Pedido
Capítulo 9. Pedido
Sirius tentava dormir, apesar de suas costas estarem dobradas numa posição incômoda, ondulando junto com o assento. Ele não imaginou que pudesse ser tão ruim assim abrir mão de sua cama. E estava apenas no terceiro dia.
Claro, ele não pensara muito no assunto quando dissera que Marlene podia ficar com o quarto. Ele nunca pensava. Ele via Marlene listar nos dedos pós e contras até mesmo para escolher o que faria para o jantar, mas Sirius não gostava de passar o mundo em análise.
- Tem certeza que vai conseguir dormir lá? Aquele sofá está com algumas molas quebradas – comentara ela, mas Sirius garantira que poderia dormir em qualquer lugar. Agora ele pensava que, se conseguisse dormir ali, seria capaz de dormir até mesmo numa masmorra.
Virou no sofá, ficando de barriga para cima. Agora duas das paredes da sala estavam brancas. Marlene poderia desistir de fazer a estampa aparecer, pensou. Tinha gostado de não ter que olhar para nenhum desenho levemente colorido cada vez que passava pela sala. Ele não tinha muita certeza se queria mesmo ver o que ela estava preparando. Talvez algo multicolorido que o fizesse ficar tonto só de transitar do quarto para a sala.
Fechou os olhos. Se passasse mais uma noite acordado não sabia o que seria dele. Ou de sua paciência, principalmente se Marlene decidisse que já era hora de fazer compras de novo.
Ergueu o corpo para se sentar. Teve a impressão de ver algo se movendo no corredor escuro. Mas estava cansado demais para ficar curioso. Desviou os olhos para a lareira. Fora instalada no dia anterior, e era feita de tijolos vermelhos que subiam até o teto, formando uma coluna. Deveria ser usada apenas para comunicação, já que não havia uma chaminé e era preciso abrir todas as janelas do apartamento para que a fumaça saísse.
Talvez o problema nem fosse o sofá, mas o fato de ele não conseguir desacelerar os pensamentos. Porque, apesar de estarem se dando bem, Marlene continuava parecendo terrivelmente distante. E havia o fato de James e Lily terem lhe confidenciado que iam se esconder. E Sirius apenas balançara a cabeça e dissera coisas amenas, tentando dissipar a tensão.
E as pessoas diziam que ele não entendia o quão grave era a situação. Mas ele entendia. Só não achava que se desesperar fosse a coisa certa a fazer. Ainda que estivesse vendo as pessoas que gostava correndo perigo.
Sirius olhou novamente para o corredor. E, dessa vez, não teve dúvidas de que havia algo ali. Num movimento ágil, pegou a varinha em cima de uma mesinha de chá e iluminou a sala. O rosto pálido de Marlene surgiu nas sombras. Usava uma camisola branca de mangas compridas. E usava luvas de lã.
- Estou sem sono – falou ela.
Sirius fez um gesto para que ela se aproximasse.
- Também não consigo dormir – disse, se afastando para que Marlene sentasse ao seu lado.
- Estava pensando – ela começou. Brincava com a ponta da camisola entre os dedos. – Já não acho que esse lugar seja assim tão ruim. Quer dizer, é frio e úmido, o banheiro tem infiltrações, mas...
Ela se deteve. Mordeu o lábio, num gesto característico dela quando estava ansiosa. Então, olhou para Sirius.
- Mas acho que gosto de ficar perto de você – completou.
Sirius piscou, imaginando se não estava na verdade sonhando. Marlene raramente falava com sinceridade. Ela sempre se escondera sob meias palavras, comentários irônicos, qualquer coisa que tivesse para não falar o que realmente sentia.
- Também gosto de ficar perto de você – falou ele, revirando os bolsos à procura do isqueiro.
Quando enfim o encontrou, pegou a carteira de cigarros que estava em cima da mesa.
- Mesmo que eu seja obcecada pelo seu papel de parede? – ela riu.
Sirius levou um cigarro aos lábios.
- Sim, mesmo que você seja obcecada pelo meu papel de parede e me obrigue a fazer compras – avaliou, abrindo o isqueiro. Uma chama surgiu, iluminando aquele trecho da sala.
- Todo mundo faz compras, Black.
Sirius fechou o isqueiro, sem ter acendido o cigarro. Virou-se para Marlene.
- Quando vai parar de me chamar de Black? – perguntou.
- Enquanto seu nome for esse? – ela revirou os olhos.
Sirius resmungou alguma coisa e acendeu o cigarro.
- Não gosto do cheiro disso – Marlene fez uma careta.
- Não gosto quando você fala comigo como se não me conhecesse, acho que estamos empatados – ele deu de ombros.
Marlene não respondeu. Simplesmente se inclinou e arrancou o cigarro dos lábios dele, atirando-o no chão. Tinha uma expressão determinada quando avançou na direção dele, pousando os lábios sobre os dele.
Ele recuou assustado, mas logo depois ficou maravilhado com o calor que vinha dela, o gosto doce daquele beijo fazendo com que ele se esquecesse do sono e do desconforto. Sentiu que Marlene se ajoelhava no sofá e se inclinava sobre ele, ela segurava com força a gola do pijama. Sirius envolveu sua cintura, trazendo-a para perto. Mas então ela o empurrou com firmeza, erguendo o corpo para evitar que ele tentasse continuar o beijo.
Marlene respirava rápido. Ela só poderia estar tentando enlouquecer os dois, pensou Sirius, tentando não parecer frustrado. Marlene tinha os olhos baixos, fixos nas mãos que estavam no peito de Sirius.
Então, como se tivesse finalmente se decidido, arrancou as luvas. A visão fez com que Sirius arregalasse os olhos, mirando a mão prateada que refulgia à luz da lua. Ela ergueu a mão entre os dois, mexendo os dedos como se quisesse provar que era real.
- Eu achei bonita quando a vi pela primeira vez - ela falou. - Ainda acho. Por mais irritante que seja ter que andar sempre com luvas.
- Errr... então foi isso que quis dizer com uma "substituta" - Sirius aproximou a mão dos dedos prateados. Achou que Marlene fosse recuar, mas ela não fez isso.
Sirius correu os dedos pela palma prateada. Não era fria como pensara. Mas também não era quente como se esperava que fosse uma mão humana. Era como se segurasse a mão de um fantasma, se isso fosse possível, algo que não era vivo, mas tinha vida.
- Isso explica muita coisa – concluiu o rapaz. – O fato de você fazer magia sem varinha...
- Não é apenas uma mão mágica – seus dedos se entrelaçaram, a mão de prata sobre a mão humana, a luminosidade da mão dela fazendo que dele parecesse azulada. - É uma arma.
Sirius suspirou. Ele já ouvira falar desse tipo de arma, mas achava que ninguém mais cogitasse usá-las. Afinal, não eram muitos os bruxos que achavam prudente abrir mão de suas partes corporais para colocar armas no lugar. Mas Marlene não tivera muita escolha, provavelmente. Era isso ou abrir mão da guerra, e talvez da magia, ele imaginava.
- Foi difícil conseguir isso? – ele perguntou.
- Seria. Mas não com as pessoas que conheço – ela falou, com simplicidade.
- Você quer dizer, as pessoas que encontra quando está disfarçada de comensal da morte.
Marlene balançou a cabeça.
- Eu... eu apenas queria que você soubesse – murmurou. Então, sacudiu a cabeça, como se afastasse um pensamento desagradável. – Você está se arriscando para me esconder aqui. E eu não estou ajudando te contando coisas que colocar sua vida em risco.
Sirius riu, e apertou a mão de Marlene entre seus dedos.
- Está preocupada comigo? Não se preocupe, não pretendo morrer tão cedo – garantiu.
- Verdade, eu não teria tanta sorte – ela fez uma careta.
- Acho que, agora que já resolvemos isso, poderíamos continuar o que estávamos fazendo – Sirius soltou a mão da garota e passou os dedos pela bochecha de Marlene.
- Não lembro de estarmos fazendo nada importante – ela sorriu.
- Eu lembro – Sirius inclinou o corpo para frente e colou os lábios aos dela.
Sentiu as mãos de Marlene correrem por seus cabelos, e então envolvendo seu pescoço, ao mesmo tempo em que ele a trazia para junto de si, novamente envolvido por aquele calor.
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Sirius observava enquanto as costas dela se moviam com o ritmo de suas respiração. Via as escápulas se afastarem levemente e então voltarem a se unir, sob a pele clara dela. Os cabelos se espalhavam em cachos sobre seus ombros. Seu rosto estava virado para ele, sereno, com os lábios entreabertos e os cílios claros se projetando sobre as bochechas de um modo que a fazia parecer uma boneca.
O rapaz sentia-se bem naquela manhã, e sabia que o motivo disso não era apenas o fato de ter dormido numa cama para variar. A maior parte do motivo estava no rastro de peças de roupa que se estendia desde a porta do quarto até o pé da cama.
Enrolou uma mecha do cabelo castanho nos dedos, sentindo o perfume dela nos fios. Não era a mesma coisa de antes. Era melhor. E tamanha identificação o assustava, mais do que assustara quando era criança. Como se tivesse saído para andar na chuva, encharcasse as roupas e os cabelos em busca de sabe-se lá o que e, de repente, se deparasse com alguém fazendo o mesmo. Como uma tarde de verão, com um vasto sol se derramando na grama, e ele se sentisse obrigado a se esconder nas sombras, com medo de ser ferido pela luz que insistia em revelar cada recanto escuro de sua alma. Descobrir alguém como parte de si mesmo. Ele nunca acreditara que isso pudesse acontecer.
- Não posso dormir com você me olhando desse jeito – ouviu a foz rouca de Marlene.
Ele sorriu. Ela fingiu não ver. Ergueu o corpo sobre os cotovelos e, ao perceber que não estava vestida, puxou um lençol para se cobrir.
- Não se preocupe, eu viro para o outro lado – falou Sirius, rindo da cena.
Marlene resmungou alguma coisa e se sentou, enrolada no lençol.
- Não que haja alguma coisa que eu já não tenha visto – completou ele.
- Acho que posso superar isso – Marlene suspirou. Já não parecia mais tão preocupada em se cobrir.
- Eu não – Sirius engatinhou na direção dela, indo se sentar ao seu lado. – Não vou superar nunca – mergulhou o rosto nos cabelos dela.
Marlene não resistiu quando Sirius virou seu rosto para ele. Ele a beijou de leve, então foi movendo os lábios pela lateral do rosto da garota, até atingir seu pescoço.
- Black – ela o deteve. Ele lhe lançou um olhar mal humorado e ela consertou: – Sirius. Não acha que deveríamos... hum, esclarecer as coisas.
- Esclarecer o quê? – ele ergueu as sobrancelhas.
- Explicar o que aconteceu.
Sirius pareceu não entender o que ela queria dizer.
- Como ficamos? Quer dizer, trabalhamos juntos, eu estou escondida na sua casa e não é como se tivéssemos poucos conflitos – avaliou Marlene.
- Do jeito que você fala parece que vivemos nos matando.
Marlene suspirou. Incrível como era difícil fazer com que Sirius entendesse. Quer dizer, ela precisava que eles definissem os limites da relação dos dois. Queria saber o que esperar, mesmo que, no fim das contas, ninguém pudesse esperar por muita coisa com aquela guerra acontecendo.
Mas Sirius realmente não entendia. Ele não gostava de formalidades. Gostava de ser, e apenas isso, e para ele isso era suficiente. Simplesmente era certo que estivessem juntos naquela cama, não precisava explicar.
- Ficamos como estávamos – falou. – Não está bom para você?
Marlene torceu os dedos. Então, pareceu notar que não estava usando uma luva na mão prateada e a escondeu sob o lençol.
- Não, está bom – ela suspirou. – Eu só queria uma explicação. Queria saber se o que aconteceu foi... – ela hesitou – Se foi verdade.
Sirius a abraçou, aproximando-a dele e cobrindo seus lábios. Foi empurrando-a para baixo, até que estivesse deitada, ele debruçado sobre ela, correndo a mão por seu corpo sob o lençol. Seus lábios se separaram, e Sirius respirou fundo, tentando recuperar o fôlego. Ele deixou a cabeça cair sobre o ombro dela, se concentrando no perfume.
- E então? – ofegou. – Foi verdade o bastante para você?
Marlene direcionou seu queixo para cima com um toque suave da mão prateada. Olhou em seus olhos por um instante antes de beijá-lo.
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Sirius acordou assustando. Mexeu-se sobre o travesseiro, esticando os braços para o lado tentando tocar o corpo de Marlene. Mas não conseguiu. Sentou na cama, tonto e sonolento. Não havia mais ninguém na cama. Olhou ao redor, desorientado. Talvez estivesse sonhando.
Então ele a viu, parada sob a moldura na porta. Estava ocupada em amarrar a capa de viagem.
- Desculpe, não quis fazer barulho – falou.
- Aonde você vai? – perguntou Sirius.
- Fui chamada pela lareira – ela caminhou para dentro do quarto e abriu uma gaveta da cômoda. – Estão com um problema, precisam que eu... esclareça algumas coisas.
Sirius a seguia com os olhos, acompanhando seus movimentos.
- Você não pode – murmurou, desarticulado. – Você deveria se esconder por um tempo, não vão achar suspeito se voltar tão rápido?
- Provavelmente – ela fez um gesto de pouco caso, colocando algo que tirara da gaveta num dos bolsos da capa. – Mas não me chamariam se não fosse urgente.
Sirius abriu a boca, mas não soube o que dizer. Tinha uma sensação ruim imaginando o que Marlene iria fazer. Jogou os lençóis para o lado e colocou as pernas para fora da cama. Inclinou o corpo, tateando o chão com as mãos, numa tentativa de achar os chinelos.
- Vá dormir – mandou Marlene, ao vê-lo se levantar. – Não precisa se preocupar comigo. A única vantagem de já ter passado por tanta coisa é saber que posso sobreviver. Conheço os meus limites.
Sirius se aproximou dela. Queria poder dizer algo que a fizesse ficar. Passou os braços em torno de sua cintura. Puxou o capuz da capa, revelando seus cabelos. Precisava sentir o cheiro dela.
- Quando tudo isso acabar, quero que se case comigo – murmurou.
- Pensei que já tinha cansado dessa brincadeira – ela se afastou dele, evitando o seu olhar.
- Não estou brincando – falou Sirius, com sinceridade.
- Então por que está dizendo isso? – ela deu um passo para trás.
- Porque eu quero – insistiu Sirius, começando a ficar irritado com a desconfiança dela.
- Você nunca quis nada parecido antes – ela cruzou os braços numa postura defensiva. Não havia mais espaço entre ela e a parede para que pudesse recuar.
- Não é verdade – Sirius agitou os braços. – Eu disse que ia me casar com você.
- Quando tínhamos onze anos! – exclamou Marlene. Ela, então, virou-se e caminhou para fora do quarto.
- Qual é o problema? – Sirius a seguiu.
Ele a alcançou na sala. Marlene erguia o capuz da capa.
- Quando Sirius Black se transformou no tipo de homem que quer ter um compromisso sério? – resmungou, olhando feio para ele.
- Marlene, o que você tem? – indagou Sirius, desolado. – Não quer se casar comigo, é isso?
Ela estava fechando os botões da capa com pressa, mas a pergunta a fez parar. Ergueu os olhos para ele.
- É que... Isso é, eu nunca disse que queria me casar com você, nunca pedi nada – ela suspirou. Deixou o corpo cair numa poltrona, apoiando os cotovelos nos joelhos.
- Você quer? – perguntou ele.
- Não é essa a questão – Marlene sacudiu a cabeça. – Você não precisa de mim, Sirius. Você não precisa de ninguém para viver, não se engane achando que precisa de mim só porque acha que gosta de mim.
Sirius andou até ela e se abaixou à sua frente, segurando as pequenas mãos dela entre as suas, como se ela fosse uma criança que precisasse ser consolada.
- Eu posso viver sem você – ele repetiu. Ela ergueu o rosto. Seus olhos se encontraram. Azul e negro, brilhando através da escuridão da madrugada. – Eu posso continuar sozinho e sei que sempre vou conseguir ver vantagens nesse estilo de vida. Eu posso viver sem você, Marlene. Mas eu não quero – ele completou. – Nunca mais. Quero ficar com você, de preferência para sempre.
Passou-se um minuto sem que nenhum dos dois dissesse nada. A lareira estava acesa, projetando suas sombras tremulantes nas paredes.
- Você não me agüentaria para sempre – murmurou Marlene. – Nós brigamos o tempo todo.
Sirius envolveu seu rosto com as mãos. Ela tinha lágrimas nos olhos. E tentava não chorar.
- Eu prefiro passar uma vida inteira brigando com você do que beijando qualquer outra pessoa.
E, dizendo isso, seus lábios se uniram mais uma vez, de maneira paradoxalmente terna e quente.
- Sirius, eu tenho que ir – ela disse, movendo os lábios próximos ao rosto dele.
- Não – fez ele. – Você ainda tem um pedido de casamento para responder.
- Eu vou responder. Quando voltar – ela sorriu.
Então, levantou-se, deixando Sirius ainda abaixado no chão. Apanhou um vaso de porcelana sobre a lareira, pegando um punhado do pó que havia dentro. Atirou-o nas chamas, que ficaram intensamente verdes.
Sirius se levantou e tocou o seu ombro, impedindo-a de entrar na lareira.
- Você já teve vontade de ir, e ao mesmo tempo de ficar? – Marlene voltou os olhos para ele.
- Você vai ficar bem? – perguntou ele.
Marlene deu de ombros.
- Honestamente, não sei.
- E quanto ao que você vai fazer pela Ordem? – ele perguntou. – Pelo que você disse é bastante complicado. Tem certeza de que vai dar certo?
Marlene piscou, numa demonstração muito incomum de dúvida.
- Tenho certeza. Confie em mim.
Sim, penúltimo capítulo. Que triste...
Bem, desculpem a demora em postar, eu tive problemas com o meu computador e a minha conexão de casa, mas agora estou de volta pra postar os últimos capítulos (embora ainda ache que vai ter gente desejando a minha cabeça numa bandeja quando terminar...).
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Trecho do último capítulo:
"- Sirius, por favor – reclamou James. – Nenhum de nós está bem.
Sirius levantou a cabeça. Começou a raspar uma mancha da mesa com a ponta do dedo. Ninguém entendia. James não poderia entender. Afinal, ele tinha Lily. E, logo, ia ter um filho. E não tinha perdido ninguém tão importante na guerra.
- Sirius – chamou Lily. Ela lhe estendeu um papel. – Tenho certeza que ela não ia querer que ninguém além de você ficasse com isso.
Ele pegou o papel a contra gosto. A data fora escrita em tinta verde esmeralda: 'julho de 1961'. Ele virou o papel."
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