A caça
20 – A caça
Londres amanheceu com muita chuva e tempo frio. A Travessa do Tranco, estreita e muito mal conservada, estava agora em péssimo estado. Os bruxos tropeçavam nos buracos que se tornavam cada vez maiores; seus pés chapinavam nas poças de lama escorregadias. Apesar do mau tempo, os bruxos mal encarados, costumeiros freqüentadores do lugar pouco aconselhável, continuavam a transitar pela rua. Uns andavam no meio da lama com o capuz da capa caindo sobre as testas, outros sentados no chão encolhiam-se de frio encostados-se às paredes com pinturas descascadas. Alguns, na tentativa de se protegerem da chuva, andavam rentes às paredes, trombando uns nos outros. Nessas ocasiões aconteciam alguns incidentes: uns caíam nas poças d’água, outros enfrentavam uma briga, da qual impreterivelmente arranhões, socos e tapas eram trocados, além das azarações lançadas.
De repente no meio da calçada quebrada dois bruxos mal-educados se estranharam, pois um havia esbarrado no outro sem querer e um deles caiu estatelado no meio de uma poça, ficando encharcado. Foi o que bastou; sobraram tapas e sopapos para tudo quanto é lado, mais barro espirrado em todas as direções e deixando mais sujos os xeretas que assistiam à briga. Um dos briguentos encheu a mão com um punhado de cabelos do outro; situação temida por toda a comunidade mágica. “Devolva meus cabelos - Devolva meus cabelos” – eram os gritos emitidos pelo bruxo que ficou sem mais alguns dos poucos dos fios que lhe adornavam as laterais da cabeça.
A Travessa do Tranco era conhecida pelos negócios suspeitos que ali eram realizados, nenhum deles recomendados para bruxos de boa índole. Lucius Malfoy, seguidor do lado das trevas, agora desmascarado e preso em Azkaban, era um assíduo freqüentador do lugar, muito especialmente da loja Borgin e Burkes, claro, sempre de forma muito furtiva. Todo o comércio ali realizado era feito na surdina.
Naquele dia especialmente a rotina do lugar fora quebrada, algo incomum estava acontecendo ali. De repente vários estalidos invadiram a já agitada rua, chamando a atenção de todos que por ali circulavam. Um grupo de uns cinco ou seis bruxos mais ou menos, completamente estranhos, aparatou no meio do aguaceiro que caía incessantemente. Os costumeiros freqüentadores da rua, que se conheciam entre si, olharam para eles, ninguém os conhecia, eles com certeza não eram da cidade. Usavam vestes negras, longas, desbotadas e cerzidas em vários lugares, com o capuz caído sobre a cabeça sombreando as feições. Não se importavam nem um pouco com a chuva que caia deixando-os ensopados e nem com a lama que espirrava sujando as barras das humildes vestes. Impossível identificar se eram homens ou mulheres. Caminhavam sempre aos pares, nunca sozinhos. Esbarravam nos usuais transeuntes do local e por qualquer motivo empunhavam agressivamente as varinhas tortas e descascadas num gesto claro de ameaça. Entravam e saíam das lojas segurando pequenos pacotes que sumiam dentro dos bolsos internos das capas.
Aos cochichos dois bruxos apontaram descaradamente para uma loja específica e se separaram dos demais. Esses dois entraram na loja Borgin & Burkes; no mesmo instante em que entraram um corvo excepcionalmente horroroso entrou junto e passou raspando a cabeça de um deles e empurrou para trás o capuz, que deixou à mostra um rosto de pele marcada por cicatrizes circulares de varíola e com grandes olheiras ao redor dos olhos. Calmamente, como se nada tivesse acontecido, o bruxo recolocou o capuz sobre a cabeça. Borgin fez um gesto com a mão para espantar a ave que pousou num vaso velho num canto mais afastado da imunda e podre prateleira. O dono da loja não teve mais tempo de se preocupar com aquela criatura feia, sua atenção estava voltada com muita cobiça para os desconhecidos, possíveis compradores de alguma coisa. Vender sempre era interessante. “Galeões irão mudar de bolso” - pensou o senhor Borgin, esfregando as mãos num claro gesto de ambição.
Os desconhecidos começaram a conferir e tocar em tudo que havia nas prateleiras empoeiradas, não se importando se o proprietário da casa comercial gostasse ou não da atitude. Abriam armários com portas de vidro que estremeciam quando eram fechados novamente, tal a violência do ato. Procuravam alguma coisa em especial. O desconhecido de rosto marcado encostou a avantajada barriga no balcão e perguntou sem rodeios, com voz rouca, para o senhor Borgin:
-Viemos comprar a Mão da Glória. Quanto custa? – Perguntou.
-Hã? A Mão da Glória? Não a tenho mais. – Respondeu Borgin, estranhando o pedido.
-Viemos de longe para comprá-la. Recebemos boas informações sobre essa loja. Precisamos dela.
-Mas já foi vendida!
-Quem a comprou?
-Não me lembro.
-É claro que se lembra de quem a comprou! Ninguém se esquece de quem compra uma mercadoria desse tipo. Ainda mais “essa” mercadoria em particular. – Disse ameaçador o outro bruxo, especialmente alto e magro, mostrando num sorriso ameaçador os poucos dentes podres e amarelados que ainda lhe restavam dentro da boca.
-Não me lembro. É sério! Foi o meu ajudante que a vendeu quando eu não estava na loja. - Borgin não estava gostando daquela situação; sentia-se incomodado.
-Então procure saber para quem foi vendida. Voltaremos amanhã para buscá-la. Entendeu?
-Sim, sim. Farei o possível.
-Não o possível. Você a trará para mim. Entendeu?
-Olha... Tenho outras mercadorias igualmente interessantes e muito úteis. Uma coleção fabulosa de venenos especiais que não deixa vestígios e essa vela que mostra qualquer caminho, mesmo sendo de chama preta; ela não apaga a não ser quando o dono lhe pede. Quem sabe não ajuda no que querem fazer?
-Não. Só o que lhe pedimos nos interessa.
Os dois visitantes não esperaram pela resposta, viraram as costas e saíram da loja sem falarem uma palavra sequer. Atravessaram a rua. Inadvertidamente trombaram numa “coisa” que lembrava que um dia fora uma barraca de acampamento trouxa apoiada precariamente na parede encardida de uma loja abandonada; ela foi ao chão com o tropeço de um deles. Os três bruxos maltrapilhos que dentro dela dormiam a sono solto fizeram o maior alvoroço quando sentiram o teto que os abrigava cair em suas cabeças; correram preocupados para segurar as correntes que mantinham presas as gaiolas de sapos, ratos, urubus, reclamando os berros que agora tinham que equilibrar a barraquinha novamente. Murmurando algumas palavras mal pronunciadas de desculpas, os dois causadores do estrago se juntaram aos outros companheiros e voltaram a fazer compras tão despreocupadamente quanto antes, não se importando nem um pouco com as palavras grosseiras que lhes eram dirigidas.
Mal os bruxos haviam saído da loja, Borgin a fechou por dentro, batendo com estrondo a porta e as janelas remendadas, não sem antes observar a cena do desmoronamento que o grupo causou.
O grupo de bruxos trocou olhares entre si. Naquele dia o senhor Borgin não apareceu mais, e nem no outro.
Na manhã do segundo dia Borgin finalmente abriu a loja; chegou até a porta e olhou para todos os lados, a rua estava como sempre, as mesmas pessoas, a mesma sujeira. Contudo ele não estava só, dois bruxos carrancudos o acompanhavam. Não demorou muito e os dois estranhos compradores da Mão da Glória apareceram dentro na loja.
-E então, onde está a mercadoria que pedimos?
-Para que você a quer? – Perguntou um dos acompanhantes de Borgin, se intrometendo na conversa.
-Isso... Não é da sua conta, não é mesmo? O nosso negócio é com ele. – O bruxo alto e magro respondeu, apontando para Borgin que se mantinha apoiado no balcão.
-Acontece que eu a comprei e ela não esta à venda. Entendeu?
-Quanto você quer para me vendê-la? Posso pagar o preço que pedir. – Disse chacoalhando uma bolsa de couro que trazia presa na cintura. Pelo barulho estava repleta de galeões. Os olhos do senhor Borgin cintilaram de ganância.
-Não está à venda. Você é surdo? – Respondeu, com a voz já bastante alterada.
-Mas acontece que nós a queremos... Você escutou? – Falou o interessado na compra mais alto ainda. – Uma briga começava a se formar.
-Já chega dessa conversa fiada, acabei de informar que ela não está à venda e pronto. Saiam como entraram, assim não haverá encrenca. Vão! – Gritou o suposto dono da Mão da Glória com a varinha apontada para o rosto do pretenso comprador.
Senhor Borgin se arrependeu amargamente de ter vendido a Mão da Glória para Draco Malfoy e por um valor muito abaixo do merecido.
Ao mesmo tempo em que o bruxo dentro da loja gritava, ouviu-se um feitiço lançado na rua.
“Imobullus” - Gritou um dos bruxos que saiu correndo de dentro da barraca, com uma varinha na mão que mais parecia um velho graveto arrancado de uma árvore qualquer. Os bruxos que estavam dentro da loja correram para ver o que estava acontecendo na rua e o porquê da gritaria.
-Oba! Pegamos um rato agora. Muito bom... Estamos bem até semana que vem com mais um para o estoque. – Falou o outro bruxo em pé ao lado da “coisa” do outro lado da rua. – Com esse já temos 8 “almoços” garantidos. – Disse saltitando feliz.
-É. Vamos voltar para o nosso lugar. Aqui tá tudo muito sujo.
Quem os escutava falar com certeza pensaria que eles primavam pela limpeza.
Começaram a desarmar a barraquinha sob o olhar vigilante dos bruxos que estavam na frente da loja de Borgin & Burkes.
Um dos bruxos, compenetrado executando a árdua tarefa de desarmar a barraquinha, notou que estava sendo observado e não deixou por menos...
-Que que é? Que ‘ceis’ tão olhando? Os bichos são nossos... Não roubamos não... Não somos ladrões.
-Porcalhões... Bruxos nojentos... Sumam daqui se não quiserem ser estuporados. Vão embora. – Disse Borgin, apontando a varinha. – Essa travessa está cada dia mais e mais infestada de mendigos, de bruxos maltrapilhos. – Reclamou para os dois acompanhantes. – E vocês... – Disse, virando-se para dentro da loja para continuar com a conversa com os desconhecidos que queriam comprar a mão da Glória com tanta avidez.
-Mas cadê eles?
Porém os sedentos compradores não estavam mais dentro da loja. No meio da confusão e gritaria que acontecia na rua, desaparataram sem serem notados.
-Melhor assim... Borgin, se eles voltarem estupore-os ou faça coisa melhor, entendeu ou eu preciso ser mais claro?
-Entendi sim... – Respondeu respeitoso vendo os dois acompanhantes se afastarem da loja.
-Foram embora... Eles sabiam que não iriam conseguir nada conosco e se mandaram. – Saíram comentando os dois amigos de Borgin. – Mas por que será que queriam a Mão da Glória?
-Quem será que são esses bruxos? Não são de Londres com certeza. Melhor ficarmos espertos. Pode vir encrenca das grossas por aí.
No final da Travessa do Tranco, um lugar um tanto quanto miserável era habitado por bruxos que viviam em baixas condições de vida. Ali era o refúgio de pequenos larápios, na sua grande maioria bruxos pobres de verdade. Eles ali se reuniam e armavam pequenos golpes que aplicavam no Beco Diagonal, causando problemas para os comerciantes, porém nada que chamasse a atenção do Ministério. Era ali mesmo que os três bruxos armavam o dito abrigo novamente sob o olhar atento dos moradores habituais. Um deles pegou o ratinho pelo cangote e disse:
-Você não vai gostar nada, nada do que vai te acontecer, sabe? Vamos te comer... – E deu uma gargalhada demente. – Oba... – E finalizou. – Vamos ter um banquete!
-Éééé... Eu gosto mais de rato do que de sapos ou urubus... São mais saborosos e têm mais sustância – Disse o outro companheiro do bruxo, meio abobalhado, revirando os olhos.
E continuaram com o trabalho, organizando-se da melhor forma possível no meio daquele lugar que era o refúgio dos bruxos desabrigados. Logo já estavam largados no chão, roncando mais alto que um trasgo montanhês.
***
Três dias depois de ter retirado as bandagens dos olhos, já plenamente recuperado e podendo levar a vida normalmente, Harry foi para a cozinha com Gina, que passou no quarto para acompanhá-lo. Vendo-se sozinhos não perderam tempo, trocaram um longo beijo, Harry a puxava para mais perto de si. Era bom sentir a namorada novamente.
-Senti saudades, Gina. – Disse, encarando-a fixamente.
-Também senti, mas não me me deixavam ficar perto de você. Tiravam-me do quarto. Mas eu sempre aparatava lá quando Madame Pomfrey ou minha mãe estavam ocupadas demais. Um dia Madame Pomfrey quase me pegou. – Disse, rindo.
-Lembro que sonhei com você. Foi bom, sabe? Quero você sempre perto de mim.
-Mas é difícil ficar perto de você! Você tá sempre aprontando alguma! – Ele riu.
-Não é tanto assim, né? – Ela sorriu deliciada e se abraçou a ele mais forte.
Caminharam de mãos dadas.
-Escuta, Gina. Onde tem andado o Rony e o Neville? Não os tenho visto. E os gêmeos não vieram me visitar por quê? Eles não deixariam de vir me ver.
-Eles estão ocupados, Harry. – Respondeu Gina, sem encarar o namorado.
-O que está acontecendo? Gina, olha pra mim... Me conta...
-Não, Harry. É melhor conversar com o professor Lupin. Não sou a pessoa mais apropriada para lhe dar as respostas.
-Não gosto que escondam as coisas de mim, você sabe disso.
-Eu sei Harry, mas não depende de mim. – Respondeu séria para o namorado. – Se eu falar alguma coisa sem autorização, Moody pode me pegar pelas orelhas.
Quando Harry entrou na cozinha, foi obrigado a dar alguns passos para trás, tamanho encontrão e abraço que recebeu na altura da cintura.
-Meu senhor Harry Potter! Meu senhor Harry Potter já está melhor. O mestre já está curado! Dobby muito feliz, muito feliz! – Dizia Dobby agarrado a Harry, com os grandes olhos verdes e redondos cheios d’água, olhando embevecido para o garoto que tanto admirava.
-Oi, Dobby. Obrigado. É bom te ver também. Mas por que você está aqui? – Perguntou Harry, ainda com Dobby atarracado em sua cintura.
-Ahhh... Professora McGonagall mandou Dobby ficar aqui e ajudar senhora Weasley, casa muito grande e muita gente. Dobby feliz em poder ajudar. Harry Potter doente. Dobby feliz em ver Harry Potter bem de novo. Pode pedir mestre Harry Potter, pode pedir o que quiser que Dobby faça para o senhor. Dobby faz.
-Obrigado, Dobby. Agora vou tomar café. Então será que você pode me soltar?
-Ah! Desculpe... – Respondeu sem jeito se afastando de Harry. Porém ficou rodeando o garoto até que se deu por satisfeito, vendo que seu salvador estava bem. As orelhas de Dobby se agitavam só de olhar para o garoto.
Os que estavam na cozinha se divertiram em ver a reação do elfo quando viu Harry. Dobby gostava tanto de Harry que não havia nada que o garoto pedisse que não fosse atendido imediatamente pelo elfo.
-Dobby te adora, não parou de falar de você um minuto. – Comentou Lupin tranqüilamente. – E como fala... Pelas asas de Pégasus! Um dia tivemos que pedir para que se calasse. Mas mesmo assim ele continuou a resmungar baixinho, definitivamente ele não se contém quando se trata de você.
-Tome Harry... Sente-se e coma, você está muito magrinho. Também com todo esse tempo de cama, não era para menos. – Disse a senhora Weasley colocando na frente do garoto um prato forrado de grandes panquecas cobertas de mel. – Coma tudo. – Mandou séria.
O professor, até então sozinho à mesa, tomava o belo café da manhã que Molly servia, estava entretido lendo o Profeta Diário. Harry não respeitou a leitura do professor, sentou-se na frente dele e não esperou oportunidade melhor, perguntou sem rodeios.
-Remo, onde estão todos?
-Estão em missão, Harry. – Respondeu com simplicidade sem, contudo despregar os olhos do jornal.
-Que missão?
-À noite teremos uma reunião e você ficará sabendo. Não estamos comentando nada, entende?
-Não... Não entendo... Você sabe que quero participar.
-Eu sei. E você não podia participar. Não paramos um minuto enquanto você esteve acamado. De agora em diante você vai ter suas tarefas, não se preocupe. Mas tem que esperar pela reunião para saber tudo que estamos fazendo, está certo?
-E eu posso fazer outra coisa? – Respondeu malcriado.
Remo só olhou para o amigo, se tinha uma coisa que Harry detestava era não saber o que acontecia. Mas o aprendizado só estava fazendo bem a ele, que dia a dia estava se tornando mais ponderado.
Harry ficou ansioso o dia todo. De segundo em segundo conferia as horas. “Essa porcaria não está funcionando”, dizia para si mesmo se referindo ao relógio, “parou com certeza”. Dava umas batidinhas no relógio para ver se realmente ele não estava parado, pior que não estava. As horas nunca haviam demorado tanto para passar. Ele caminhou quilômetros dentro da Sede, entrou e saiu da cozinha no mínimo uma centena de vezes.
Que tanto todos faziam? A Sede permanecia vazia durante a maior parte do dia, os amigos saíam e não informavam para onde estavam indo. Muitas vezes ele percebia que de repente não tinha mais ninguém com quem conversar a não ser com Gina, Hermione e a senhora Weasley. Na tarde do dia anterior, quando acordou e foi sem autorização de Madame Pomfrey à cozinha procurar alguma coisa para comer, só encontrou a senhora Weasley, que estava atarefada na arrumação, até mesmo Gina e Hermione se ausentaram e quando retornaram deram-lhe uma desculpa esfarrapada contando que tinham saído para fazer umas compras para a mãe.
-Compras? E foram sozinhas? – Harry perguntou desconfiado, com os braços cruzados na frente do peito.
-É. – Foi a resposta curta que recebeu de Hermione.
-Hermione, você mente muito mal, sabia?
-Sei. – Respondeu na maior cara de pau virando as costas para o amigo.
Finalmente foi anunciado o jantar. Graças a Merlin... Pensou. Ele já estava a ponto de estourar de curiosidade. Mesmo sem um pingo de apetite, ele engoliu alguma coisa que Molly lhe servia, mas não soube identificar o que comia, seus sentidos eram direcionados para a sala de estar onde os membros da Ordem começavam a chegar. Levantou-se sem ter terminado o jantar.
-Volte aqui, Harry e acabe o jantar.
-Não estou com fome. – Respondeu distraído.
-Que está acontecendo? – Perguntou Harry na porta da sala de estar, vendo que todos estavam parados na frente de uma porta em que não havia reparado antes.
-Venha. Aqui não é lugar para respostas. – Respondeu Moody seco, puxando o rapaz pelo braço, fazendo-o entrar numa sala desconhecida aos tropeços.
Todos entraram numa sala que obviamente tinha sido ampliada por magia. Havia várias cadeiras desparelhadas espalhadas de qualquer jeito. Não havendo assentos para todos, os garotos sentaram-se no chão mesmo com as costas apoiadas na parede lateral.
-Bom, temos que colocar um sério plano em ação e não será nada fácil. Terá risco de vida, não adianta esconder.
No que ouviu – “risco de vida” – Molly se levantou com a cara fechada, falando em alto e bom som e apontando o dedo indicador para Alastor:
-Não, Moody! Presta atenção você no que vou falar... Não quero saber de nenhuma das minhas crianças metidas nesse plano onde poderão correr risco de vida. Sinto muito, mas minhas crianças não vão mesmo! – E virando-se para olhar os filhos de frente disse. – Vocês estão entendendo? Vocês não vão a lugar nenhum!
-Mamãe! Quer parar, por favor? Não é hora para isso. – Argumentou Gui sério, com os braços nos ombros de Fleur que mantinha o olhar especulativo para a sogra.
Estalos na lareira. Molly foi ver quem era. Olhou espantada para Aberforth Dumbledore e Mundungo (Dunga) Fletcher. – Que vocês estão fazendo aqui?
-Eu os chamei, Molly. Deixe-os entrar. – Informou Olho-Tonto. – Eles já estão trabalhando conosco há alguns dias e, para falar mais, estão sendo muito úteis.
Todos olharam meio estranho para o irmão do Professor Dumbledore, não era nada comum ele se dispor a se reunir com os membros da Ordem, ele era arisco e gostava de permanecer no seu canto sem interagir com ninguém.
Harry encarou Dunga que desviou o olhar, envergonhado; a chamada de atenção que Dumbledore lhe havia dado ainda estava muito fresca na mente dele. Dunga era um oportunista de marca maior e não tivera um pingo de respeito com a herança que Harry recebera de Sirius.
Harry chegou a dar alguns passos em direção ao larápio com a cara fechada, mas foi impedido por Lupin. Acabou achando melhor esquecer o pensamento e voltou ao assunto tão logo todos se acomodaram.
-Deixe, Gui. Sua mãe tem razão. Essa guerra é minha e vou fazer o que for necessário para pôr um fim nela de vez. Vocês não precisam se arriscar, eu faço isso.
-Fica quieto, Harry, e deixe de falar bobagem. Essa guerra não é só sua, é de todos nós. Além do que não é assim que vamos resolver as coisas. Primeiro todos têm que escutar o que será feito, para depois dar palpites. – Interferiu Arthur com aspereza. Ele estava muito nervoso. Pelas conversas que tinha tido com Alastor e Lupin o plano era realmente audacioso.
-Bom... Já que todos concordaram em primeiro ouvir para depois argumentar vou começar logo com as explicações. Precisamos minar as forças de Voldemort. Pensando nisso depois de uma sugestão muito oportuna e sensata de um dos nossos amigos, vamos...
A reunião demorou mais de três horas. Nenhum dos presentes tinha mais posição para ficar sentado. Todos estavam cansados, mas precisavam assimilar o plano na íntegra. Tudo foi muito bem explicado e re-explicado nos mínimos detalhes, prevendo umas situações, simulando outras. Todas as perguntas foram respondidas de forma mais esmiuçada possível. O plano era muito arriscado, porém se desse certo teriam uma grande vitória contra o lado das trevas. E cada um dos envolvidos precisaria desempenhar seu papel com a maior naturalidade possível.
Os gêmeos tentaram fazer umas piadinhas, porém foram cortados baixo por Arthur com tal severidade que murcharam na hora. Encarar o pai bravo não era agradável. Era mais fácil enfrentar a mãe, já estavam acostumados com os gritos e a braveza.
***
Depois da reunião os jovens ficaram conversando na cozinha enquanto tomavam chá e comiam bolinhos fritos que a senhora Weasley servia aos montes.
Os gêmeos riam da cara de Harry. Fred falava e Jorge completava...
-Pois é, cara. Semana passada por uma hora “eu fui” o famoso Harry Potter e fui recebido pelo distinto Ministro da Magia com todas as pompas e circunstâncias. Primeiro ele ficou “te” olhando sem falar palavra. Foi um custo segurar a risada, cara. – Disse Jorge.
-Então você tomou a poção polissuco! Por que vocês fizeram isso? – Perguntou Harry, com os olhos arregalados de curiosidade.
-Porque ele estava à sua procura. Estava perseguindo todos que têm contato com você. Pressionou Tonks por que sabe que o professor Lupin era muito amigo de seus pais e supôs que ele soubesse por onde você andava. Depois mandou chamar Minerva no Ministério e a espremeu com força para saber onde você estava escondido. Então montamos a farsa.
-Por Merlin... Em que enrascadas vocês me meteram dessa vez?
-“Você” sugeriu para o Ministério formar um grupo de DCAT onde a comunidade mágica poderia treinar para se proteger melhor de você-sabe-quem. Como a AD, sabe? Primeiro ele “te” olhou meio desconfiado, depois foi todo solícito dizendo que, claro, atenderia a “sua” sugestão se tudo desse certo. Disse que vai conversar com os demais diretores do Ministério sobre a idéia, mas não confirmou.
-Nossa, que idéia brilhante! Adorei! De quem foi?
-Foi minha. Pensei nisso a partir de uma frase que Rony falou. – Manifestou-se Carlinhos com um sorriso. – Você não podia ir, o jeito foi providenciar um “Harry Potter” disponível já que o original estava meio avariado em cima da cama.
-Minha frase?
-É. Naquela noite que Minerva chegou reclamando do Rufo. Lembra-se?
-Qual?
-Ai minha Morgana... Quem memória fraca Rony! Foi quando você disse que era melhor Harry falar com o Ministro de uma vez assim parava essa perseguição. Acorda Rony! – Disse Carlinhos, sacudindo o irmão pelo ombro.
-É? Puxa! Nossa, foi genial! – Aplaudia Rony.
-É, foi muito legal. Agora, Harry, eu te entendo melhor, sabe? Puxa, é muito chato ser famoso. – O Ministro quase babou só de conversar contigo. O cara é obcecado por você! Nossa, que maluquice! Finalizou Fred.
-Ele não pediu para você ser o garoto propaganda do Ministério? – Perguntou rindo.
-Claro, né! Você acha que ele iria deixar passar oportunidade tão boa? E eu falei que a melhor propaganda era o curso para todos. Ele queria tirar fotografia e tudo mais, mas não deixei, achei que você não gostaria. Afinal eu estava usando sua aparência sem sua autorização, né? – Falou cauteloso. - Ele não gostou muito, mas se deu por satisfeito depois de tantas negativas. E vou te dizer uma coisa, ele não vai desistir de sempre que puder falar com você. Não sou bom em dar conselho, mas se quiser um, cara, se cuida com o Ministro. – Arrematou Jorge, sério.
-E vocês acham que ele vai aceitar a idéia?
-Ah, Harry! Aí já é me pedir demais. Vamos ter que esperar para ver o que ele fará. Nunca se sabe o que sai da cabeça do Ministro, né? – Finalizou Fred.
Harry olhou em volta de si, a cozinha estava vazia demais.
-Ué? Cadê Hermione e Fleur? Elas estavam aqui agorinha mesmo...
-Saíram, Harry.
-Onde elas foram?
Ele recebeu um olhar de Gui que dizia: Se liga, moleque!
***
17/09/2006 - 13h21m
Estão com muitas dúvidas? Rs___Esperem, nos próximos capítulos elas serão elucidadas aos poucos. ok.
Obrigada como sempre aos leitores que marcaram suas presenças, e claro aos leitores silenciosos também.
Samara Ribeiro, Manu Riddle, Eline Garcia, Gina_Weasley, Molly, Adi Potter, MarciaM, Lili Coutinho___ Muitos para vocês.
Obrigada a todos.
[]s e {}s
McGonagall
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