos, apenas admirando o bebê.
Hermione também tinha lágrimas nos olhos e Ron, ao perceber, depositou um beijo no alto de sua cabeça.
- Onde quer que estejam, ele e o papai estão comemorando. – disse Fred serenamente. – Mas só do jeito convencional, Ron. Só o convencional Whisky de Fogo. – e, entre algumas lágrimas, eles riram novamente.
Ginny depositou um leve beijo no alto da cabeça da filha, sorrindo.
- Ela é linda mesmo ou eu sou uma das mães loucas que acham seus filhos lindos?
- Tipo a mamãe? – perguntou Carlinhos.
- Excetuando-se você, Charles! Não com esse cabelo! – disse Molly contrariada.
Eles riram.
- Ela é linda sim, muito. – disse Ron.
Ficaram em silêncio mais uma vez, admirando-a.
- Queria que o Harry estivesse aqui comigo. – suspirou Ginny a Hermione, quando os homens se afastaram um pouco para tentar convencer Molly de que o cabelo de Carlinhos tinha “estilo”.
- Eu imagino, Ginny. E não duvido nada de que ele também gostaria de estar aqui com você. Com vocês. – Hermione segurava uma mãozinha de Marin e, com a outra, acariciou os cabelos extremamente vermelhos da amiga.
- Às vezes eu fico pensando: por que tinha que ser dessa maneira? Eu... – ela se concentrou para que sua voz não falhasse. – Eu sinto como se não tivesse proporcionado tudo que podia a ele enquanto ele ainda estava vivo.
- Não fique assim. – disse Fleur.
- É, Ginny. Harry foi muito feliz com você, ele te amava.
Ela sorriu.
- Vocês também foram muito importantes na vida dele. – ela disse dirigindo-se a Hermione e indicando Ron com a cabeça que, elas perceberam, tentava fugir de Molly que também cismara que seus cabelos estavam desgrenhados demais. As duas sorriram.
- Acredite, de tudo que foi imposto a ele, Harry soube viver cada momento que podia com a simplicidade da vida normal. E você era a força dele, Ginny.
A ruiva sorriu e pegou uma mãozinha de Marin, beijando-a e sussurrou:
- Seu pai foi um homem maravilhoso. Amigo, companheiro, engraçado, com um corpo incrivelmente sexy devido ao quadribol e sensível.
Hermione ria.
- Tomara que ela não se lembre dessa descrição futuramente e venha a descrever seu pai como ‘um homem com um corpo incrivelmente sexy’. – disse.
Ginny jogou os cabelos para trás, rindo.
- Mas ela tinha que saber que ele não era apenas um magrelo com cicatrizes. E nem que eu era uma tonta apaixonada capaz de gostar dele apenas quando ele era um magrelo com cicatrizes.
- Que maneira mais sensível de descrever meu amigo. – disse Ron, que voltara com um tufo a menos no cabelo do lado esquerdo.
- O que significa isso? – perguntou Hermione sorrindo.
- Não conteste. Antes isso do que o que ela pretende fazer com Fred.
As três mulheres viraram-se para olhar Fred, mas repararam que ele não se encontrava mais no quarto. Provavelmente já fugira. Jorge, Carlinhos e Gui riam da situação e Fleur foi se juntar a eles. Molly voltava para perto de Ginny.
- Posso segurar um pouco minha neta?
- Depende. – respondeu Ginny. – A senhora sabe que o cabelo dela é sagrado, não? Esses 200 fios de cabelo ruivo são a minha marca nessa criança. Não ouse deixá-la apenas com os olhos de Harry, ele não iria parar de me perturbar.
A Sra. Weasley sorriu e pegou Marin no colo. Ginny não parava de erguer os braços, como se temesse que ela caísse a qualquer momento.
- Ginny, relaxe. Já cuidei de sete, sei o que estou fazendo... – respondeu Molly dando um beijinho na mão de Marin e se afastando para andar com ela pelo quarto, Ron acompanhando-a.
- E o seu, Mione? Quando teremos o prazer de sermos apresentados ao pequeno ou pequena Granger Weasley?
Hermione pareceu hesitar ao responder.
- Não sei, Ginny. Eu e Ron não voltamos a conversar sobre isso... Desde, você sabe... Tudo.
- Hum... – disse a ruiva, pois nesse momento entrava um curandeiro no quarto.
- Com licença. – ele disse. – Como vão a Sra. Potter e a Srta. Potter?
- No momento a Sra. vai bem, devemos nos preocupar é com a Srta. no colo da minha mãe.
O curandeiro riu e depositou alguns objetos numa mesinha ao lado da cama de Ginny. Fleur voltou para o lado de Ginny, extremamente vermelha, dizendo que, agora, o alvo era a relação dela e Gui. As duas sorriram.
Fleur, que acabara de chegar, tomou o lugar de Hermione e fez com que esta chegasse mais perto da mesa e então, de repente, um dos objetos começou a apitar e piscar. As três olharam deste para o curandeiro que parecia impressionado. Sorrindo, ele olhou para Fleur.
- Meus parabéns!
- Pardon?
- A senhora está grávida.
O ar parou. Molly, Ron e até mesmo os homens que tentavam extrair informações de Gui, se calaram.
- Quê? – foi a vez de Gui perguntar.
- O aparelho – disse o curandeiro dando a volta na cama e pegando o objeto que continuava a apitar e piscar. – é um detector. É possível sabermos, através dele, se uma bruxa está grávida.
- Mas eu não estou grávida! – disse Fleur, com as mãos no peito, explicando-se.
- Está! – disse o curandeiro sorrindo.
- Não, não estou! – ela disse se afastando.
Não adiantou muito. Enquanto ela ia andando de costas, querendo afastar-se do aparelho e procurando por Gui, o curandeiro ia aproximando-se com o braço estendido, o aparelho em sua palma.
Todos olhavam fixamente para o pequeno objeto que piscava, regularmente, num azul suave. Seu bip, bip, bip hipnotizando todos.
Fleur abraçou Gui, ele parecia perplexo.
- Mas não é possível – ele começou – eu e Fleur decidimos que não é a hora e estamos nos prev...
Mais uma vez, o ar parou. O objeto parara de piscar e de apitar quando o curandeiro se aproximou de Fleur novamente.
- Eu sabia! Seu objeto está com defeito. – disse Fleur, que parecia aliviada.
- Não, não está... – disse o curandeiro confuso. – Se não é você...
Ron olhou o curandeiro. Ele virou nos calcanhares. O ruivo sabia o que estava prestes a acontecer.
Passo a passo ele ia se aproximando de Hermione, que parecia congelada junto à mesa. Os segundos para Ron nunca demoraram tanto a passar.
Ele se aproximou de Hermione. A respiração da garota parecia incapaz de continuar enquanto tal objeto estivesse perto dela.
Nada aconteceu.
Hermione passou a mão na testa, aliviada e sorriu.
- Nossa, por um momento eu pensei que est...
Bip.
Silêncio.
Bip.
- Quê?!?! – foi apenas o que Ron conseguiu dizer.
Bip.
- Whisky de Fogo!!! – gritou Jorge.
-
E aí, gente? O que acharam do último cap?
Mas o epílogo vem aí! Não vou matar ninguém de curiosidade querendo saber sobre o filho deles! xD
Comentem, please! =**
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