Capítulo I
Harry Potter estava pronto para alçar vôo, quando percebeu o céu nublado, algumas nuvens ameaçadoras ao longe, mas não queria assustar sua companheira de viagem (sabia que ela não gostava de voar em uma vassoura, aliás, não gostava de voar em nada!). Ele tinha prometido que a levaria até A Toca em segurança, mas parecia que o tempo não viria ajudar. Olhou para a mulher atrás dele, seus cabelos escuros ganhavam reflexos criados pelos últimos raios de sol.
Há quase um ano não a via, mas o tempo não apagara a intensidade dos olhos cor de mel, nem a posição determinada do queixo.
Hermione Jane Granger. Ex-esposa de seu melhor amigo.
Antes de sair do apartamento, ela trocara o vestido discreto por uma calça jeans, camiseta e uma jaqueta leve para aquecer o frio da tarde de outono. O jeans ficava perfeito nas pernas bem torneadas, e a camiseta laranja refletia o tom de pêssego das faces coradas. Era melhor não dar atenção ao formato dos seios sob o tecido. Ela parecia relaxada e controlada enquanto ele não subia aos céus. Mas, quando olhou para suas mãos, Harry notou que estavam grudadas em sua cintura.
- Não gosta de voar, não é? – perguntou, adivinhando o motivo do nervosismo.
- Não muito. Quando necessário, prefiro aparatar a ter que subir em vassouras. – resumiu.
- Não se preocupe. Sou um excelente “piloto”.
- Eu sei. E nada podia afundar o Titanic.
Ele sorriu, perguntou se ela estava preparada e deu um impulso com os pés. Começou a ganhar velocidade e só voltou a falar quando alcançou uma altitude boa.
- Pode relaxar agora. A viagem até A Toca parecer ser tranqüila. Ela relaxou um pouco as mãos e respirou fundo.
- Voa com freqüência, né?!
- Regularmente. Sempre que tenho uma reunião ou um problema urgente pra resolver em uma das filiais prefiro voar a aparatar. – Claro que Hermione não dava atenção ao que ele dizia, pois ele sabia que ela estava pensando em Bryan, seu filho de nove anos, e no ex-marido.
– Gostaria de saber o que Rony estava pensando quando fez essa última gracinha. Ela riu, e ele lembrou-se de quando ainda estavam estudando e ela sempre ria de suas piadas, mesmo sendo sem graça.
- Nós nunca tivemos sucesso em nossas tentativas de entender as gracinhas de Rony.
- É verdade. – Não tinha a menor idéias das pretensões do amigo. Tudo que sabia era que ele havia ido buscar o filho na escola na tarde de sexta-feira sem antes falar com Hermione, e num final de semana em que não haveria visita. Ao chegar em casa do trabalho, Hermione encontrara um bilhete sobre a mesa da cozinha indicando que ela deveria ir até a Toca, onde Rony e Harry moravam atualmente.
Hermione enviou uma coruja para Harry para verificar se ele sabia o que estava acontecendo. Harry saíra imediatamente do Beco Diagonal, com destino ao centro de Londres. Lá encontrara Hermione em seu apartamento, e agora os dois estavam a caminho dA Toca.
Suspeitava que, como sempre, eram vítimas do amigo impetuoso e de mais uma de suas inconseqüentes brincadeiras.
Hermione mudou de posição, e ele sentiu o perfume suave, porém sexy. Ela usava aquela fragrância desde que o informou sobre a novidade. Sim, na noite em que ela e Rony anunciaram a gravidez que os levara ao casamento, naquela situação Hermione usava aquele mesmo perfume.
Rony se mostrara apavorado, mas os olhos caramelo da recente noiva irradiavam força e determinação. Envergonhado, Harry fora forçado a reconhecer uma ponta de inveja do amigo por ter encontrado uma garota tão bonita e corajosa para viver a seu lado.
Ficara assustado com o sentimento, e desde então tentara manter-se afastado dela durante todo o período em que estivera casada com Rony. De fato, depois daquele dia passou a tratá-la com frieza e até uma certa ignorância. Ela estranhou um pouco o fato.
Esperava que a atração houvesse desaparecido, mas ao sentir o perfume familiar, não conseguiu ignorar o calor que brotava de seu ventre e subia até o peito.
Aquela era a mulher de Rony! Apesar de estarem divorciados há um ano, ela seria sempre a mulher de seu melhor amigo.
- Devia estar furiosa com Rony por isso – ela comentou, interrompendo seus pensamentos. – Mas sempre foi difícil ficar zangada com ele por muito tempo. Dessa vez, Harry sorriu.
- Sei o que quer dizer. – Apesar da imaturidade e da irresponsabilidade de Rony, havia algo de irresistível nele, algo que acabava sempre anulando a raiva ou qualquer outro sentimento negativo. Ele era como um menino que precisava de uma boa surra, mas que sempre escapava com um simples suspiro exasperado dos adultos que o cercavam. O sorriso de Harry deu lugar a uma expressão intrigada.
– Mas ele tem estado estranho ultimamente.
- O que quer dizer?
- Não sei. Rony está muito quieto, e quando fala é sempre pra lembrar o passado, a época de escola…
- Talvez ele esteja crescendo. Aos vinte e oito anos de idade! Rony ainda trabalha com vocês na Gemialidades Weasley?
- Oh, sim. Ele é um ótimo gerente de pessoal, porque sabe lidar com as pessoas.
Talvez seu amigo estivesse arrependido do divórcio. A viagem à Toca podia ser uma tentativa de forjar a reconciliação. Ele não esperava que Hermione mandasse uma coruja para Harry, mas ela o procurara para tentar entender a atitude do ex-marido.
A idéia de seguir até A Toca de vassoura fora dele, pois a distância era um pouco grande, seria cansativo aparatar até lá. Preferia mil vezes uma hora voando que dois minutos aparatando, ainda mais em plena sexta-feira depois de um longo dia de trabalho. Se Rony quisesse a reconciliação, ela estaria disposta a se empenhar numa segunda tentativa? Bryan ficaria muito feliz, caso isso acontecesse. Apesar de ter se ajustado muito bem ao divórcio, ele era apenas uma criança, e como todas as outras, certamente sonhava ver os pais juntos.
Quanto a Harry, tudo que mais queria era ver o amigo feliz. Há muito tempo prometera ao Sr. Weasley que faria tudo que pudesse para cuidar de Rony. O som estridente de um raio interrompeu seus pensamentos e o assustou.
- O que foi isso? – Hermione gritou aflita.
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