capitulo 1
CAPITULO 1
Vivo, há cerca de um mês, numa semi-realidade onde tudo é permitido, onde todos os argumentos improváveis que a minha imaginação projecta na minha cabeça se tornam possíveis. A expectativa é quase deliciosamente insustentável.
Passo a explicar. Sou aquilo que eu própria (Hermione Granger) qualifico de solteirona. Enfim, estou sozinha desde que o Victor (Krum) me deixou há quase dois anos. Que fique bem entendido que, quando digo sozinha, quero dizer mesmo sozinha. Saí com alguns homens, como para tomar um copo, mas mais nada… A minha vida sexual é (pelos menos à excepção das fantasias que me atormentam há algum tempo) de todo inexistente… Excepto em pensamento e com a ajuda preciosa de alguns acessórios infelizmente insignificantes. No entanto, nada fiz para que assim fosse! Simplesmente não encontrei um homem, desde a minha ruptura, que me dê vontade de tentar, mais uma vez, aceitar os inúmeros compromissos – e de engolir as múltiplas e inevitáveis promessas – geradas por uma relação a dois.
Os meus amigos e conhecidos bem tentaram fazer-me conhecer «bons partidos», mas em vão… Depois de algumas tentativas ora divertidas, ora trágicas, desisti sem qualquer pena, e eis que um belo dia, contra todas as expectativas, «ele» entra na minha vida.
A Gina, uma das minhas melhores amigas, é pintora. No mês passado, fez a sua primeira exposição numa galeria prestigiada. Decidi impulsivamente comprar-lhe três telas, alegando que mais valia comprá-las antes que atingissem um preço exorbitante. Ela pediu-me autorização para as expor na galeria e mandá-las entregar em minha casa um pouco mais tarde, o que aceitei com muito boa vontade. As telas são realmente magníficas e representam casais a fazer amor. Terei verdadeiramente necessidade de meter o dedo na ferida? Enfim. Estes apaixonados abraçados banham-se em cores vivas, quase violentas. E os corpos deles, linhas e curvas vagamente delineadas, libertam em simultâneo ternura, paixão e intensidade.
Dois dias depois da exposição, a Gina telefona-me para saber quando quero receber as telas. Combinamos para essa mesma noite e ela à hora escolhida, acompanhada por «ele».
Ao abrir a porta naquela noite, não tive quaisquer dúvidas de que a minha vida ia mudar radicalmente. A Gina está escondida por trás de uma das telas e o Ron, «ele», está à frente dela com um ar simultaneamente tímido e encantador que me seduz desde o primeiro olhar. As apresentações são breves e eu surpreendo-me a corar como uma idiota.
Levo discretamente a Gina até à cozinha para obter mais informações daquela aparição inesperada, deixando o Ron a desembrulhar tudo. Ela é uma das minhas poucas amigas que não tentou fazer de casamenteira. Confessa-me que nunca tinha pensando nisso até se lembrar do irmão que vivia no Canadá, e que mudou-se recentemente para Londres, está na mesma situação que eu.
- Espero que não lhe tenhas dito que o trouxeste por esse motivo!
- Claro que não! Ele ofereceu-se para me ajudar a levar as minhas telas e quando eu lhe disse que tinha de entregar algumas, ele insistiu em vir comigo…
- Mm! Seja como for, ele é muito querido…Qual é a história dele?
- Oh! Foi casado durante quatro anos. Um dia, a mulher deixou-o por outro. Já foi há bastante tempo… Ele já recuperou, mas é tão tímido!
- É amoroso! Deve haver alguma coisa que não bate certo, não?
- Que eu saiba, não…
Ficámos por ali. Passámos o serão a falar disto e daquilo entre dois golos de café. Eu ia ficando com cada vez mais vontade de pedir à Gina o número dele. Se ele é tão tímido como ela diz, provavelmente não dará o primeiro passo. Ainda tenho fé nos meus encantos, mas prometo a mim própria conceder-me alguns dias para pensar no assunto.
Não precisei reflectir durante muito tempo. Ele telefonou-me na mesma noite, para me convidar a ir beber um copo (convite que aceitei sem hesitar), e a partir daí vemo-nos todas as noites. Amanhã faz um mês. Um mês de discussões fascinantes, de passeios e de visitas exaltantes, de risos inextinguíveis, de confidencias ruborizadas… e de beijos ardentes. Apenas beijos ardentes.
Lançámo-nos numa aventura estranha. Trata-se, na verdade, de um «teste» que me pareceu inicialmente estúpido e sádico mas que, após reflexão achei irresistível. Um dos primeiros pontos sobre os quais concordámos é que as primeiras experiências sexuais de um casal recente são muitas vezes decepcionantes. Decidimos então, como adultos responsáveis, pacientes e racionais que somos, esperar um mês antes de fazer amor. Também percebemos (apenas num mês) que nos sentíamos suficientemente atraídos um pelo outro (e como!) para termos vontade de assumir uma relação séria, pelo menos exclusiva, a menos que a respectiva forma de fazer amor não nos conviesse.
Resumindo, queremos que a nossa relação se baseie em primeiro lugar na atracção intelectual e, em segundo lugar, no prazer físico.
E queremos desejar-nos a tal ponto que a primeira vez seja memorável…
Que belas palavras! Para dizer a verdade, este desafio também foi motivado pelas nossas respectivas aventuras precedentes, que tinham estado recheadas de episódios engraçados e bem vulgares: o Ron encontrara-se em situações aborrecidas depois de ter saltado da cama sem tomar precauções, e eu também. Logo, uma consulta no médico… e pronto. Porém, nós queríamos que a nossa primeira noite fosse perfeita. O Ron desafiou-me. Ele acha que, se eu me dignar a fazer-lhe algumas confidências fragmentárias e vagos subentendidos, ele «adivinha-me» o suficiente para poder oferecer-me uma das minhas fantasias, servida de forma inesquecível. Tentei inúmeras vezes explicar-lhe que não era preciso ir tão longe… Mas o senhor gaba-se de conseguir adivinhar os meus desejos íntimos e eu não posso deixar passar um desafio tão divertido. Resultado: depois deste tempo, farto-me de tentar adivinhar o que ele vai encenar para mim.
Evidentemente, ele não me deixa ser muito explícita, para não estragar a surpresa, mas parece achar que está no bom caminho. Amanha é o grande dia. Ele até me fez prometer que não me masturbaria e que não tentaria vê-lo esta noite.
A única coisa que posso fazer é sonhar. Aquele corpo que só posso tocar com a ponta dos dedos será meu dentro de menos de vinte e quatro horas. Nunca o vi nu, em todo o seu esplendor, e imagino-o, tentando não o idealizar demasiado. Ele é a atirar para o magro e um palmo mais alto que eu. Será que tem as pernas musculadas? Peludas? Os braços e os ombros parecem-me sólidos, se serem exageradamente desenvolvidos. Pelo que pude constatar, as nádegas parecem pequenas redondas e firmas.
Quanto à sua «coisa» … não tive direito de lhe tocar. A única coisa que o meu ventre pode sentir, comprimindo-me contra ele, foi que reagia muito bem…
Estou ao mesmo tempo excitada e terrivelmente ansiosa. E se ele não corresponder às minhas expectativas? Lembro-me de lhe ter dito que tinha fantasias um pouco mais «picantes» que as outras mulheres (pelo menos é o que me agrada pensar), sem contudo exagerar. É vago… quando digo «picantes», quero dizer que sempre preferi um cenário diferente de um quarto e que tenho uma ligeira tendência exibicionista a que nunca tive a oportunidade (ou audácia) para dar livre curso. Sempre me senti tentada pelo prazer de excitar o maior número possível de indivíduos permanecendo ao mesmo tempo inacessível (as orgias não me atraem) … sem prejuízo para a minha reputação. Sonho poder expor-me, mostrar-me sensualmente sem reservas, mas nunca perante pessoas que conheço ou com quem poderia cruzar-me na rua!
É estranho. É um lado meu que provavelmente nunca poderei satisfazer, o que agrada ao outro lado, o puritano. Acho que todas as mulheres (ou a maioria) sonha ser desejada pelo maior número de homens possível, entesá-los e reduzi-los a seres ofegantes, escravos dos próprios corpos; mas não me parece que muitas mulheres queiram ou desejem que lhes chamem desavergonhadas…
Falei então com Ron sobre isto. Ele confessou-me de imediato que a sua timidez (que pode ser encantadora mas que às vezes o paralisa) o impediria de conceber esse tipo de fantasia. Sentir-se desejável, sim, mas em frente a uma multidão…nem pensar! Pelo que pude perceber, as suas fantasias são banais ou, pelo menos, comuns: sonha ser abordado por duas amazonas (gémeas, de preferência) que lhe proporcionariam uma noite louca de sexo a três. Disse-lhe que isso não era impossível, mas que teria de se passar sem mim: não tenho uma irmã gémea! Ele sonha também ver duas mulheres a fazer sexo, aliás, perguntou-me se nunca me tinha sentido atraída por uma mulher. Quando lhe respondi com uma negativa, ele pareceu desiludido, um pouco na brincadeira.
Eu não lhe prometi nada. Ele é que teve a ideia de me oferecer algo notável. No entanto, no estado em que me encontro, gostaria muito de vê-lo chegar a minha casa neste preciso instante, poder arrancar-lhe todas as roupas e fazer amor como toda a gente. Na minha cama, no meu sofá ou no chão…não me interessa já não aguento mais!
É quase meia-noite quando a campainha insistente do telefone interrompe os meus sonhos. É o Ron…
- Como estás tu?
- Impaciente…
- Confias em mim?
- Sim, mas estou um pouco nervosa…
- Nervosa? Porque?
- Se calhar devíamos ter esperado para nos conhecermos um pouco melhor… E se não correr bem? E se ficarmos os dois desiludidos? Não preciso de viver as minhas fantasias para te desejar. O que sinto por ti é mais profundo. Aprecio o que queres fazer… mas e se estivermos enganados?
- Não te preocupes… Sabes? Agora tenho a certeza que quero viver ao teu lado, e o resultado da nossa primeira noite juntos não é importante. Temos tantas coisas para descobrir juntos! Então, menina intrépida, estás a ficar com medo?
- Não, nada disso. É só uma mistura de curiosidade e nervos, é tudo. Não sei o que andas a preparar … Mas, Ron, quero-te aqui agora, comigo e na minha cama, não posso esperar mais! Quero estar nos teus braços agora, poder colar o meu corpo ao teu, beijá-lo dos pés à cabeça…
- Pára, estou a ficar excitado… o que estás a fazer aí, agora?
- Estou na sala. Estava a tentar ver televisão para não pensar em ti.
- Despe-te.
- O quê? Estás a brincar?
- Não. Despe-te. Tens uma camisa vestida?
- Sim…
- Então vá. Desabotoa o primeiro botão. E os outros, lentamente. Imagina que é a minha mão que o faz…
O que aconteceu àquela timidez tão severa? É evidente que o anonimato do telefone protege-a, e ainda bem! Desabotoo lentamente os botões da minha camisa. Imagino o Ron à minha frente… Ele mergulha o seu olhar azul no meu, beija-me suavemente, faz deslizar os dedos entre os meus seios, sob a renda do meu sutiã. Dois arrepios percorrem-me a coluna.
- Já está? Despeite-a? Agora, tens uma saia vestida?
- Sim.
- E meias?
- Sim, como sempre.
- Pousa a mão na tua coxa imaginando que é a minha. Dobe suavemente ao longo da perna, desliza por baixo da tua saia e passa os dedos pela orla das tuas meias deixando as unhas arranhar-te um pouco a pele.
Eu obedeço. Estou envolvida num halo de calor. Sinto a mão dele a desabotoar a minha saia e a erguer-me para a fazer deslizar para o chão. Volto a instalar-me no sofá, com o telefone apoiado no ombro, agora nua, e espero o que se seguirá.
- Hermione, ainda estás aí?
- S-sim. Já despi a saia. Fiquei apenas com as meias, o sutiã e umas calcinhas pequeninas que estão a ficar quentes…
- Espera, vou despir as calças. Mione, estou rijo, enorme. Estou pronto para ti. Agora tira o teu sutiã. Belisca os teus seios. Quero que os teus mamilos estejam duros, inchados. Quero senti-los aprumar-se sob os meus dedos.
Não preciso de os beliscar. Os meus seios estão aprumados ao máximo e apontam ao céu, como uma oferenda.
- Mione, estou a vê-los. Sinto-os na minha boca…são deliciosos! Põe a calcinha de lado. Mostra-me aquilo que estou á espera há tanto tempo. Afasta os teus lábios, imagina a minha língua primeiro na tua cosa, e depois a perder-se dentro de ti…
- Oh, Ron… tenho calor, quero-te. Larga o telefone já e vem ter comigo. Vou deixar os meus dedos fazerem o que têm vontade de fazer enquanto espero por ti…
-Não, Hermione. Tu prometeste! Isto faz parte do jogo. Agora podes vestir-te. Só queria ver se estavas pronta. Podes ir dormir e, amanha, prometo-te que não te vias arrepender de nada.
- Ronald! Estás a brincar? Eu sei que prometi, mas tu não estás a ajudar!
- Vá lá, faz isso por mim. Vais ver que será melhor assim. Bons sonhos…
E desliga. Eu fico ali, com pouco fôlego, a garganta seca e o sexo em fogo. Ele quer que eu pare! Concentro-me no velho ditado «a espera exacerba o prazer» até me assombrar os pensamentos como uma canção bera…
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Então? Gostaram?
É a minha primeira NC por isso tolerância!
Quero pelo menos 10 comentarios para vir o próximo capitulo! Que é o ultimo :P
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