Les Vacances d'une Sorcière
Les Vacances d'une Sorcière
Uma grande mesa no centro do salão continha uma enorme variedade de pães, bolos, croissants e queijos. Um pouco afastada dela, uma mesa menor continha café, leite, chás, iogurtes e sucos naturais variados. Não era nem muito cedo nem muito tarde, mas havia já ali muitas pessoas servindo-se. Ao lado de enormes janelas que deixavam adentrar o salão a luz forte do sol de verão, havia diversas mesas onde as pessoas sentavam-se para comer, conversar e ler seus jornais.
Algumas pessoas assustaram-se ao ver entrar no salão, praticamente correndo, uma garota de cabelos cacheados muito animada que trazia na mão um jornal. Hermione Granger localizou rapidamente a mesa onde seus pais tomavam café e juntou-se a eles. Antes mesmo de dizer “bom dia”, mostrou a edição daquele dia do Profeta Diário.
— Vejam, são os Weasley! A família do Rony! Estão passando férias no Egito, não é incrível?
Na primeira página, havia uma foto dos nove Weasley na frente de uma pirâmide. Rony segurava seu rato Perebas e abraçava a irmã Gina. A notícia contava que Arthur Weasley, o pai de Rony, ganhara a loteria anual do jornal. Com o dinheiro, tinham decidido fazer a viagem ao Egito, onde um dos filhos morava e trabalhava.
— Que ótimo — disse o pai de Hermione. — mas trate de esconder este jornal. Não quer que ninguém veja os Weasley se mexendo na foto, não é? Aliás, me admira que ninguém no hotel ainda tenha comentado nada sobre o fato de que todos os dias, em plena luz do dia, pelo menos uma coruja invade o nosso quarto.
Hermione sorriu, dobrando o jornal e pondo-o de lado.
— Quem mandou ter uma filha bruxa?
Seu pai sorriu de volta e levantou-se para se servir de algo na mesa do centro. Hermione era uma bruxa, apesar de ser filha de um casal de trouxas, ou seja, não-bruxos. Os amigos Rony Weasley e Harry Potter, seus colegas na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, vinham de famílias bruxas. Ao contrário de Rony, que tinha uma família numerosa e unida, Harry perdera os pais quando ainda era bebê, e morava com um casal de tios trouxas que o tratavam mal.
Durante as férias escolares, os alunos menores de idade não podiam praticar mágicas. Hermione sentia falta de Hogwarts em todos os aspectos. Talvez o que mais lhe fizesse falta, porém, fossem os amigos. Alem de Rony e Harry, ainda havia Rúbeo Hagrid, guarda-caça de Hogwarts e grande amigo dos três garotos.
Hermione suspirou, e disse:
— Por que será que ele não me escreveu contando? Bem, ele não me escreve desde aquela coruja em que me contou que tinha tentado ligar para a casa do Harry. Deve estar muito ocupado para se lembrar de me escrever...
Hermione brincava distraída com um raminho que escapara para fora do vaso de flores que decorava a mesa.
— Mione, você está gostando deste garoto?
Embora não estivesse comendo nada, Hermione engasgou-se. Assim que se recuperou, disse:
— O quê? Eu, gostando do Rony? O que você quer dizer com isso, mamãe? Rony é meu amigo, ele e Harry são meus melhores amigos, e, e... Acho que sou muito nova ainda... não sou?
Sua mãe sorriu.
— Vai fazer catorze anos, querida. Você cresceu muito no último ano, especialmente nas últimas semanas. Desde que estamos na França você se bronzeou, está ainda mais linda. Seus tios não param de comentar como você já está uma moça. Além do mais, não há problema nenhum em gostar de um garoto...
Hermione, que durante o discurso da Sra. Granger estivera procurando algum motivo para mudar de assunto, viu um anúncio na contracapa do Profeta Diário.
— Eu não tinha visto isso... — murmurou, abrindo o jornal novamente. — Um caderno especial sobre pontos turísticos bruxos de todo o mundo... Tem uma coluna especial sobre a França... Que emocionante, tem até bibliotecas de livros mágicos! — Hermione reparou ainda em uma outra coluna, bem maior, sobre os pontos turísticos bruxos do Egito. Achou melhor não comentar com sua mãe.
— Depois você lê, vá servir-se, querida.
— Tudo bem. — ela deixou o jornal de lado e levantou-se.
— Mione? — Hermione virou-se para encarar a mãe, e ela disse sorrindo: — Eu nem disse a que garoto eu me referia...
Hermione sentiu o rosto corar absurdamente.
Depois do café, os pais de Hermione deixaram-na ir sozinha a uma biblioteca de bruxos que ela vira no caderno especial do jornal. Ela ficou lá durante horas, lendo sobre a história da bruxaria na França. Descobriu quem tinham sido os maiores bruxos franceses, conheceu detalhes sobre as escolas e os métodos de ensino do país e até aprendeu alguns feitiços que ainda não conhecia.
Ao redor da biblioteca, havia um pequeno vilarejo com algumas casas e um ou outro bar que ela suspeitou que também fossem de bruxos. Aproveitou para matar um pouco da saudade do mundo mágico andando por entre as pequenas e estreitas ruas. Ao redor, as conversas das pessoas davam-se em francês.
Hermione chegou de volta ao hotel perto de uma hora da tarde, e seus pais já a esperavam para irem todos juntos almoçar em um restaurante. À tarde, enquanto seus pais quiseram passear, ela adicionou ao trabalho de férias de História da Magia, deixado pelo prof. Binns, mais alguns fatos que descobrira na biblioteca aquela manhã.
Perto do anoitecer, algo se bateu na janela, e Hermione teve a impressão de ver o que quer que fosse deslizando pelo vidro, em queda. Correu, já suspeitando do que se tratava, abriu o vidro e conseguiu agarrar a coruja, que desta vez parecia mais ainda que estava morta do que todas as outras vezes em que a vira. Sorrindo, Hermione imaginou se sobraria algum dinheiro da loteria para os Weasley para poderem comprar outra coruja.
— Tem algo para mim então, Errol? — disse, acariciando a coruja completamente inerte e esparramada em sua mão.
Com cuidado, ela soltou a carta que estava presa na perna da ave, e desdobrou-a com ansiedade. A letra desengonçada era inconfundível.
“Mione
Não sei quanto tempo Errol vai demorar para encontrar você. Você já sabe como ele é idiota, imagine ter que procurar por você em outro país... Mas o que eu queria era contar que estamos saindo hoje aqui d’A Toca; vamos viajar para o Egito! Papai ganhou a loteria do Profeta Diário, e com o dinheiro vamos viajar para visitar o Gui, eu já contei que ele trabalha lá no banco de Gringotes. Como estão as coisas por aí na França?
Você chegou a tentar ligar para o Harry? O tio dele odiou quando eu disse que era de Hogwarts... Meu pai disse que eu não deveria ter mencionado isso. Será que se eu não tivesse gritado no feletone e dito que era bruxo eles me deixariam falar com Harry? Espero que não tenham engrossado com ele; tenho estado preocupado com isso.
Ah, outra coisa: na última semana de férias nós vamos ao Beco Diagonal comprar o material de Hogwarts deste ano. Só estou dizendo isso caso você queira ir lá nos encontrar, é claro...
Bem, acho que não esqueci de nada. Aproveite o resto das férias...
Ah, já ia esquecendo: Percy foi nomeado monitor-chefe. Está insuportável.
Rony”
— “... caso você queira ir lá nos encontrar”! — Hermione repetiu, em voz alta, sorrindo. Na verdade, rira da carta toda, principalmente ao imaginar Rony, que não entendia nada de aparelhos de trouxas, tentando falar em um telefone. — Ele quer me convidar para ir lá e dá um jeito para que, se eu for, pareça que eu quis ir.
— Falando sozinha? — perguntou a Sra. Granger, entrando subitamente no quarto acompanhada do marido.
— Não, mamãe... Estava falando com... a coruja. — Apontou Errol, que parecia ter sido espancado ou qualquer coisa que o tivesse deixado naquele estado lastimável em que se encontrava.
— Recebeu uma carta do Rony?
Hermione levantou-se, evitando os olhos dos pais.
— Estava só esperando que vocês chegassem para ir me deitar; na verdade estou muito cansada. Vou tomar um banho e logo depois vou dormir.
Juntou seu material, que estava espalhado pelo chão onde estivera trabalhando, e levou para o banheiro a camisola, sem dizer mais nada.
No Profeta Diário do dia seguinte, Hermione encontrou o anúncio de um presente perfeito para Harry, que faria aniversário dentro de pouco tempo: era um estojo de manutenção de vassouras. Harry jogava quadribol pelo time da Grifinória, a casa em Hogwarts à qual ele, Hermione e Rony pertenciam. Era um ótimo jogador, e tinha uma vassoura de que gostava muito. Para comprar o estojo, bastava mandar preenchido um pergaminho com alguns dados e o valor do produto em dinheiro de bruxos, pela mesma coruja que trazia o jornal. Hermione o fez, e já começou a pensar no cartão que mandaria junto.
Depois disso, foi escrever a resposta de Rony, imaginando se Errol seria capaz de chegar até o Egito para entregar a carta.
“Rony,
Também não tenho a menor idéia de quanto tempo Errol irá levar até encontrar você no Egito, mas enfim... Se esta carta chegar a tempo, gostaria de lembrá-lo de mandar alguma coisa para o Harry, você pode imaginar como deve ser ruim para ele passar o aniversário com aqueles tios e aquele primo que o tratam tão mal.
Vou escrever para ele perguntando se ele poderá ir ao Beco Diagonal na última semana de férias, assim eu iria também e nós três poderíamos nos ver.
Está tudo ótimo aqui na França, estou me divertindo bastante. Também aprendi algumas curiosidades da bruxaria local, até aproveitei algumas coisas no trabalho de História da Magia.
Espero que vocês tenham ótimos dias no Egito, mande um abraço para a Gina.
Afetuosamente,
Hermione”
Depois de prender a carta à perna de Errol, Hermione ficou durante algum tempo tentando reanimar a coruja, que parecia nem ter ossos de tão mole. Com alguma insistência, Errol saiu a voar com a carta de Rony pendurada à perna.
Duas semanas depois de Hermione ter enviado o pedido do estojo de manutenção de vassouras que daria a Harry, a encomenda chegou, já embrulhada para presente. E antes que ela começasse a se preocupar com o que faria para mandar o presente, a coruja de Harry apareceu na janela do quarto no hotel. Ao contrário de Errol, Edwiges era uma coruja bonita e bem viva, por assim dizer. Era toda branca e tinha sido um presente de Hagrid no primeiro ano de Harry em Hogwarts. Não trazia nada, então Hermione imaginou que ela não viera a pedido de Harry, mas sim por vontade própria para garantir que ele recebesse algum presente.
— Aqui está — disse ela, acomodando em Edwiges o embrulho, a carta que escrevera para Harry e o cartão que fizera. — Espero que aquele desmiolado do Rony também se lembre de mandar alguma coisa. E que Errol sobreviva para fazer a entrega... Boa viagem, Edwiges.
A coruja partiu, e Hermione pela primeira vez pensou que também gostaria de ter uma.
Alguns dias depois, uma coruja apareceu bem cedo trazendo a carta de Hogwarts com a lista de material, como todos os anos, mas Hermione estranhou pois a ave ficou empoleirada no parapeito da janela, como se esperasse uma resposta para levar de volta. Hermione abriu a carta. Notou logo que havia além da carta normal e da lista, um bilhete à parte, assinado pela profa. Minerva McGonagall.
“Srta. Granger
Estou lhe mandando esta mensagem particular para fazer algumas perguntas a respeito das matérias que você escolheu para cursar este ano. Gostaria de saber se há algum equívoco ou se realmente é de seu interesse cursar todas as matérias oferecidas pela escola, conforme informa sua inscrição.
Sei do seu potencial e dedicação, mas compreenda; nenhum outro aluno até hoje fez uma inscrição que incluísse todas as disciplinas. Tanto é que há algumas cujos horários colidem. Por isso, aguardo a sua resposta. Você não deve se preocupar, pois se for de seu desejo cursar todas as disciplinas, eu cuidarei pessoalmente para que possa.
Atenciosamente,
Profa. Minerva McGonagall”
Hermione escreveu a resposta no verso do próprio pergaminho: disse que não tratava-se de engano algum. Ela queria mesmo cursar todas as matérias oferecidas no terceiro ano de Hogwarts. Amarrou o pergaminho de volta à perna da coruja e ela saiu a voar para longe.
Em seguida chegou outra coruja, a entregadora do Profeta Diário. Hermione depositou uma moeda na bolsinha pendurada à perna da ave e depois que ela tornou a voar para fora do quarto, fechou a janela e sentou-se para ler o jornal.
Na capa, havia uma foto grande de Sirius Black. Ele já vinha aparecendo no jornal havia semanas, desde que escapara de Azkaban, a prisão dos bruxos. Dizia-se que ele tinha matado treze pessoas com um único feitiço e que era ligado a Voldemort, o maior bruxo das trevas que já existira. A manchete dizia “BLACK AINDA FORAGIDO”. Hermione estremeceu, pois a matéria dizia que ninguém antes tinha conseguido fugir de Azkaban.
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