Ron se declara



Apenas alguns dias depois, foi possível entender o interesse de Voldemort no jogo. Enquanto alguns comensais levavam a taça, outros seqüestravam o juiz da partida. Nada parecia fazer muito sentido, até que numa das cartas, Krum revelou a Hermione que o juiz era irmão de Karkarof e que provavelmente fora levado para informar o paradeiro do ex-comensal a Voldemort.
— Meu Deus — disse Gina, ainda muito assustada com a notícia — a essa altura os dois já devem estar mortos.
Hermione que acabara de contar tudo estava calada, porque não sabia o que dizer para acalmar Harry, depois de algum tempo tentou convencer a todos.
— Precisamos confiar nos aurores e no Ministério, todos estão empenhados em encontrar Voldemort.
Gina estremeceu ao ouvir aquele nome e colocou a mão no braço do namorado. Sabia o quanto tudo aquilo era difícil para Harry. Ele só iria descansar com o fim da guerra e ela esperava que isso acontecesse logo.
Os três amigos foram interrompidos pelos gritos de alguém que entrava na sala comunal seguindo Rony.
— Quem é ela?
— Lilá, esquece o que eu te disse e fala baixo porque está todo mundo olhando pra gente.— Rony estava com as orelhas em chamas porque sabia que todos na sala comunal acompanhavam a discussão.
— Eu falo mais baixo se eu quiser— Lilá estava transtornada — Por que você quer que eu pare de falar? Para que os seus amigos não saibam que você é um canalha?
Rony desistiu e resolveu gritar pra ver se ela finalmente o deixava em paz: — Eu não sou canalha, eu só não quero continuar com você, vê se entende. É para o seu bem, droga!
Lilá ficou assustada com a reação do ex-namorado e subiu para o dormitório feminino aos prantos, enquanto todos olhavam acusadoramente para Rony.
Hermione não queria subir, sabia que Lilá estava desabafando com Parvati, sua amiga, mas ela precisava do material de Herbologia para fazer seus deveres. Ela entrou no dormitório e viu que a menina estava mais calma, embora ainda soluçasse.
— Foi a pior coisa que eu fiz, me envolver com um amigo.
Hermione pensou que ela nem era tão amiga assim de Rony, mas deixou que falasse.
— Como eu fui burra, Parvati, e agora como é que eu vou olhar pra ele? Agora não tem mais nada, nem namoro, nem amizade, eu perdi tudo.
Hermione tentava ao máximo não ser notada, mas foi impossível.
— Hermione.— disse Lilá, ainda entre lágrima.
— Que foi, Lilá?
— Você acha que ele me odeia? Acha que eu fiz alguma coisa errada?
Um pouco constrangida, Hermione sentou-se na beirada da cama de Lilá e tentou dizer algo que a consolasse.
— Não, Lilá, os meninos são assim mesmo. Daqui a pouco vocês não vão nem mais lembrar disso.
— Meu Deus, com que cara eu vou olhar pro resto do pessoal? Todo mundo deve estar me achando uma idiota.
— Eu discordo de você. Pelo contrário, você foi muito corajosa, se expôs, disse o que sentia.
— Ele disse que gostava de outra garota daqui, vocês acreditam?!
Hermione sentiu uma leve tontura. Será que era dela? Não podia ser! E agora mesmo que fosse não podia voltar atrás.
— Mione, posso te dar um conselho?— Disse a menina, muito emocionada — Nunca se envolva com um amigo seu, porque se não der certo, você vai se torturar o resto da vida por ter perdido uma boa amizade.
Hermione ficou pensativa. O que ela não sabia é que Lilá suspeitava que a garota de quem Rony gostava era ela. A menina havia calculado, porque Rony estava muito abalado desde que Hermione começara o namoro com Krum. Assim, o conselho, aparentemente inocente de Lilá, era, na verdade, um jeito de manter os dois separados e se o ruivo fosse rejeitado, viria consolar-se com ela.
Três semanas depois todos já haviam esquecido a cena de Rony e Lilá e só pensavam no próximo jogo contra a corvinal. Até Harry parecia ter esquecido um pouco a guerra para concentrar-se nos treinos. Rony e Hermione pouco se viam, além disso Hermione tentava ficar perto dele o mínimo possível, vivia dando desculpas e fazia parecer que tinha três vezes mais deveres que qualquer aluno do sexto ano.
Rony, ainda estava muito arrasado e tentava pensar apenas no jogo para não fazer nenhuma besteira. Ele sabia que Hermione o evitava e ficava pensando se era por causa do que aconteceu com Lilá ou por causa de Krum. Nem com Harry podia contar, o amigo disse que não suportava suas lamentações e que só havia um jeito para saber se Hermione gostava dele ou não, ele tinha que se declarar. Isso para Rony era totalmente despropositado, uma vez que ela tinha namorado e não demonstrava qualquer interesse nele, nem como amiga. Ele se torturava todos as noites e já não dormia. Por sorte, todos achavam que era por causa do jogo.
Na véspera do jogo, não havia outro assunto na sala comunal. Gina, estava excitadíssima, não parava de falar um minuto e Harry, que era o capitão do time, ficava repetindo para os membros da equipe as instruções.
— Chega, Harry, se você falar mais alguma coisa sua língua cai. Eu não sou surdo, aliás nós não somos surdos.
Aos poucos todos foram se deitar, apenas Hermione ficou fazendo o trabalho de Poções. Ela não conseguira fazer nada por causa da agitação dos amigos e porque não conseguia parar de pensar em Rony.
No dormitório masculino, Rony também não conseguia dormir. Resolveu descer e pensar um pouco. Sentou-se no sofá em frente à lareira e viu Hermione dormindo em cima dos livros. Não sabia se devia acordá-la, era ótimo poder ficar ali olhando pra ela sem ser interrompido. Ela estava ainda mais linda. Algum tempo depois decidiu acordá-la.
— Hum?! Que foi?— Hermione levantou-se rapidamente com o susto e derrubou várias anotações.
— Desculpa, Mione, eu não queria acordar você, mas é melhor você ir lá pra cima, né?
— Você está aqui há quanto tempo? — Hemione estava sonhando com ele e ficou com medo de ter dito alguma coisa dormindo.
— Tem um tempinho, eu não estava conseguindo dormir.
— Sei, é por causa do jogo, né? — Ela disse catando o material para subir o mais rápido possível.
— Na verdade, não é por causa do jogo, não...
Hermione ficou gelada precisava subir o mais rápido possível, não podia deixar que ele dissesse nada.
— Eu estou assim por causa de uma garota, sabe?!
Ela continuou juntando o material, mas agora estava tão atrapalhada que parecia ter derrubado ainda mais coisas.
— Você está me ouvindo? — disse o ruivo um pouco apreensivo e irritado.
— Claro, Rony, mas é que eu tenho que subir, sabe?
— Não pode nem me ouvir um pouquinho?
— Bem — ela tentou olhar pra ele e parecer natural — é que eu acho que o Harry é mais indicado pra esse tipo de conversa.
— Mas eu já conversei com ele e ele me aconselhou a falar com você.
As esperanças de Hermione foram por água abaixo, não teria mais como fugir.
— Senta aqui um pouco, vou ser bem rápido.
Ela deixou o material no chão e se sentou ao lado dele, tentando não demonstrar o quanto estava nervosa. Não queria mais saber de quem o Rony gostava. Se fosse de outra, seria péssimo e se fosse dela, seria pior ainda. Tinha Vítor e a amizade deles. Lilá tinha razão, não se deve jogar fora uma amizade por causa de um amor de colégio.
— Sim, Rony, eu estou ouvindo, pode falar.
— Olha, eu sei que o que vou dizer vai parecer meio doido e meio fora de hora, mas sabe não existe jeito certo de fazer esse tipo de coisa.
— Do que é que você está falando, Rony?
— Bem, é que a menina de quem eu estou gostando, bem, — Rony respirou e disse antes que a coragem passasse.— é você.
Mesmo que já esperasse por isso Hermione ficou um pouco chocada não sabia como reagir, ela queria fugir dali, desaparatar para que não tivesse que dizer o que sentia a Rony.
— Você não vai dizer nada? — Ele dizia com uma voz muito baixa e cheia de expectativa.
— Eu não sei o que dizer, Rony?
— Você não sente o mesmo, né? Está gostando do Krum.
Ela não agüentou ver a trsiteza de Ron e decidiu ser sincera.
— Bem, na verdade, não, na verdade, eu também gosto de você, sempre gostei...
Rony ficou tão aliviado e feliz que não deixou ela continuar, deu-lhe um beijo apaixonado e sentiu o coração disparar. Como era bom ter Hermione nos braços, ela não resistia, pelo contrário, abraçava-o com força como se nunca mais quisesse largá-lo. Quando o beijo acabou, os dois se olharam demoradamente e Rony parecia explodir de felicidade, moveu sua boca novamente em direção de Hermione, mas uma mão em seu peito o impediu.
— Espera, Rony, deixa eu terminar.
Ele se acomodou melhor para ouvir e respondeu, abraçando-a.
— Tudo que você quiser, minha princesa.
O coração de Hermione doeu, finalmente ela ouvia tudo o que sempre quis, mas sabia que não ia dar certo. Não queria se machucar, nem machucar Rony. Precisava manter sua amizade.
— Eu sempre gostei de você, mas agora eu já tenho o Vítor e você tem a Lilá.
Ele se mexeu rapidamente e ficou de frente pra ela perplexo.
— Mas eu não gosto da Lilá e você, pelo que me disse, não gosta do Krum.
— Eu sinto carinho por ele e sei que posso aprender a gostar, talvez não do jeito que eu gosto de você, mas eu preciso tentar.
— Eu não estou entendendo, Hermione.
Rony balançava a cabeça e tinha os olhos vermelhos.
— A sua amizade é a coisa mais importante que eu tenho, eu não posso perdê-la.
— Você não vai perder nada. Só vai ganhar, vai ficar com um cara que é louco por você, que faria qualquer coisa para te fazer feliz.
— Por favor, Rony, não torna as coisas mais difíceis pra mim. Um dia você ainda vai me agradecer— dizendo isso ela se levantou e subiu correndo para o dormitório, mas ainda ouviu ele gritar.
— Vou te agradecer pelo quê? Por ter acabado com a minha vida?
Hermione não dormiu, Rony também não. Depois de tantos anos de espera, o dia em que Rony se declarou foio dia mais triste da vida dos dois.

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