Dragões Para os Campeões
Dragões Para os Campeões
O dia seguinte amanheceu nublado, como era possível ver pelo teto encantado do salão principal. Hermione e Gina tomavam café juntas, conversando. Como ainda era cedo, havia poucas pessoas fazendo o mesmo que elas. A mesa da Grifinória estava quase vazia, e as outras não estavam muito diferentes.
— Eu fiquei furiosa com Colin, sabe — Gina disse, passando manteiga em uma torrada, furiosamente. — O que ele sabe sobre Harry para sair dizendo que é amigo íntimo dele, que você é namorada dele, e tudo o mais?
— Pois é, também fiquei surpresa. Mas talvez ele não tenha dito exatamente isso. Afinal, Rita Skeeter transforma tudo o que as pessoas dizem, pode ser que tenha transformado o que ele disse também.
— Eu sei... Mas fiquei morrendo de raiva. Tive que me controlar para não brigar com ele, e foi realmente difícil, pois ele é meu colega em todas as disciplinas.
Hermione ouviu umas risadinhas familiares. Olhando para trás, viu Vítor Krum sentado quase no final da mesa da Sonserina, sozinho. O grupinho de seguidoras estava por perto, como sempre. Ela soltou um suspiro de impaciência.
— Estou começando a me irritar com esses hóspedes. — murmurou. — Preferia o campeonato das casas, o de quadribol, a vida normal.
— Aquele lá é o Krum, não é?
— É. E aquelas ali são as integrantes do fã-clube oficial dele aqui em Hogwarts.
— Sério?
— Sei lá, mas é só isso que elas fazem da vida; segui-lo.
Gina soltou uma risadinha.
— O problema é delas, não é? Você parece um pouco incomodada demais.
Hermione franziu o cenho, olhando para a amiga, com a colher de mingau parada no meio do caminho entre o prato e sua boca.
— O que você quer dizer?
Mas Gina olhava para o outro lado agora; suas faces coravam e ela empertigava-se.
— Harry... — sussurrou.
Hermione olhou para o lado e viu Harry se aproximando da mesa, apressado. Ele parou ao seu lado e disse:
— Mione, preciso conversar com você.
Ela viu algum desapontamento no rosto de Gina.
— Bem... Bom dia para você também, Harry. — disse, incisiva.
Ele pareceu ligeiramente constrangido, e respondeu:
— Bom dia — virou-se para Gina. — Bom dia para você também, Gina.
Gina ficou ainda mais vermelha, mas conseguiu sorrir para responder:
— Bom dia, Harry.
Como ele continuasse em pé ao seu lado, esperando, Hermione apontou para o próprio prato, contendo ainda metade do mingau, e depois para um lugar vazio ao seu lado, dizendo:
— Sente aí, coma alguma coisa.
— Não dá; preciso falar com você e é urgente.
Ela olhou mais uma vez para Gina, que deu de ombros, e para Harry, que parecia tremer ligeiramente de nervosismo. Acelerou no resto do mingau e saiu do salão com ele, abanando pesarosa para Gina, que sorriu-lhe:
— Depois nos falamos, não se preocupe.
Quando passaram pela mesa da Sonserina, Krum dirigiu-lhes um olhar ainda mais carrancudo do que o normal. Hermione sentiu-se enojada, pois o garoto não era capaz de esquecer que Harry era seu adversário nem mesmo durante o café da manhã de domingo. Andou em silêncio ao lado do amigo até saírem pela porta da frente. Ele começou a se dirigir para o lago.
— O que é tão urgente? — perguntou, numa irritação mais provocada por Vítor Krum do que qualquer outra coisa.
— Muitas coisas. Você não quer saber o que Hagrid e Sirius queriam falar comigo?
— Claro... — ela arrependeu-se do tom anterior. — Claro que quero saber, desculpe o mau jeito. Diga logo.
— Hagrid disse para eu me esconder debaixo da capa e me levou até o meio da floresta. Levou também Madame Maxime, e me disse que não dissesse nada para que ninguém percebesse a minha presença. Você não vai acreditar, eram quatro dragões!
— Dragões? Hagrid está criando dragões outra vez?
— Não, Mione! Eram dragões adultos... Tinha uma equipe cuidando deles, Carlinhos estava lá. E durante a conversa eles falaram em “um para cada um”.
— Cada um quem?
— Acorda, Hermione! A primeira tarefa, na terça-feira! Quatro dragões, um para cada um... Teremos que enfrentá-los!
Hermione deixou o queixo cair. Não imaginara algo como dragões entre as tarefas do Torneio Tribruxo.
— Ele mostrou a você e Madame Maxime... ela certamente contará a Fleur. Mas e... e quanto a Krum e Cedrico?
— Quando estava saindo de lá vi Karkaroff indo na mesma direção. Ele deve ter descoberto os dragões, e certamente contou ao Krum. Quanto a Cedrico... Acho que ele não sabe de nada.
Houve uma pausa. Hermione pensou que não era justo Cedrico ser o único a não saber. Por sua expressão, Harry parecia estar pensando a mesma coisa.
— Mas e Sirius? Conseguiram conversar?
— Sim. Como você disse, ele apareceu na lareira. Ele acha que Karkaroff pode ter posto o meu nome no cálice de fogo.
— Karkaroff? Mas por que ele poderia querer que você participasse do torneio?
— Sirius disse que ele foi um comensal da morte, que esteve em Azkaban e foi solto por um acordo com o ministério, em que entregou outros nomes ligados a Voldemort.
Hermione estremeceu. Karkaroff? Um comensal da morte? Malfoy comentara no trem sobre o diretor de Durmstrang, dissera que ele tinha uma “política mais correta em relação às artes das trevas”.
— Sirius acha — continuou Harry — que Voldemort pode estar tentando voltar. Acha que ele tem a ver com o sumiço daquela mulher do ministério que o Sr. Weasley falou, e que através dela ele pode ter descoberto tudo sobre o torneio. Ele acha que Karkaroff pode estar a mando dele.
— Mas e Dumbledore? Ele não desconfia de nada?
— Claro que sim. Sirius disse que ele contratou Moody para ficar de olho em Karkaroff ao longo desse ano.
— Mas... V-você-Sabe-Quem... tentando voltar? — Hermione sentiu-se invadida por uma sensação terrível, acompanhada de um aperto no estômago. — Bem... Precisamos ficar de olho em qualquer atitude suspeita dele, não é? Mas ainda tem os dragões, acho que eles são o problema mais urgente.
— É... Sirius me disse algo sobre os dragões. Ele me disse que eu poderia usar um feitiço simples para vencer um dragão, mas não teve tempo de me dizer qual.
— Feitiço simples...
— Você consegue se lembrar de algum?
— Não... Mas podemos ir pesquisar na biblioteca.
— Biblioteca, Mione? No domingo?
— Exatamente! Hoje é domingo e você precisa descobrir um jeito de vencer um dragão até terça-feira! Venha.
Ela puxou-o pelo braço, andando de volta até o castelo. Enquanto estavam na biblioteca, Krum chegou também e começou a ler alguma coisa. O olhar que ele dirigiu aos dois foi especialmente carrancudo, mais uma vez.
Hermione perguntou-se se ele era adepto das artes das trevas, sendo discípulo de Karkaroff. Não soube bem por que, mas a idéia a entristeceu um pouco. Não demorou muito para que as garotas que perseguiam o campeão de Durmstrang aparecessem, sem a menor discrição, com uma bandeira da Bulgária. Ela soltou um suspiro forte, impaciente, e Harry riu ao seu lado.
— Será que ele não tem vontade de lançar nelas uma maldição imperdoável?
Hermione não pôde evitar; riu da piada. Ela e Harry não conseguiram encontrar em nenhum dos livros que procuraram algum feitiço simples para se usar contra um dragão.
No dia seguinte, Hermione trabalhava ao lado de Rony na aula de Herbologia. Eles podavam pequenos arbustos, tentando escapar dos ataques de seus galhos.
— Devíamos deixá-las em paz — Rony comentou. — Essas plantas evidentemente não querem ser podadas.
Hermione riu, e escapou por pouco do ataque de um galho de seu arbusto. Harry, que não aparecera na aula, irrompeu de repente na estufa, disse algo apressadamente à profa. Sprout e correu até Hermione.
— Mione, preciso da sua ajuda.
— Mas, Harry? Agora?
— Preciso aprender o feitiço convocatório até amanhã! — ele cochichou.
Ela olhou para Rony, que tinha amarrado a cara e cortava raivosamente os cipós.
— Rony... — murmurou, como quem pede permissão. Ele não disse nada. A profa. Sprout aproximou-se e disse:
— Sr. Potter, srta. Granger. Se é tão urgente assim, conversem lá fora.
Hermione foi com o amigo, um tanto contrariada, e enquanto andava até a saída da estufa, ainda ouviu a professora dizer: — Quanto a você, sr. Weasley, não maltrate a planta, por favor.
— Que houve, Harry? — perguntou, quando já estavam longe das estufas.
— Eu já falei, preciso aprender o feitiço convocatório até amanhã.
— Mas por que essa urgência?
— Porque eu posso passar pelo dragão voando, com a minha vassoura!
— Mas você só pode entrar com a varinha, não pode levar uma vassoura!
— Eu posso chamá-la com o feitiço convocatório, não posso?
Hermione franziu o cenho.
— Quando foi que você teve essa idéia?
— Não tive; Moody teve. Eu estava no corredor conversando com Cedrico e ele me chamou, me levou até a sala dele e conversamos. Ele me disse para explorar meus pontos fortes, e eu disse que meu único ponto forte era voar bem.
— Você estava conversando com Cedrico?
— Sim. Contei a ele sobre os dragões.
Ela sorriu.
— Sabia que ia fazer isso.
Ele também sorriu, um tanto envergonhado. Os dois ocuparam uma sala de aula vazia para treinar o feitiço convocatório. Passaram lá o resto da manhã e o tempo do almoço.
— Accio pena! — disse Hermione, fazendo uma pena voar da mesa em que estava até sua mão. — Sua vez, Harry.
— Accio pena! — disse ele, mas a pena só flutuou até a metade do caminho; depois disso caiu no chão.
— Você precisa se concentrar, Harry!
— O que acha que eu estou tentando fazer?
Ele quis continuar o treino à tarde, mas Hermione se recusou a faltar à aula de Aritmancia. Disse a ele que sacrificaria o jantar, mas não a aula. No caminho até a sala da profa. Vector, encontrou Rony. Ele já ia passando reto por ela, provavelmente aborrecido por ela ter abandonado a aula de Herbologia com Harry e não ter aparecido no almoço. Ela segurou-lhe o braço.
— Já está arrependido?
— Arrependido de quê?
— Do que fez, e continua fazendo!
Ele olhou-a, tinha no rosto uma expressão de raiva.
— Não sei do que está falando.
Ela apertou o braço dele com mais força.
— Você tem um grande talento para faltar com seus amigos quando eles mais precisam, não é? E sempre por causa de alguma bobagem! Será que você não aprendeu nada no ano passado, quando me abandonou no momento em que eu mais precisei? Se eu não tivesse dito que sentia muito, será que estaríamos nos falando hoje?
Por um instante, pareceu passar pelos olhos dele um brilho de arrependimento.
— Por que você não me deixa em paz?
— Porque eu não posso ver isso acontecer! Harry precisa de nós, nós precisamos uns dos outros! Rony... — ela puxou-o mais para perto, e abrandou o tom de voz. — Pense um pouco... seja sincero com você mesmo. Deixe o seu orgulho de lado!
— Pedi para me deixar em paz. — disse ele, como quem encerra o assunto, mas sem olhar nos olhos dela. — Já pedi desculpas a você pelo ano passado. Harry é outra história. — ele soltou o braço da mão dela. — Tenho que ir.
Apesar da negativa dele, Hermione sentia que ele já estava rumando para uma reconciliação. Talvez ele só estivesse esperando uma desculpa grande para ter mudado de idéia. Algo como a primeira tarefa, para poder “admitir” que seria loucura Harry ter se inscrito no torneio por vontade própria. Pelo menos, era o que ela esperava que acontecesse.
À noite, Hermione e Harry treinaram na mesma sala de aula vazia até depois de uma hora da madrugada. A essa altura, ele já dominava a técnica do feitiço convocatório, fazendo voarem até ele livros, penas, pergaminhos e até cadeiras. Foram se deitar, exaustos, ela com um grande peso de preocupação no coração.
A primeira tarefa realizaria-se na tarde do dia seguinte, após o almoço, e os alunos seriam liberados das aulas para assistir. Hermione comia, trêmula, procurando Rony pela mesa da Grifinória. Ele sumira misteriosamente depois do final da aula de História da Magia. Antes do final do almoço, a profa. McGonagall veio buscar Harry para juntar-se aos campeões.
— Boa sorte... — Hermione murmurou.
Uma vez sozinha ali, ela decidiu procurar Rony. Saiu correndo do salão principal e subiu as escadas em grande velocidade. Disse a senha à mulher gorda com tanta pressa que ela quase não abriu a passagem.
— Eu sou uma pessoa, sabe, com sentimentos. — reclamou, girando para o lado.
Sem perder tempo, Hermione adentrou correndo a sala comunal, que estava absolutamente vazia. Subiu até o quarto dos terceiranistas, e Rony estava lá, já despido da capa, do blusão e da gravata do uniforme.
— O que diabos você está fazendo aqui? — perguntou ela, à beira de uma explosão de nervosismo.
— Talvez eu devesse perguntar isso a você. — disse ele, sem se alterar. Alguma coisa miou perto dele e só então Hermione percebeu que ele tinha Bichento no colo e o acariciava.
— Ah, meu Deus! — ela exclamou, quase dando pulos de tão nervosa, levando as mãos à cabeça em desespero.
Numa decisão imediata abriu o malão dele, tirou um blusão e um casaco e os atirou em cima dele e de Bichento. — Vista!
— Por que?
— Porque. Está. Frio. Lá. FORA!
— E por que eu deveria ir lá fora?
Hermione estava a ponto de esmurrá-lo. Ele parecia divertir-se em provocar sua ira.
— Eu vou fingir que eu não sei que a sua intenção era me ver aqui, como uma idiota, obrigando você a se vestir e a sair como se obriga a uma criança que não quer ir à escola. Eu acho que mandei você se vestir!
— Eu só quero ficar em paz; por que você não consegue me ver em paz?
— Não seja ridículo! — ela murmurou, entre dentes, puxando-o pelo braço e com a outra mão agarrando o blusão e o casaco. — Quando chegarmos à rua você vai ficar com frio e vai acabar vestindo. Agora ANDA!
Ela não disse mais nada durante o caminho apressado até a floresta, onde estava montada a arena onde os campeões enfrentariam os dragões. Rony também não; ele deixou-se ser carregado firmemente pelo braço, sem oferecer resistência. Quando os dois sentaram-se na arquibancada, perto de Gina, Fred, Jorge e alguns colegas, ele já estava vestindo o blusão e o casaco que ela escolhera.
Dumbledore anunciou o início da primeira tarefa. O objetivo dos campeões era passar pelos dragões para pegar um ovo de ouro posto junto com ovos verdadeiros dos dragões, que tentariam evidentemente protegê-los. Quem enfrentou o primeiro dragão foi Cedrico, que transfigurou uma pedra em cachorro, tentando transformá-la no alvo. Isso funcionou por um tempo, o suficiente para que ele agarrasse o ovo, mas acabou sendo atingido por uma rajada de fogo. Foi levado diretamente a uma barraca onde estavam sendo prestados primeiros-socorros. A banca de jurados, formada por Dumbledore, Karkaroff, Madame Maxime, Bartô Crouch e Ludo Bagman, apresentou suas notas.
Em seguida, Fleur Delacour entrou na arena, enfrentando o segundo dragão. O ódio de Hermione por ela não durou muito tempo, pois ela se condoeria de praticamente qualquer pessoa que estivesse sendo atacada por um dragão daquela maneira. Depois de algumas quedas e queimaduras, Fleur lançou um feitiço no dragão que o deixou sonolento, e então ela pôde ir até o ninho pegar o ovo de ouro. Ela também dirigiu-se à barraca de primeiros-socorros, mas voltou para ver suas notas.
O terceiro foi Krum. Imponente, o garoto olhava para o dragão como se olhasse para um igual. O dragão vermelho castigou-lhe, derrubando-o sobre um monte de pedras com uma chicotada de sua imensa cauda. Krum ainda apanhou mais um pouco antes de conseguir desferir um feitiço em direção ao olho do dragão, que pareceu muito enfraquecido. Tonto e desorientado, acabou pisando nos próprios ovos, enquanto o búlgaro apanhou o ovo de ouro com tranqüilidade. Ele ficou ali até ouvir suas notas, e pareceu indignado quando perdeu pontos pelos danos à ninhada.
— É agora... — Hermione murmurou, agarrando-se ao braço de Rony.
O dragão que Harry enfrentou era o mais assustador. Dumbledore anunciou a entrada dos dois.
— Para enfrentar o Rabo-Córneo Húngaro, Harry Potter!
Harry foi imediatamente agredido pelo dragão, que o arremessou de um lado para o outro com golpes de sua cauda. Hermione estremecia e sentia Rony também estremecer a cada golpe que o amigo sofria. Harry chegou a perder a varinha, e somente quando a recuperou novamente pôde gritar:
— Accio Firebolt!
A vassoura demorou um pouco a aparecer, e durante esse tempo Harry sofreu mais nas garras do dragão. Quando a vassoura veio à mão de Harry, ele montou-a e fez um vôo espetacular. Foram momentos muito tensos enquanto ele era perseguido pelo dragão no ar, mas Hermione e Rony não contiveram gritos em comemoração quando ele mergulhou para pegar o ovo de ouro, como fazia para agarrar o pomo nos jogos de quadribol.
— Genial! — Rony exclamou. — E Krum nem pensou em voar!
Harry entrou na cabana de primeiros-socorros.
— Vamos até lá vê-lo! — Hermione disse.
Rony resistiu a seu puxão, hesitante. Com um olhar, ela o convenceu a finalmente acabar com aquela grande bobagem. Os dois desceram as arquibancadas e correram ao redor da arena em direção à barraca. Entraram correndo e logo viram Harry.
— Harry! — Hermione ofegou. — Você foi genial!
Mas Harry olhava para além dela; olhava para Rony, que vinha hesitante em seu encalço. Houve um momento de silêncio constrangedor entre os dois. Hermione sentiu um nó na garganta e os olhos marejarem.
— Eu... — começou Rony, de cabeça baixa. — Eu reconheço que, quem quer que tenha posto seu nome no cálice, estava tentando acabar com você!
— Ah, é? — Harry perguntou, sacudindo a cabeça. — Demorou, não é?
Os dois encararam-se por alguns instantes. Hermione alternava o olhar entre eles, mal suportando esperar. Rony parecia reunir forças para balbuciar um pedido de desculpas. Harry cansou de esperar. — Tudo bem, — disse ele — esquece.
— Não — disse Rony. — Eu não devia ter...
— Esquece...
Os dois sorriram, nervosos, e Hermione finalmente desabou. Soluçando, abraçou os dois, que tentavam desvencilhar-se enquanto Harry dizia, em tom de súplica:
— Não há motivo para chorar...
— Vocês são tão burros! — ela exclamou, antes de sair correndo.
Perto da saída da barraca, Hermione esbarrou em alguém e acabou caindo no chão. Vítor Krum abaixou-se para socorrê-la, provavelmente assustado com seu choro desesperado e com o fato de a ter derrubado.
— Está tuto pem com focê? — ele disse, estendendo a mão para ela.
Hermione entregou uma de suas mãos, e sem esforço ele levantou-a com um puxão. Um pouco atordoada, ela sacudiu a poeira das roupas e com a manga do casaco secou as lágrimas.
— Tudo bem sim, me desculpe...
— Venha aqui, para a enferrmeira darr uma olhada em focê...
— N-não é necessário, eu...
Krum puxou-a pelo braço, com surpreendente delicadeza, e ignorou seus protestos. Levou-a até Madame Pomfrey, dizendo:
— Esta garrota está muito nerrfosa, tem como ajudá-la a se acalmarr um pouco?
Madame Pomfrey aproximou-se e sentou-a em uma maca.
— Srta. Granger... ele tem razão. Há uma solução bem rápida. — a enfermeira sacou sua varinha e lançou em Hermione um feitiço. — Feitiço calmante. Sente-se melhor?
Embora ainda continuasse consciente de suas preocupações, Hermione sentiu como se todas fossem muito simples de resolver. Sentiu o ritmo do coração baixar e uma súbita paz de espírito.
— Muito melhor... — murmurou.
Krum sorria ao seu lado, e no instante seguinte a enfermeira não estava mais ali. Subitamente corado, ele disse:
— Meu nome é Vítor Krum, e o seu?
Ela admirou o fato de ele não ter agido como se ela tivesse a obrigação de saber quem ele era. Sorriu, e respondeu:
— Hermione Granger.
Krum recuou um pouco, como se estivesse lembrando-se de algo.
— Já li seu nome no jorrnal daqui, — ele disse. — só não tinha certeza se o nome era seu, empora suspeitasse. — ele encarou os próprios pés. — Focê é a namorrada do Potter, cerrto?
Ela sorriu.
— Não sou, não. Aquilo é invenção daquela jornalista... Somos grandes amigos, apenas.
Krum pareceu revigorado com a informação. Ludo Bagman apareceu, dizendo:
— Sr. Krum, precisamos conversar com os campeões. Me acompanhe, sim?
O garoto acenou para Hermione antes de sair, parecendo chateado em deixá-la. Ela ficou ali, sentada, os breves momentos passados com Krum repetindo-se em sua cabeça.
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