Capitulo 4



Hermione estava na cama do hospital, amamentando cuidadosamente o bebê, o olhando com carinho e doçura. A pele morena dele contrastando fortemente contra a branca dela. Olhou para Arnald, sentado na cadeira ao lado, os observando.
_Um menino tão lindo.- ela murmurou.- E tão saudável. Com a mãe morrendo de Aids.
Os olhos dela foram para ao leito ao lado, onde uma garota de 15 anos mal respirava, olhando o filho nos braços de Hermione. O irmão abanando-a, tentando ajuda-la, olhando o sobrinho também.
_Como o mundo é ironico.- Hermione sorriu amarga.
_Não pense mais nisso.- Arnald pediu- Essas coisas acontecem.
_Uma mãe perder um filho não devia acontecer.- ela murmurou com lágrimas nos olhos.
Nesse momento Rony entrou, trazendo um copo de água para Arnald. Estava arrasado também. Era um menino, como Hermione havia dito que seria. Mas, ele se fora em algumas horas por um problema no coração. Olhando Hermione, ali triste e abatida só fez seu coração afundar ainda mais.
_Um elfo foi trazido para cá hoje, sabia?- Hermione comentou.- Também está doente.
_Este lugar deve estar cheio de elfos doentes, Mione. _Rony respondeu- Mas, não há nada que você pode fazer.
_Eu sei. Mas, isso me faz mal. Eu devia poder fazer alguma coisa. Falar com o médico responsável talvez. Aquele senhor magro e careca ali, ele é o encarregado dos elfos. Talvez se eu...
_Hermione, você precisa relaxar. - Rony a interrompeu.- Pelo menos por essa semana, nada de pensar em elfos. Por favor.
_Está bem.- ela concordou, mordendo o lábio inferior, e olhando o bebê em seu colo, a verdade é que estava muito cançada.

Rony estava finalmente em casa, depois de duas semanas no hospital, Hermione estava pronta para voltar a sua rotina. E lá estava ele, cuidando de suas flores na estufa, ensinado ao jovem jardineiro, como misturar o inseticida na água, e aconselhando-o a usar máscara e luva para não se intoxicar.
_Vou só pegar outro pacote de inseticida, já volto.- Rony respondeu, subindo o jardim em direção da bonita casa em que morava.
Viu que Hermione e Arnald estavam conversando na varanda, e não o haviam visto. Mesmo se sentindo um pouco culpado, se aproximou silenciosamente, a tempo de ouvir Hermione falar.
_É horrível, Arnald! Revoltante! Como um casamento de conveniencia que só gera frutos podres. - mas, ela se calou ao vê-lo subir as escadas da varanda para a casa.
Ele sentiu seu estômago afundar, surpreso. Será que mesmo depois de tudo que eles passaram juntos, todo o tempo de amizade e de amor, tudo o que ela podia pensar sobre o casamento deles era isso? "Um casamento de conveniencia que só gera frutos podres." Sentia-se magoado e ferido, ele não sentia nada daquilo. Amava-a como sempre amara, talvez até um pouco mais. Como ela podia pensar isso deles?
_O que você pensa que esta fazendo com esse negócio na minha casa?- ela se levantou, subtamente furiosa, apontando para o inseticida dele.
_Só vim pegar mais uma caixa.- ele respondeu seco.
_Pois tire isso daqui!- ela pegou o pacote e o atirou fora da sacada.- Agora! Eu não quero ver mais isso na minha frente. Inacreditável!- e entrou em casa pisando duro.
_Está bem, Hermione!- Rony gritou, estava cheio daquilo. Tudo o que fazia era cuidar dela, e ela só o tratava com despreso.- Se isso te faz se sentir melhor, eu tiro!
_Rony, acalme-se, por favor.- Arnald pediu, parecendo preocupado.
_Qual o problema dela? Isso aqui só mata insetos, não mata ninguém se não for engolido, certo?
_Certo.
_Então por que ter esse chilique todo? Ela está me culpando pelo bebê, não é? Se vingando de mim.
_Não é isso. Ela não o culpa de nada, não foi culpa de ninguém, aconteceu.
_Talvez, se eu tivesse insistido para irmos a um hospital melhor...- Rony falou em voz alta o que andara pensando desde a morte de seu filho.
_Provavelmente não faria diferença. Só dê um tempo a ela, Rony. A Hermione anda muito estressada.
_Sério, não percebi?-Rony respondeu ironico, mas resolveu seguir o conselho de Arnald. "Afinal, ele passa mais tempo com minha mulher do que eu."

Hermione andava pelo jardim da cada de Richard, que ela e Rony estavam vistando. Rony mostrava a esposa do amigo como cuidar de lírios, e ela procurava por Richard. O fizera prometer que mandaria o relatório para Londres, mesmo não sendo sua área, e agora queria saber o que haviam respondido. Foi quando viu o filho de Richard correndo pelo gramado, e fazendo cócegas nele, enquanto ele passava murmurou:
_Vá se aprontar para o jogo, ou vamos nos atrasar.- sorriu, mas, sentiu uma aperto no coração. Nunca veria um jogo de seu filho.
Encontrou Richard no escritório, revendo pastas. Ele, ao ve-la, fechou a maioria delas, encarando-a com falsa inocencia.
_Então?- ela perguntou.
_Então o quê?
_Você não contou nada ao Rony, não é?
_É claro que não, você me pediu silencio, e foi o que eu fiz.
_E a resposta de Londres?
_Eles leram seu relatório e vão pensar no assunto.
_Só isso?- ela murmurou decepcionda, havia trabalhado dia e noite por meses, para tudo ficar pronto.
_Não dá pra fazer muito mais sem a assinatura do médico responsável e outros dados.
_Mas, ele desapareceu.- ela murmurou frustada, sentando-se numa cadeira, roendo a unha.- E de que outros dados eles estão falando?
_Nada importante.
_Se não é nada importante, porque apenas pensar no assunto, e não fazer nada imediantamente?- ela perguntou desconfiada, mas Richard não respondeu.- Deixe eu ver a carta?
_Não posso.
_Por que não?
_Ela, hum... não é muito delicada.
_Deixe-me vê-la, Richard.
_Não posso, você só iria se ofender, e não daria em nada. Por que não desiste, Hermione, não vale a pena. Eles são poderosos demais.
_E se... - ela tomou folego- você ganhasse algo em troca da carta?
_Como o que?- ele perguntou surpreso
_Uma coisa que você quer muito, mas sabe que nunca poderá ter?- ela sorriu.
_Que é....?
_Eu.
_O quê?!.
_Você me deixa ler essa carta, e eu durmo com você. O que acha?
Ele a olhou longamente. Era verdade que havia se apaixonado por ela quase no mesmo momento em que a vira, e que faria tudo para tê-la em seus braços. Mesmo assim, aquela era uma carta perigosa, vinda de pessoas perigosas. Viu-a sorrir mais para ele.
_Dentro dessa caixa tem uma chave, que abre o cofre que tenho embaixo do tapete. A senha do tapete é "Varinha", pegue o papel, leia, e o devolva. Depois discutimos o que fazer.- ele piscou para ela, e saiu, não podia se atrasar para o jogo de quadribol do filho.

NA/ E agora? Promessa é dívida, e afinal, ela parece estar tão infeliz com o casamanto... Continuem lendo, e comentem! Mary

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