Apostando um coração



Cap. 02_

Harry precisava conversar com Dumbledore. Estava achando aquela história entranha demais para ser um acontecimento isolado. Krum era sangue puro, rico, não tinha influência sobre autoridades, não tinha envolvimento direto com pessoas da Ordem da Fênix, então, por que diabos, Voldemort poderia querer eliminá-lo?

Aquilo estava o deixando com a pulga atrás da orelha, mas, antes de conversar com o diretor, queria falar com Hermione.

Vítor Krum fora uma pessoa muito importante na vida de Hermione e ele sabia disso. E sabia, também, que as grosserias de Rony, em um momento tão inoportuno deviam tê-la deixado muito mal.

Entrou pelo buraco do retrato da mulher gorda e correu os olhos pela sala comunal, mas não vim Hermione em lugar nenhum.

_Colin, viu Hermione? _perguntou ao garoto, um ano mais novo, que fazia lição em uma das mesas perto da lareira.

_Subiu para o dormitório. _ele respondeu desviando o olhar dos próprios pergaminhos. _Ela estava meio... Preocupante, Harry.

_Ela estava chorando. _acrescentou, sem muito tato, uma menina loirinha ao lado do garoto.

_Obrigada. _Harry respondeu e caminhou até o pé da escada dos dormitórios femininos. Sabia que, assim que começasse a subir, a escada se transformaria em escorregador e ele seria levado de volta ao chão do salão comunal.

Mas ele conseguiria subir, de qualquer forma. Afinal, era Harry Potter, certo?

***

_Eu não sei no que estava pensando, Srta Weasley, ao agredir um funcionário. _McGonagal trovejou sentada a sua mesa. Draco e Gina estavam sentados a sua frente e Snape caminhava desconfortavelmente de um lado para o outro.

_É. No que estava pensado, srta Weasley? _perguntou Draco com um tom imensamente divertido na voz.

_Não repita minhas perguntas, sr Malfoy. Eu não o chamei aqui para isso. _e virou-se novamente para Gina _Uma agressão física. Sabia que isso podia gerar uma expulsão?

Gina sentiu o estômago despencar.

_Não, profª, por favor. _ela choramingou desesperada _Não. Minha intenção não era acertar um funcionário. Eu queria acertar o Malfoy.

_Ah, claro. _Snape comentou com sua voz baixa, profunda e com sarcasmo _Isso melhora muito as coisas.

_Não. Não foi que eu quis dizer. _ela exclamou tentando consertar as coisas _Eu só estava revidando. Ele me atacou primeiro.

_Não ataquei, profº. _Draco mentiu virando-se na cadeira _o sr está vendo algum machucado na Weasley? _Gina virou-se para ele revoltada.

_Ele está certo, Minerva.

_Ele errou! Não estou machucada porque ele errou! Profª, _e virou-se para Minerva com um olhar suplicante _ele errou! Eu juro.

Minerva olhou para Snape por cima dos oclinhos quadrados e comentou rispidamente:

_Já conversamos sobre isso, Severo. _e encarou novamente os dois alunos _Não temos interesse nenhum em saber quem começou com o quê. O fato é que é inadmissível que dois alunos, nos últimos anos da escola, não consigam ficar no mesmo lugar, por meia hora, que seja, sem explodir armaduras ou começar guerras com troféus. Então decidimos que vocês vão ter que aprender a trabalhar juntos. Seja por bem ou por mal. _McGonagal fez uma pausa antes de continuar: _Resolvemos organizar, na escola, um sistema de monitoria para ajudar alunos com dificuldades em algumas matérias e, levando-se em consideração suas ótimas notas em DCAT, srta Weasley, e as suas em poções, sr Malfoy, vocês serão os primeiros voluntários.

_Eu não me voluntariei pra nada! _Draco exclamou franzindo o nariz.

_Eu voluntariei você. _McGonagal respondeu indicando claramente que isso era uma ordem sem chances de ser desobedecida.

Draco girou novamente na cadeira e encarou Snape, que parara de andar pela sala.

_O Sr concordou com isso?

_Ordens superiores, Malfoy. _Gina supôs que aquilo só podia ter sido intervenção de Dumbledore e, levando-se em conta a opção, que era ser expulsa, ela agradeceu imensamente.

_Humpt. _Malfoy bufou e virou-se novamente pra frente. _Mas eu não tenho tempo pra isso, profª. Tenho aulas e sou monitor chefe. _e bateu com orgulho no recém adquirido distintivo _Eu tenho andado muito ocupado.

_Devia ter pensado nisso antes de se meter em encrencas, Malfoy. _disse McGonagal e, levantando-se, foi até a porta e abriu-a, indicando que a conversa estava acabada.

Malfoy levantou-se fazendo barulho com a cadeira e Gina saiu sem chamar atenção. Estava bem contente por terem esquecido do que ela tinha feito enquanto discutiam com Malfoy.

_Contente, Weasley? _ele perguntou trazendo-a de volta a realidade _Agora que vai passar bastante tempo olhando para o meu rostinho lindo?

_Na verdade, Malfoy, eu preferia ensinar inglês ao Grope. _Gina respondeu. Grope era o meio irmão gigante de Hagrid que habitava a floresta proibida e que Hagrid passara muito tempo tentando ensinar a falar. _Acho que vou sugerir isso a McGonagal da próxima vez que encontrá-la.

Draco assumiu um ar sério e parou no corredor, de frente para a ruiva. Ela parou também e encarou-o em um ato de desafio.

_Pode dizer o que quiser, mas eu aviso desde já, Weasley. Não se apaixone por mim.

Ela apertou os olhos, indicação de que estava brava.

_Idem, Draco Malfoy.

E, ao mesmo tempo, se viraram e partiram para lados opostos do corredor.

***

Hermione estava com a cabeça enfiada nos travesseiros. Fora em Krum que dera seu primeiro beijo. Fora Krum que lhe mostrara que ela especial e muito importante para alguém. Krum escutara suas preocupações com Harry durante o torneio tribruxo, mesmo concorrendo com ele. Krum a aceitara do jeito que ela era e não se afastara quando ela lhe disse que queria ser sua amiga. E agora Krum se fora e a única imagem que não saia de sua cabeça de jeito nenhum era a foto em preto e branco, imóvel, do jornal. Imóvel não por ser uma foto trouxa, mas por ele estar morto, com os olhos abertos e inexpressivos e deitado de costas no chão.

E, como se isso não fosse o suficiente, ainda tinha que ouvir de Rony todas as grosserias e injúrias que ele falar, quando o que ela queria, na verdade, era dar-lhe um abraço e chorar em seu ombro. Por que ele não podia, uma vez na vida, tentar entendê-la?

Uma batida na porta, mais parecida com um chute desengonçado, a tirou da cama. Limpando o rosto com as costas da mão, Hermione foi até a porta e abriu-a. Se fosse em qualquer outro dia, ela teria rido do que encontrou do lado de fora: Harry se segurava com as mãos na parede, fazendo pressão com os braços para não escorregar, e com os pés subia pela escada transformada em escorregador.

_Posso entrar, Mione? É bem difícil ficar assim.

Ela ajudou-o a entrar surpresa.

_Por que veio até aqui? _ela perguntou enquanto ele se sentava na cama e olhava em volta examinando o quarto. Não viu muita graça nele. Era igual ao seu dormitório, exceto pelo fato de que tinha apenas uma cama no lugar de quatro, porque Mione era monitora chefe e tinha um quarto só para si, duas portas a mais além da que dava acesso às escadas, ele supôs que uma fosse de uma banheiro e a outra desse acesso a alguma outro lugar, e diversas tranqueirinhas femininas espalhadas por todo lado.

_Fiquei preocupado. _ele respondeu e ela fungou. Ele sabia que a próxima coisa que ia dizer era detestável de se ouvir, mas ele queria que ela soubesse que ele estava ali. _Eu sei como você se sente _E ficou em pé esperando ser expulso aos pontapés.

Mas não foi o que Hermione fez. Ela deu um passo a frente, quase encostando seu corpo ao dele, jogou os braços ao redor de seus ombros e chorou copiosamente, com a cabeça encostada na curva de seu pescoço.

Harry passou uma das mãos em volta de sua cintura e a outra em seus cabelos, abraçou-a com força e deixou-a ficar ali, tentando passar a ela o mesmo apoio que ela lhe passara há apenas uma semana atrás.

***

Draco estava em seu quarto de monitor chefe com alguns colegas sonserinos. O quarto e seu proprietário eram famosos pelas “pequenas” festas oferecidas aos que Draco considerava a elite de Hogwarts. E essas festas eram famosas pela quantidade de bebidas e pela “qualidade” das convidadas.

Mas, naquele dia, Draco não estava com a mínima vontade de dar uma festinha. Estava com um péssimo humor. E péssimo, era uma maneira bem gentil de expor as coisas.

Acabara de contar a Crabbe, Goyle, Montague e Winter, os dois últimos colegas do time de quadribol, toda a história, desde a briga no corredor até as aulas que seria obrigado a dar, fazendo questão de frisar o quanto odiava, com cada cm do ser, Gina Weasley.

_Aquela Weasley pobretona. _ele resmungou pela centésima vez no dia, deitado na cama brincando de jogar uma goles para cima e pegá-la novamente. _Olha só no que ela me enfiou.

_Relaxa, cara. _Winter, um jogador alto de cabelos curtos e olhos escuros, braço direito de Montague, aconselhou _Sei de muita gente que ia adorar estar no seu lugar, como eu mesmo. Vê se aproveita para reparar bem nas pernas dela. _e jogou a cabeça para trás _Ah, que pernas.

_Tem duas, como qualquer outra. _Draco resmungou rabugento.

Todos riram e Montague, rindo ainda mais que os outros, comentou:

_Ela não é como qualquer outra. E você só está com raiva porque sabe disso e de que não poderia ficar com ela.

_Claro que poderia. _ele respondeu despreocupado, ainda jogando a bola _Eu posso ficar com qualquer uma que eu quiser.

_Não com ela. _Winter respondeu _Weasley tem um gênio impossível. Palavra dos próprios ex-namorados. Você devia acreditar, ela é indomável.

_Não pra mim. Eu sou Draco Malfoy, caso não se lembrem.

_Fala sério, Draco. _Montague retrucou fazendo uma careta _Ninguém conseguiu conquistar a garota até agora, por que você conseguiria? Eu seria capaz de apostar que não. _então sorriu com malícia, como se estivesse tendo uma idéia muito boa _Hei, Draco, quer apostar?

Draco parou de jogar a goles para o ar e encarou o teto por alguns momentos. Depois sentou na cama para encará-lo e perguntou:

_O que você quer apostar?

_Se você perder, eu fico com sua nova Nimbus 3000.

Draco pensou um pouco. Ganhara a Nimbus 3000 na semana anterior de sua mãe e era praticamente apaixonado pela vassoura. Mas tinha uma coisa que Montague poderia lhe dar e que ele queria muito. Queria com todas as forças. Queria mais do que qualquer coisa no mundo.

_Feito. _confirmou com aquele sorrisinho irônico _Mas, se eu ganhar, eu quero a vaga de capitão no time de quadribol.

_Ei! _Winter pulou da poltrona com uma expressão indignada _Eu sou o substituto do capitão. A vaga é pra ser minha, quando ele sair daqui!

_Mas eu ainda não saí e a vaga ainda é minha. _Montague respondeu rispidamente _Eu faço com ela o que quiser. _e encarou Draco pensativamente _Combinado, Draco.

Draco sorriu de modo superior, enquanto Winter bufava zangado. Depois deitou novamente e voltou a jogar a goles para o ar. Afinal, se Potter conseguira conquistar a menina há alguns anos, por que ele não conseguiria?



NA: Gente eu sei que estava meio enfadonha, mas agora começaram a aparecer outros personagens...
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Comentários (1)

  • Isis Brito

    "Não se apaixone por mim"Cara, essa frase é um tabu!! Todo mundo sabe que aí que a pessoa se apaixona mesmo!! rrsrsrs 

    2012-08-01
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