Noite Nostálgica



Nota da Ficwriter: Saudações natalícias! Esta fic foi escrita no Natal de 2005, altura em que também foi publicada no fanfiction e surgiu a partir de uma inspiração inesperada ^_^! Espero que gostem da história, se são fãs de um tipo de fic original, romântica, ligeiramente drama e com pitadas de humor, chegaram à história certa!! E já agora por favor deixem a vossa opinião, mesmo que seja para apontar o que não gostaram! Um grande beijinho*

Nocas Lupin R

P.S. – A música que acompanha a fic é “My Immortal” dos Evanescense, uma música 5 estrelas que achei que tinha tudo a ver :)!


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Noite Nostálgica

- Quanto é que falta p’a a meia-noite, mamã? – Perguntou a criança loura, de feições delicadas e olhos castanhos, abanando o braço da mãe.. – Mamã?

- Hã…? Ah, desculpa querido! – exclamou a mulher ruiva, acordando dos seus pensamentos. Embora ainda fosse bastante jovem, tinha o rosto sulcado por algumas rugas precoces e umas olheiras profundas e escuras. Mas, apesar de tudo, ainda era uma mulher bastante bela. – O que é que disseste?

- Xe ainda falta muito p’a a meia-noite! Queio abir as pendas! – Os olhos do pequeno brilhavam de ansiedade.

- Hmmm, deixa cá ver, Billy…São onze horas, portanto ainda falta uma hora… - respondeu a mãe, observando o relógio de Sol que estava pregado na parede da sala.

- Oh! Tanto tempo! – Exclamou o rapazinho, fazendo beicinho. Ginny sentiu um baque no coração: o filho ficava ainda mais parecido com ele, quando ficava amuado.

- Oh, tontinho, vais ver que passa num instante! Olha, vai brincar com os primos e vais ver que nem dás pelo tempo a passar! – Sorriu a mãe, passando carinhosamente a mão pelo cabelo do pequeno,que ainda não tinha4 anos.

- Está bem. Mas espeio que o Pai Natal não se tenha esquecido da mini-flecha-de-fogo-tês-mil que eu pedi! – Disse Billy, com ar autoritário, mais uma das coisas que tinha herdado do pai. – E tu mamã, o que é que tu pediste ao Pai-Natal?

- Eu? Ahhh, Billy, o que eu mais queria ter o Pai-Natal não pode trazer… - suspirou Ginny, baixando o olhar. – Mas vai, vai brincar, meu querido!

E a mãe ficou a vê-lo afastar-se em direcção aos amigos. Decidiu então levantar-se também e dirigiu-se para a porta da casa.

- Ei, Ginny, onde vais? – perguntou então Hermione atrás dela. Ela e Ron tinham-se casado e estavam, tal como Ginny e o filho, a passar o Natal na “Toca”, com o resto da família.

- Ah, vou só lá fora, um pouco. Apetece-me estar sozinha…

- Hmmm, percebo. Mas leva um casaco, ao menos, está um frio de morte lá fora! – Hermione mordeu os lábios ao perceber que não devia ter dito a palavra “morte”. Sabia que a amiga ainda sofria muito pelo que tinha acontecido ao pai de Billy.

- Oh, obrigada, não te preocupes, eu não me demoro lá fora. – E Ginny saiu para o ar gélido da noite. Arrepiou-se: “Devia mesmo ter trazido um casaco!”. Mas não lhe apeteceu voltar a casa, por isso foi caminhando pelo o jardim, que estava completamente coberto por um manto branco. Acabou por se sentar num dos bancos de madeira, depois de sacudir a neve. Olhou o céu, escuro e estrelado e suspirou. Estava tão cansada…tão cansada de viver…sem ele…

I'm so tired of being here

(Estou tão cansada de estar aqui)

Suppressed by all of my childish fears

(Reprimida por todos os meus medos infantis)

Tão cansada de sofrer…Tão cansada de fingir que estava bem, que tinha ultrapassado tudo, quando não havia um momento em que não pensasse nele, uma noite em que não chorasse por ele!

And if you have to leave

(E se tu tiveres que partir)

I wish that you would just leave

(Eu desejo que tu partas definitivamente)

Havia alturas em que desejava mesmo esquecê-lo, em que daria tudo para o esquecer para sempre, para não naufragar mais naquele mar de sofrimento, para se livrar por fim daquela dor, daquela sombra que a perseguia já há tanto tempo e a impedia de viver, de continuar a lutar! Várias vezes pensara em acabar definitivamente com aquele sofrimento, mas a lembrança do que lhe tinha prometido antes da sua morte e o pequeno Billy tinham-na sempre impedido de fazer uma loucura.

Because your presence still lingers here

(Porque a tua presença continua a persistir aqui)

And it won't leave me alone

(E ela não me deixa em paz)

Mas, por outro lado, sentia que, mesmo que pudesse, nunca o esqueceria, porque isso seria uma afronta à memória dele, ele que ela amara tanto! Tinha-lhe prometido que o amaria até ao fim dos seus dias e não quebrara a promessa. Não, ela nunca poderia esquecer a pessoa que mais amara na vida, o ser mais maravilhoso que ela conhecera, que dera sentido e cor à sua vida e, que, no final, lhe tinha deixado a coisa mais importante da sua vida: o seu filho, a prova física mais real do amor de ambos.

These wounds won't seem to heal

(Parece que estas feridas não se vão curar)

This pain is just too real

(Esta dor é demasiado real)

There's just too much that time cannot erase

(Há muitas coisas que o tempo não consegue apagar)

Não, aquelas feridas nunca iriam cicatrizar. A dor de o perder ainda era demasiado forte. E nada, ninguém, nem o próprio tempo poderiam nunca atenuar o que sentia ou apagar da sua memória o que acontecera ao seu Draco.

When you cried i'd wipe away all of your tears

(Quando tu chorasses eu enxugaria todas as tuas lágrimas)

When you'd scream i'd fight away all of your fears

(Quando tu gritasses eu afugentaria todos os teus medos)

Oh, como o amara, como o amava tanto ainda! Ela teria feito tudo por ele, teria dado a vida no lugar dele se fosse preciso, tal como tantas vezes enxugara as lágrimas e o ensinara a lutar contra os seus medos! Mas não tinha feito o mais importante, salvá-lo, colocar-se à frente dele quando fora necessário. E por isso se sentia tão culpada pela sua morte.

And i've held your hand through all of these years

(E eu segurei a tua mãe durante todos estes anos)

But you still have all of me

(Mas continuas a ter todo o meu ser)

Durante todos os anos que se tinham seguido tinha sempre continuado a lutar, a viver à custa da memória dele e do que ele lhe pedira como último desejo…E, como prometera, continuava a ser dele por inteiro…

Entretanto, Ginny sentiu uma coisa fria e suave cair-lhe na cara. Olhou para o céu e viu que começara a nevar. Ela sorriu. Também estava a nevar na noite em que ele e ela tinham trocado o primeiro beijo, no 5.º ano dela…

You used to captivate me

(Costumavas cativar-me)

By your resonating light

(Pela tua luz ressoante)

But now i'm bound by the life you left behind

(Mas agora estou presa À vida que deixaste para trás)

Ainda hoje lhe parecia estranho como os dois se tinham entendido. Afinal, eles odiavam-se, pertenciam a duas famílias inimigas e completamente diferentes – os Weasley e os Malfoy. Mas talvez porque o amor é gémeo do ódio, ele foram descobrindo, aos poucos, que se amavam e que não podiam viver um sem o outro…E agora, ela tinha que viver para sempre sem ele, tinha que acordar todos os dias sabendo que não ia ver nunca mais aquele ser que ela tanto amava…Por isso mesmo, desejava com todas as suas forças, implorava todas as noites às forças divinas (embora ela tivesse deixado de acreditar nelas depois da morte dele) que a deixassem ouvir uma vez mais a sua voz profunda, que lhe permitissem sentir o toque doce e quente do seu beijo novamente, que a deixassem ver aqueles olhos acinzentados só mais uma vez…!

Your face it haunts my once pleasant dreams

(A tua face assombra os meus sonhos que um dia foram agradáveis)

Your voice it chased away all the sanity in me

(A tua voz extingue toda a minha sanidade)

Aqueles mesmos olhos que invadiam todos os seus pensamentos e todos os seus sonhos, aquela voz que às vezes parecia ouvir de novo, que a fazia procurar por todo o lado para ver se ele não estaria escondido atrás de algum postigo, a certeza insanamente intensa de que ele, de uma maneira qualquer, iria aparecer, voltar a qualquer momento…Todas estas lembranças dolorosas e desejos que sabia irrealizáveis a faziam recear pela sua sanidade mental…

I've tried so hard to tell myself that you're gone

(Eu tenho tentado arduamente convenver-me a mim mesma de que tu partiste)

But though you're still with me

(Mas embora tu ainda continues comigo)

I've been alone all along

(Eu tenho estado sozinha durante esse tempo todo)

Por isso, tentava a todo o custo lutar contra todas as suas ilusões vãs e mentalizar-se de que ele tinha partido sem bilhete de regresso, de que nunca mais o voltaria a ver. E, embora este pensamento a fizesse sentir tão sozinha, tinha sempre a estranha reconfortante impressão de que ele estava sempre com ela, de que nunca a deixara por completo…Sentia-o nos primeiros e últimos raios de Sol do dia, no arco-íris que surgia depois da chuva, no sorriso de Billy e na força que a impelia a continuar a lutar. E, nesta noite, essa sensação parecia ainda mais forte, a presença dele parecia-lhe ainda mais real, mais incontestável…Por um momento, até julgou ouvir a voz dele, mais viva e real do que nunca, a sussurrar-lhe ao ouvido “amo-te”.

Ginny arrepiou-se e olhou pelo seu ombro, mas, como calculava, não estava ninguém atrás de si. “Estou mesmo a dar em doida!”, pensou, acariciando uma rosa solitária que, extraordinariamente, sobrevivia ao frio e à neve. O amor deles fora assim: uma rosa deslumbrante, que, como todas as rosas, tivera alguns espinhos, mas que resistira a todas as contrariedades e obstáculos que as suas famílias e a própria vida lhes colocara no caminho…Um caminho idílico que terminara abrupta e cruelmente…

A ruiva sentiu outro arrepio e fechou os olhos com força ao lembrar-se daquele momento horrível que nunca a deixava em paz…E essa lembrança surgiu tão nítida e pormenorizada no seu pensamento que lhe pareceu voltar 4 anos atrás no tempo atrás no tempo, no campo da Batalha Final…

Estremeceu ao ouvir de novo os gritos horríveis, ao ver todos aqueles corpos pelo chão, o sangue, as casas em volta todas destruídas…Ela, ferida e já sem forças, impedia dois devoradores da morte de se aproximarem de Harry, que travava o duelo definitivo com Voldemort. Ao mesmo tempo, tentava não perder Draco de vista, que, ali perto, também se encarregava de outro bando de devoradores da morte.

Subitamente, um grito e um barulho seco de um corpo a cair no chão que fez Ginny sentir que lhe estrangulavam o coração. Lentamente, virou os olhos e deparou com o que mais receara: Draco estava caído sobre a terra, imóvel. Ouvira-se gritar um “Nãããããoooo!” horrorizado e imediatamente correra na direcção dele e ajoelhara-se a seu lado, “Draco, Draco, meu amor, acorda!”, as suas lágrimas caíam sobre a cara do rapaz inconsciente, enquanto ela o tentava reanimar, batendo-lhe nas faces.

Ao fim de alguns segundos, a jovem soltou um grito de alegria ao ver o seu amado abrir os olhos lentamente: “Draco, estás vivo!”. “Ginny, és tu…”, balbuciara o louro. “Sim, meu querido! Como te sentes, estás bem?”, perguntara a rapariga, abraçando-o. “Ginny…eu fui atingido por uma maldição muito grave…Eu…ai…eu sei que vou morrer, por isso…”, articulara ele com dificuldade. “Não Draco, não digas isso, tu vais ficar bem, tu és forte e já chamaram os curandeiros de S. Mungus, por isso…”.

“Ginny…”, o rapaz passara-lhe carinhosamente a mão pela face, com bastante esforço, “Minha Ginny, eu sei que não tenho muito tempo de vida, por isso, quero que saibas que te amo muito e que te amarei para sempre, até ao fim de todos os tempos, eu…”. “Draco, eu também te amo muito e nunca deixarei de te amar, mas tu não podes morrer!”, soluçara Ginny, “Draco…tu…tu vais ser pai…Eu…eu estou grávida! Não me podes deixar agora!”. O rapaz arregalara então os olhos e tentara sorrir, “Meu amor…tu estás a falar a sério? Oh, por Merlin, não sabes como isso me faz feliz! Nem acredito, um filho…o nosso filho…”. Draco acariciara ternamente a barriga de Ginny. “Estás a ver, não nos podes deixar a mim e a ele…eu não ia aguentar!”, argumentara ela, entre soluços. “Ginny, ele é mais uma razão pela qual tu...vais ter que aguentar, que continuar. Por isso, promete-me que a…ai…aconteça o que acontecer, tu vais resistir…que vais lutar, que vais viver por mim e…por esta criança…Promete-me Ginny,…”.

- Ginny! Estás aqui?

Ginny sentiu-se voltar abruptamente de muito longe, dentro de si mesma, para a realidade, pela voz da mãe. Passou a mão pela face e apercebeu-se de que estava lavada em lágrimas. Levantou-se de um salto, sentindo-se ainda anestesiada do presente, e encaminhou-se para Mrs. Weasley, que estava à porta de casa.

- Oh, Ginny! Que diabo estás a fazer cá fora? Está tanto frio! – repreendeu a mãe, agarrando-lhe nas mãos e puxando-a para dentro de casa. – Olha para isto, estás geladinha até aos ossos!

- Eu…estou bem, mãe, não te preocupes. Precisava de pensar, de estar sozinha... – Replicou a filha, sem olhar para a mãe. Não queria que ela notasse que tinha estado a chorar. Porém, a mãe reparou nos seus olhos vermelhos e abraçou-a com força.

- Ó filha…Não te devias isolar para chorar…Sabes que nós…nós estamos sempre aqui, sempre que precisares…Eu sei que ainda é tudo muito recente e doloroso para ti, por isso…

- Eu sei mãe, eu estou bem, só precisava de descomprimir um bocadinho…Sabes como estas quadras de família são difíceis para mim. Mas não te preocupes, está tudo bem. – Assegurou Ginny, com voz trémula. Entretanto, sentiu uns braços pequeninos e quentes abraçarem-lhe as pernas.

- Mamã, já xó faltam dois minutos p’a meia-noite! O Pai-Natal está me’mo a chegai! – exclamou o pequeno Billy, completamente excitado.

- Pois é filhote, o “Barbitas” deve estar mesmo a bater à porta! Anda, vamos esperá-lo em frente à lareira! – disse Ginny com todo o entusiasmo que conseguiu, pegando no filho ao colo e enchendo-o de beijinhos. Era ele e só ele que a fazia continuar a lutar, continuar a acreditar que viver valia a pena.

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Então, que acharam? Este capítulo foi um pouco dramático, mas os seguintes serão muito mais alegres e românticos e contarão com a presença de...Draco!
Como será que ele vai aparecer? Deixem as vossas opiniões e sujestões, prometo que responderei a todos!***

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