Sozinha
Tudo começou quando o outono chegou às colinas que demarcavam o terreno da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Aquele vento frio que passava pelos rostos dos estudantes trazia lembranças do verão que os deixava e a perspectiva de um inverno que estava por vir.
Essa sensação não era diferente para Hermione Granger. A brisa forte balançava seus cabelos castanhos, dando a impressão de que uma nuvem marrom a seguia por onde quer que fosse. E era exatamente isso que acontecia.
Ela não era mais a mesma há algum tempo. Pensamentos novos passavam por sua cabeça a todo momento, além de constantes preocupações que nunca tivera antes. Um delas era em relação ao futuro de seus amigos e dela mesma, já que tudo estava incerto desde o final do sexto ano.
Agora Hogwarts estava fechada. Poucos pais ainda se atreveriam a mandar seus filhos para longe de casa sem Dumbledore para olhar por eles, por isso a professora McGonagall decidiu não abrir a escola naquele ano letivo.
Desde o funeral de Dumbledore, Harry Potter vivia obcecado pela idéia de encontrar os horcruxes restantes e eliminar Lorde Voldemort. Rony ficava fiel ao seu lado, indo para onde quer que o amigo fosse. Hermione sentia-se inútil durante essas empreitadas, portanto decidiu ficar na escola para pesquisar na biblioteca sobre as pistas que tinham.
Porém Hogwarts não era a mesma sem aquela multidão de alunos andando pelos corredores e aprontando das suas. Agora tudo parecia sem vida, quieto, sombrio. Mas Hermione não tinha medo. Ela sabia que seu papel na missão de Harry era de suma importância e não ia desapontá-lo. Nem ele, nem Rony...
Sentou-se numa cadeira próxima à janela assim que entrou na biblioteca, descarregando os livros que segurava sobre a mesa. Suspirou e abriu o primeiro livro da pilha, ofegando por causa do esforço.
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Assim passaram-se vários dias. A única atividade da garota era acordar cedo, ir até a biblioteca e pesquisar durante o resto do dia. De vez em quando recebia uma coruja com uma mensagem em código trouxa enviada por algum dos garotos, mas isso raramente acontecia, deixando-a cada vez mais angustiada.
Ela se dirigia à cozinha para comer alguma coisa antes de voltar ao trabalho, quando ouviu um barulho vindo do final do corredor. Sacudiu a cabeça para espantar os maus pensamentos, achou que deveria estar a muito tempo sem falar com ninguém e começava a ouvir coisas.
O barulho se repetiu, então ela não teve escolha a não ser verificar o que estava acontecendo. Caminhou sorrateiramente pelo corredor, mantendo sempre a varinha à mão. Ia fazer a curva, mas algo no chão despertou sua atenção, fazendo com que ela abaixasse para ver o que era.
Uma passagem secreta fora aberta no chão do corredor.
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Hermione olhou assustada para aquele buraco entre as pedras do chão do corredor por vários segundos. Tinha certeza que estivera sozinha na escola durante todos aqueles dias, mas agora olhava para a prova de que havia mais alguém ali. Sentiu-se aterrorizada, queria gritar e sair daquele lugar imediatamente, mas algo fez com que ela não pudesse se mexer.
Instantaneamente, desceu pelo buraco no chão e encontrou-se numa espécie de armazém escuro e abandonado, provavelmente a antiga dispensa da cozinha. Deu alguns passos que ecoaram pelas paredes emboloradas, observando tudo que estava ao alcance de seus olhos.
Estava próxima à uma das paredes quando viu uma poça de sangue no chão. Abaixou-se para enxergar melhor, afinal estava muito escuro.
Hermione teve que abafar um grito de horror quando percebeu que aquele sangue era fresco.
Antes que pudesse esboçar qualquer reação, uma mão fria passou por sua boca e ela não pode mais se mover.
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