Borgin & Burkes



24 - Borgin & Burkes

A noite passou calma para todos. O dia mal tinha amanhecido e Gui já estava em pé, inquieto, sentado na sala de estar esperando pelos garotos. Segurou o impulso de acordá-los contido por Fleur que não deixou que ele fizesse isso por mais que quisesse.

-Deixe-os dormir, meu amor. Eles já fizeram muito ontem. Não adianta querer apressar as coisas. Fique calmo, sim? Vou para o banco, hoje trabalho até tarde. Boa sorte. – Beijou o marido e saiu.

Mas ele não conseguiu ficar sentado muito tempo na sala, foi para a cozinha esperar os meninos.

Os garotos foram um a um entrando na cozinha com os olhos inchados e bocejando. Com uma calma aparente ele esperou que todos tomassem o café da manhã. Ainda comentavam a expedição do dia anterior, mas não podiam descansar, tinham que finalizar a ação antes que Voldemort percebesse que foram eles os raptores de Pedro.

-Ta, já chega desse lenga-lenga. Temos muito para fazer ainda hoje. Vamos logo.

-Calma, Gui. Não é você mesmo que diz “Relaxa”? – Disse Carlinhos, provocando o irmão.
Gui dispensou a ele um olhar carrancudo.

-Não vem não, Carlinhos! Hoje podemos dar de cara com o Lord. O que temos para fazer hoje é muito importante e perigoso. Você brinca mas estamos correndo um grande perigo.

-Hei... Só estou procurando distender um pouco a tensão. Eu sei o risco que corremos. Acho que você tá ficando igualzinho ao Olho-tonto, isso sim. Eu, hein! Não se pode nem brincar... – Reclamou com a boca cheia de torradas e limpando as mãos nas laterais das calças.

-Como vamos para lá, Gui? – Perguntou Gina.

-Gina! – A senhora Molly deu um grito. – Você não vai! Não quero saber de você envolvida nesse tal de perigo que podem correr. Você me escutou?

-De novo, mãe? Não começa, vai! A senhora tá cansada de saber que eu dou conta do recado muito bem, não sabe? – Gina tentava de todas as formas manter a calma na voz, mas o olhar revelava tudo que estava sentindo naquele momento. Essas discussões com a mãe por causa da guerra estavam se tornando uma constante.

-Mamãe, acho que já está na hora de a senhora parar com essa mania. A Gina não é adulta, mas está bem preparada. Além do que vai acontecer com ela o mesmo que acontecer conosco. Nem a senhora está segura e mantê-la trancada dentro de casa não refresca em nada. Pode não ser hoje, mas um dia ela vai ter que sair, não é mesmo? – Com essas palavras a única coisa que Gui conseguiu foi assustar ainda mais mãe. E continuou...

-Vamos aparatar perto do Caldeirão Furado e de lá vamos a pé até a Travessa do Tranco. Não quero colocar a loja dos gêmeos em evidência. Vistam-se com roupas estritamente bruxas, quero vestes longas, nenhuma peça trouxa. Fui claro? Os seguidores de Voldemort devem estar de olho em tudo que lembrarem trouxas. Eles sabem que Hermione e Harry foram criados como trouxas então podem estar procurando evidências. Entenderam? Quero que todos façam exatamente o combinado. Não se esqueçam, andem em dupla ou trio. Nada de improvisação. Neville, fique sempre perto de Carlinhos, entendido?

-Tá.

Gui estava extremamente nervoso. Tinha planejado todos os passos nos mínimos detalhes e não iria aceitar se algum dos participantes fizesse algo fora do previamente estabelecido. Cautelosamente ele havia deixado uns amigos em alerta para qualquer tipo de emergência. Mas isso só ele, Lupin, Alastor e o pai sabiam. Esses amigos, embora colaborassem com a Ordem há bastante tempo, não eram conhecidos de todos e muito menos participavam das reuniões. Era o pessoal de apoio externo, ou da retaguarda, como costumava dizer Dumbledore.

-Quem mais vai estar lá? – Perguntou Harry.

-Alguns amigos da Ordem. Lupin nos encontrará lá junto com Moody.

Rony e Hermione, sentados lado a lado, estavam calados. Hermione passava o plano mentalmente não querendo se esquecer de nada. Mas também sentia um pouco de medo, segurava a mão de Rony com força.

-Calma Mione. Vai dar tudo certo.

-E se ele aparecer, Rony?

-Estamos com o pessoal da Ordem. Vamos confiar, está bem?

-Harry, você sabe o que tem que procurar?

-Sei, Hermione. A Taça de Helga Hufflepuff ou qualquer outro objeto. Vou ter que descobrir na base da intuição. Não sabemos direito o que ele transformou. – Disse, suspirando.

-Você tem certeza?

-Bom... Certeza, certeza não temos de nada, né? Mas Tom Riddle a roubou, não foi? Ele tinha obsessão por objetos que de alguma forma guardam grande significado histórico. Foi assim com o Anel e com o Medalhão.

-Mas não foi assim com o Diário.

-Não. Com o Diário foi diferente. Ele quis deixar registrados seus dezesseis anos. Foi na época em que ele começou a descobrir sobre o seu passado. Quando tinha quinze anos ele descobriu a Câmara Secreta. O Diário foi a primeira Horcrux que fez. – Contou Harry sem se incomodar com a cronologia dos fatos.

-Chega de conversa. Vamos embora, está na hora. O pessoal já deve estar nos esperando.

Todos aparataram para uma rua deserta perto do Caldeirão Furado. Gina, apesar de já saber aparatar e já ter feito uma vez sozinha, o fez desta vez junto com Gui para evitar complicações com o Ministério; da primeira vez o Ministério não se pronunciou, porém era bom não abusar.

O Caldeirão Furado estava um pouco mais movimentado que de costume. Bruxos entravam e saíam com pacotes e mais pacotes, outros se sentavam tomando cerveja amanteigada enquanto discutiam as novidades do mundo mágico, principalmente a captura misteriosa da Comensal da Morte.

O grupo entrou no bar muito silenciosamente e se dirigiu para a porta dos fundos a fim de abrir a passagem mágica para o Beco Diagonal. Não deram satisfação alguma para o coitado do Tom que tinha ficado feliz em receber mais fregueses depois de meses sem clientela.

Era um grupo comum de bruxos que aparentemente iriam fazer compras. Transitavam despretensiosamente pelo Beco. Entravam e saíam de lojas que agora deixam as portas abertas, mas nada compravam. Fizeram o percurso até a loja do Borgin lentamente, admiravam as lojas e comentavam sorrindo as novidades nas vitrines.

Com um gesto brusco Harry empurrou Gina para perto de Rony e Hermione e correu até Gui. – A garota não entendeu a atitude inesperada do namorado.

-Gui, olha lá, não é o Snape? Olha os cabelos, parece uma cortina oleosa, veja o tamanho do nariz. É ele, Gui!

-Quê? – Respondeu olhando para a direção onde Harry indicava. – Não sei Harry, parece que é. Uau! Seria bom demais dar um basta nesse canalha também, imagina deixar ele sem poderes, não?

-Ô! Se seria bom!

-Espera com os outros, vou até lá dar uma checada. Avise Carlinhos.

-Tá. – E correu para o lado de Carlinhos.

Carlinhos, com cuidado, observou por cima do ombro do amigo a figura realmente muito parecida com Snape. Eles estavam com tanta gana do cara que seriam capazes de acabar com o perverso ex-professor no meio da rua mesmo.

Gui voltou balançando a cabeça...

-Não é o cara. Mas se parece muito com ele. – Disse decepcionado.

Seria sorte demais em poucos dias conseguir tirar das forças de Voldemort mais um comensal. Continuou caminhando atrás do grupo de amigos olhando para todos os lados como se não tivesse nada mais a fazer a não ser passear.

Carlinhos conferiu disfarçadamente os bruxos espalhados pela rua estreita. Identificou Tonks, dormindo no chão com aparência mais estrambólica que ele já tinha visto. Quim, na esquina, lia um jornal rasgado com o um pé apoiado numa pilha de latas de lixo que transbordavam, alheio a tudo que acontecia ao redor. Héstia, vestida de trapos grosseiros e descabelada, (“Nossa ela caprichou na aparência” – Pensou Carlinhos), no chão com as costas encostadas num caixote ao lado loja, e Emelina, coberta com uma capa roxa, se juntou disfarçadamente ao grupo quando passou por ela.

Gui, numa atitude displicente, encostou-se à porta da loja e murmurou – Alorromora. A porta se abriu com um estalido. Ele entrou e fez sinal para que todos o seguissem. Um silêncio absoluto reinou na loja, levou alguns segundos até que os olhos se acostumassem a escuridão. Carlinhos conjurou algumas velas para poderem procurar melhor o que quer que fosse.

-Vamos falar baixo para não chamarmos a atenção de curiosos. – Avisou Gui. – Harry, comece a procurar a Taça ou sei lá o que, que tenha sido transformado em Horcrux.

Harry por alguns instantes ficou parado no meio da loja, observou os armários, as prateleiras. Parecia que ele estava tentando sentir alguma coisa no local, como se o mal pudesse atraí-lo.

Carlinhos ficou atento ao comportamento do amigo, percebendo o que ele tencionava fazer, conjurou luvas de couro de dragão.

-Tome. Calce-as. Assim, se houver alguma outra chave do portal escondida que ainda não tenhamos identificado, você não será transportado sabe-se lá pra onde. Tome cuidado. Se sentir alguma coisa preocupante nos avise.

-Tá. Boa idéia. Mas acho que todos deveriam usar luvas. – Opinou Harry, e Carlinhos atendeu ao pedido, entendendo que realmente seria mais seguro.

-Heiii... Gente... Ali. – Disse apontando para um canto de uma prateleira. – Estão vendo aquele vaso velho? Pois é... É a chave do portal que leva direto ao quartel-general de Voldemort. Portanto não toquem nele, entendido?

Todos assentiram com a cabeça.

Harry começou a procurar a Horcrux. Localizou o estojo onde estava guardado o colar de Opalas amaldiçoado, a almofada que exibia a mão da Glória, ambos vazios. Não encontrou nada que valesse a pena, ou que Tom Riddle pudesse se interessar e em transformar em esconderijo para abrigar uma parte de sua alma.

-Aqui não tem nada que Tom pudesse achar interessante. – Harry informou a todos.

Em baixo do balcão encardido e remendado, Hermione e Emelina acharam várias caixas. Era o jeito, tinham que abrir todas elas. Dentro havia de tudo um pouco. Foram separando o que achavam que podia ser importante para que Harry passasse em revista. Colocaram tudo arrumado em cima do balcão: duas taças de prata velha e oxidada, 73 setas de prata, um pulseira de ouro realmente valiosa, um brasão em ouro branco e esmeraldas Sonserina, 2 brasões de pano da Gryffinoria – vagabundos que só - e um copo de vidro lavrado da Cornival. Nukes, sicles e galeões em quantidade. Encontraram também muitas varinhas novas. Acharam uma capa de invisibilidade, meio rota, é verdade. Uma caixa com a inscrição na tampa informava “Proibida a venda” e continha pequeninos frascos com rótulos identificados como veneno. Nas outras caixas, só encontraram quinquilharias da mais baixa qualidade.

Rony e Neville procuravam por entradas e esconderijos no chão e nas paredes. Descobriram entre a parede e o chão uma espécie de cofre onde acharam pergaminhos com anotações de transações com dinheiro entre ele e Lord Voldemort. Entregaram tudo para Moody.

Hermione chamou o amigo para que ele verificasse os objetos em cima do balcão. Nada... Não havia nada que chamasse a atenção de Riddle. Moody, ao lado de Harry, olhou tudo com muito cuidado. Interessou-se especialmente pela capa de invisibilidade.

-Lupin. – Chamou. – Que você acha de ficarmos com mais uma capa de invisibilidade?

-Acho que seria muito útil. – Respondeu, depois de tê-la analisado por todos os ângulos.

-Bom... Agora temos mais uma capa. – Disse, sorrindo, e deu um sumiço na capa.

-Que vamos fazer com tudo isso? – Perguntou Lupin. – Bom... Eu vou ficar com as setas de prata. – E as guardou dentro do bolso da capa.

-Vamos embalar tudo e dar para Quim entregar para o Ministro. Rufo saberá, pelo menos eu espero que saiba, o que fazer com tudo isso.

-Terminou, Harry? – Perguntou Gui. – Temos outra coisa muito importante para fazer agora.

-Terminei. Aqui não tem nenhuma Horcrux. Que vocês vão fazer?

-Espere... Pronto, Lupin? – Perguntou Gui.

-Sim. Vamos lá. Nós atravessamos e destruímos tudo lá na sala precisa, certo?

-Isso. Vão então, Minerva e Hagrid já devem estar impacientes esperando por vocês do lado de fora da sala. Se vocês demorarem demais, Emelina levará os garotos para a sede e vou atrás de vocês, ok?

-Certo. – Confirmou Carlinhos.

-Vamos logo. – Apressou Moody. – Gui, você dá conta desses garotos ou prefere que eu fique?

-Vai logo, eu e Emelina nos viramos com os meninos.

Os três entraram no armário e sumiram.

-Heiii! É um dos armários Sumidouros que o Draco falou naquela maldita noite que tinha consertado! – Comentou Harry.

-Falou, é? Foi através dele que os comensais da morte conseguiram entrar em Hogwarts no final do ano letivo. Agora temos que esperar até que eles voltem antes de dar cabo desse aqui.

-Então falando de mim? – Perguntou Draco, que repentinamente apareceu na loja.

Draco estava usando as tradicionais vestes bruxas longas e bordadas, exibindo como sempre a fortuna de galeões que a família possuía. No rosto exibia um ar de deboche.

-Malfoy! Que faz aqui, aprendiz das artes das trevas? – Perguntou Harry.

-O que faço aqui não é da sua conta. Mas é da minha conta saber o que você faz na loja do Borgin.

-E você acha mesmo que eu vou te dizer?

-Prepotente com sempre. Acho que vou te dar uma lição que você não vai esquecer tão fácil, Potter. – Ameaçou, apontando a varinha para o inimigo que fez desde o primeiro ano, quando se encontraram no Expresso de Hogwarts.

-Tô morrendo de medo. – Disse Harry mostrando a mão esquerda tremendo, numa demonstração chula de medo.

-Ora... Até os Weasley, traidores do próprio sangue, estão aqui. Mas vocês são tão unidos que se merecem; você é um heroizinho à toa e eles pobres de dar gosto. Puxa... Aonde vocês vão vocês carregam a sangue-ruim também? Que comovente! Até Neville, o fracote de Grifinória.

-Acho que você não está nos seus melhores momentos. Você está sozinho e nós estamos em sete. Vá embora, menino, é melhor para você. – Gui não queria de jeito nenhum travar uma briga dentro da loja, poderia chamar atenção dos bruxos que estavam na rua. Era preferível deixar que o mini-comensal fosse embora do que correr o risco de descobrirem a presença deles.

-Não estou sozinho. – Respondeu, com um sorriso malicioso, e assoviou. – Goyle e Crabbe entraram na loja parando ao lado de Draco, segurando as varinhas tão curtas que pareciam tocos de madeira fina. – Vamos, meninos, vamos dar um jeito nessa corja de bruxos que não honram o nome.

Draco Malfoy falou e agiu, acertou Gina no peito com o feitiço estuporante. A ruivinha caiu dura batendo feio a cabeça no chão com um baque surdo. Hermione vermelha de raiva correu para socorrer a amiga inconsciente, enquanto Emelina se punha na frente de Neville. Gui ia reagindo em proteção à irmã, mas Rony foi mais rápido se pondo entre ele e o projeto de comensal.

-Expelliarmus. – A varinha de Draco voou das mãos dele caindo aos pés de Goyle, que a recolheu e devolveu para o dono.

-Harry, Gui, cuidem dos dois brutamontes que o Draco é meu. Eu espero isso há muito tempo. – Pediu, com os olhos sedentos de vingança.

Harry tinha consciência de tudo que Rony havia sofrido sendo humilhado pelo garoto platinado, que se escondia atrás do manto de poder do pai e da proteção desmedida de Severo Snape. Agora que se tornara um aprendiz de comensal da morte achava que podia tudo. Harry fez um aceno de cabeça para Gui, concordando com a solicitação de Rony.

Draco começou a atacar Rony com ferocidade, mas não mostrava muita precisão. Sua mão tremia e com isso os feitiços não acertavam. Rony se esquivava com agilidade e contra-atacava com igual ferocidade, aos poucos se aproximava de Malfoy, procurando sempre provocá-lo. Azarações e feitiços iam e vinham das varinhas dos dois garotos. Os amigos que assistiam ao duelo se protegiam com o Protego quando um feitiço seguia em direção a eles.

-Vem, Draco, vem acabar comigo, seu canastrão. Por que você está se afastando? Como é... Já parou de chorar? A Murta que Geme te consolou bastante? Ah! Mas deve ser muito reconfortante chorar nos ombros de um fantasma, não?

-Pára com isso, seu imbecil. Você não sabe o que fala. Você não sabe de nada. Eu não choro nunca! – Draco estava ficando cada vez mais branco, se sentia humilhado perto dos dois amigos que não tinham o mínimo conhecimento do desespero que Draco passou.

-Sei sim. Você é um chorão que fica se escondendo no banheiro reclamando que não pode fazer o que Voldemort te mandou. Sentiu muito medinho, foi? Chorando no banheiro, você é um verme asqueroso e nojento! – Rony ria sarcástico das caras que Draco fazia cada vez mais desesperado e quanto mais se sentia humilhado mais sua mão tremia. – Por que você está usando esse vestidão? Está com calças compridas por baixo das vestes? Vamos ver agora se você usa cueca. Vamos conferir...

-Levicorpus. – Pensou Rony concentrado lançando o feitiço não verbal que aprendera com Harry.

E Draco se viu de repente suspenso no ar com as pernas presas não se sabe onde e as vestes cobrindo a cabeça deixando realmente as cuecas aparecendo.

--Oh! Você usa cuecas! Vejam meninas, vejam as cuecas desta barata branca! Lembra-se do que você falou para Hermione na Copa Mundial de Quadribol? Pois é, aposto que as calcinhas dela são bem mais engraçadinhas que as suas cuecas. – Hermione corou ao ouvir a comparação de Rony. - Então, agora é a sua cueca que está à mostra para seis pessoas, não oito, têm os seus amigos também. Você não vale nada, Draco Malfoy. Vamos, reaja, doninha! Lembra-se do que o professor Moody fez com você?

Draco lutava para segurar as vestes numa posição que não fosse tão ridícula. Mas o máximo que conseguia era se humilhar cada vez mais, ficando roxo de vergonha. A varinha estava caída no chão, bem longe de suas mãos.

Crabbe e Goyle já tinham levado a pior de Gui e Harry, ambos os garotos aprendizes da maldade estavam imobilizados e jogados de qualquer jeito no chão, olhavam a humilhação de Draco sem poder fazer nada. Gui e Harry, obedientes, deixaram que Rony tivesse sua vingança.

-Me soltem daqui! – Gritava Molfoy, desesperado.

-A vingança, Draco, é um prato que se come frio. – Falou Rony para Malfoy, de ponta cabeça. – Você não é tão macho? Não é tão bom? Que integra agora a legião do paspalho do Voldemort? Sai daí agora, quero ver, seu palhaço! Gui, quero tirar umas fotos desse cara e mandá-las para o Profeta Diário, sabe, só uma diversãozinha. – Pediu para o irmão.

A cada ameaça Draco ficava mais vermelho. Ele, filho de uma das famílias mais tradicionais no mundo bruxo, com uma fabulosa quantidade de galeões, que fizera doações extravagantes para o antigo Ministério sem que essas doações sequer arranhassem o tamanho da fortuna, estava agora sofrendo a pior das humilhações imagináveis.

-Meu pai vai ficar sabendo disso, Weasley.

-Seu pai está preso em Azkaban. – Soletraram Rony e Harry em perfeita sintonia para refrescar a cabeça do garoto.

-Ele não vai ficar lá para sempre. Meu Mestre vai tirá-lo de lá logo, logo! – Berrou como se com o berro impingisse medo nos antigos colegas de escola.

-Valeu pela informação, Malfoy. Obrigado. Que mais o asno de seu mestre vai fazer? – Perguntou Gui que não perdia uma só palavra do que era dito entre o irmão e o garoto dependurado pelos tornozelos.

-Vocês são um bando de bruxos incompetentes que querem fazer de tudo para aparecer. Meu Mestre vai pegar um a um de vocês. Somos mais fortes que vocês!

-Bom, acho que quem vai se dar mal agora é você. Pois você vai ser entregue agora para o Ministério. Harry, chame nosso amigo, seja cauteloso e discreto. – Pediu Gui.

Harry saiu da loja com as mãos enfiadas nos bolsos das vestes, com o ar mais despreocupado do mundo, passou perto de Quim como quem não quer nada e sussurrou.

-Draco Malfoy está preso com Gui dentro da Loja.

Quim entendeu o recado. Como se tivesse terminado de ler o jornal, dobrou-o e foi caminhando em direção ao final da Travessa do Tranco.

Quim aparatou dentro da loja a tempo de ver Gui tirando umas fotos do rato branco com uma máquina achada dentro de uma das caixas.

-Como ele entrou aqui? Por mim ele não passou.

-Entrei aparatando seu negro imbecil nojento.

Harry que não suportava ver qualquer pessoa ser humilhada, virou um bofetada tão forte na cara de Malfoy que seus dedos ficaram marcados na pele branca do rosto.

-Nunca mais denigra alguém por causa de cor, raça ou credo na minha frente. – Avisou a Draco. – Porque você faz parte da escória da humanidade! – E esbofeteou o outro lado do rosto do garoto que agora estava com os olhos cheios de lágrimas.

E pela segunda vez na vida Draco Malfoy foi humilhado apanhando na cara na frente dos amigos e, pior, foi fotografado com as lágrimas escorrendo testa abaixo por causa da posição que estava e com as cuecas à mostra.

-Vou levá-lo para o Ministério e entregá-lo para Rufo. – explicou, libertando o garoto do feitiço e prendendo-o com as cordas invisíveis.

-E estes dois monte de bosta, que vamos fazer com eles? – Perguntou Rony.

-Solte-os. Não há nada contra eles. Mas apaguem a memória por via das dúvidas. Tenho que apagar parte da memória deste branquelo também. Mas farei isso no Ministério, Tonks me ajudará. Até depois. – Não teve tempo de sair.

A porta abriu-se com o um estrondo e um comensal mascarado entrou. Apontando a varinha para o peito de Gui mandou:

-Soltem Draco agora.

Quim fez um sinal para Rony que obedeceu sem questionar.

-Vá, Draco, e leve seus inúteis amigos. – Respondeu uma voz conhecida.

Harry movimentou levemente a varinha e a mascara da comensal caiu no chão revelando quem era – Blás Zabini. Não causou surpresa em ninguém ver outro ex-aluno da Sonserina metido com o bando das trevas.

Draco sumiu com os amigos correndo como loucos pela Travessa do Tranco. Esqueceu completamente que podia aparatar, só se deu disso quando sentiu a testa salpicada de gotículas de suor. Parou para enxugar a testa e olhou para trás, duas criaturas desengonçadas corriam atrás dele soltando raios vermelhos em sua direção.

-Aparatem! – Gritou desesperado para os amigos.

Dentro da loja o comensal só disse três palavras...

-Vamos te pegar. – E aparatou. O comensal estava sozinho e se deixar apanhar pelo chefe dos aurores só iria complicar a situação do Lord das Trevas.

-A situação se complicou. – Disse Gui, preocupado.

-Não mais do que já estava complicada. Agora teremos que ter cuidados redobrados. Só isso. Não vamos nos preocupar com isso agora. – Respondeu Quim, ponderado.

Um silêncio pairou entre todos na malfadada loja por alguns minutos, quebrado com a entrada de Héstia e Tonks.

-Eles conseguiram fugir. – Contou Tonks. – Também com essa rua esburacada não dá para fazer mira nenhuma!

-Nossa... – Comentou Rony, passando a mão na testa. – Como eu queria isso! Vingar-me de tudo que Malfoy já me fez. Hei! Cadê Hermione e Gina? – Perguntou Rony.

-Já foram. Achei melhor mandá-las embora, Gina continuava desacordada e pode precisar de socorros imediatos. Mamãe vai falar um monte, já estou até vendo. – Comentou Gui. – Mas a gente dá um jeito, do contraio Gina mesmo dá. Gênio teimoso tem essa ruivinha.

-Eles estão demorando para voltar, não? – Falou Harry que já direcionava sua atenção para o que foram fazer na loja do aliado dos comensais da morte.

Esperaram por mais de duas horas e nada de os três voltarem. Gui estava começando a ficar inquieto a julgar pela quantidade de vezes que coçou os longos cabelos. Depois de mais algum tempo de espera, os amigos apareceram. Estavam suados e sujos.

-Pronto. Tudo destruído. Deu um trabalhão dos infernos. Tivemos que literalmente arrebentá-lo a machadadas. Depois Minerva lançou um feitiço e queimamos tudo no quintal da cabana de Hagrid. Virou cinzas... Hagrid ia enterrá-las por todo terreno e espalhar um pouco no lago. Agora não tem mais jeito dele ser consertado. Hagrid ficou feliz como uma criança por dar as machadadas no armário. A cada machadada soltava um grito. – Contou Lupin.

-Tem certeza, Lupin?

-Claro que tenho, Gui. Oras! Sei o que fizemos!

-Por que você está aqui, Quim, o que aconteceu? – Perguntou Alastor.

-Depois, Moody. Bom... Então agora é a vez deste. – Disse Gui.

Mas o armário da loja foi mais difícil de ser arrebentado. Ele estava tão enfeitiçado que se recompunha rapidamente. Foi necessário esforço conjunto para conseguirem botar fim na amaldiçoada peça de mobília. No final conseguiram parti-lo em pedaços; o que foi impossível de ser feito em silêncio. Depois de ele estar aos pedaços, atearam fogo. Lupin guardou as cinzas numa bolsa conjurada. Levaria para Hagrid dar o mesmo destino que deu na primeira leva de cinzas.

Quando as nuvens repolhudas de fumaça começaram a sair pelo telhado velho da loja houve uma gritaria na Travessa do Tranco.

-Vândalos... Vândalos... Bruxos vândalos estão acabando com a loja Borgin & Brukes. Vamos lá acabar com eles. E o bruxo que deu o alarme começou a reunir seguidores para conterem, além do fogo, os culpados pelo incêndio.

-Vamos... Rápido, aparatem para a Sede. Vocês não podem ser vistos, principalmente você, Harry. Você é um prato cheio para o Ministro. – Mandou Moody, fazendo com que os garotos fossem embora num piscar de olhos.

-E vocês? – Questionou Harry antes de aparatar.

-Nós podemos dar um jeito em nossa aparência sem problemas. Vão logo, seus molóides...

Chegaram à Sede lívidos. Eles tinham ficado realmente preocupados com a confusão e com medo, é claro.

-Gina, como você está? – Harry correu para perto de Gina, dando-lhe um beijo na testa.

-Estou ótima. – Disse sorrindo. – Me conta, Rony, que você fez com Malfoy? Não acredito que perdi uma cena dessa!

Molly esperava ansiosa para saber o que tinha acontecido. Todos queriam falar ao mesmo tempo. Foi preciso que uns gritos fossem dados para que os garotos se acalmassem, eles estavam excitados e não falavam coisa com coisa. No final Harry, com a ajuda dos amigos, conseguiu resumir de forma coerente tudo que havia acontecido.

A senhora Weasley, apesar do machucado da filha e de ter ficado nervosa quando a viu sendo conduzida para dentro da Sede arrastada por Hermione, se divertiu com a vingança de Rony.

-Ele merecia. Teve um dia, mamãe, que ele falou mal da senhora e isso eu não esqueci nunca. – E deu um beijo na mãe.

Gui, Carlinhos, Lupin e Moody chegaram depois de algumas horas. Descreveram que tinham desaparatado para fora da loja com aparências bem alteradas para junto da multidão que se aglomerava na frente da loja, ajudando a engrossar o bando de bruxos e a tumultuar mais ainda a confusão. Contaram que ajudaram a corja de bruxos vadios a lançar o feitiço aguamenti para apagar o fogo, mas que Carlinhos, dissimuladamente, ateava mais fogo ainda.

-O resultado foi um fogaréu danado, as chamas lambiam as paredes da loja. Alguns daqueles tolos saíram queimados e foram levados para o hospital. O pessoal do Ministério também apareceu por lá para saber o que estava acontecendo, Quim junto com eles. – Contou Lupin.

-Ué? Por que vocês não vieram para casa imediatamente? – Questionou Harry.

-Simples... Por que queríamos ver se os comensais iriam aparecer. E adivinhem quem apareceu?

-Pedro? – Arriscou Harry.

-Não... Macnair. Ele apareceu para conferir o que tinha acontecido. E pela cara que fez tenho certeza que o tal do Lord não vai gostar.

-E porque vocês não o prenderam como fizeram com Malfoy? – Perguntou Gina.

-Por que revelaríamos nosso disfarce. – Respondeu Gui.

-Que negócio é esse com o Malfoy? – Quis saber Lupin.

Gui contou em detalhes o duelo entre Rony e Draco Malfoy e que ele havia visto Quim. Enquanto ouvia a história contada, achou merecedor o castigo que o garoto recebeu de Rony.

-Só que Malfoy foi libertado por um comensal da morte que aparatou em seguida. – Reclamou Harry.

-Isso só complica um pouco a situação, nada que Voldemort já não saiba. É claro que Severo já contou para Tom quem faz parte da Ordem. – Opinou Moody. – Isso não é novidade para o maldito.

-Mas pelo menos eles agora não podem mais entrar em Hogwarts, não é mesmo? Agora a proteção que Dumbledore fez pode dar conta sozinha da segurança do castelo. – Completou Harry, feliz.

-É. E isso é muito bom. Porém não poderemos fazer nada durante um tempo. O que quer dizer, Harry, que você vai ter que ficar quieto dentro da Sede até o final do mês.

-Mas não posso! Tenho que continuar minha caçada...

-Pode e vai ficar quieto aqui dentro. Faz mais de dois meses que estamos minando as forças de Voldemort. Agora vamos parar um pouco e ver o que Pedro vai nos contar. Entendeu?

-Mas o que vamos ficar fazendo dentro de casa?

-Ah! Sei lá. Treinem, estudem, conversem, aprendam a jogar xadrez com Rony. – Disse Moody, dando uma de suas raras risadinhas. – Façam qualquer coisa, mas não saiam; é perigoso.

Harry lançou um olhar nada agradável para o professor Moody. Ficar preso dentro de casa para ele era demais. Já bastava o tempo que ficava na casa dos Dursley, encalhado, onde não tinha liberdade para nada.

-Lupin, por que você não perguntou para Bellatriz sobre o local do esconderijo do Voldemort, e sim para o Pedro?

-Ah! Uma vingança pessoal, entende? Quero forçá-lo a trair o Lord das Trevas.

***

Alguém que não foi identificado deu o alarme que a loja de Borgin & Burkes estava em chamas. Foi o que bastou para o Ministro ficar agitado e colocar todos os aurores na rua. O Ministério estava em polvorosa. Aurores entravam arrastando um e outro suspeito para interrogatório.

-Quim. Venha na minha sala agora mesmo. – Berrou o Ministro da Magia do outro lado do átrio do Ministério.

-Me explique essa foto. E quero explicações convincentes. – Gritava com o auror negro enquanto ele, com sua calma habitual, ia em direção à sala do chefe.

-Me deixa ver. – Estendeu a mão para o jornal que Rufo tinha nas mãos.

O que se ouviu em seguida foi uma majestosa e contagiante gargalhada de tirar o fôlego.

-O senhor quer explicações para isso? Ora! Rufo, tenha dó! Tenho mais coisas em que pensar do que desperdiçar meu preciso tempo com revanches entre adolescentes. É claro que Draco foi pego por inimigos que angariou na curta vida. Só levou o troco. Coisa de adolescente. – E saiu da sala rindo alto das imagens que foram entregues por um portador desconhecido na porta de entrada do Ministério.

***

14/11/2006 - 13h50m

Mais um cap. para vcs. Vcs estão me prestigiando e só posso me emprenhar em não atrasar demais as edições. O próximo capítulo não está tão cru, aliás está caminhando bem. Acho que dentro de 15 dias ou um pouco mais ele estará editado.

A esses meus leitores fiéis []s e {}s: Gina_Weasley, Manu Riddle, GuiL_PotteR, Sô, Molly, Lili Coutinho, Vivi Black, Andressa Domingues, Eline Garcia, Dianna Black, MarciaM. vcs são uns amorecos.

Aos leitores que tenho monitorado - Obrigada, viu!!!

Até a próxima.

[]s
McGonagall

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