Devoluções e Despedidas



— CAPÍTULO DEZESSEIS —
Devoluções, Despedidas e Cartas




Hermione, Rony e Harry deixaram a ala hospitalar no dia seguinte. Mais tarde, encontraram Hagrid, que lhes informou que Bicuço fugira (eles tiveram de fingir que estavam surpresos) e que Lupin estava deixando a escola, depois que Snape espalhara que ele era um lobisomem. Harry quis vê-lo, e quando voltou trazia a capa da invisibilidade e o mapa do maroto, que o professor tinha guardado e agora lhe devolvera.
As notas dos exames foram divulgadas no último dia letivo, e os três passaram em todas as matérias. No dia de viajar de volta a Londres, Hermione passou bem cedo na sala da profa. McGonagall. Bateu, tímida, e a professora mandou que entrasse.
— Bom dia, profa. McGonagall. A senhora tem um minuto?
— Até dois, srta. Granger. Por favor, sente-se.
Ela sentou-se, sentindo o rosto corar. Estivera pensando exaustivamente naquela conversa durante os últimos dias.
— Professora... Eu estive pensando naquilo que a senhora me disse há algum tempo atrás... Sobre repensar as matérias que eu iria querer cursar no ano que vem. Estive pensando e cheguei à conclusão de que poderia voltar a ter um horário normal se deixasse uma matéria. Resolvi então deixar Estudo dos Trouxas. Afinal, eu nasci trouxa, não há muito lá que eu precise aprender.
A professora acompanhava, assentindo com a cabeça.
— Tenho só uma dúvida, srta. Granger. Por que você não veio me procurar uma única vez durante o ano todo para me dizer que sentia-se sobrecarregada? Eu não lhe disse para me procurar quando surgisse qualquer problema?
Hermione engoliu em seco. Aquela era uma pergunta que não se preparara previamente para responder. De qualquer maneira, podia respondê-la com sinceridade.
— Porque... — começou, sem olhar a professora nos olhos. — não queria parecer fraca. Não queria decepcioná-la. Não queria desperdiçar o seu esforço em conseguir para mim a permissão de usar o vira-tempo... Pensei que o mínimo que eu podia fazer era continuar a usá-lo e a me dedicar às disciplinas.
— E isso você fez, mesmo. Estive vendo suas notas, são todas excelentes. Mas você não teria me decepcionado ao demonstrar que confiava em mim. Podia ter me contado. Eu imaginei que isso poderia acontecer; e mesmo assim lhe dei o desafio. Imagino que tenha aprendido muito sobre seus limites, suas capacidades e suas escolhas.
Hermione assentiu.
— Sem dúvida, professora.
— Então já temos um bom resultado. Além, é claro, das notas.
Hermione forçou um sorriso, antes de tornar a corar furiosamente. O motivo era que acabara de tirar do bolso a caixinha vermelho-vinho em que guardara de volta o vira-tempo, na noite anterior. Ela levantou-se e estendeu a caixinha para a professora.
— Não precisarei mais dele, professora. Gostaria de agradecer, mais uma vez, por tudo...
— Não precisa agradecer, Hermione. Você é uma aluna em quem vale a pena investir. Estou vendo meu investimento render. Vejo amadurecimento em você. Isto é uma lição que só a vida ensina.
A professora aproximou-se, e abraçou Hermione carinhosamente. — Talvez a provação tenha sido dura demais, mas fico muito satisfeita em ver o resultado. Fico satisfeita, também, em saber que ano que vem você terá um ano bem mais tranqüilo.
Hermione sorriu, pensando que dos três anos em que passara em Hogwarts, não houvera um único tranqüilo. Quem poderia garantir-lhe que o próximo o seria? A professora soltou-a, com um sorriso terno no rosto.
— Bem, eu já vou indo, professora. Muito obrigada e... nos vemos em setembro.
— Claro, com certeza. Até lá, srta. Granger.
Ela começou a retornar apressada para a torre da Grifinória, mas em um dos corredores ouviu um miado familiar.
— Bichento? Onde você está? — ela saiu a procurar o gato.
— Acho que ele quis se despedir de mim — disse Adam Sthills, surgindo com Bichento no colo. Hermione sentiu uma onda de ódio subir-lhe pela espinha.
— Achei que tinha lhe pedido para nunca mais falar comigo.
Adam soltou Bichento no chão, e o gato correu até ela como se não a visse a semanas. Ela aninhou-o no braço esquerdo. O garoto fez menção de se aproximar, e com a mão direita ela sacou a varinha e a apontou para ele, que disse:
— Não se preocupe, é a última vez. Você não me verá mais na aula de Estudo dos Trouxas.
— Claro que não; abandonei a disciplina.
— Mesmo? Eu não sabia. De qualquer maneira, estou deixando Hogwarts. Vou me mudar com a minha família para a Itália.
— Que grande notícia!
— Mione... Por que está fazendo isso?
— Não me chame assim; eu não lhe dou o direito. — como ele fez nova menção de se aproximar, ela levantou mais a varinha, em tom de ameaça.
— Eu nunca mais voltarei, você entende? É a última vez que a estou vendo na minha vida! Eu sei que não a conheço direito mas... Pelo pouco que sei, já posso afirmar que você é uma garota incrível. Você...
— Pode parar! Você está certo; não me conhece direito. Guarde de mim a lembrança que quiser, mas agora deixe-me ir, não quero perder o trem.
Ela abaixou a varinha e deu meia-volta. Nunca imaginou que Adam a atacaria pelas costas, mas caiu no chão quando ele gritou:
Expelliarmus!
Antes que ela pudesse se levantar, ele já correra para onde ela estava, e puxou-a pelos braços.
— Me solte! Me deixe em paz, vá procurar outra pessoa para perseguir! Por que eu?
Ele apertou-a contra o corpo, imobilizando-a.
— Porque...
Expelliarmus!
Foi a vez de Adam cair para trás. As varinhas dele e de Hermione saltaram.
— Deixe-a em paz, seu grudento. Não é assim que se conquista uma garota. — disse Gina Weasley, guardando sua varinha e estendendo a mão para Hermione se levantar. Depois alcançou a ela sua varinha, e continuou com a de Adam. — Agora, trate de ir buscar sua varinha. — ela jogou-a pela janela, com um sorriso maligno no rosto.
Adam saiu correndo e amaldiçoando Gina. Hermione, um pouco envergonhada, agradeceu a ajuda da amiga.
— Obrigada, Gina. Agora você já o conhece...
— Francamente! Sou obrigada a concordar que até Rony é melhor do que ele. Por favor, o menino não estava apaixonado, mas obcecado. Por falar em Rony, ele está procurando você como doido. Vamos!
Hermione tornou a pegar Bichento no colo e seguiu junto com Gina.

No trem, Harry recebeu uma carta de Sirius Black, trazida por uma corujinha pequena e saltitante. Na carta, ele dizia que estava bem escondido com Bicuço e contava que tinha mandado a Firebolt, significando treze anos de presentes para Harry de seu padrinho. Mandou ainda uma autorização assinada para Harry poder visitar Hogsmeade nos fins de semana e no P.S. dizia a Rony para ficar com a pequena coruja, já que não tinha mais o rato.
Para a surpresa de Hermione, Rony entregou a coruja para Bichento cheirar.
— Qual a sua avaliação? É mesmo uma coruja?
Bichento ronronou.
— Para mim é o suficiente — disse Rony, feliz. — É minha.
Hermione sorriu, também feliz, ao ver a satisfação de Rony com a coruja e a de Harry com a carta. Abraçou Bichento em seu colo e sentiu vontade de chorar por todos os momentos bons e ruins daquele ano.
Na estação de King’s Cross, despediu-se dos meninos. Rony prometeu a ela e Harry convidá-los para assistirem à Copa Mundial de Quadribol, no verão. Hermione sentiu um aperto forte no peito ao vê-lo deixando a estação com a família.
Abraçou seus pais à beira das lágrimas.
— Vamos logo para casa. Senti muita falta de vocês! — ela tentou fingir que as lágrimas eram apenas de saudade dos pais.
Os três andaram abraçados até a saída da estação.

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