Última Vez
(meu ban lindo :D)
Preço do pecado
Shipper: James/Narcissa
Gênero: Drama/Romance
Censura: NC-17
Observação: Os nomes utilizados são os verdadeiros e não os da tradução.
Disclaimer: Os personagens infelizmente não são meus, são da tia Rô… o resto são coisas que saem da minha cabeça.
N/A – Este shipper NÃO é um shipper comum, por isso, quem não gostar dele, peço para não julgarem a fic só por isso ou antes de ler.
Capítulo I – Última vez
O cômodo encontrava-se escuro, como sempre. Narcissa se ajeitava constantemente no velho sofá preto, gasto com o tempo, que ela repudiava, mas os seus pensamentos estavam longe demais para que pudesse se incomodar com esse pormenor. Olhava incansavelmente o relógio negro, que uma das paredes velhas e úmidas ornamentava. Não que a fraca luz da Lua permitisse ver nitidamente as horas, mas Narcissa encontrava-se invulgarmente nervosa. Pousava as suas mãos delicadas e macias sobre as coxas cobertas por um sofisticado vestido negro, batucando levemente sobre a pele frágil e pálida que revestia todo o seu corpo. E, mesmo com todo aquele sofrimento que o tempo de espera impunha, Narcissa mantinha-se firme, com uma postura imponente. Os seus olhos intensamente azuis e frios, juntamente com o cabelo de um loiro quase irreal, caindo sobre os seus ombros e acariciando levemente as suas costas, os seus lábios finos com uma expressão arrogante, a sua pele pálida e delicada como uma boneca de porcelana frágil, a tornavam uma mulher maravilhosamente bela e sedutora. Alguns homens a cobiçavam desmesuradamente só com o olhar, porém ser noiva de um Malfoy significava ser praticamente intocável. Ou assim ele esperaria.
Os minutos que se seguiam, um após outro, se tornavam cada vez mais longos. E o silêncio se impunha, cada vez mais perturbador. Ela não sabia quanto tempo mais aguentaria sentada naquele sofá esperando. Odiava pessoas irresponsáveis, e no critério que tinha sobre essa palavra estava incluído a pontualidade. Não suportava estar muito mais tempo naquele lugar, mas o desejo de o reencontrar era mais forte do que qualquer outra vontade ou, até mesmo, que o seu orgulho desmedido.
E quando os minutos pareciam já não passar, Narcissa sentiu ele chegar. Não saberia dizer se era instinto ou apenas o simples cheiro dele. Não sabia até se era apenas um devaneio da sua mente por se encontrar naquele desespero sôfrego. O fato era que nunca se enganava. Sempre que pressentia a sua presença, ele chegava. E naquela noite não foi diferente.
No meio da escuridão ela pode ver o brilho dos olhos mel a encararem docemente. Não que ela pudesse ver exatamente a expressão do seu rosto, mas ela sabia. E sabia melhor ainda que a sua mão escondida por detrás de suas costas trazia algo para ela. Como ele sempre fazia.
Com passos demorados e ligeiramente hesitantes, ele se aproximou de Narcissa, abrindo um sorriso tímido e receoso. Gentilmente, ofereceu uma das suas mãos à bela mulher, impulsionando-a para se levantar. Ela apenas sorriu, ficando perigosamente perto do corpo quente dele.
-James… - sussurrou Narcissa junto ao peito dele – Pensei que tivesse se arrependido.
-Nunca me arrependo de você, Cissy! – respondeu com uma voz rouca e poderosamente sensual.
Narcissa abriu um sorriso, sem abandonar a sua expressão fria, deixando-se envolver pelos braços fortes e decididos de James, que pousavam carinhosamente sobre os seus quadris, enquanto este aproximava lentamente os lábios dos dela. Narcissa sentiu seu corpo ser inundado por um arrepio frio e confortante, ao deixar os lábios de James invadirem totalmente os seus, as mãos grandes e calorosas subirem pela sua cintura, tornando o desejo mais exposto e impaciente. Ela, por norma, não era defensora da delicadeza, mas a de James era soberbamente especial. Como se fundisse todos os seus sentimentos num só: o desejo incontrolável.
Sentindo as mãos dela invadirem sua camisa, James afastou os seus lábios, terminando o beijo para desgosto de Narcissa. Num gesto de recompensar, ofereceu um dos sorrisos que ela mais admirava nele. Os doces e sinceros. Eram algo que ela não estava acostumada a receber, como se fossem algo extremamente proibido para ela. E Narcissa os adorava por isso.
-Teremos tempo para tudo, Cissy… - disse em tom de promessa, com a mesma voz rouca utilizada momentos antes – Agora, vamos para um lugar mais aconchegante.
-Espere! – pediu Narcissa, parando repentinamente – Você não tinha algo para me dar?
James sorriu novamente, olhando penetrantemente para Narcissa, até que uma das suas mãos se moveu de novo para trás de suas costas e desprendeu uma rosa negra de seu cinto que levou às mãos dela. Narcissa ficou levemente surpreendida com o presente invulgar, mas não deixou transparecer suas emoções.
-Uma rosa negra? – perguntou com voz suave.
-É, uma rosa negra. Significa… “Amor até à morte!” – sussurrou ele ao seu ouvido, deixando-a inundar-se de novo por um arrepio estranhamente agradável.
-Não seja dissimulado, James! – falou com tom sarcástico – Você não me ama… Você apenas me deseja!
-Talvez – respondeu James, ostentando um ar misterioso – Mas essa é especial. É enfeitiçada…
-E como funciona? – perguntou, novamente surpreendida e disfarçando o máximo que conseguia.
-Eu te explico depois. – finalizou James, enlaçando seu braço com a cintura de Narcissa.
Narcissa sentiu uma enorme sensação de desconforto que identificou como estar aparatando. Mas nenhum desconforto nos braços de James se poderia considerar realmente desconfortável. Era como se ele extinguisse todos os seus medos e todos os incómodos que poderia sentir. Como se ele fosse o seu protetor.
Os seus pés chocaram novamente com o chão firme, enquanto ainda sentia o braço de James num contato fervente com seu corpo. Olhou na sua frente e viu uma porta grande e ilustre, mas nada proferiu. O braço de James abandonou a sua cintura e, segundos depois, ela sentiu seus olhos serem cobertos pelas duas mãos quentes e macias dele, obrigando-a a fechá-los. Sorriu, como sempre fazia no silêncio da companhia de James. As palavras eram meros detalhes que, por vezes, quebravam o que havia mais de especial entre os dois: o mistério do proibido.
Narcissa sentiu a porta ser aberta com um pequeno ruído, que destabilizou o cobiçado silêncio. James, por detrás dela, impulsionou o seu corpo para a frente, obrigando-a a dar passos sobre o desconhecido, de olhos vendados. Mas isso não importava, pois ele lhe transmitia confiança e mais desejo ainda de continuar.
-Pode abrir os olhos – murmurou James, com os lábios relativamente perto do pescoço de Narcissa.
E ela o fez, com expetativa e, logo de seguida, abrindo um enorme sorriso de surpresa e satisfação. Ainda estava de costas voltadas para ele, o que, no momento, se tornou proveitoso. Podia desfrutar de toda a emoção que estava sentindo, pelo simples motivo que ele não a estava olhando. Estavam numa sala enorme, mas Narcissa não conseguia ver totalmente a sua dimensão pela escassa luz que iluminava o cômodo. No centro – ou perto disso – estava uma mesa, coberta por uma longa e exuberante toalha de veludo vermelha. Por cima dela, copos de cristal, talheres nitidamente de prata, que reluziam com a luz proveniente das velas do centro da mesa, pratos requintados… E a toda a sua volta um conjunto de extrema luxúria que carregava o clima de sensualidade. Longas cortinas de um tecido translúcido pendiam do teto, cobrindo um recinto que envolvia a mesa. Por dentro dessas cortinas, longos e escuros castiçais colocados em volta da mesa, com velas também vermelhas. O perfume agradável que emanava por todo o cômodo era estimulante.
James passou os braços pelo ventre da mulher loira e, sem hesitar um segundo, depositou um beijo sensual no seu pescoço, arrancando um pequeno gemido de prazer. Queria tê-la, nem que fosse por uma última vez. Queria aquela mulher apenas para ele. Mas isso, ele sabia que nunca teria.
Num gesto rápido, virou Narcissa para si, fazendo o seu coração descompassar aceleradamente no momento seguinte. Ela estava simplesmente linda. Não que se pudesse usar a palavra simples ou qualquer uma derivada para caraterizar Narcissa Black. Ela estava magnífica. Os seus cabelos pendiam no seu rosto, lisos e sedosos e a sua boca suavemente rosada fazia o seu desejo aumentar a uma escala desmedida. Por momentos, James pensou não conseguir aguentar até ao término do jantar. Bastava olhar aqueles lábios venenosamente sedutores para querer provar. E, sem qualquer pensamento racional, James o fez.
Sirius tinha razão. Não existia antídoto para o veneno dos Black.
Os seus lábios devoravam demoradamente os dela. A sua língua ansiava explorar cada centímetro da boca de Narcissa, fazendo-o estremecer ligeiramente no primeiro contato com a língua dela. Ele poderia declarar oficialmente para si mesmo: não havia beijo mais poderoso e aliciante que o de Narcissa. Não havia mulher que despertasse tanto desejo e fervor em tão pouco tempo em todos os seus sentidos. E o cheiro dela o fazia perceber o real sentido da palavra extâse.
-Cissy. – sussurrou entre beijos – Depois, Cissy!
A contra gosto, Narcissa foi cessando os beijos demoradamente, até que os dois se separaram para irem de encontro com a mesa que os esperava. Desviou delicadamente as cortinas de tonalidade escura, sentando-se depois na cadeira que James gentilmente puxara para ela. Tudo parecia demasiado perfeito. E o pior é que Narcissa tinha perfeita consciência de que era tudo demasiado errado.
-Risotto aux Fruits de Mer – afirmou num sotaque francês perfeito, destapando a travessa pousada por cima de uma espécie de carrinho, usado para transportar comida – Me permite que lhe sirva, alteza?
-James, pare com isso – disse Narcissa sorrindo, dando um leve tapa na mão dele – Como você sabe que essa é uma das minhas comidas favoritas?
-Eu tenho os meus meios – declarou com um olhar misterioso, sem o desviar dos olhos de Narcissa.
-Imagino… Sirius! – deduziu, revirando ligeiramente os olhos.
Após servir o prato de Narcissa e o seu, James se sentou de frente à loira, olhando fixamente cada feição dela. Cada curva, cada gesto, cada expressão. Tudo se enquadrava numa sintonia harmoniosa, tornando todos os seus movimentos exageradamente perfeitos. E apenas o olhar dela bastava para que ele se sentisse bem. Apenas o sorriso encantador e lascivo, os gestos sofisticados. Apenas olha-la era suficientemente bom, como se mais nada houvesse à sua volta. E aquele colar, com um pendente em forma de cobra no centro do decote, lhe dava um ar ainda mais sensual. Embora James não gostasse do simbolismo que aquilo representava, ficava absurdamente esplêndido por cima da pele frágil de Narcissa.
-Quer vinho? – perguntou James com voz suave, servindo o seu copo – É francês também.
-Pode ser um pouco – respondeu, elevando o seu copo de encontro com a garrafa.
As poucas palavras trocadas entre os dois somados aos olhares comprometedores aumentavam gradativamente a tensão sentida ao redor deles, como se o preço do silêncio fosse ainda um pecado maior, o que aliciava a qualquer um dos dois. E mesmo com aquela comida apetitosa na sua frente, Narcissa não conseguia mais pensar em comer. Ela queria James. E isso não podia tardar.
Numa tentativa de ganhar mais calma, Narcissa deu alguns goles no seu vinho, sentindo o sabor relativamente doce cobrir sua boca. Os seus lábios haviam umedecido ligeiramente, fazendo James ser invadido por um calafrio agradável, que se aprofundou depois que a loira os lambeu discretamente. Narcissa não segurou o sorriso que teimava em apoderar-se de seus lábios, em resposta àquela reação de James.
-Como está a Evans? – perguntou Narcissa com malícia.
-Bem – respondeu James, tentando cortar aquele rumo da conversa. Lily não era assunto que ele quisesse discutir com Narcissa.
-Ela ainda não descobriu o seu pequeno segredo? – questionou novamente com malícia, o que era irritantemente desagradável e ao mesmo tempo profundamente irresistível.
-Não, Cissy. No que depender de mim, esse assunto é só nosso – respondeu o mais simples que conseguiu, sem nenhum tom de irritação na voz.
-Eu não estava falando de nós, James! – disse ela, com um sorriso desdenhoso – Eu estava falando sobre você ser um animago. Mas vejo que esse nosso assunto te incomoda bastante.
James levou o garfo gentilmente à boca, antes de sorrir falsamente. E esse sorriso Narcissa reconhecia e não gostava. Era demasiado idêntico aos de Lucius.
-Agora que falámos da Lily, me diga você: como está o Malfoy?
-Igual. – respondeu sem motivação, remexendo um pouco no arroz que ainda se encontrava no prato.
-Você quer dizer canalha, prepotente e insuportável?
-Não fale do que não conhece, James! – alertou Narcissa, com o sorriso frio e arrepiante.
-Como se eu precisasse conhecer muito para perceber o idiota que ele é… - murmurou num tom quase inaudível, faiscando uma ligeira raiva nos olhos.
-Disse alguma coisa?
-Nada de importante – afirmou James, encarando o prato – Você está linda, Cissy!
Sem que Narcissa percebesse de imediato, James deslizou uma das suas mãos até à sua, que se encontrava inquietamente pousada sobre a toalha vermelha da mesa. A cor pálida da pele de Narcissa em confronto com o vermelho, tão vivo e forte, da toalha era tão contrastante como o frio das mãos dela em contato com o calor emitido pela sua mão. Sentiu-a estremecer com o toque inesperado, e um novo sentimento confortante e desconhecido o inundou.
Completamente alheio ao que acontecia à sua volta, James continuava hipnotizado olhando a mulher à sua frente.
-James! Fogo! – gritou ela desesperada, se levantando de rompante.
Ele levou alguns segundos para assimilar o que estava acontecendo. A cortina havia tocado numa das velas, pegando fogo. Narcissa gritava sem saber o que fazer. James imediatamente pegou na sua varinha e, com um feitiço, fez as chamas desaparecerem, sobrando uma cortina queimada e largando um pouco de fumo.
-Assunto resolvido! – tranquilizou James, olhando a cara aflita dela. Não pôde deixar de sorrir.
Narcissa levou a mão ao copo de vinho e deu mais um gole, tentando se acalmar depois do sucedido. E nos goles seguintes bebeu o líquido vermelho escuro rapidamente, na tentativa de refrescar o calor que envolvia todo o seu corpo, tanto pela noite relativamente quente, típica do princípio de Setembro, como pelo desejo que sentia por ele. Naquele momento, Narcissa sentiu que havia chegado a hora de deixar tudo e qualquer coisa para trás e ir de encontro com James para saciar todo o desejo retido em seu corpo. Não havia mais porque ficar ali, parada, encarando-o. Não existiam mais palavras que pudesse valer a pena a interrupção daquele contato visual comprometedor e do toque provocante.
Mas tinha de tentar se manter controlada. Não que isso servisse de muito, pois ela sabia que não tardaria a obedecer ao demónio adormecido de dentro do seu corpo a que ela, gentilmente, chamava de Sr. Desejo. Mas talvez quanto maior fosse a sua resistência, menor fosse o pecado.
-Então como funciona a rosa? – perguntou Narcissa, acariciando as pétalas negras da rosa que jazia ao lado de seu prato.
Ele sorriu sem a encarar. Hesitou por momentos na resposta, mas acabou por arranjar as palavras certas.
-Digamos que essa rosa é o termómetro do que há entre nós. Ou melhor, em mim em relação a você.
-James, dá para explicar melhor? – perguntou com tom inocente.
-Ela permanecerá sempre jovem se eu nunca deixar de pensar em você a toda a hora. – respondeu com um sorriso que, na opinião de Narcissa, beirava o deslumbrante – Porém, se eu deixar de pensar tanto em você, as pétalas vão caindo, uma a uma. E se eu te esquecer completamente elas cairão todas, acabando assim com o feitiço.
Narcissa o olhou, surpresa. Como ele poderia ser tão perfeito? Voltou a desviar o seu olhar para a rosa que estava agora em suas mãos, contemplando-a com ternura. A rosa ainda estava tão jovem! Com todas as pétalas no sítio certo. Seria isso um bom sinal? Talvez. Ele estava ali com ela, era muito natural que estivesse pensando nela incessantemente. Então, Narcissa ganhou um novo medo: ver as pétalas da sua rosa negra caindo, se esgotando ao longo dos tempos.
-Considere isso o meu presente de despedida… - murmurou ele com tristeza, esmorecendo o seu sorriso.
Subitamente, sentiu-se vazia. Insignificante. Apavorada com essa realidade.
Despedida. A palavra que mais temia vinda da boca de James. Sentia as lágrimas querendo brotar em seus olhos, mas não permitiu. Não agora, não ali, não em frente de James. Não, quando o que tinha a fazer era ser forte e aproveitar os últimos momentos.
Narcissa, subitamente, se levantou. Encaminhou-se até James e afastou a cadeira dele tanto quanto sua força permitiu, sentando-se no seu colo, de frente para ele, com uma coxa para cada lado do corpo de James.
-Considere isso o meu… - sussurrou no ouvido dele, puxando sua nuca para mais perto e envolvendo os lábios dele nos seus, de forma intensa.
Ele levou uma de suas mãos às coxas, tão perfeitas e alvas, de Narcissa. A sua pele era maravilhosamente macia e, ao contrário das mãos, ela tinha pernas quentes. Sentiu-a estremecer em reação ao toque dele e sorriu lascivamente ainda com os lábios colados nos da loira. O beijo se tornava cada vez mais desesperado, sôfrego! Como se não houvesse melhores motivos para continuar vivendo para além daquele beijo.
James não conseguia controlar tudo o que estava sentindo. Como se tivesse sido possuído por milhares de sentimentos simultaneamente, mas como se todos fossem o mesmo. Algo confuso que ele nem queria pensar. Momentos desses não requeriam racionalidade. Enquanto explorava a boca de Narcissa, a qual ele conhecia indiscutivelmente bem, passeou com delicadeza suas mãos pelos quadris da mulher, puxando-a mais para si. De seguida, deixou suas mãos se encaminharem pelas costas desnudas de Narcissa.
Ela nunca sentira tanto desejo na sua vida. Aqueles meses ingratos que os haviam separado tinham sido completamente dolorosos. Narcissa não conseguia perceber como aguentara tanto tempo se privando daquele toque suave, das carícias provocadoras, do beijo doce e ao mesmo tempo sensual de James. Era nele que pensava quando estava com Lucius. Por vezes, fechava os olhos, imaginando beijar aquele homem em vez do loiro arrogante, o seu noivo. E agora receava fechar os olhos e encontrar Lucius em vez de James, assim que os abrisse novamente. Mas não era hora de pensar nisso. Aliás, não era hora de pensar sequer. Levou suas mãos à camisa de James e começou abrindo sem qualquer delicadeza, não importando se para isso teria de arrancar deliberadamente os botões que a mantinham fechada.
-Cissy… - murmurou James, interrompendo o beijo, cada vez mais intenso – Eu tenho uma ideia melhor.
-Uma ideia melhor? – repetiu as suas palavras, entoando apenas para soar como pergunta.
-Sim, vem comigo! – pediu ele carinhosamente, dando apenas mais um curto beijo nos lábios finos de Narcissa.
-Para onde? – perguntou com desânimo. Era a terceira vez que James interrompia o momento, embora das vezes anteriores ela tivesse que admitir que havia sido por uma boa causa.
-Apenas confie em mim. – sussurrou suavemente no ouvido de Narcissa.
Pegou numa das mãos dela e entrelaçou os dedos. Puxou-a para perto de si, e caminhou arrastadamente até um corredor. Apenas as respirações ansiosas e o pequeno ruído do relógio na parede se faziam ouvir no silêncio daquela noite. Mais alguns passos e encontravam-se de frente a uma porta. O ambiente estava quente e escuro. Apenas a Lua iluminava o corredor através de uma janela no centro. James olhou Narcissa com cumplicidade e, antes de falar, acariciou suas mãos.
-Feche os olhos, Cissy! – pediu James carinhosamente, roçando seus lábios nos dela.
-Outra vez?
-Apenas feche… - disse com voz rouca.
Ela não hesitou em obedecer. O seu coração acelerava novamente com a expectativa e sentia o seu corpo tremer ligeiramente. Havia se esquecido que era uma Black? Talvez. Com ele, era capaz até de esquecer que estaria casada em uma semana. Era capaz de esquecer tudo, a própria razão.
James a guiou para dentro do cômodo, lentamente, permitindo que ela se envolve-se ainda mais com o clima de mistério e a ansiedade de saber o que lhe esperava. Narcissa, ainda de olhos cerrados, começou ouvindo o som de água caindo. Estariam no jardim daquela casa? Estariam perto de um lago ou uma cachoeira? Mas não sentia brisa alguma, ou som qualquer que fosse, a não ser o da água. Apenas sorriu, deixando transparecer todo o sentimento reprimido em seus sentidos. As mãos de James tocaram suavemente a sua cintura, como se pedissem permissão para continuar. Narcissa não sabia exatamente o que viria a seguir, mas, mais uma vez, confiou toda a sanidade ao seu desejo.
Foi então que James rodou o corpo dela, fazendo ficar de frente para si, ainda de olhos fechados.
-Não abra os olhos… ainda! – sussurrou ele.
Por momentos, deixou-se contempla-la, na tentativa de assimilar o brilho dos seus cabelos, a linha que delineava os seus lábios, as curvas que se formavam no seu rosto provocadas por um sorriso sincero, a cor alva de sua pele, a delicadeza do seu nariz pequeno e esguio… Gravou na sua memória cada centímetro do que via. Nesse momento, James esqueceu o quanto pecava só com um toque na pele de Narcissa, fantasiando para si que tudo parecia magnificamente perfeito.
Sentiu seu corpo suplicar por ela. Havia chegado o momento, desejado por meses a fio. Segurando uma das mãos de Narcissa, James arrastou-a até um palmo do seu corpo. E de rompante, sentiu uma onda de calor desmesurada invadir todo o seu corpo, consumindo sua sanidade, invadindo sua alma e agindo por si, sem qualquer conceito ou pensamento dotado de razão. E antes que pudesse retomar a consciência do ato, James pressionou seus lábios úmidos contra os dela. Passou uma mão pelas suas costas, arrastando em movimentos suaves, sentindo a pele de Narcissa ficar puramente arrepiada.
O beijo, mais uma vez, se intensificava a cada instante. James soltou os lábios dela em poucos segundos, mordendo depois o lábio inferior de Narcissa, deslizando sua boca até ao pescoço e, com longos e demorados beijos, descendo mais até ao decote provocador do seu vestido. As mãos acariciavam as nádegas torneadas dela, sem qualquer pudor ou inibição. Lentamente, começou subindo o vestido negro da loira, primeiro até à cintura, subindo mais até ao umbigo e, quando já sentia a respiração quente dela se destabilizar, o vestido estava quase da altura dos seios. Os seus dedos tocavam ao de leve a pele de Narcissa, fazendo-a quase se esquecer que mantinha os olhos fechados apenas por pedido dele.
Narcissa facilitou o trabalho de James, levantando os braços que pediam para não sair de perto dele. Com um pouco de facilidade, ele removeu o vestido, agradecendo a Merlim por ter sido mais fácil que as suas expectativas. Imediatamente, Narcissa levou suas mãos de volta ao peito de James, quase todo descoberto devido à sua camisa estar quase totalmente aberta – e quase sem botões.
James lançou um olhar sobre todo o corpo de Narcissa. Como podia ser tão perfeito? A sua pele alva, tão macia… A loira vestia uma lingerie preta que sobressaía bastante no seu corpo. Os seios pareciam querer sair do soutien. Eram bem contornados, tal como o resto do corpo de Narcissa. Deixou se encantar por momentos.
-Já posso abrir os olhos, amor? – perguntou ela sensualmente.
-Hum… Acho que não preciso te sacrificar mais – respondeu James, beijando em seguida o pescoço de Narcissa lentamente.
Ela abriu vagarosamente os olhos. A primeira visão que teve, para além de alguns cabelos de James, foi uma parede de pedra enorme e uma porta que ela reconhecia. Era a mesma que vira antes de entrar ali, mas agora do outro lado. As paredes se viam escuras, apenas com duas tochas acesas em toda a sua extensão. Com um pouco de insatisfação, afastou o rosto de James que descia para os seus seios e se virou para o outro lado.
Não soube definir o que sentiu ao ver aquela paisagem poderosamente bela. O chão todo em pedra, tal como as paredes, longas janelas do outro lado, um lugar enorme. Bem no centro, uma pequena piscina com margens de mármore, repleta de água maravilhosamente tentadora. De um dos lados, uma pequena elevação, fazendo a água correr como uma cascata. No mármore que rodeava a piscina estavam pequenas velas acesas, iluminando mais um pouco aquele ambiente escuro. Era tudo tão perfeitamente mágico!
-James, eu não acredito que… - mas, de repente, parou, olhando a água da piscina. Foi então que reparou nas pétalas de rosa flutuando sobre ela – Nossa! James, eu… eu não sei o que dizer.
-Shh! – disse ele, colocando um dos seus dedos sobre os lábios dela – não precisa dizer nada… Vamos somente fazer valer a pena!
James pegou no braço dela e caminhou até à piscina. Narcissa o seguiu, encantada com todo o ambiente que via. No seu mais íntimo, desejava que Lucius fosse tal como James. Nunca lhe havia feito uma surpresa assim. Aliás, nunca lhe fizera uma surpresa sequer. Apenas lhe oferecia jóias caras e, por vezes, vestidos de gala, extremamente caros. Porém, ela não considerava isso surpresa e sim uma tentativa falhada de comprar o seu amor.
Largou a mão dela e começou retirando as suas roupas rapidamente, enquanto ela se via livre das sandálias pretas. Em poucos momentos, James estava já dentro da piscina, só de cueca, puxando Narcissa e a ajudando a entrar também. Com o pé direito, ela tocou hesitante a água. Estava maravilhosa. A temperatura tépida, um pouco inclinada para o fresco, estava perfeitamente agradável para a sua pele, que parecia estar em chamas pelo desejo. Aos poucos entrou completamente na água, deixando-se envolver pelos braços e lábios do moreno. James deslizou os seus dedos pelos seios de Narcissa, passando depois pela sua barriga e indo de encontro com os seus quadris que ele puxou para perto de si. Colou seus lábios aos dela, a sua língua instigando mais e mais aquele desejo infindável.
Narcissa desejou permanecer ali para sempre. Parecia estar submetida ao feitiço Império, não resistia uma só vez à tentação do pecado. Talvez um dia lhe fosse concedido o perdão. Talvez…
James a encurralou entre a margem da piscina e o seu corpo. A profundidade da piscina não era muita, a água apenas chegava a embater um pouco acima da cintura dele. Delicadamente, removeu o soutien preto de Narcissa, se deparando depois com uns seios firmes e bem moldados. Com uma mão, agarrou os cabelos loiros de Narcissa e os puxou para trás, passando depois sua língua pelos seios dela. Narcissa soltou um gemido breve, fazendo James sorrir e continuar estimulando a loira. Passava a língua levemente pelos mamilos, dando depois pequenas mordidas e acariciando com a outra sua mão, molhada pela água da piscina.
Narcissa gemia baixinho, não querendo parecer tão submissa a ele. Mas, rapidamente, a sua tentativa de amenizar os sons que teimavam em sair da sua boa começou a falhar totalmente. James deixou escorregar uma de suas mãos até à calcinha que Narcissa vestia, empurrando-a um pouco para o lado. Os seus dedos começaram a acariciar o sexo dela, levemente, intensificando depois os movimentos e arrancando-lhe gemidos mais altos. Começou enfiando um dedo no lugar mais íntimo de Narcissa, enquanto essa lhe deixava marcas um pouco profundas pelas costas. Continuou as carícias ousadas por entre as pernas da loira, enquanto beijava o pescoço, alternando com os seios dela.
Não demorou muito até que James, com as suas duas mãos, pegou em Narcissa e a sentou por cima do mármore da margem da piscina.
-O que você está fazendo? – murmurou ela, arfando descompassadamente.
Porém, não obteve qualquer resposta. James afastou as suas pernas e começou retirando a calcinha. Narcissa fechou momentaneamente os olhos, premeditando o que James faria a seguir. Ela sabia. Mais uma vez, Narcissa se perguntava porque razão sempre sabia os passos de James. Ele não era previsível. Mas ela o conhecia bem demais.
Assim que se viu livre da última peça de roupa de Narcissa, James olhou fixamente para ela antes de continuar. Estava maravilhosamente bela, com os olhos fechados suavemente e uma expressão de prazer. Seguidamente, inclinou-se sobre as pernas dela, afastou-as mais um pouco e começou o que seria o verdadeiro prazer dela. Ele sabia que ela amava aquilo. E sabia também, pela face sorridente dela, que ela já previra aquilo.
Passou a sua língua de leve pelo sexo dela, em movimentos suaves e circulares. Rapidamente, Narcissa começou suspirando e gemendo ainda mais. Era o total êxtase. A verdadeira volúpia dentro de si. Agarrava firmemente os quadris da mulher enquanto a provocava mais com a língua.
Narcissa revirava os olhos de prazer e agarrava os cabelos de James, incentivando-o a continuar. Mas repentinamente ele parou, voltando o seu olhar para ela.
-Ah, James! Continua, vai… - pediu a loira com uma voz poderosamente sensual.
Mas ele não cedeu ao pedido dela. Apenas apoiou as mãos no mármore, impulsionando-se e saindo da piscina também. Se inclinou sobre o corpo de Narcissa, beijando os lábios doces dela mais uma vez, fazendo-a sentir o seu próprio sabor, o seu próprio veneno…
-Eu tenho muitas outras partes para explorar… - sussurrou ele em seu ouvido.
Mas, seguidamente, foi a vez dele ficar surpreso. Narcissa rapidamente se virou, e com ela James também virou, ficando por baixo dela.
-Eu também tenho muito que explorar… - declarou ela, mordendo de leve a orelha dele. – Porque não exploramos juntos?
E dizendo isso, Narcissa saiu de cima dele e se virou no sentindo contrário, aproximando o seu rosto do de James. Sem demoras, atacou os lábios dele sem delicadeza, continuando em frente até ao queixo, encontrando depois o pescoço, onde decidiu se deixar ficar um pouco. Com o avanço de Narcissa, James via os seios dela cada vez mais perto do seu rosto, enquanto ela se encaminhava para o seu peito. Ele não estava acreditando no que ela estava fazendo. Porque a Lily não era assim, pensou ele. E se repreendeu no momento seguinte por o ter feito. Mas todos os pensamentos se foram quando os seios de Narcissa pousaram sobre o seu rosto. Ela continuava em seu peito, engatinhando mais e mais para a frente. E, para sua extrema satisfação, a loira chegou á sua cueca, tentando furar o tecido com a mão. James começou ficando cego de prazer. Não queria enxergar mais nada. E, sentindo as mãos dela acariciarem o seu pénis, James fechou os olhos. A sua cueca começou deslizando pelas suas pernas, até que ficou bem longe do seu sexo. E foi aí que James reabriu os olhos e se deparou com as pernas de Narcissa abertas por cima da sua cabeça, mostrando onde, momentos antes, ele havia estado com sua língua. Ela baixou o seu corpo, para mais perto do corpo de James e, com a língua, tocou no sexo dele. Primeiro lambeu de leve a cabeça, fazendo-o desejar ainda mais que ela continuasse.
Sorriu com esse pensamento. Ela tinha plena consciência que James estava louco de prazer.
Introduziu o pénis na boca enquanto chupava para cima e para baixo, sentindo a língua dele também em seu sexo. Era tudo tão devastadoramente delicioso. Poderia ficar ali por mais tempo, mas não queria, de jeito nenhum, que ele gozasse antes de penetrá-la. Momentos depois, a contra gosto e ainda louca de desejo, Narcissa deixou o sexo dele, voltando a virar o seu corpo para ele.
-Cissy… - sussurrou ele, enquanto ela roçava seus lábios nos dele – Eu quero na piscina.
-Mas James – disse ela, ainda roçando os lábios nos deles provocantemente, sem o beijar – eu quero agora!
Ele sentiu os quadris dela descendo até ao seu membro. A tentação apoderando-se dele cada vez mais. Mas ele não iria ceder. Dessa vez, seria como ele queria. Ele queria na piscina, seria na piscina.
Com as duas mãos, afastou-a de cima do seu corpo. Ela o olhou atónica, mas ele não fez questão de lhe explicar nada. Agarrou no braço de Narcissa e a puxou para dentro da piscina, empurrando-a depois contra a margem.
-Você é tão teimoso! – falou ela, deslizando uma de suas mãos pelo peito dele.
-E você é… - começou, pausando misteriosamente – linda!
James agarrou nos cabelos de Narcissa e depositou um beijo brusco em seus lábios. E, com a mesma brusquidão que começou o beijo, o terminou. Narcissa suspirou enquanto sentia o membro ereto dele encostando em suas pernas. O seu corpo suplicava incessantemente para que ele a penetrasse. Não aguentava esperar mais.
-James, anda logo… - pediu ela, roçando seus seios no peito dele.
James revirou os olhos. Sabia que não aguentaria muito mais tempo. E sem mais demoras, atendeu o pedido dela. Com uma das mãos, segurou uma das pernas de Narcissa e a ergueu. Com a outra, agarrou no quadril da loira e sem esperar mais um segundo a penetrou, fazendo Narcissa gemer alto. E isso ainda o instigou mais, fazendo-o empurrar o seu membro contra o corpo dela com mais força.
As investidas continuavam a um ritmo frenético, enquanto James ainda beijava o corpo dela. Os gemidos ouvidos e os nomes proferidos eram cada vez mais altos e desesperados. Algum tempo depois, James sentiu os músculos contraírem levemente, e logo depois atingiu o clímax.
A loira, ao sentir o líquido quente por entre as suas pernas, sentiu-se mais completa que nunca. A volúpia de todo o momento inundava toda a sua mente, e logo gozou também, deixando o seu rosto pousar no peito nu de James.
Ao sentir as pernas de Narcissa cederem, James a segurou com mais força. Ele próprio estava extremamente cansado. Queria desesperadamente uma cama grande e macia, repleta de almofadas e dormir com ela.
Rapidamente a ergueu e sentou-a fora da piscina. Com pouca força, saiu também.
-Estou cansada, James. – murmurou Narcissa com voz fraca.
-Deixa eu pegar em você. – disse ele, levantando-a e pegando nela ao colo.
Caminhou até à porta e, com dificuldade, a abriu. Sentia seu corpo fatigado mas o mais importante naquele momento era leva-la para um lugar confortável. Caminhou pelo corredor e entrou no primeiro quarto que encontrou. Para seu alívio, era o seu quarto.
Pousou o corpo de Narcissa na cama e se deitou do lado dela, exausto. Nem se importou com o fato de estarem completamente molhados. Apenas abriu os lençóis e os puxou por cima deles.
Narcissa encostou a sua cabeça no peito de James. Sentia-se tão bem, tão completa, como nunca se sentira na sua vida. Esqueceu Lucius, esqueceu que dali por uma semana seria uma mulher casada e esqueceu também que acabara de cometer, mais uma vez, um pecado imperdoável. Um, no meio de tantos outros que cometera. Mas nada importava naquele momento.
-James… - murmurou ela, de olhos fechados – Obrigada.
-De quê, princesa? – perguntou, sorrindo e encostando os seus lábios na nuca dela.
-De… de tudo, James! Obrigada por tudo mesmo.
Ele sorriu e a agarrou ainda mais. Contemplou por algum tempo os cabelos dela, tão lisos e deslumbrantes. E, subitamente, reparou em algo: ela ainda tinha o colar da cobra. Fechou momentaneamente os olhos e voltou a abrir. Aquilo era desconcertante. Como se aquele colar a marcasse como uma Malfoy. E era o que ela seria.
Com esse pensamento, James adormeceu.
~.~*~.~
Com um pouco de dificuldade, James abriu os olhos. Tateou o espaço ao lado do seu e notou que estava vazio, com os lençóis puxados para trás. Rapidamente abriu os olhos de uma vez e se levantou, vestindo uma cueca qualquer. Narcissa não poderia ter ido embora. Ele sabia que ela não iria. Não antes de se despedir dele.
E foi então que ele reparou que a janela do quarto estava aberta. Caminhou até lá e a viu, debruçada sobre a varanda, com o seu roupão vestido e olhando a bela paisagem que se poderia ver dali. O céu ainda estava escuro, mas o sol não tardaria a chegar.
Entrou na varanda e foi de encontro a ela, sem fazer muito barulho. Chegado lá, abraçou-a por trás e depositou um beijo na sua bochecha, docemente.
-Bom dia, princesa!
-Oi – respondeu, desanimada.
-Porque se levantou tão cedo?
-Queria ver o amanhecer… - respondeu Narcissa, ainda fixada no horizonte.
-Algum motivo em especial? – perguntou.
-Não. Quer dizer, na verdade, sim!
-Qual?
-É que… esse nascer do sol será como uma página virada, se é que você me entende… - respondeu ela, suspirando.
-É, eu entendo. É o último em que estamos juntos.
-É o que marca o fim de tudo, James. Assim que o sol vier, tudo será diferente – falou com um tom ligeiramente desanimado – Eu me pergunto se será melhor ou pior.
-De certa forma, melhor e de certa forma, pior.
-Como assim? – perguntou Narcissa, intrigada.
-Melhor porque podemos retomar nossas vidas normais e pior porque isso implica não nos encontrarmos mais. – respondeu rapidamente.
Ela segurou as mãos dele e continuou olhando a paisagem, enquanto o céu começava ficando mais claro e os primeiros raios de sol apareciam.
Algum tempo depois, o sol já raiava com alguma força. Narcissa se virou para James e o olhou por breves momentos, antes de o beijar desesperadamente.
-Acho que vou precisar de você, James. – disse, enquanto o abraçava pela última vez.
-Sempre que precisar de alguma coisa, pode me avisar e eu irei logo – respondeu ele calmamente – Mas só se for urgente. Alguma coisa do tipo aquele canalha te bater!
-O Lucius não me bate, James!
-Qualquer das formas, eu estarei sempre aqui, para te ajudar… Prometo!
Ela sorriu sinceramente e, pela ultima vez, o beijou. Beijo esse que se prolongou por vários minutos.
-Chegou a hora… - afirmou Narcissa, separando-se dele. – Adeus James!
Assim que disse isso, a loira se voltou para o quarto e saiu da varanda, mas não antes de ouvir um “Adeus” vindo de James. Sentiu um aperto em seu peito. Que seria aquilo? Sacudiu a cabeça na tentativa de perceber tudo o que sentia. Ela não o amava, não tinha porque sentir coisas daquele tipo, certo?
Dirigiu-se à piscina e pegou no seu vestido negro, caído no chão. Viu sua lingerie boiando na piscina e achou melhor nem tentar pegar. Calçou delicadamente as suas sandálias, demorando o máximo de tempo que conseguia. Talvez esperando que James viesse atrás dela. Mas ele não veio.
Quando decidiu finalmente se dirigir a uma porta que lhe indicasse a saída, já que tinha acabado de constatar que não podia aparatar dentro da casa, lembrou-se de algo importante: a rosa. Estava na sala, onde tinha jantado. Andou por alguns corredores, procurando aquele cômodo e ao fim de alguns minutos encontrou. Estava exatamente igual. A mesa, com os pratos e copos usados, a cortina queimada… A única diferença eram os raios de sol iluminando a sala na vez das velas.
Tudo aquilo lhe transmitiu uma certa tristeza. Antes que pudesse se deixar levar por todos aqueles sentimentos outra vez, pegou na rosa e tentou encontrar a porta de entrada, o que não demorou muito.
Abriu-a, hesitante, e respirou o ar puro proveniente da rua. Era o fim. Mas tinha de continuar em frente.
Sem pensar em mais nada, Narcissa bateu a porta e saiu sem olhar para trás, descendo as escadas da entrada.
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