Um sonho realizado



Capítulo quatorze: Um sonho realizado

-Não Harry. Você não pode sair do castelo!
-Mas McGonagal, não há mais perigos lá fora, e eu já sou maior de idade.
-Aonde você quer ir? – perguntou a atual diretora de Hogwarts, parecendo considerar o pedido de Harry para sair do castelo.
-Ao Ministério. Preciso resolver um problema lá.
-Meu Deus! Que mania de querer sair senhor Potter! Vá então! Darei uma autorização, mas volte antes do anoitecer. E isso é uma ordem!
-Sim senhora...
Harry saiu pouco tempo depois das dependências do castelo. Ia aparatando até o Ministério. Já estava se acostumando a aparatar. Assim que passou os portões de Hogwarts, aparatou.
Chegando ao Ministério, ele conversou com o Guarda, que o deixou passar. Harry mentiu que queria falar com o senhor Weasley. Andou o mesmo percurso que há dois anos atrás fizera com Luna, Neville, e os outros. Onde achara a Profecia. Era lá que Sirius havia desaparecido em uma das diversas salas. Chegou até uma porta. Precisava abri-la.
-Alohomorra!
Conseguira! A porta se abriu facilmente. Era questão de tempo para ele saber se sua intuição estava correta. Andou até a sala onde ficava a harpa. Mas...
-Cadê?
A harpa não estava lá. Onde fora parar? Vasculhou vários cantos, e outras salas. Mas nada achou. Finalmente, cansado de tanto procurar, ele sentou-se no meio de uma sala pequena e deserta onde só havia um armário. Sentou-se no chão e começou a chorar.
-Padrinho? Onde está você? ONDE? – gritou, mas ninguém podia o ouvir. Ele estava num lugar vazio do Ministério.
Nesse momento o espelho, que Harry havia feito questão de trazer junto, se iluminou novamente.
-Sirius? – a esperança dentro de Harry cresceu novamente.
-Harry, me ajude...
-Onde você está?
-Eu não sei...
A voz do padrinho era fraca.
Harry tocou as mãos no espelho, como se pudesse trazer Sirius de volta fazendo aquilo. Ele estava se desesperando.
-Espera! Eu vou te ajudar. Tente me dizer como é o lugar.
-É frio, e vazio...
Harry olhou para o armário, deveria ter algo dentro dele que o ajudasse. O abriu. Sem ele poder acreditar em seus olhos, lá estava a harpa.
-Sirius volte! – disse Harry. – Caminhe por onde você já passou, volte! Se encontrar o caminho, poderei te salvar.
-Estou tentando...
- SIRIUS VOLTE! – Harry gritou para seu próprio conforto
-Achei uma abertura... – começou a falar Sirius. - Vou tentar passar...
Tudo caiu no silêncio. A luz do espelho sumiu. Harry teve medo.
-Sirius? Padrinho?
Ninguém respondeu. Pareceu uma eternidade para Harry os minutos que se passaram.
-VOLTE SIRIUS! VOLTE! – gritou Harry.
Harry começou a chorar, suas lágrimas tocaram o espelho, e pareciam se transformar em névoa. Ele perdera a esperança. Seu padrinho deveria ter acabado de morrer.
-Adeus Sirius... Desculpe por não ter podido fazer nada...
-Como assim nada?
Harry olhou para o espelho. Não havia nenhuma luz. Da onde vinha à voz?
-Se está procurando a tal luz do espelho, eu não estou mais naquela dimensão com minha varinha, usando o feitiço Lumus.
Harry olhou para trás, e não pode acreditar. Seu padrinho estava vivo! Ele correu para abraçá-lo.
-Cuidado Harry, eu estou um pouco ferido e muito cansado.
-Mas como você conseguiu...
-Deixa-me explicar. – ele sentou-se no chão. – Cada pessoa que cai naquele véu da harpa, vai para uma dimensão diferente, um outro mundo. Para minha sorte, eu parei num mundo onde só existe o Nada. E eu não sentia muita coisa além do nada. Até que percebi minha varinha. Teria sido pior se eu fosse parar em um lugar cheio de criaturas estranhas. Eu teria morrido, provavelmente.
-Como você sobreviveu durante todo esse tempo? Sem água nem comida?
-Todo esse tempo? Quanto tempo já se passou?
-Quase dois anos.
-QUÊ???
Harry acenou com a cabeça. Sirius parecia incrédulo.
-Bem, o tempo nas outras dimensões costuma passar de um modo diferente. Onde eu estava pareceu-me apenas alguns dias. Agora entendi porque você está tão mudado.
-Em compensação você está igual. – Harry riu.
-Na dimensão em que eu fiquei talvez o tempo não passe... – falou como se estivesse perguntando a si mesmo. – Mas e ai Harry, o que aconteceu nesses dois anos? Voldemort continua atacando? – perguntou Sirius com sua voz rouca e preocupada.
Harry contou tudo ao padrinho.
-Você foi muito valente. Seu pai teria feito o mesmo para salvar os amigos.
-Mas eu não consegui salvar a vida de gente que morreu antes...
-O que você quer dizer? Quem foi que Voldemort matou antes?
- Dumbledore morreu, porque para obter uma horcrux teve que beber uma poção, mas ele pediu a Snape que o matasse. Snape também morreu por causa de uma horcrux. Morreu para me salvar. A mim e ao Draco... – Harry engoliu um seco. – E eu não consegui salvar nem a vida de Dumbledore, nem de Snape, nem a de Draco, que foi morto por Voldemort, pois não acatou a ordem de me matar.
-Isso tudo que você está me falando é sério?
-Sim.
Sirius pareceu chocado. Harry pensou que talvez fosse por tudo que ele fizera com Snape, e principalmente pela morte de Dumbledore.
-Eu me sinto em parte culpado. – desabafou Harry.
-Harry, você fez o que pode para salvar as pessoas. Você matou Voldemort e isso bastou. Você também é um ser humano, não poderia salvar todos. Você nem sabia das intenções de Voldemort. Esqueça isso para seu próprio bem. Vamos pra casa, que estou morrendo de fome.
-A Ordem se mudou. E temo dizer que sua casa foi destruída pelos cupins.
-Eu não gostava daquele lugar mesmo.
-Nem eu.
Os dois riram.
-Você herdou, não? Se pensaram que eu estava morto...
-Sim.
-Vamos vendê-la e comprar algo no campo. Que tal?
-Ótima idéia. Mas eu prometi voltar para a escola. Vou ter que ir. Você pode ficar com os Weasley até achar a casa. Vamos procurar o Arthur.
-Ok!
Os dois seguiram todo o percurso até chegarem ao departamento onde Arthur trabalhava. Não trocaram mais nenhuma palavra. Harry pode ver nos olhos do padrinho que ele ainda tentava absorver todos os fatos sucedidos enquanto ele estava fora.
-Olá Harry! – disse seu Weasley segurando uma caneta esferográfica, olhava para ela como se estivesse olhando para ouro. Sua mania por objetos de trouxa pelo visto continuava igual. Ele nem notou Sirius.
-Oi.
Arthur parecera notar algo estranho, olhou o calendário, e as horas. Depois se voltou para Harry e disse:
-Você não devia estar na esco... – sua fala foi sumindo à medida que ele olhava para o acompanhante de Harry. – Pelas barbas de Merlim! Sirius?
-Olá!
E assim Harry e Sirius contaram toda a história das dimensões.
-Mas eu jamais ouvira falar disso.
-Bem, eu vim aqui para saber se posso ficar em sua casa até resolver onde vou morar.
-Claro. Eu já estava de saída. Vamos.
Os três seguiram para a Toca.


Chegando a toca, foram bem recebidos por todos da família Weasley. Sirius tomou banho e depois desceu para jantar, Harry enquanto isso contou tudo que acontecera com o padrinho a Carlinhos, Gui e Molly. Na hora do jantar a história foi toda repetida para os gêmeos que chegaram depois.
Harry foi levado por Arthur até a escola. Eles foram aparatando. Ao se despedir de Sirius prometeu voltar no fim de semana para revê-lo, se conseguisse permissão da diretora de novo. Estava louco para contar a novidade aos amigos.
Chegando a entrada do castelo, Filch, o Zelador, olhava Harry com rispidez. Arthur explicou o atraso dele. E Harry pode ver a cara de espanto em saber que Sirius Black estava de volta. Vivo.
Entrando no castelo, Harry se dirigiu diretamente para a sala Comunal da Grifinória. Lá encontrou Hermione e Rony sentados numa poltrona, e Luna e Neville em outra. Eles tinham começado a namorar recentemente.
Harry ainda não falara com Gina sobre seus planos de um namoro sério. Eles estavam separados. Harry pediu um tempo para assimilar tudo que se sucedera. Gina como fizera antes, disse que o esperaria. Mas ele tinha suas dúvidas. Ela parecia querer outro caminho. Harry deu de ombros, não era momento para lembrar de um boato que rolava pelos cantos da escola. Ele deu oi aos casais.
-Olá Harry! – responderam todos.
-Quê ar de felicidade é esse? – perguntou Hermione, como sempre muito esperta.
-Sirius está de volta!
-QUÊ!!? – exclamaram todos. E Harry contou tudo.
-UAU! Que demais cara! – disse Rony muito contente. – Minha mãe deve ter tido um treco quando o viu...
-Mais ou menos. Ela estava estendendo roupa. E Sirius a cumprimentou. Ela arregalou os olhos e saiu o abraçando emocionada. – contou Harry.
Após isso, ele ia saindo em direção ao dormitório com muito sono, quando lembrou de algo muito importante.
-Rony?
-Sim?
-Cadê sua irmã? Preciso falar com ela.
Harry pode ver no rosto do amigo a aflição que o abatia.
-Hermione, licença, que eu vou falar com Harry.
-Ok.
Assim os dois foram para perto de uma das janelas da torre.
-Fala, e não enrola. – disse Harry brabo, já esperando o pior.
-A Gina tá estranha, esses boatos que nós andamos ouvindo aqui na escola...- Harry lembrava bem dos boatos, de que Gina estava saindo com um novo artilheiro de quadribol da Corvinal. – Bem...
-Fala logo!
-Ela tá estranha. Parece sempre avoada. Ou seja, desligada, feliz, e sei lá Harry? Acho que esses boatos são verdades. Pronto, falei!
Harry sentiu seu coração doer, se comprimir dentro do peito. Ele precisava tirar essa história a limpo.
-Você sabe onde ela está agora? – perguntou.
-Eu vi ela subir o dormitório feminino, muito feliz. Ela já foi dormir. Desculpa eu estar te falando isso. Mas você é meu amigo, e mesmo ela sendo minha irmã, ela não tem o direito de fazer isso com você.
-Rony? Ela está livre pra fazer o que quiser! Nós não estamos juntos.
-Eu sei, mas você...
-Mas eu nada! Boa noite Rony!
E assim Harry saiu subindo as escadas e batendo a porta do dormitório masculino.


No outro dia amanheceu chovendo, era um sábado. Harry por um momento achou que poderia ficar dormindo mais um pouco, mas lembrou que tinha algumas aulas para recuperar.
Sentou-se na cama, e tateou o bidê até achar seus óculos. Foi até um espelho, e pode ver novamente que sua cicatriz já não estava mais em sua testa. A magia fora forte demais para lhe causar aquela cicatriz, mas no momento que Voldemort deixou de existir, tudo que se ligava a ele também. Lupin explicara isso para Harry no dia seguinte do confronto final. As marcas nos comensais sumiriam todas e isso dificultaria achar o resto dos aliados de Voldemort, pois nem todos estavam presentes naquela batalha. E conseqüentemente a cicatriz sumiria também.
Seria muito trabalhoso achar todos os demais comensais, que em vez de estarem no confronto final deveriam estar fazendo outras coisas para Voldemort. Mesmo assim essa seria a missão do aurores. E era isso que dava forças para Harry se levantar e assistir as aulas. Ele queria ser um auror.
Vestiu-se, arrumou o cabelo de qualquer jeito, foi ao banheiro e depois desceu para ir para a aula. Era por causa das aulas de recuperação que Harry não podia mais jogar quadribol. Ele sentia-se um pouco mal por isso. Rony também não podia jogar, e era outro que não acreditava em tamanha má sorte.
Tomou o café da manhã praticamente sozinho, pois só quando acabou Rony apareceu ainda com cara de sono. E Hermione vinha atrás bem disposta, mexendo nos cabelos. Harry pode ler seus pensamentos. “Hoje eu vou aprender muitas coisas. Que legal!” Assim ele riu do que pensou.
-Bom dia Harry! Dormiu bem?
-Sim Hermione.
Os três começaram a olhar-se. Um encarando ao outro. E assim caíram na gargalhada.
-O quê houve com a gente? – perguntou Rony.
-Não sei. Acho que é essa paz...
-Como assim “essa paz” Hermione? – perguntou Harry sem entender.
-É a primeira vez que estamos juntos, os três, sem ninguém por perto para narrarmos os nossos feitos heróicos. Vocês notaram o silêncio?
-É. Agora entendi. – respondeu Harry.
-É. Eu também entendi. Parecemos os mesmos de antes. – disse Rony.
-Sim e temos muito que fazer ainda. Vamos para as aulas garotos.
E assim seguiram para as aulas.

Depois de uma manhã cansativa. Em razão da chuva forte, os três amigos não precisaram ter aulas de Trato das criaturas mágicas. Então Harry pode aproveitar a tarde livre para procurar Gina.
Após muitas perguntas soube que ela estava no dormitório feminino. Então pediu a uma menina da série dela para chamá-la.
Depois de uma meia hora, Gina saiu do quarto. Harry que esperava ansioso, a pegou pela mão e a levou para fora da Torre da Grifinória. Só depois olhou para o rosto dela.
-Por quê está chorando?
-Nada Harry. Me solta.
Harry, porém pegou as duas mãos delas.
-O quê houve Gina?
-Me solta!
-Não, enquanto você não me dizer...
-Ok então! – disse em tom forte. – Ouvi ontem sua conversa com meu irmão. É isso que você pensa de mim, não é? Você acredita nos outros...
-Eu não disse que acreditava.
-Mas falou que não tinha nada haver com isso. Eu pensei que nós dois...Que droga Harry!
-Pensou que nós dois...Continua. O que você ia dizer?
-Nada Harry. Me deixa ir.
-NÃO!
Segurando as mãos de Gina com mais firmeza, Harry a encarou.
-Harry deixa eu ir... – Gina chorava mais. Seu rosto demonstrava tristeza.
-O que foi que eu fiz Gina? Eu não acredito no que estão falando. Eu acredito em você...
-Mas não foi o que me pareceu. Por quê você disse que sou livre para fazer o que quiser? Droga! Eu esperei esse tempo todo à toa... Eu estava feliz porque pensava que você ia logo falar comigo, e não porque estava saindo com alguém. Eu até recebi convites e recusei todos por sua causa! Você não me quer mais... Como fui idiota.
-Quem te disse que eu não te quero mais?
-Você!
-Quando? Eu não me lembro disso.
-Você disse para meu irmão que não estamos mais juntos. E eu te esperando feito uma boba.
Harry compreendeu tudo. Ele tomou cuidado para não rir do mal entendido. Já sabia, por experiência própria que mulheres não gostavam de risadas em meio de uma conversa séria. Ele, agora se sentia aliviado por saber que Gina ainda o amava, tanto quanto ele a amava.
-Gina eu falei isso porque queria ir dormir, para por um ponto final na história do boato. Ontem mesmo eu ia falar com você. Não ouviu eu dizer para o Rony que queria falar com você?
-Não. – respondeu Gina, enquanto Harry passava os dedos por sua face para enxugar suas lágrimas.
-Sabe o que eu queria falar com você?
-Que Sirius voltou? Eu já sei, Hermione me disse...
-Não era só isso. Eu já estava te procurando ontem, quando achei o espelho que me levou a encontrar Sirius. Claro que eu ia te contar tudo. Mas era outra coisa que eu queria dizer.
Harry a encarou com um olhar alegre. Gina o fitava, aflita.
-Gina, eu queria te dizer que foi duro pra mim tudo que aconteceu. Eu precisei desse tempo. Mas agora a única coisa que eu preciso nesse momento, é você.
Gina o olhou com outros olhos. Seu rosto ganhou vida. Ela o encarava ansiosa pelo resto das palavras que Harry não suportava mais guardar só pra si.
-Quer ser minha namorada? Eu vou entender se você quiser um tempo para pensar, afinal eu fiz você esperar tanto...
-É você tem razão Harry. Eu esperei demais.
-O quê você quer dizer com isso? – Harry temeu a resposta.
-Quero dizer que não posso esperar mais. Sim Harry, eu quero ser sua namorada.
Harry sentiu seu coração bater muito rápido, como se fosse sair pela boca, mas ao mesmo tempo sentiu uma calma que jamais sentira antes. Uniu suas mãos com as mãos de Gina. Os dois então ergueram as mãos para perto do rosto, e se aproximaram como se fossem dançar. Harry sentiu o perfume floral de Gina virar novamente seu conforto. Assim bem próximos, eles se beijaram.


O tempo passou. Harry, Hermione e Rony conseguiram com muitos esforços terminarem o sétimo e último ano em Hogwarts. Comemoraram o fim das aulas em grande estilo. Com festa na Torre da Grifinória com direito a muita cerveja amanteigada e muitos doces da Dedosdemel.
Sirius comprara uma casa perto dos Weasley, no campo. Onde Harry foi morar com ele.
Para Lupin, que havia se casado com Tonks e estava viajando quando Sirius retornou, fora uma surpresa o retorno de um dos seus melhores amigos: Almofadinhas. Sirius ficou muito feliz em saber que sua prima Tonks se casara com Lupin.
Hermione teve que ir morar com os pais trouxas, mas acabou aceitando o convite de Molly para esperar os resultados dos N.I.E.M.S em sua casa, em companhia de Rony, que parecia perder o ânimo depois de um mês longe dela. Harry estava com Gina, na Toca, quando recebeu juntamente com Rony e Hermione as tão esperadas cartas.
Para alívio dos três, passaram nos N.I.E.M.S e conseguiram as notas suficientes para se tornarem aurores.
Novamente o tempo passou. E dessa vez era a vez de Gina saber se passara no N.I.E.M.S. Ela havia alegado que não se importava tanto com suas notas, pois desde que seu irmão Percy fora pedir desculpas para a família, todos estavam muito felizes, inclusive ela que era a caçula. Harry sentiu o mesmo nervosismo de um ano antes. Ele se sentia na pele de sua namorada.
-Passei! Posso me tornar uma auror.
-Que bom meu amor! Parabéns!- Assim Harry a beijou ternamente na boca.
-Agora poderei ser sua colega de trabalho.
-Mas eu estou um ano adiantado Gina...
-Eu sei, mas eu te alcanço.
Harry ficou imaginando se ele e Gina viveriam brigando que nem seus amigos Rony e Mione, que haviam escolhido a mesma profissão. Estudavam os dois juntos, e trabalhariam os dois juntos também. Hermione ainda morava com os pais.
Harry conheceu muita coisa nova sobre artes das trevas. E sobre feitiços e encantamentos. Ele amava estudar para ser um futuro auror.
Com o passar dos meses Harry notou Rony meio tenso. Ele quis saber o que afligia seu melhor amigo.
-Tem haver com a Mione.
-Vocês estão brigados?
-Não Harry. Pelo contrário, a cada dia que passa a vontade de ficar com ela é maior.
-Então o que é?
-Eu quero...Ai! Droga!
-Você quer o quê?
-Eu quero pedir ela em casamento.
Harry sorriu. Ele sentia o mesmo desejo em relação a Gina, mas achava que ela ainda era nova para isso. Havia um ano de diferença entre os dois. Era pouco, mas parecia muito para se casar. E agora seu melhor amigo e cunhado, queria pedir Hermione em casamento.
-Vai em frente Rony! Peça.
-Hermione vai fazer dezenove anos. Acho que vou pedir no dia do aniversário dela. É daqui alguns meses, até lá tenho tempo para me preparar. Você não acha que mamãe, ou mesmo Mione, vão achar cedo demais?
-Gui casou novo também, não?
-É. Mamãe vai ter que entender.
E assim o tempo passou mais uma vez.


-Feliz aniversário Hermione!
-Obrigado Harry. Oh! É linda. – Harry pensara muito antes de comprar o presente de sua melhor amiga. Por fim decidira por uma corrente com um pingente que lembrava um vira-tempo.
-É pelos velhos tempos de escola... Quando tivemos aquela aventura que salvou a vida de Sirius e a de Bicuço. Você lembra?
-Como poderia esquecer... – Disse Hermione em lágrimas. – Nós passamos por tantos bocados... Cadê Rony?
-Tá vindo, querida.
-Olá Molly!
-Feliz aniversário querida. – Dizendo isso abraçou forte Hermione e depois se virou para Harry, piscando para ele, disse: -Ele tem uma surpresa para você...
Harry não conseguia imaginar a reação de Hermione perante o pedido de casamento. Agora os três amigos estavam trabalhando como aurores iniciantes. Aprendendo muita prática. Quase não tinham tempo de conversar. Rony não agüentava mais ficar longe de Hermione. Ela ainda morava com os pais, e era difícil se verem em período de férias.
-Até que enfim Rony, eu estava com saudade! – dizendo isso ela agarrou-se no pescoço dele, e os dois se beijaram. Após essa cena, ali mesmo, na sala da toca onde tantas coisas boas haviam acontecido, Rony tirou do bolso um embrulho muito diferente.
-É para você...Mione.
-O que é isso Rony?
-Abra.
O embrulho era feito com um papel prateado, devia ser algum feitiço que Harry desconhecia, pois o papel brilhava muito. Parecia um pergaminho um tanto diferente. Fosse o que fosse, o embrulho era em formato quadrado. Hermione puxou o laço da fita mimosa prateada. Deixou o papel de lado e tirou do embrulho uma caixa de madeira.
A caixa de madeira parecia uma relíquia. Era toda trabalhada, mas nela estava gravado Rony & Mione. A gravação era recente. Onde Rony conseguira aquilo, Harry não soube dizer. A caixa possuía ainda uma tranca e não havia sinal nenhum de alguma chave. O que Rony estava tramando. Até Molly espantara-se.
-Rony! Está trancada!
-Eu sei Mione. Leia o pergaminho, e você saberá como abrir.
Ela correu as mãos até o pergaminho prateado.
-Mas aqui não tem nada.
O olhar de Rony tornara-se de alegre e brincalhão, para um olhar desafiador.
-Mione?
-Sim Rony...
-Na hora certa você saberá o que significa, você é muito inteligente, e quando você conseguir abrir... – Rony abaixou a cabeça.
-Fala Rony...
-Se você abrir, me procure meu amor. – dizendo isso Rony a beijou na testa e depois na boca. E assim os dois abriram sorrisos como se conseguissem de alguma forma se entender no meio de tanto mistério.
Passado o almoço, Hermione teve que voltar para casa. Harry enfim foi tentar descobrir algo com Rony.
-Cara? Você não ia pedir a Mione em casamento?
-Harry, eu já pedi à mulher que amo em casamento.
-Como assim?
-A caixa.
-O que significa aquela caixa?
-A caixa esconde o pedido e o anel de noivado.
-Dentro da caixa tem um pergaminho? E um anel?
Rony negou, balançando a cabeça.
-Você notou aquele pergaminho prateado?- Harry acenou com a cabeça. – Pois bem, nele há instruções de como encontrar a chave, é um feitiço. E só abrir a caixa e dentro terá o anel. O resto da interpretação fica por conta de quem abrir.
-No caso Mione. Que boa idéia Rony!
-Eu queria impressionar a Mione. Eu achei a caixa numa loja, estudei sobre feitiços antigos, e o pergaminho foi ajuda de Fred e Jorge. De acordo com os feitiços que colocamos no pergaminho, só quem realmente quiser, de coração, poderá encontrar as instruções. E só quem realmente for inteligente poderá encontrar a chave.
-E onde está a chave?
-Comigo.
-QUÊ? Mas como ela vai achar assim?
-É mais um feitiço muito antigo. Meu coração possui o que ela quer. No momento que ela souber disso, ela obtém a chave nas mãos.
-Cara... se você queria impressionar, acho que você conseguiu. Ainda bem que Hermione é inteligente. Vou voltar pra casa, Sirius quer ajuda para limpar o sótão. Até mais Rony!

Por mais que Harry e Rony acreditassem que Hermione era capaz de resolver a questão da caixa. O tempo foi passando e ela parecia cada vez mais triste. Um dia quando os quatros estavam juntos, Hermione e Rony, Harry e Gina, ela perguntou para Rony como abria a caixa, este não respondeu e os dois saíram magoados. Um por não obter respostas, outro por não acreditar que Hermione não queria de coração abrir a caixa.

Numa tarde em que Harry conseguiu ver Hermione, a encontrou chorando. Ela estava numa das colinas perto da Toca e da casa em que Harry morava com o padrinho. Estava sentada na grama com a caixa e o pergaminho na mão.
-Por quê eu não consigo ler o que está no pergaminho?
-Você já tentou pensar como o Rony para ver no que dá?
-Não...
-Tenta!
-Bem ele fez isso, acredito eu, porque me ama, e se eu o amo... ah Droga! Eu não vejo nada no pergaminho...
-Tente Mione...
-Tá bom... Eu amo o Rony... Rony & Mione... é o que está na caixa... isso quer dizer que estamos unidos... pelo amor. Então nossos corações dizem algo, sentem algo... Oh! Eu já sei!
-Descobriu?
-Por quê eu não pensei nisso antes? Estava no meu nariz o tempo todo, mas eu pensei que Rony não faria isso... – Hermione parecia emocionada. – Mas ele fez!
-Fez o quê? – Harry não sabia no que ela estava pensando.
-Ele usou um feitiço muito antigo. Já li isso num livro. Mas achei que isso fosse só com a caixa, mas ele também usou no pergaminho.
Harry não quis falar nada. E nem precisava, ela descobrira tudo sozinha. Hermione era a pessoa mais inteligente que ele conhecia.
-Vejamos. Eu amo o Rony e sei que ele me ama. Nossos corações estão unidos com o amor que sentimos. Quero de coração saber o que tem nesse pergaminho!
Automaticamente o pergaminho revelou seu segredo. Numa escrita rabiscada, havia um enigma. Hermione era muito boa em enigmas. Descobriria logo.
- “A chave está onde o amor encontra empecilhos.”
Harry não entendeu o que aquele enigma tinha haver com o fato de a chave estar com Rony.
-Isso é muito fácil!
-Muito fácil? Eu não acho.
-O amor está no coração, e é onde encontra tudo que precisa. Você consegue entender isso Harry?
Ele pensou em Gina, em como seu coração batia com calma perto dela, e muito rápido quando ela estava longe e a saudade batia. Era possível ele ficar triste por um mês se não a visse.
-Entendo. – respondeu. – Mas o que têm haver com os empecilhos?
-Por incrível que pareça, é lá também, no coração, que se encontra os empecilhos. Quando brigamos, por exemplo, guardamos a mágoa em nossos corações e não deixamos mais o amor nos atingir. Isso, felizmente dura pouco, mas há pessoas que deixam isso perpetuar e acabam por viver sem carinho, sem amor.
Harry lembrou de uma briga que tivera com Gina. Não fora nada agradável ficar sem o carinho dela, mas ele resistiu. Depois de dois dias não agüentou e pediu desculpa.
-A chave está no coração de Rony... – disse Hermione m voz alta.
“Como ela sabe disso?” Harry tentou pensar numa possibilidade.
De repente uma luz forte apareceu, muito prateada. Dela caiu na palma da mão de Hermione uma chave antiga toda ornamentada. Pequena, com o cabo em formato de coração.
-É linda! Também tá gravado “Rony & Mione”...
-Você não vai chorar, não é?- preocupou-se Harry.
-Deixa de ser estraga prazer!
-Gina?
-Oi! – Gina estalou um beijo na boca de Harry. – Meu irmão é tão romântico, aprendeu a ser assim por causa da Mione. Olha ela ali, vai abrir a caixa toda emocionda.
E assim, Mione colocou a chave na tranca, e deu três voltas. Lá dentro em cima de uma almofadinha vermelha, encontrava-se um anel de prata com o símbolo do infinito. Dentro dele estava gravado mais uma vez “Rony & Mione”.

Minutos depois Hermione já estava na Toca, beijando Rony.
-Eu achei o anel...
-E então... Você aceita?
-Claro que eu aceito ser sua noiva!
Os dois se abraçaram forte.
-Você vão ser os padrinhos. – disse Hermione de mãos dadas com Rony.
Gina e Harry se entreolharam.
-Ok! – Concordaram os dois.


Rony e Mione. Eles noivaram e um ano depois casaram. O casamento foi feito no pátio da toca. Muitos ex-alunos de Hogwarts estavam lá. Neville, Luna, Simas, entre outros. A festa fora muito divertida. Tudo acontecera magicamente. Com mais um ano passado Harry tomou coragem e decidiu pedir gina em casamento. Comprou o anel com uma pequena pedra de esmeralda. Levou ela para a torre da Grifinória, onde eles haviam se beijado pela primeira vez, a pegou por uma das mãos na frente de muitos alunos novos de lá. Tirou do bolso uma caixa vermelha.
-Gina? Quer casar comigo?
-Harry! – Gina o pegou pelo pescoço e o abraçou muito forte, ele quase não sentia sua respiração. Quando ela o soltou, ele pode ver em seus olhos todos os anos que já se haviam passado. Pode ver todo o sofrimento que ele teve que passar, e pode ver o futuro maravilhoso que teria com ela. Não poderia escapar de algumas brigas, pois o temperamento de Gina era diferente do seu. Mas teria todo o amor que ela era capaz de lhe dar, sem se quer pedir nada em troca. Isso era suficiente.
Ele a amava mais que tudo. Ela era o refúgio de um passado que ele queria desesperadamente esquecer. Por uma fração de segundo Harry pensou ouvir a voz de seus pais: “Ela é perfeita para você Harry.”
-Mamãe? Papai? – sussurrou.
-Quê?
-Eu quero saber se isso é um sim? – perguntou ele, desviando do assunto.
-Claro que SIM Harry! Eu te amo...- Gina o abraçou de novo.
Nessa hora Harry lembrou de um sonho que tivera há muitos anos atrás, quando temia pela vida de quem amava, inclusive a de Gina. Quando Voldemort ainda era vivo. No sonho Gina estava segurando flores...

Harry se casou meses depois, quando Rony e Mione completaram dois anos de casados. Gina segurava flores. Eram flores silvestres, as mesmas do sonho de Harry. Ele nunca dissera isso a ela. No dia do casamento ela vestia um vestido branco de alças e a parte da saia era pregada. Estava descalça. Parecia uma fada aos olhos de Harry.
Fizeram a festa no pátio da Toca. Foram muitas pessoas que gostavam de Harry. Hagrid chorava de emoção dizendo que seu menino crescera. Sirius não se agüentava de alegria. Molly toda hora dizia para Harry cuidar bem de sua caçula. Arthur repetia a mesma coisa. Harry jamais se sentira tão feliz na vida, até então.
Aconteceram muitas coisas depois disso. Uma delas se tornou a maior felicidade de Harry. Seu filho, Thiago, nascera dois anos depois. Thiago Waesley Potter.
...
Agora ele se sentia velho. As rugas por toda sua face marcavam cada acontecimento de sua vida. Ele estava sentado numa cadeira de balanço feita de madeira, fora à última coisa que seu padrinho Sirius fizera antes de falecer já bem velho. O padrinho vivera feliz até seus últimos dias.
-Últimos dias... – pensou Harry. - Creio que hoje poderei olhar essas colinas verdejantes pela última vez. Estou velho e cansado. Já Gina, ainda viverá alguns anos. É mais nova que eu. Tem mais vida. Foi uma grande mulher. Me ensinou muito. – a voz de Harry era desgastada pelo tempo. Os cabelos brancos pareciam poder falar por ele. O tempo passara... Para uns depressa demais. Para outros muito devagar. Para Harry Potter... Passara como devia passar.
Harry estava sentado na varanda da Toca, onde ele e Gina foram morar assim que herdaram a casa. Rony e Hermione estavam vivendo na França, eis o motivo por não estarem na Toca. Harry deixou lágrimas rolarem de seus olhos verdes, sentia saudades dos amigos e não poderia se despedir direito. Mas ele sabia que enquanto eles vivessem, carregariam o amigo no coração.
Se acomodou melhor na cadeira. Lembrou de tudo que vivera até ali. Os sofrimentos, as dores, as alegrias. Sentiu os olhos cansados, muito pesados. Fechou-os. E nunca mais voltou a abri-los...
Harry Potter morreu naquela tarde enquanto dormia.
No dia de seu enterro, muita gente desconhecida apareceu para darem vivas a um herói, que vivera mais do que qualquer herói. Que destruíra aquele que todos temiam: Voldemort. Que ensinou a todos aquilo, que Dumbledore o havia ensinado: Que o amor era a maior benção do mundo. E fosse o que fosse, sem amor não seria nada.
O menino nasceu, sobreviveu em meio a muitos sofrimentos, mesmo assim tornou-se bom e cresceu. O menino amadureceu e derrotou seu maior inimigo: Voldemort. E depois ele fez tudo que quis. Esse menino foi Harry Potter.. O “eterno menino da cicatriz”.

FIM

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