Toda história tem dois lados

Toda história tem dois lados



N/A: Obrigada aos comentários! ;) ...espero que vocês gostem do capítulo! Continuem comentando, blz? : )



Capítulo 4 – Toda história tem dois lados



Harry aparatou na frente da casa dos Weasley’s. Lembrou-se da antiga Toca, e de seus moradores verões inesquecíveis com a família de Rony.

Mas a Toca não era a mesma. Nem os próprios donos. O senhor Weasley tornara-se Ministro da Magia há alguns poucos anos. Já a senhora Weasley continuava a excelente dona de casa que sempre fora, mas agora ela também participava de trabalhos sociais aos desamparados com a última guerra, e tinha três elfos domésticos em casa; para desaprovação de Hermione.

Carlinhos e Gui continuavam nos seus antigos trabalhos, mas haviam subido alguns cargos. Gui casara-se com Fleur e eles tinham uma linda garotinha chamada Marcella. Ela parecia um anjo, tinha quatro anos, era uma miniatura da mãe, mas com o temperamento rebelde de seu pai. Enquanto isso, Carlinhos mantinha seus namoros por no máximo um mês e logo estava com outra, não pensava em se casar tão cedo.

Percy havia implorado o perdão da família, depois de sua rejeição em alguns anos anteriores, e agora trabalha como assistente do senhor Weasley. Harry tinha certeza de que ele estava pagando todos os seus pecados nas mãos do senhor Weasley, e ficara contente por isso.

Os gêmeos eram donos da maior rede de lojas de logros e brincadeiras mágicas da Europa, haviam até falido a Zonko’s. Além disso casaram se com duas gêmeas que conheceram em Hogsmade, Ágatha e Melanie. Viviam juntos a pouco tempo e ainda não tinham filhos. “Ainda” pensou Harry sorrindo.

Rony se casou com Hermione, como Harry sempre imaginara que um dia seria, e os dois tinham dois filhos: Sirius e Elizabeth. Sirius era o Rony de criança, e Elizabeth era a cópia em todos os sentidos da estudiosa e sabichona Hermione. Ele completara a pouco seu quarto ano, enquanto ela tinha apenas três.

Rony e Hermione trabalhavam no ministério; Rony era chefe do esquadrão de defesa, e Hermione trabalhava no departamento de mistérios. O que ela fazia lá era segredo absoluto, que provavelmente nem Rony saberia, mas Harry não era tão interessado em saber. Só a menção desse departamento fazia nascer um arrepio que ia da nuca até a ponta dos cabelos, e tristes lembranças voltavam à tona.

E por último Gina, que casara se com Draco, um ano após sair de Hogwarts. Não trabalhava – Harry sempre se perguntara o por quê – mas podia ser vista em eventos sociais, e nas campanhas solidárias de que a mãe participava. Harry se perguntava se ela era feliz desse modo. Vivendo com quem ela escolheu no final. Mas nunca perguntaria isso para ela.

Desse modo, o senhor e a senhora Weasley moravam sozinhos na nova Toca, reconstituída recentemente, muito maior e mais bonita. Por dentro ainda era a mesma, com os antigos móveis e objetos familiares, como o relógio da família e a lareira de tijolos. E, além disso, era o lugar mais aconchegante do mundo para Harry, um lugar onde sempre pode chamar de lar.

Por fim, Harry afastou as antigas lembranças e se aproximou da porta. O moreno estava quase desistindo de tocar a campainha, quando foi visto por Hermione, da janela do segundo andar, que prometera descer para recepcioná-lo.

“Bom, agora já está feito.” pensou soltando um pesado suspiro.

Esperou poucos segundo até que a porta se abriu e de dentro da casa se encontrava uma sorridente Hermione. Harry estranhou a felicidade no semblante da amiga, mas guardou o comentário para si.

- Que bom que você veio, Harry! – a morena o abraçou – Venha, eu levo você até lá.

Harry entrou e encostou a porta. A toca continuava como se lembrava, a única diferença é que parecia estar deserta a não ser pelos dois, e Gina no andar de cima. Realmente a Toca não era a mesma sem os Weasley andando de um lado para o outro, brigando e falando o tempo todo. O amor que existia na casa parecia perdido, e Harry se sentia mais sozinho do que nunca.

Voltou à realidade quando estavam subindo as escadas. Harry estava sendo conduzido – no sentido real da palavra, já que Hermione não largava a sua mão, “Como se eu fosse fugir” ele pensou – para o suposto quarto de Gina. Pararam a frente de uma porta grande de magno e assim que Hermione depositou sua mão na maçaneta, Harry a interrompeu.

- Como ela está, Mione? – ele estava sério.

O sorriso no rosto da amiga sumira completamente, e agora um semblante preocupado olhava para Harry.

- Ela não comeu, não sai da cama, quase nem fala, e não quer fazer nada há três dias. Estamos a obrigando a comer, mas ela já tem 22 anos, não podemos simplesmente fazer “aviãozinho” toda a vez que ela não quiser comer. Então estamos fazendo o que ela pediu. – ela o olhou de uma maneira misteriosa que deixou Harry sem graça – Ela pediu para falar você.

Hermione o olhou ainda por alguns instantes antes de partir sem dizer uma palavra.

“Está na hora.” pensou depois de alguns segundos, enquanto passava a mão pelos cabelos desgrenhados, e abriu a porta.

O quarto estava escuro, havia apenas uma vela iluminando todo o ambiente. A cama ficava ao centro da parede direita e na posição em que estava, Harry não podia ver seu interior, por causa da sombra que o mosqueteiro projetava.

Ele se aproximou vagarosamente, estava nervoso e suas mãos suavam.

“Será que ela está bem?” pensou. A cama foi se aproximando e sua ansiedade aumentava cada vez mais. “Ela ainda não acordou? Ah, claro! Eu estou rastejando até a cama dela, como ela poderia me escutar? A não ser que eu chamasse por ela.” Mas não conseguia. E também não era mais necessário, pois ele já chegara na beira da cama. Afastou com a mão o véu e...estava vazia!

“Que ótimo! Onde ela está?” confundiu-se.

Nesse instante uma porta lateral, que ele não havia notado, se abriu e Gina voltou ao quarto.

A expressão de espanto ao ver Harry quase o fez rir, mas a situação era séria.

- Harry? Er...ah...já chegou? – ela estava visivelmente perturbada, e desarrumava os cabelos disfarçadamente enquanto falava.

- Não vou ser sarcástico. – ele estava a ponto de rir, mas segurou-se. Fora enganado tão estupidamente que só podia rir de si mesmo – Você não estava doente? – ele levantou uma sobrancelha.

- Mas eu estou doente! – a ruiva fingiu uma tosse falsa. Ela era uma péssima atriz.

Gina realmente não parecia doente. Não estava pálida, não parecia cansada, não havia olheiras, e ela nem tinha um ar de pessoa doente. Ela parecia ótima, e cada vez mais linda, na opinião de Harry. Seus olhos ainda tinham o mesmo brilho de que ele se recordava e os cabelos estavam impecáveis.

- Por que não tenta me dizer a verdade? – ele tentava controlar a sua vontade de pular no pescoço dela, e respirava lentamente para poder fazer isso – Pela primeira na vez na sua vida. Experimente. – ele a provocava, e ela não deixaria barato.

- Você não acreditou mesmo, não é verdade? – ela debochava – Você quer a verdade? Então lá vai. A idéia não foi minha, foi da Hermione.

- Hermione? – ele riu baixo – Hermione não faria isso comigo. Para falar a verdade ela não teria uma idéia dessas!

- Não? – ela falava movimentando as mãos como fazia no tempo da escola, Harry ainda se lembrava perfeitamente – Você não tem idéia do que Hermione é capaz. Quando ela me disse que se eu fingisse que estava doente você viria correndo, eu não acreditei que você seria capaz disso. Mas ela mês garantiu que você cairia, e...aqui está você! Você não pode negar que o plano era idiota e infantil, mas você caiu como um pato!

Ela ria enquanto falava, e Harry começava a ficar vermelho, mas ele estava controlando-se muito bem, a princípio. Suas íris perderam o brilho de antes, e seu cabelo ficou mais arrepiado. Ela mantinha a pose confiante, mas por dentro estava aflita e se que depois de tudo, o plano não desse em nada? Precisava falar com ele e ele iria ouvir!

- Obrigado por me fazer de palhaço, mais uma vez, então, agora que já servi de diversão, eu acho que já posso ir.

- Não! – ela entrou na frente dele, e se encontrava entre ele e a porta. Estava muito próxima dele, como há muito tempo não ficava. Sentiu um arrepio percorrer pelo braço, mas não tinha tempo para aquilo.

- Eu preciso que você me escute, Harry! Se eu fiz tudo isso foi por um bom motivo! Eu preciso, eu preciso falar tudo o que eu guardei comigo todo esse tempo. Por favor, me dê só alguns minutos. – ela parecia sincera e assim ele resolveu ouvir o que ela tanto tinha para dizer.

Tirou o pesado casaco, o quarto estava quente, e sentou-se na cama. A olhava de uma maneira ofensiva e ela pensou bem como começar a conversa.

Ele não entendia por que ela estava tão nervosa. Ele que foi o bobo, o palhaço da história! Elas o enganaram como se engana uma criança, e ele nunca se perdoaria por isso. Por fim pensou, tudo aquilo iria valer a pena?

Ela tentou começar umas mil vezes, e isso só deixava Harry mais ansioso. Depois de um tempo ela começou.



- Vou dizer tudo de uma vez, e não quero que você me interrompa, está bem? – ele consentiu e ela continuou.

Estávamos em Hogwarts, era o seu sexto ano e depois na nossa aventura no ano anterior eu havia pensado que a nossa aproximação poderia finalmente surgir e uma onde de certeza tomou conta de mim, o meu sonho de namorar você não parecia mais tão impossível.

O ano começou e minhas esperanças desmoronaram assim que você começou a sair com aquela garota estranha! Ainda não acredito que você saiu com Luna Lovegood? – ele lembrou-se dos dias que passou ao lado de Luna. Ele sempre pôde confiar nela, mas não se lembrava por que haviam terminado. Por que mesmo? – De qualquer forma, eu tentei mais uma vez esquecer você, sem sucesso. Saí com outras pessoas e foi aí que eu conheci o Draco. Descobri que ele era um cara legal, e não era tão mal quanto todos pensavam que ele fosse. E quando eu finalmente pensei que tinha conseguido esquecer você, o que acontece? Você me pede em namoro! De uma hora para outra! Aquilo foi um baque! Mas eu ainda gostava de você, e nunca perderia a chance que eu sempre quis ter na minha vida. Terminei tudo no mesmo dia com o Draco e aceitei seu pedido.

Foram dias maravilhosos, mas depois de um tempo eu sentia falta de alguma coisa, e eu percebi que o que eu sentia falta era de querer algo que eu não poderia ter. Não queira entender o que se passa na minha cabeça, mas eu precisava desejar algo que estava fora do meu alcance. Nosso namoro ia bem, quando todo o amor que eu sentia por você, eu comecei a sentir pelo Draco. Foram dias terríveis, e noites intermináveis sem sono, pensando em o que eu faria da minha vida! Por que aquilo estava acontecendo? E o que eu realmente queria. No fim, você já não era o mesmo, a guerra havia consumido todo o amor que existia dentro de você. E não faça essa cara, senhor Harry Potter porque você sabe que eu estou falando a verdade! – e ele não podia negar – Você estava diferente, não falava mais comigo da mesma maneira, me escondia as coisas, e se abria mais com Rony e Hermione do que comigo.

Nesse tempo em que estávamos meio brigados, eu me tornei uma grande amiga do Draco, e assim sem eu perceber, eu gostava mais dele do que você. E você sempre distante e cheio de problemas não me pareceu o Harry que eu sempre quis para mim. O Harry corajoso, bom, que ajudava a todos e era o cara mais legal do colégio! Não, você não era mais aquele Harry, mas era uma pessoa fria, distante e que pouco se importava para mim. Então eu terminei tudo com você, isso já era no começo do seu sétimo ano, e comecei a namorar o Draco de novo.

Você entrou em parafuso! Ficou doido, me perseguia nos corredores eu até cheguei a pensar que um dia você seria capaz de me bater por tudo o que eu tinha feito para você. Fiquei apavorada, e tentava me esconder de você a qualquer custo. Meu irmão tentou te ajudar, mas você estava estranho, e tornou-se um ciumento desesperado. – Harry abaixou a cabeça, não poderia olhar para os olhos cheios de água dela. Como ele pode ser tão imbecil? Não se lembrava do motivo que fazia aquelas coisas, mas ele se sentia no direito! Tantos erros nunca poderão ser esquecidos.

Eu tentei. Eu juro que tentei, Harry. Mas você não me entendia. E nunca entendeu minha decisão. Você passou mais de cinco anos, e há até dez minutos você ainda não compreendia o porquê de eu ter feito aquilo. Mas eu só fiz o que era realmente necessário, e o que o meu coração dizia para eu fazer.

Desculpe-me, Harry, se eu te magoei. Não foi a minha intenção.



Ele sentia-se o maior idiota do planeta! Será que só pôde entender agora que ela chorava e pedia desculpas por uma coisa de que ele era culpado? Será que todos os anos em que a amou não passaram de remorso por um erro cometido por ele? Será que ele fora tão cego para não ter percebido isso antes? Só tinha uma única resposta em mente, sim, para todas as suas perguntas. Ele fora um idiota todo esse tempo, e jogara a culpa nela por coisas que ele a fizera cometer. Não poderia se perdoar nunca.

Ela enxugou as lágrimas que corriam descompassadas, e olhou para ele. Não esperava uma resposta, mas queria só saber a sua reação depois tudo que ela dissera.

Ele não pode se segurar. Levantou da cama de imediato e a abraçou. Ela retribuiu. Ele a abraçou como há muito tempo não fazia com ninguém. Ele se sentia uma criança precisando de carinho, como se um abraço fosse fazê-la esquecer de tudo o que se passara entre eles. Ficaram um tempo incontável abraçados e quando ele a soltou Harry segurou seu rosto para perto de si.

- Gina, eu não sei porque eu fiz aquilo. Eu não sei porque eu agi desse jeito esse tempo todo. Eu não sei porque as coisas não deram certo entre a gente. Eu simplesmente não sei lhe explicar, mas uma coisa eu posso dizer. Você não me deve desculpas. Eu devo desculpas a você. E fiz coisas injustas com você, e todo esse tempo eu sofri o remorso que se sente ao fazer uma pessoa sofrer também...você pode me perdoar?

Ela abriu um sorriso. O plano de Hermione dera certo afinal! Estava contente por finalmente poder esclarecer as coisas, mesmo que para isso precisasse mentir, fugir do marido e se esconder na casa de sua mãe, agora, pelo menos, sentia seu coração mais leve, e não tinha mais aquele sentimento de culpa por fazê-lo sofrer sozinho todo esse tempo.

- Claro! Era a única coisa que eu esperava por hoje. Que nós nos entendêssemos. – Harry não se lembrava de como seu sorriso era bonito.

Olharam-se durante algum tempo, e antes que pudessem explicar ou interromper, Harry aproximou-se e a beijou.

Talvez se ele pensasse que estaria fazendo isso naquela noite não teria dado tão certo. Uma onda de felicidade invadiu seu corpo e ele não pudera fazer nada. Precisava dela. Ela era tudo para ele. Mas ela não pensava assim. E mesmo aturdida com o beijo depois de uma relutância da parte dele, ela se soltou.

Não foi preciso dizer nada. Estava estampado no semblante dela o erro que ele cometera. “E o burro erra novamente!” culpava-se.

- Desculpe, você não estava me dando uma chance. Mas apenas me mostrando a verdade. – ele pegou seu casaco e saiu.

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