Expresso 1



Estava muito frio dentro e fora das cabines confortáveis do Expresso de Hogwarts, que serpenteava durante seu caminho rumo a cidade de Londres, mais precisamente para a estação de King´s Cross, aonde seriam entregues aos familiares todos os estudantes da escola de magia. Harry Potter estava sentado em um dos últimos vagões do trem olhando através da janela para algum lugar distante, revivia todos os momentos infelizes que vivera nos últimos dias. Sabia que cedo ou tarde teria de enfrentar seu maior desafio.

Harry dividia lugar na cabine com Dilua, Longbottom e Gina. Rony e Hermione eram monitores e por isso tinham de ficar pratulhando os corredores de tempos em tempos e não podiam desfrutar da companhia dos amigos. Todos estavam silenciosos, exceto pelo sapo fujão de Neville que fazia muito barulho por causa do esforço para sair das mãos de seu dono!

O nosso herói saiu de sua concentração e resolveu prestar mais atenção as pessoas que o circundava. Em um banco próximo sentava-se uma garota que possuía os cabelos muito vermelhos e que se concentrava única e exclusivamente para o jovem magricela que tinha sua cabeça recostada pelas janelas do aposento e a encarou por alguns instantes. Luna Lovegood estava mais uma vez entretida com o seu exemplar de O Pasquim , revirando-o de cabeça para baixo em certos intervalos de tempo.Neville continuava sua luta para manter Trevo em suas mãos.

A viagem aparentava estar durando mais do que o costumeiro e isso o deixava cansado. Gina parecia ler sua mente, então resolveu quebrar o gelo até ali mantido.

- Harry, não há motivos para você se indispor com ninguém, porque você reage assim? Nós estamos aqui ao seu lado e queremos o seu bem. Saiba que apesar do que aconteceu estarei sempre ao seu lado!-disse uma Gina preocupada.

- Obrigado!- essas foram as únicas palavras que vieram à sua boca.

- Eu sei que você passou por momentos difíceis e dolorosos, mas daí a isolar-se. Isso que você está fazendo é ridículo!- disse a garota mostrando um tom crítica.

- Gina , quando nós conversamos em Hogwarts pensei que você estivesse entendido a situação em que estamos, mas vejo que me enganei. - havia um tom de desapontamento em sua voz.

A ruivinha percebeu o significado de tais palavras, mas não desistiu da conversa.

- Eu sei disso Harry. Não desminto nada do que você falou, mas só acho que você deveria deixar as pessoas te ajudarem, você não está só nessa empreitada.

Por alguns instantes o rapaz a encarou bem nos olhos, vendo que não tinha como fugir dela esboçou uma resposta definitiva.

- Você sabe muito bem o que dizia a profecia e por isso não deveria estar me dizendo essas coisas!- e com um tom zangado terminou com o dialogo.

Quando se voltou novamente para a janela viu que já era visível os contornos da estação ferroviária, então um mal estar se apossou dele.Veria seus tio tão odiados, mas uma voz em sua mente dizia que seria a última vez que os avistaria e dali em diante seguiria sua vida livre, como sempre quis.

O trem reduzia a velocidade e logo parou diante de uma plataforma apinhada de bruxos e bruxas que ansiosos buscavam por seus filhos ou parentes para que pudessem sair dali o mais rápido possível. Harry sabia que seu o tio o esperava fora da plataforma e então se dirigiu aos amigos para uma despida.

- Não fique triste, logo nos veremos, lembre-se você vai ter que ir ao casamento de Gui e Fleur.- disse Ron que tentava levantar a moral de seu amigo que parecia um pouco abalado.

- É Harry, logo estaremos todos juntos e poderemos comemorar! Ah, e não se esqueça de nos corresponder, isso será importante, pois ficaremos ligados até que possamos nos rever!- Hermione falou esperando obter mais êxito do que Rony. Harry esboçou um sorriso amarelo, e então falou.

- Que bom que vocês estão animados! Bom, eu apareço para o casamento do Gui, não perderia por nada e de lá vocês já sabem meus planos, né?- indagou para os amigos.

A Sra. Weasley corria para os três, junto com uma Gina triste e acanhada que evitava olhar para Harry por causa da conversa no trem.

- Querido!- dirigiu-se a Harry, e dando-lhe um forte abraço perguntou - Você irá a festa de Gui, não é?

Tentando demonstrar simpatia, sorriu para ela e falou.

- Claro! Não perderei essa festa por nada!

- Que bom! Então nos vemos no casamento! Até mais querido!- e despediu-se do rapaz com um forte abraço.

- Tchau- disse Harry, e seu olhar demorou-se um pouco em Gina que ficou parada diante dele uns instantes mais, talvez na esperança de que ele mudasse de idéia. E um último olhar foi lançado e os dois viraram de costas.

Agora não tinha mais como evitar. Tio Valter já o esperava de braços cruzados na porta da estação com uma cara amarrada para o garoto.

- Oi!- disse Valter, para a surpresa de Harry.

- Oi!

E então os dois entraram no carro e saíram pelas ruas da fria cidade rumo a rua do Alfeneiros , número 4.E Harry sentiu mais uma vez naquele dia que talvez ele estivesse só no mundo!

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