Quantas perdas ela agüenta?
Cap. 03_
Harry continuou acariciando os cabelos de Hermione, enquanto ela chorava, até que ela se afastou limpando o rosto com as mãos e dizendo:
_Estou melhor, Harry. O... Obrigada. _e sentando-se na cama, passou as mãos pelos cabelos afastando-os dos resquícios de lágrimas.
_Eu preciso falar com Dumbledore, ok? _ele perguntou ajoelhando-se a sua frente _ Você não quer me esperar lá em baixo?
_Não. _ela respondeu fungando _Acho que vou ficar aqui mesmo. _Harry ficou pensando na dificuldade que seria subir novamente até ali e Hermione pareceu ler seus pensamentos _Mas você pode entrar pela outra porta, Harry. É uma passagem secreta atrás da bruxa de dois narizes. A senha é “Salvem os elfos”.
Harry riu. “Ok” _respondeu levantando-se, dando um beijo na testa da garota e saindo.
Pulou no escorregador, chegou rapidamente no salão comunal e a primeira coisa que viu, o fez arregalar os olhos e levantar aos tropeços do chão: Rony estava, praticamente, engolindo Lilá Brown em um dos cantos do salão comunal.
Localizou Gina sentada em uma poltrona, emburrada e passando a mão, distraidamente pela orelha de bichento. Harry foi até ela e sentou-se no braço da poltrona.
_O que ele está fazendo?
__Bom, está bem explícito, não está? _ela respondeu com um tom que demonstrava muito bem o que ela achava daquilo _Ele estava aqui comigo quando Lilá entrou, então ele resmungou que se Hermione achava que Krum era milhões de vezes melhor que ele, ele sabia de alguém que não achava. Foi até ela e... Bem, você está vendo.
Harry olhou mais uma vez para o amigo, agradecendo mentalmente o fato de Hermione ter ficado lá em cima. Ele devia entender que ela ficara nervosa, mas no lugar disso, resolveu se vingar de uma maneira que ele achou muito injusta.
Levantou-se e ignorando o casal, e sendo ignorado por ele também, passou pelo buraco do retrato. Ele entendia como Hermione estava se sentindo. Há muitos anos perdera os pais, há pouco tempo o padrinho e sabia perfeitamente bem que a dor de ter uma pessoa querida ir embora era muito grande. Assassinada brutalmente, então, era mil vezes pior.
Ele queria fazer algo por ela, porque quando ele estava mal e tentando afastar as pessoas que queriam ajudá-lo, ela pulou a barreira que ele mesmo erguera e ajudou-o a enfrentar momentos difíceis.
Estava tão perdido em pensamentos que só se deu conta de onde estava quando parou na frente da gárgula que escondia a passagem para o escritório do diretor e lembrou-se de que não sabia a senha.
_Ah, não. Merlim! _exclamou decepcionado. Mas, para sua mais imensa surpresa, ao dizer a palavra Merlim, a gárgula começou a se mover e a abrir passagem. _Merlim? _repetiu ainda surpreso. _Puxa, que fácil. _e começou a subir as escadas em caracol.
A escada levou Harry até a porta do escritório, mas, quando ele ergueu o braço para bater, ouviu vozes agitadas dentro da sala e se conteve.
_Alvo, ele não merecia passar por isso. Não merecia. _era a voz de McGonagal e Harry notou um tom choroso que não era habitual.
_Eu sei, Minerva. Hermione é uma garota fantástica. _Harry se assustou _Mas nós precisamos contar a ela o quanto antes.
_Claro. Com certeza. Ela vai ficar muito... _e soluçou _Abalada, Alvo. Você quer que eu faça isso?
_Não, Minerva. Eu acho melhor que seja eu ou alguém próximo a ela.
Harry entendeu, então, do que eles estavam falando. Bateu na porta e, sem esperar resposta, abriu-a.
_Com licença, profº. Eu sinto muito, não sabia que estava ocupado. _Minerva se mexeu desconfortável na cadeira e Dumbledore murmurou “entre” _Eu... Eu ouvi sobre o que estavam falando. _falou de uma vez, entrando na sala e recebendo um olhar assustado e alarmado de Minerva. Dumbledore não expressou nenhuma reação e Harry prosseguiu: _E ela já sabe.
_Como ela soube? _Dumbledore perguntou unindo as pontas dos dedos.
_Saiu no jornal. O Sr deveria ter imaginado que todos iam comentar a morte dele.
_Dele?! _Minerva virou-se para encará-lo _Do que você está falando, Potter?
_Vítor Krum. _Harry respondeu começando a ficar confuso _Do que vocês estavam falando?
Minerva virou-se novamente para Dumbledore, como se pedisse instruções. Ele piscou calmamente e comandou:
_Minerva, deixe-nos a sós um momento, por favor. _ Minerva levantou-se e saiu sem relutar, aparentando não querer participar da conversa _Sente-se, Harry.
Harry obedeceu e ficou esperando que ele dissesse algo, mas ele ficou apenas olhando-o por cima dos óculos meia-lua.
_Hm _ele tentou iniciar a conversa _Eu achei esse ataque suspeito, profº. Vim perguntar como aconteceu.
_Tem muitas coisas sobre Krum que você precisa saber, Harry. Ele era um comensal...
Harry ficou chocado. Mesmo Rony tendo cogitado essa possibilidade, ele não chegara a acreditar. E Rony tinha razão. Rony tinha razão e Hermione ia ficar arrasada. Sentiu um forte aperto no peito por isso.
_Um comensal? _Harry repetiu, começando a sentir ódio de Krum e pensando que devia ter dado um jeito nele durante o tribruxo _Então é isso? Ele era um comensal, se acovardou e Voldemort o matou.
_A história não é tão simples assim. Ele era um comensal, mas não se acovardou. Ele se regenerou...
Harry continuou achando a história simples: ele era comensal, se regenerou e Voldemort o matou, mas achou melhor não interromper.
_Há algum tempo ele tem se comunicado comigo através de cartas, agindo como espião para o nosso lado, e acho q a Srta Granger teve muita responsabilidade nisso... Enfim, um espião estrangeiro seria muito útil...
_Então ele foi descoberto. _Harry interrompeu achando que Dumbledore estava dando voltas demais.
_Não foi exatamente descoberto. Ele... Acabou se denunciando.
Harry não entendeu. Se denunciar era burrice demais pra qualquer um. Burrice demais até para um trasgo montanhês. Burrice demais até mesmo para Draco Malfoy.
_Não entendo. Por que ele fez isso?
_Ele veio para cá há alguns dias e Voldemort encarregou-o de uma missão que ele era incapaz de aceitar. Uma missão que ele era incapaz até de fingir aceitar. Quando ele ouviu o que Voldemort estava planejando ele tentou convencê-lo de desistir. Mas Voldemort é muito esperto, acabou desconfiando...
_Mas... O que Voldemort estava pretendendo fazer? _Harry perguntou imaginando o que podia ser tão importante para Krum a ponto de fazê-lo estragar seu disfarce.
_Matar o sr e a sra Granger.
Os olhos de Harry se arregalaram e ele ficou chocado e, por um minuto, achou ter ouvido errado.
_Mas... _ele não sabia o que dizer. Sentia-se impotente e a dor que Hermione, com certeza, iria sentir já começava a faze-lo se sentir mal. _Por que o Sr e a Sra Granger?
_Não é óbvio, Harry? _Dumbledore perguntou com tristeza _Porque Hermione é sua amiga.
***
Gina cansou de assistir ao pequeno show de seu irmão e resolveu subir para o próprio quarto. Não que tivesse ciúme de Rony. Na verdade, se ele quisesse beijar duas garotas diferentes por dia, ela não se importaria. O que estava a incomodando mesmo era que, primeiramente, Rony estava sendo hipócrita, porque ela mesma já cansara de ouvir broncas do irmão quando ele a encontrava com algum garoto. E, depois, Gina sabia que Rony estava fazendo isso para irritar Hermione isso era injusto não só com Lilá, mas com ele próprio e com Hermione, também.
Abriu a porta do quarto e encontrou uma coruja sobre a cama, Foi até ela e pegou o pergaminho. Assim que fez isso, a coruja levantou vôo.
Reconheceu o timbre da escola e começou a ler.
“Srta Weasley
Estou enviando esta carta para comunicar que a primeira aula da equipe voluntária de ensino será realizada na próxima quarta feira, depois da última aula do período. As aulas serão todas as semanas, nesse mesmo dia e hora.
Qualquer dúvida que você tenha sobre a matéria, pode entrar em contato comigo.
Segue anexa a lista de alunos inscritos.
Marisa Sumers
Profª de DCAT”
Marisa Sumers, a nova profª de DCAT sempre despertara a simpatia de Gina. Era uma mulher simples, simpática e bonita, apesar de seu uma mulher misteriosa. Além disso, sempre ajudava os alunos que precisavam de ajuda.
Abriu a lista de alunos e não viu problemas na sua. Estava até começando a gostar da idéia e a planejar planos de ensino.
Até que viu a lista de Draco e sua raiva voltou. Por que será que na lista dele só tinha meninas?
***
O estômago de Harry afundou. Era culpa sua. Culpa exclusivamente sua. Ainda sentiu uma última esperança e, passando as mãos pelo cabelo pediu:
_Por favor, profº, me diga que vocês conseguiram salvar o sr e a sra Granger.
_Não, Harry. _Dumbledore respondeu olhando para as próprias mãos _Infelizmente, não.
Harry exclamou algo que Dumbledore fingiu não ouvir e levantou-se da cadeira bruscamente.
_Como?! _ele perguntou andando pela sala _Como a ordem permitiu isso?!
_Nós não tínhamos como saber, Harry. Krum morreu antes de nos contar.
_Puxa, como Krum é horrível, não é?! _ele perguntou ironicamente, furioso pelo que acabara de ouvir. Os pais de sua melhor amiga foram assassinados por sua culpa. _Como ele pôde morrer sem nos contar?! E os outros espiões?! Por que é que eles não contaram?!
_Se você está se referindo ao Snape, ele só ficou sabendo quando tudo já tinha acontecido.
_Mas vocês deviam ter imaginado! _ele berrou. Não se importava de estar sendo grosseiro. A única coisa que lhe atingia no momento era pensar em como Mione ia se sentir. _Por Merlim, profº, eles eram trouxas, pais da minha melhor amiga! Vocês deviam ter previsto isso!
_Admito, Harry, que houve uma falha na segurança, mas fizemos o melhor que podíamos. Voldemort descobriu um meio de contornar os feitiços que fizemos para protegê-los.
_Uma falha na segurança? _ele sibilou com raiva _Eles estão mortos e o melhor que o sr tem a dizer é que houve uma FALHA NA SEGURANÇA?! _Houve uma pausa durante a qual Dumbledore ficou apenas olhando para Harry, enquanto este respirava pesadamente tentando recuperar o fôlego perdido. _Eles eram trouxas, profº, não podiam nem se defender. _ele completou fracamente.
_Ninguém pode se defender de um Avada Kedavra, Harry. Nem um bruxo. Exceto você.
Harry fez um barulho de desprezo, caminhou até a parede e encostando a testa na superfície fria, socou-a, como se isso mudasse alguma coisa.
_Você pode ficar aqui gritando comigo, se quiser, Harry. Ou pode esmurrar minhas paredes e portas ou quebrar todos os meus objetos como já fez uma vez. Mas você sabe que nada disso vai mudar a situação e que o melhor que você poderia fazer era ficar ao lado da srta Granger. _Harry continuou encarando a parede _Porque ela vai precisar muito de você agora. _Harry fechou os olhos com força. Hermione não merecia isso. Ela não. Merecia. Isso. Então se virou e saiu batendo os pés até a porta. Quando ergueu a mão até a maçaneta, porém, Dumbledore chamou-o novamente. Ele virou-se a contra gosto _Você quer contar a ela?
Harry não respondeu. Apenas fulminou Dumbledore com o olhar e saiu batendo a porta. Mas o diretor sabia que isso era um sim.
Perambulou pelos corredores a passos lentos e se refugiou no corujal durante a tarde, desejando, intimamente, evitar o momento em que ia ter que olhar dentro dos olhos de Hermione e dizer-lhe que seus pais haviam morrido. Era injusto demais. Era cruel demais.
Se pudesse tirar essa dor da garota e sentí-la por ela, Harry faria. Mas não podia. E por mais que demorasse não podia evitar isso para o resto da vida.
Entrou no salão comunal antes de ir para o quarto de Hermione. Rony era um dos melhores amigos de Mione e ele achou que faria bem ele estar com ela.
_Rony? _ele chamou indo até ele e Lilá, no mesmo canto do salão que estavam anteriormente. Rony se afastou de Lilá com uma expressão que dizia com todas as letras “o que é?” _Posso falar com você? ... Mais... Pra lá?
Rony fechou a cara. Murmurou “já volto” para Lilá, que teve um acesso de risos acompanhado a distância por sua amiga Parvati, e seguiu Harry.
_O que é?
_Aconteceu uma coisa, Rony. A Mione...
_A Mione? _Rony interrompeu _Ela continua choramingando pelo Krum? Sinto muito, Harry, mas se ele é um milhão de vezes melhor que eu, _e falou isso de um modo sarcástico _não há nada que eu possa fazer.
_Não! _Harry retrucou fazendo um gesto exasperado. _Não é nada disso. O que aconteceu é pior. A Mione... _e pensou eu como dizer _A Mione, ela vai precisar de nós agora e...
_Escuta Harry, _e colocou uma das mãos em seu ombro _eu estava com uma garota. Não sei se você reparou e isso pode parecer surpreendente, mas eu estou com uma garota.
Harry encarou-o enojado e indignado. Como uma garota qualquer podia ser mais importante que sua melhor amiga há anos? Mais importante que a garota que sempre estivera ao seu lado, que sempre o ajudar com os deveres?
_Volte para a sua garota. _ele respondeu com desprezo, empurrando o braço de Rony e saindo da sala comunal.
_Saiu de lá com mais raiva do que quando entrara. Raiva de Rony, raiva de Snape, raiva de Dumbledore, raiva de si mesmo, mas principalmente raiva de Voldemort. Raiva da pessoa que acabara com sua própria família e agora com a família de Mione. Uma família que nem estaria envolvida nisso se ela não fosse amiga de Harry Potter. Naquele momento, dominado pela raiva, ele jurou que ia acabar com Voldemort, custasse o que custasse, ele ia fazê-lo pagar por cada lágrima que Mione derrubasse.
Quando deu por si, já havia dito a senha para a bruxa de dois narizes e já estava dentro do quarto de Hermione novamente.
_Harry? Você demorou. _ela comentou tentando forçar um pequeno sorriso _Q... Que acara é essa?
Comentários (1)
Raiva do Rony!! :@Já estou quase chorando pela notícia que Harry vai ter que dar... =(
2012-08-01