Vampiros e duendes
Vampiros homicidas e duendes suicidas
Finalmente em Hogwarts, não consegui esconder meu alívio quando me vi novamente entre as paredes rústicas do castelo. Realmente, aquela atmosfera de magia não poderia ser encontrada ser encontrada em nenhum outro lugar do mundo.
Acordei relativamente cedo, apesar da minha estada em casa durante o recesso ter sido um tanto... desastrosa, eu estava animada quando me encaminhava para o Salão Principal. Poderia ser minha imaginação fértil, paranóia ou uma mania de perseguição que havia me acometido subitamente, mas percebi que algumas meninas disfarçavam risinhos enquanto eu passava.
- Feliz Ano Novo, atrasado... – a voz divertida de Joey fez com que eu desviasse a atenção de um grupo de primeiranistas da Sonserina, que poderia jurar estarem apontando para mim.
- Ah... pra você também Joey! Escuta, eu nem tive tempo de te agradecer pelo, bem... por aquele incidente antes do Natal.
Ela jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada espalhafatosa.
- Eu imaginei que estava precisando de ajuda, eu pagaria dois galeões para ver outra vez a cara que você fez quando Rockwood pegou suas mãos.
- Não tem graça. Foi uma situação extremamente constrangedora!
Não tinha a menor graça, eu não achava e aposto como ela também não acharia se tivesse passado pela mesma coisa, com certeza não estaria rindo da minha cara. E eu estava prestes a falar isso quando duas corvinais passaram por nós e, sim, pararam e me encararam por cerca de meio minuto.
- O que? – perguntou Joey quando percebeu meu olhar fixo nas garotas.
- Eu é que gostaria de saber! Por que todo mundo esta olhando pra mim de um jeito estranho?
Rapidamente ela tomou a revista que estava na mão das meninas, seus olhos andavam velozmente e a cada minuto ficavam mais arregalados.
- Você não vai acreditar... – respondeu ela, finalmente franzindo a testa sem desgrudar os olhos da revista.
Tomei-a de suas mãos com certo custo. “Mundo Bruxo”, identifiquei como aquele tipo de revista de fofocas que papai sempre impediu que comprássemos, abri na pagina que estava marcada com a seguinte matéria: “As Herdeiras Black”.
O começo era uma visão piegas da festa de Bella, com direito a pequenos adjetivos para a passagem para a sua fase adulta, e depois exibia muitas fotos da festa. Foi somente quando encontrei meu nome junto à foto que comecei a ler com mais atenção. Meus olhos voavam pelas linhas procurando assimilar os absurdos escritos:
”Andrômeda Black, 13, poderia estar comprometida com um distinto cavalheiro, que por coincidência é seu primo(...)
Valsaram a noite toda (...)
Rumores de casamento arranjado (...)”
- É MENTIRA!
- Eu sei Andy, qualquer pessoa de bom-senso sabe que não se leva a sério o que essa gente escreve... – disse ela com a voz mais baixa que o de costume.
- Eu NÃO estou noiva! Isso é um absurdo! De onde tiraram essa idéia estapafúrdia?! – repetia indignada. Senti meu estômago virar várias vezes num movimento realmente desagradável me causando ânsia.
- Eu sei que não, calma... tenho certeza que pouca gente leu...
- Vou embora, não posso ficar aqui... – era como se minhas pernas adquirissem vida própria e simplesmente se recusassem a permanecer paradas.
- Você nem comeu nada... – ponderou ela puxando meu braço.
- Não estou com fome... – e sai correndo o mais rápido que pude.
Entrei no primeiro banheiro que vi na minha frente, e senti mais uma vez meu estômago reclamar que alguma coisa não estava no lugar, quase não consegui chegar a tempo.
Um gosto amargo e ácido de um líquido esverdeado passeou pela minha garganta, como se a queimasse por dentro, e foi empurrado para fora em direção ao vaso sanitário. Repeti por duas ou três vezes ate que não sobrasse mais nada.
Passei a mão pela minha testa e percebi que estava molhada, assim como minha nuca, pelas costas eu sentia o suor frio escorrer e molhar minha camisa. Pequenos calafrios arrepiavam meu corpo e meus joelhos fraquejaram.
É claro que não era só por causa da revista... eu não poderia passar tão mal somente por causa de uma matéria idiota daquela. Meus olhos custavam a ficar abertos e comecei a perder a sensibilidade nas mãos.
- Eu sabia que ia encontrar você aqui. Venha... – a voz firme de Bellatrix fez com que voltasse a mim enquanto passava seu braço pela minha cintura.
A última coisa que lembro ter visto antes de acordar horas depois na enfermaria, foram seus olhos metálicos brilhando. Exatamente como quando éramos crianças.
Eu tinha oito anos, estávamos correndo pela floresta e eu tropecei na raiz de uma árvore. Uma dor lancinante e meus olhos imediatamente se encheram de água. Ela me arrastou sozinha para a orla da floresta e começou a gritar por ajuda ao perceber que não conseguiria me levar para a entrada do castelo. Apertava a minha mão com força e com a outra limpava meu rosto, entre os gritos desesperados chamando por ajuda ela sussurrava:
“Calma Andy, vai ficar tudo bem... eu prometo!”
“Não chora, por favor, não chora. Eu não consigo ver você chorar...”
“Agüenta só mais um pouquinho, você é forte, é uma Black!”
- Foi só uma virose Srta. Black, ela vai ficar bem, só precisa de descanso.
- Ela precisa ir para o St. Mungus! – Bella gritava, uma cena rara, sempre fomos instruídas a nunca mostrar descontrole emocional, embora Narcisa e eu nunca tivéssemos conseguido muito bem, Bella sempre teve mais êxito. Mas não nessa noite.
Lembro que era noite porque as velas da Ala Hospitalar estavam acesas, criando imagens difusas de duas pessoas discutindo atrás do biombo ao lado da minha cama. Suas vozes foram se tornando cada vez mais claras a medida que estava tomando consciência de mim mesma...
- Não grite Srta. Black! Devo lembrá-la de que isso é uma enfermaria e não um campo de Quadribol. – Sra. Lane, enérgica ao mesmo tempo em que era meiga.
- Devo lembrá-la, Sra. Lane, que esta menina que está dormindo na cama ao lado é uma Black. Meu pai vai ficar furioso se imaginar que ela não está sendo tratada como deve. – aquele tom perigoso de intimidação, baixinho, sibilado, dito com os dentes quase cerrados. Bellatrix se torna realmente uma ameaça quando fala daquele jeito. Significa que tudo já está pensado, quando ela grita significa que está arrumando tempo para pensar em algo.
- Sua irmã está sendo tratada como qualquer outro aluno da escola. – advertiu a outra, ela tentava disfarçar, mas sua indignação pelo comentário de Bella era óbvia.
- Ela precisa ir ao St. Mungus! – repetiu Bellatrix.
- Não precisa, já está medicada. Provavelmente teve uma sobrecarga emocional, nada demais Srta. Black.
- Se minha irmã tiver algo mais grave, Sra. Lane, a senhora vai se arrepender.
- A senhorita está me ameaçando? – perguntou visivelmente ofendida.
- É um aviso.
Continuei fingindo que estava dormindo, me sentia ainda muito fraca e não queria tomar parte na briga das duas. Escutei os passos calmos e certos de Bellatrix enquanto ela caminhava em direção à porta.
A Sra. Lane era a enfermeira-chefe da escola, trabalhava lá a pelo menos uns 50 anos. Seus cabelos brancos estavam sempre presos em um firme coque no alto da cabeça, vestida de roupas escuras, geralmente variando os tons do anil ao preto azulado e na frente uma avental branco. Suas feições apesar de enrugadas, transmitiam paz e tranqüilidade, a voz era sempre calma e suave, mas naquele momento encontrava-se aguda e irritada, realmente Bellatrix conseguia tirar qualquer um do sério.
Durante a discussão ousei abrir um pouco os olhos e pude ver Mme. Pomfrey (que no momento tratava de um outro aluno num canto mais afastado) olhar horrorizada para a atitude de Bella, mas não se intrometeu, não tinha autoridade para isso. Ela trabalhava na escola a apenas três anos, era compreensível que não queria se indispor em uma querela entre sua chefe e uma aluna.
Bellatrix nunca gostou muito de nenhuma das duas, vivia dizendo que era desnecessário abrigar duas enfermeiras sob o mesmo teto, e que eram acima de tudo incompetentes (caso contrário estariam trabalhando no St. Mungus).
A Sra. Lane foi demitida um mês depois pelo Conselho Diretor.
Quando perguntei a Bella se ela tinha alguma coisa haver com aquilo ela me respondeu com um sorriso sarcástico: ”Eu? O que eu poderia fazer contra aquela velha gagá?!”
Poderia ter discutido com ela outra vez, poderia ter brigado e dito que ela não tinha o direito de falar daquele jeito com a Sra. Lane, mas eu não quis. Estávamos nos dando tão bem juntas que não queria estragar tudo, num silêncio cúmplice colocamos uma pedra em cima do assunto.
Tudo voltara ao normal, ou o mais próximo de normal possível. Joey estava certa, em uma semana ninguém mais lembrava de reportagem nenhuma.
No fim de abril o grupo de estudos voltou a se reunir, os mais velhos precisavam rever as matérias mais antigas para os NOM’s, e apesar de todos os compromissos sempre arranjávamos tempo. Mas com a volta das reuniões, invariavelmente, as minhas brigas com Ted Tonks voltaram a se tornar mais freqüentes.
- Não Black, a “Revolta dos Vampiros Homicidas” foi em 1852, e foi no sul da Alemanha.
- Errado você, Tonks, foi na Polônia em 1787. você esta confundindo com a “Revolução dos Duendes Suicídas” que aconteceu na Ucrânia em 1852. São duas coisas completamente diferentes. – respondi procurando minhas anotações de História da Magia. Se tinha uma coisa da qual poderia me orgulhar era da minha organização, tudo arrumado por ordem cronológica, mas parece que quando se precisa achar alguma coisa ela simplesmente desaparece dos registros.
- Duendes Suicidas? Como suicidas? – escutei Joey perguntar para Victoria Shacklebolt.
- Eles protestaram se enforcando aos montes, não deu certo. – respondeu ela baixinho.
- Não me admira que não tenha surtido efeito.
- Não, não estou errado. Eu tenho certeza que escutei o Professor Binns falar claramente HOMICIDAS e não SUICIDAS... – repetiu ele batendo a mão com força no tampo da mesa.
- Está sim! Eu sei muito bem a diferença entre duendes e vampiros...
- Eu também!
Os olhares dos outros era de cansaço, sempre que começávamos a brigas eles soltavam muxoxos de impaciência seguidos por interjeições de irritação.
Escutei Joey resmungar um ”Eu não acredito que tem gente que escuta o que Binns resmunga... “, enquanto eu remexia meus pergaminhos cada vez mais rápido.
- Foi a dos vampiros, e foi no sul da Alemanha. Sei por que eles devastaram uma vila inteira de trouxas. – repetiu batendo novamente na mesa.
- NÃO TONKS! Quem fez isso foram os centauros russos! – esbravejei jogando minhas anotações na mesa. Ted Tonks estava errado e não queria admitir, eu não conseguia pensar em mais nada, não conseguia procurar minhas anotações. Ele era teimoso e prepotente.
- Só em 1850, e foi na região de Minsk!
- PRA MIM CHEGA – vociferou Frank Longbottom na ponta da mesa. – Vocês dois são inacreditáveis! Vou estudar na biblioteca.
- Eu também. Só para efeito de curiosidade, vocês dois estão errados, e muito. A “Revolta dos Vampiros Homicidas” foi na Austrália em 1915 e a “Revolução dos Duendes Suicidas” foi no Chile em 1704. Quem acabou com a vila de trouxas do sul da Alemanha em 1832 foi um grupo de Trasgos que o Ministério perdeu o controle. E eu não tenho nenhum registro de que centauros algum dia atacaram humanos, nem em Minsk nem em qualquer outro lugar. Agora se me dão licença eu tenho mais o que fazer do que escutar suas invenções. – disse Alice pouco antes de seguir os passos de Frank, como todos os outros incluindo Joey.
Berta foi a última a sair, e não parecia muito decida ao fazê-lo. Deixou-nos sozinhos, envergonhados e constrangidos. Ted Tonks encarava o tampo da mesa com uma expressão mal-humorada enquanto eu me ocupava em analisar a disposição das pedras às suas costas.
Algum tempo passou sem que qualquer som fosse emitido. Eu estava considerando a hipótese de pedir desculpas, mas isso até o momento em que ele começou a rir.
- Me desculpe, mas o que é tão engraçado? – perguntei friamente arqueando as sobrancelhas.
- A sua cara quando Alice falou que...
- A minha cara? – levantei-me lentamente da cadeira com os olhos semi-cerrados, involuntariamente minha mão correu para o bolso e tocou minha varinha.
- Não, não é isso que você esta pensando. É que, bem, admita que foi bem desconcertante... – começou ele franzindo a testa e puxando levemente o canto direito dos lábios.
- Eu tenho uma cara “engraçada”? – perguntei sacando minha varinha.
- Não foi isso que eu quis dizer, Black. – respondeu ele também apontando-me a sua. – Por favor, não me obrigue a...
- Eu tenho cara de palhaça, por acaso?
- Palhaça não, de burguesinha mimada sim, mas palhaça definitivamente não.
Ele ria cada vez mais abertamente, um nascido trouxa rindo de mim. Poderia ter citado que meu tataravô tinha sido diretor de Hogwarts, que no meu sangue havia mais magia do que o dele jamais teria, que minha família era rica e respeitável. Minha mente corria com mil possibilidades de insulto, eu precisa colocar Ted Tonks no seu lugar. Ao invés de dizer tudo isso, resumi em palavras que Bellatrix adorava usar:
- Sangue-ruim! – respondi friamente.
As palavras simplesmente saíram da minha boca sem qualquer controle, mas eu não me arrependia de ter dito o que disse. Sempre ouvi dizerem que este era o pior xingamento que poderia se dirigir a um nascido trouxa. Por um momento senti minhas entranhas revirarem prazerosamente, havia atingido finalmente o ego de Tonks. Seus olhos verdes faiscaram de uma maneira que nunca havia visto antes.
- Adivinha só Andrômeda Black, eu não tenho vergonha de ter nascido trouxa. Sangue-ruim foi um termo inventando por pessoas extremamente preconceituosas que não admitiam que quem nascesse de pais trouxas poderia ser tão mágica quanto qualquer outra. É só mais uma coisa idiota que pessoas idiotas dão valor... não desprezo você porque é mulher, embora muitos o façam, não acho que você tenha vergonha. Pois bem, eu também não. Portanto, se quiser me ofender, sugiro que use sua imaginação.
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N/a: =D
oi!
hunn, nao gostei mto do cap... achei q ficou, sei la, superficial... enfim... eu preciso postar, preciso correr caso contrario vou ficar me enrolando demais nos capitulos...
paciencia crianças... eu prometo que nao falta mto agora... ^^ (tudo depende do conseioto de muito pra vcs neh?!)
uma dica pra **Andy Black** que deixou um comentario na minha outra fic (http://www.floreioseborroes.com.br/menufic.php?id=14082)
para colocar videos eh simples, se ele for do youtube tem do ladinho o link pra URL e pra Embed (nao tenho a menor ideia do que significa).
Eh nesse Embed que vc vai clicar, automaticamente o link vai se selecionado, dae vc soh da um ctrl c basico e um ctrl v na pagina onde vc quer colocar o cideo e pronto!
=D
espero q d certo... qualquer coisa avisa!
bjuus para todos!
PS:. as fotinhos desse cap nao ficaraum prontas pq meu queridisimo irmao deletou o photoshop... legal neh!
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