Lua cheia




Capítulo 4: Lua cheia


- Aonde você vai, Lupin? – Perguntou Pedro enquanto os quatro voltavam das aulas.

- Preciso ir ao escritório de Dumbledore...

- Por quê?

- Porque... Ele quer tratar de uns horários de aula, bom eu tenho mesmo que ir...alias, não me esperem para ir dormir, eu não sei o quanto vou demorar.

Lupin se afastou do grupo rapidamente deixando todos intrigados.

- Acham mesmo que é verdade? – Perguntou Sirius à Tiago e Pedro.

- Não sei. Ele anda meio esquisito ultimamente. – Tiago disse coçando o queixo.

- Acho que é um segredo. Ele não quer que saibamos de algo. - Pedro opinou quando os três entraram na Sala Comunal.

- Por que Lupin teria um segredo se somos amigos? – Sirius se jogou no sofá e se espreguiçou.

- Vou descobrir o que é que ele tanto esconde. – Tiago disse decidido.

- Como vai fazer isso?

Tiago respirou fundo e soltou o ar enquanto respondia:

- Não faço a menor idéia. – E se jogou numa poltrona também.

- E se fossemos ver o Dumbledore também? – Perguntou Pedro sentando-se em frente à lareira.

- Não. Aí ele iria pensar que estaríamos o seguindo. – Disse Tiago pensativo. – E duvido que essa história de escritório do Dumbledore seja verdade. Temos que ser estratégicos e pensar em alguma maneira de descobrir.

- Não seria mais fácil perguntar para ele? – Sirius foi prático.

- Lupin é muito reservado e tímido. Duvido que nos conte.

- Mas Tiago, sem querer parecer superior, mas... O que um menino como o Lupin pode estar escondendo?

- Eu realmente não sei Sirius...

- Só espero que não seja nada ruim. – Disse Pedro nervoso.


Às 9 horas da manhã seguinte, Tiago, Sirius e Pedro estavam tomando café da manhã no salão principal quando Lupin senta-se junto à eles.

- Bom dia.

- Oi Lupin, dormiu bem? – Pergunta Pedro olhando ansioso para o pudim.

- Sim.

- Nossa Lupin, você parece péssimo, o que houve? – Sirius lança um olhar ao amigo, esperando que lhe contasse o que andou fazendo.

- Nada, só acho que estou doente.

- Quer que a gente te leve à ala hospitalar?

- Não precisa, quer saber? Já me sinto melhor.

- Você se machucou Lupin?

- Não, por que Pedro?

- Tem um corte no seu queixo.

Todos olharam atentos para Lupin.

- No meu queixo? Sei lá, não me lembro.

- Mas não estava ai antes.

- Ah Pedro, deixa pra lá, estou com fome.

Neste exato momento, o correio entrou pelo salão. Uma coruja parda pousou ao lado de Lupin e entregou-lhe uma carta.

- Obrigada Davis. – O menino acariciou a coruja e em seguida ela saiu voando
novamente. Vendo que todos olhavam para ele curiosos, Lupin anunciou:

- É de minha mãe, diz que está doente e que terei de ver com Dumbledore se posso ir vê-la. – Houve uma breve troca de olhares entre todos.


Estava chegando o Dia da Bruxas, uma data em que todo o castelo comemora no Salão Principal com muitos doces e abóboras gigantes que abrigam velas formando uma iluminação ao mesmo tempo medonha e interessante.

- Não gosto do Dia das Bruxas... – Disse Pedro enquanto os meninos saiam da aula de Tranfiguração para a de Herbologia.

- Não diga, Pedro... – Debochou Sirius.

- Poderíamos dar uma festinha particular lá na Sala Comunal! Vai estar vazia! – Disse Tiago animado.

- Boa idéia, Tiago! Poderíamos roubar umas guloseimas do banquete!

- Como? Por baixo das vestes? Ah, pessoal, não tem como. Vamos aproveitar o banquete do castelo, todos estarão lá! – Disse Lupin tentando comvencê-los.

- Com aquelas abóboras gigantes? E os morcegos de verdade que dão rasantes nos alunos? Não, muito obrigado, Lupin, mas eu prefiro a idéia do Tiago.

- Claro! Nós vamos contrabandiar comida, e eu já sei como... – Sirius sorriu maliciosamente.

Ao fim das aulas, naquele dia, Sirius e Tiago seguiram para o Saguão de Entrada, onde um aluno do quarto ano já os aguardava. Pedro e Lupin haviam ficado na biblioteca terminando o dever de Poções que o professor Slughorn havia passado no dia anterior.

- Olá Herris, então? Onde é?

- Sigam me.

Sirius, Tiago e o tal Herris, um aluno da Lufa-Lufa conhecido por desrespeitar regras, dobraram a escada e chegaram num corredor. Herris os guiou até um quadro onde havia pintado uma cesta de frutas com aparência de antigas.

- É logo após este quadro, tem que fazer “cócegas” na pêra, então ela se tranforma numa maçaneta e você desce a escada que dá para a cozinha. Os elfos domésticos são ótimos, não precisa nem pedir que eles adoram fornecer comida.

- Certo, então. Obrigado Herris! – Tiago olhou para Sirius muito contente. Os dois planejaram entrar na cozinha no dia seguinte, pegar tanta comida quanto pudessem levar em suas mochilas e fazer uma festa particular na Sala Comunal da Grifinória.

A festa foi ótima e os elfos fizeram um pudim em especial para os meninos. Eles se divertiram até tarde comendo doces e soltando fogos Filibusteiro.

O fim do ano se aproximava e começou a nevar, nos intervalos, a Sala Comunal ficava lotada e, ao menos que corressem muito, nunca conseguiam um bom lugar à frente da lareira.

- Vou começar a reservar as poltronas, está um gelo aqui.

- Ah, Pedro, você pretende fazer o que? Colocar um papelzinho em uma poltrona com o seu nome escrito? – Disse Sirius debochando.

- Por que não?

- Vou aproveitar para ir perguntar ao Dumbledore se posso ver minha mãe, volto mais tarde.

Lupin se levantou e saiu pelo retrato. Pedro, que não parecia se importar mais para saber o que ele estava aprontando, levantou-se e subiu para o dormitório. Nem um minuto se passou e ele desceu correndo com uma expressão animada no rosto e papel às mãos.

- Sentiu nossa falta, Pettigrew?

Pedro ignorou o comentário de Sirius e anunciou excitado que o que trazia nas mãos era a carta da mãe de Lupin, e que sabia para onde o amigo estava indo.

- Deixe-me ler! – Tiago levantou-se num súbito.



Querido Remus,
Dumbledore me escreveu dizendo que o local onde passará esses períodos está pronto e seguro. É em Hogsmeade, numa casa desabitada perfeita para você. Bem, é claro que não se espera que tenha portas e janelas, porque as pessoas ficariam curiosas, mas o professor disse que há um túnel por onde poderá entrar e, guardando a casa, plantou uma árvore mágica que para os demais, é impossível passar sem se ferir, mas que existe um modo de ‘acalmá-la’ para poder entrar sem perigo. De qualquer modo, ele lhe explicará tudo, procure-o de noite, seu escritório fica atrás da gárgula do corredor à direita no segundo andar. A senha é ‘bolinhos explosivos’.
Escreva-me assim que voltar do 1º dia e conte-me tudo o que sentiu, se houver algum problema, fale com Dumbledore.
Estou apreensiva, tome cuidado com essa tal árvore traiçoeira.
Carinhosamente,
Annie


Todos ficaram quietos por um momento.

- Períodos? Casa em Hogsmeade? Pessoas curiosas? Do que a mãe do Lupin está falando? Alguém mais teve uma sensação ruim sobre o que o Lupin está passando? – Perguntou Tiago com uma cara ao mesmo tempo preocupada e desconfiada.

- Será que ele está doente?

- Não seja ingênuo Pedro, é claro que há algo mais envolvido nesta história. Como por exemplo, por que ele fica doente uma vez por mês?

O argumento de Sirius deixou todos calados e, cansados de esperar Lupin voltar, foram se deitar.


Durante o dia que seguiu ninguém comentou sobre a carta, apenas observaram que Lupin estava cada vez mais pálido, como se estivesse realmente com medo do que enfrentaria naquela noite.

Dando a desculpa que fora visitar a mãe, Lupin arrumou suas coisas e, assim que terminaram as aulas do dia, partiu.

- Devemos segui-lo? – Perguntou Tiago encarando os amigos.

- Não sei, talvez devamos dar mais um tempo a ele, quer dizer, e se é perigoso e ele não quer nos botar em apuros? – Pedro não parecia gostar da idéia de ir a Hogsmeade à noite.

- Perigoso? Algo que envolve Dumbledore?

- Não faço idéia Tiago, a mãe do Lupin pareceu realmente com medo.

- Então vamos ficar aqui por hoje e amanhã o Sirius pergunta à ele.

- Por que eu? – Perguntou Sirius indignado. – Por que você não fala com ele, Pedro?

- Porque acho que ele não vai me responder. – Pedro havia se afastado dos amigos e estava agora observando a vista na janela.

Alguns minutos se passaram.

- A lua está bonita hoje, olhem aqui.

Sirius exclamou algo indistinguível muito alto e os dois o olharam espantados.

- Existe algum motivo racional para você ter dado este gritinho, Sirius?

- Caramba! Será que é possível? Acho que talvez eu saiba por que Lupin tem que ficar afastado uma vez por mês!

- O que você está esperando? Conta logo!

- Tiago, Pedro, hoje é lua cheia, e no mês passado o Lupin estava muito ausente também quando era lua cheia, e também quando vínhamos no expresso de Hogwarts, tudo de encaixa!

- Hum? – Pedro pareceu não entender nada, enquanto Tiago parou, estava branco.

- Pedro, talvez...talvez Lupin seja...um lobisomem.

Ao contrário do que todos imaginavam, Pedro sorriu.

- Pode ir parando Sirius, eu sei o que vocês estão tramando, querem me pregar uma peça, não é mesmo?

- Não dessa vez Pedro, não dessa vez. - Disse Tiago muito sério.

Pedro caiu na poltrona, pasmo. Será que era possível um menino tão calmo, passivo e tímido como o Lupin ser...um lobisomem?

- Não, não, claro que não, Lupin, um....Claro que não, vocês estão loucos!

- Pedro, ao contrário do que você está pensando, um lobisomem não é necessariamente feio e assustador sob forma humana. Só são assim uma vez por mês. Mas, só de pensar nisso...O Lupin! Como pode?

- Sabem de uma coisa vocês dois? Eu não vou parar de ser amigo dele só por causa disso, quer dizer, não é culpa dele e nós não precisamos, sabe, conhecê-lo como lobisomem.

- É, o Sirius tem razão, temos que acolhê-lo, ele deve se sentir muito mal por isso...

Tiago e Sirius olharam para Pedro, ele parecia o único a não aceitar essa idéia de ser amigo de um lobisomem.




Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.