A Partida de Bellatrix
A Partida de Bellatrix
Bella estava certa, o tempo passou tão rápido que parecia que o relógio apressou-se em fazê-lo. Quando demos por conta nossas longas “férias” com Bellatrix Black estavam acabando, era a noite anterior a sua viagem para Hogwarts.
Depois das demais solenidades, brindes e etc., nos retiramos para deitar. Mas eu não conseguia, simplesmente era impossível, não queria pensar nas tardes no riacho que Bella não estaria, ou nas árvores em que não subiríamos todas juntas, enfim, todas as coisas com as quais estava acostumada a fazer.
- Andy? Está acordada? – perguntou aquela vozinha fina inconfundível de Cisa. Olhei-a, estava com o rosto inchado e olhos vermelhos.
- Estou... também não consegue dormir? – perguntei sentando-me na cama, ela me seguiu e fez o mesmo. Não me respondeu, não precisava, eu sabia exatamente o que ela estava sentindo porque era isso que eu também sentia. Bella nos deixaria, só iria voltar no Natal. Muita gente pode dizer que é pouco tempo, mas não para nós.
- Você acha que ela vai vir aqui hoje? – Cisa olhou-me e tremeu a voz. Eu também achava que ela não viria.
Bella não gostava de despedidas, tínhamos evitado o assunto sempre que podíamos. Ela não gostava de se mostrar vulnerável na frente da gente, alguma coisa que ela dizia ter relação com fraqueza interior.
Narcisa me abraçou e pude sentir meu braço molhar com suas lágrimas. Percebi que algumas também pendiam dos meus olhos e se desmanchavam nos cabelos dourados de minha irmã.
Levantei-me tão subitamente que quase, e posso jurar sem a menor intenção, derrubei Cisa. Ela me olhou confusa.
- Vamos lá... no quarto dela!
- Mas, mas...
- Nada de mas Cisa. Vamos nos despedir de uma maneira descente, e não do jeito que ela PENSA que é certo. – e me dirigi decidida ate a porta. Ciça abriu um enorme sorriso, limpou seu rosto com as mangas da sua camisola e apertou na minha mão.
O corredor estava silencioso como sempre, mas os retratos ainda não estavam dormindo. Alguns antepassados nos olharam com insolência, como se estivéssemos atrevidas ao andar àquelas horas.
E de certo modo estávamos, uma das incontáveis regras da casa era não andar pelos corredores depois da hora de dormir. Nunca entendi o porquê, mas essa era mais uma das que tínhamos o prazer de esquecer de vez em quando.
Atravessamos a porta do quarto de Bella sem bater, esperava encontrá-la deitada, mas me enganei. Estava sentada na sua escrivaninha escrevendo em alguns pergaminhos a luz de uma vela que estava terminando. Sorri ao ver que ela,assim como nós, estava sem sono.
Ela nos olhou admirada, quase nunca íamos lá. As reuniões geralmente eram no meu quarto, que por ser no meio do caminho ficava mais perto do de ambas.
- O que vocês... por que não... vocês sabem... Por que não estão dormindo? – perguntou ainda surpresa.
- E você acha que a deixaríamos ir embora sem uma despedida? – perguntei num tom um tanto displicente antes de correr para sua direção e juntamente com Cisa derrubá-la da cadeira.
Ao invés de resmungar ela sorriu e arrastou-nos para sua cama. Mais uma vez nos enfiamos embaixo dos lençóis e começamos a discutir amenidades, deixando sua partida mais uma vez de lado.
- Sentirei saudades Bella. – Cisa foi a primeira a mencionar. Foi até estranho, estávamos falando do humor rabugento do Oliver quando ela se pronunciou. Seguiu-se um silêncio, podíamos escutar nossa própria respiração.
- Eu... eu também. Espero que não esqueça de nós quando fizer novos amigos. – disse tentado disfarçar o ciúme, não acho que fui muito bem sucedida.
- Nunca. – foi a única coisa que Bella falou, e em seu tom continha alguma coisa que me fez sentir mal. Uma sensação estranha apoderou-se de mim, e tive a certeza que nunca mais as coisas seriam desse jeito, nunca mais seriamos tão próximas.
Mais uma vez nos abraçamos e dormimos todas juntas.
- O que vocês estão fazendo aqui? – acordamos com a voz estridente de mamãe, aquela que ela só usa quando fazemos algo de errado.
Depois de um leve sermão ela mandou-nos nos aprontar para levar Bella até a estação. Fizemos o que ela disse e em meia hora estávamos todos juntos à mesa para a última refeição antes de nos separarmos, foi o café da manhã mais melancólico que já tivemos, ninguém falou nada, e o único barulho na mesa foi o tilintar dos talheres.
Eu não consegui comer direto, tudo o que eu engolia parecia virar pedra no meu estômago. Olhei para minhas irmãs, Cisa estava brincado com ovos e bacon, já Bella mastigava sem muita vontade uma torrada.
Papai e mamãe não pareciam notar nossa tristeza. Agiam normalmente, como se todo dia uma de suas filhas estivesse indo passar três meses fora. Era inacreditável, como eles não estavam sentindo o mesmo que nós?!
Nosso pai não nos acompanharia até a estação, tinha que resolver alguma coisa no Ministério, – nota: papai sempre tinha que resolver alguma coisa em algum lugar, ele era assim tão importante?! – despediu-se de Bella abraçando-a e reforçou a conversa que tinham tido no dia anterior.
- Não se esqueça do que eu disse ontem, você tem a responsabilidade de ser uma Black, não me decepcione. Bom trimestre Bella, nos vemos no Natal. – disse um tanto sentimental. Ele nunca nos chamava pelos apelidos.
Mamãe nos acompanhou até a carruagem. A viagem até Londres foi quieta, eu estava com um nó na garganta, não era vontade de chorar, era como se eu tivesse o dever de falar alguma coisa, mas eu não sabia o que era.
Atravessamos a barreira atrás de Bella e mamãe, ainda faltavam cerca de 20 minutos para o trem sair. Logo chegaram alguns conhecidos e mamãe mostrou a razão porque era conhecida como “Lady”. Cumprimentou todos cordialmente, mas sorriu de leve para os mais “importantes”.
- Druella, querida, como vai Cygnus? Sinto não poder ter ido à sua festa de Natal, ouvi dizer que estava um tanto movimentada... – disse um senhor muito loiro de ar imponente.
Mamãe sorriu, não acreditei, mas ela sorriu. Percebi de quem Bella tinha puxado aquele, digamos, cinismo...
- Um pouco, um pouco. Cygnus está muito bem, foi em uma reunião com o Ministro, por isso não veio conosco. Bellatrix está para começar o primeiro ano. – respondeu indicando-nos com a cabeça. Ele se abaixou para ver mais de perto.
Não sei por que mamãe parou para falar com aquele senhor, ele era insolente, prepotente, arrogante e que parecia não saber quem eram os Black. Que audácia zombar-nos daquele jeito! “Ouvi dizer quem estava um tanto movimentada”... insolente!
- Então Abraxas, porque não apareceu na nossa festa? Cygnus ficou desapontado, faz tempo que não nos contempla com sua presença... – continuou mamãe. “Contempla” até parece...
- Estávamos na Romênia, fomos ver meu filho Lúcio que estava em uma escola preparatória. Creio que ainda não o conhecem... – acrescentou fazendo um gesto abrangente no que surgiu um garotinho um pouco mais alto que Bella, olhos cinzentos, e loiro platinado como o pai. – Devo acrescentar que suas filhas são umas pérolas!
Já estava tão acostumada com aquele tipo de elogio que nem me dei ao trabalho de agradecer o que ele falava.
- Senhoritas... – disse o menino beijando de leve nossa mão. Pode ter sido impressão, mas por um décimo de segundo tive certeza que ele demorou um pouquinho mais encarado Cisa. Só pode ter sido impressão... ela tinha 7 anos!
- Provavelmente seremos colegas Sr. Malfoy... – disse Bella com tal educação, que tenho certeza que assustaria até mesmo papai.
- Quase que certamente Srta. e suas irmãs, quando irão se juntar a nós?
- Eu no ano que vem... – respondi sem prestar atenção, estava mais interessada no movimento da plataforma. Milhares de alunos se despedindo de suas famílias, uma diversidade de pessoas inacreditável... gordos, magros, altos, baixos, negros, brancos...
- E eu só em 4 anos – escutei Cisa dizer longe. Mas alguma coisa, talvez a voz excessivamente untuosa de Malfoy, me fez voltar a realidade.
- Passará rápido, você vai ver... – disse ele sorrindo e terminando com uma piscadela.
Cisa corou um pouco, mas acho que fui a única que notou, todas as pessoas estavam mais preocupadas com os seus filhos. O Sr. Malfoy e seu filho se despediram de nós, Lúcio foi para o trem enquanto seu pai desaparatou. Mamãe estava passando as últimas recomendações para Bella.
-... e cuide das notas, não quero saber de reclamação dos professores. Seja responsável e honre seu sobrenome. Nos vemos no Natal. – disse abraçando-a.
Chegou, e a hora que tanto temíamos desde o fim do ano anterior mostrou-se irremediável. Novamente a sensação de que eu tinha a obrigação de falar alguma coisa que não fosse “Bom ano...”, “Até o Natal...” ou “Vou ficar com saudades...”, uma vontade fora do comum gritava dentro de mim. Mas eu ainda não sabia, e por isso não falei. Abracei-a fortemente e fechei os olhos.
Escutei ela nos dizer “Vejo vocês em três meses, me escrevam!” e saiu puxando o malão para o reluzente EXPRESSO DE HOGWARTS. Logo sumiu em meio a massa de alunos que também embarcavam.
-Vamos meninas, temos muito que fazer – sinceramente não pude entender o que exatamente mamãe quis dizer. A verdade é que não tínhamos absolutamente nada para fazer.
A volta foi mais rápida e nem tão mórbida. Mamãe e Cisa discutiam quando iríamos novamente a Paris e se poderíamos estender a viagem até Milão. Ao chegamos em casa e me fechei na biblioteca, seriam longos dias sem Bella para alegrar a casa.
Durante os três meses de ausência de Bellatrix, achei nos livros uma companhia muito interessante, não que Cisa fosse chata, mas sua obsessão por roupas e maquiagens estava me deixando louca. Quem liga se azul-marinho é absolutamente diferente de azul-royal? Ou se um vestido é evasê ou godê?
Segundo ela, eu deveria cortar meus cabelos – que passavam do meio das costas – porque o formato do meu rosto não comportava toda aquela abundância, vivia dizendo que como eles eram levemente cacheados iriam ficar (nas exatas palavras dela) superbe.
- Não Cisa, pela décima vez eu gosto do meu cabelo exatamente desse jeito – repeti cansada. Estávamos deitadas no chão do meu quarto, eu tentava traduzir um livro do gótico para o inglês, a tarefa em si já era penosa, mas as contínuas interrupções de Cisa estavam tornando tudo muito mais difícil.
- Olhe essa boneca – ela pegou uma boneca de porcelana igualzinha a mim. Não era por acaso, vovó a tinha encomendado assim que nasci. Todas nós tínhamos uma. – Está vendo? Essa é você... seu rosto fica mais bonito assim, além de esconder um pouco suas bochechas...
- O que tem as minhas bochechas? – interrompi indignada
- Elas são um pouco, você sabe...
Não, eu não sabia o que minhas bochechas eram, continuei fazendo cara de quem não está entendendo nada até que ela tivesse a boa vontade de me explicar. Afinal QUAL ERA O PROBLEMA DAS MINHAS BENDITAS BOCHECHAS?
- Bom Andy, é que elas são um pouco... grandes demais. – Meu queixo deve ter caído mais de meio metro. E desde quando eu era bochechuda?
Acho que ela percebeu, pois tentou arrumar dizendo que se eu emagrecesse um pouco elas talvez também sumissem. Acho que não é necessário deixar registrado que ela não foi bem sucedida, o remendo ficou pior que o corte.
Não respondi, mas talvez meu olhar fulminante (um que Bella costumava usar, realmente muito útil) tenha a feito perceber a mancada e arrumar uma desculpa para sair do quarto.
Bella demorou um pouco para escrever, e com o tempo suas cartas ficaram cada vez mais escassas, continham uma caligrafia apressada e eram muito vagas, como se estivesse fazendo várias coisas ao mesmo tempo. Ela não teve muita paciência para descrever Hogwarts ou suas aulas, o máximo que conseguíamos extrair dela era “Nosso sobrenome é muito respeitado” ou “Ando muito ocupada” com um “estou morrendo de saudades” no final. Tudo muito vago para ter idéia de como era lá.
- ACORDA DORMINHOCA! – berrou Bellatrix escancarando as finas cortinas da minha cama.
Eu nunca apreciei ser acordada daquela maneira. Para falar a verdade eu odiava, mas quando me dei conta de quem estava pulando em cima de mim era minha irmã mais velha, esqueci de tudo isso.
- Nossa, eu não morri, calma! – disse enquanto eu abraçava-a. Ela não tinha idéia do quanto fazia falta.
- Cisa já viu você? – perguntei ignorando a careta que ela fizera.
- Vamos acordá-la!
Nossa euforia durou o mesmo tempo da estada de Bella, mas as coisas já não eram como antes. Ela havia voltado com um ar inconfundivelmente superior que nos irritou, mas ainda assim relevamos. Já não íamos tanto à floresta ou aprontávamos como antes, ela parecia ter amadurecido durante esses três meses. Finalmente percebi o que deveria ter dito, mas já era tarde demais, ela mudara. Era uma transformação sutil, mas ainda assim fazia toda a diferença.
Um “nunca mude” ecoou durante todo o recesso. Resolvi deixar essa voz chata bem no fundo da cabeça, não era hora de arrependimento. Uma esperança de que as coisas não modificassem ainda mais restava dentro de mim... não gostava de mudanças.
Tudo voltou a tediosa monotonia na manhã em que ela partiu...
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N/A:. Nossa, estou envergonhadíssima pelo meu momento "Novela Mexicana" no cap anterior!!
desculpem!!
mas entaum, voltando a fic... to postando hj pq ta demorando pra caramba neh?! E tipo, NO STRESS PEOPLE... A Andy vai pra Hogwarts ja no proximo cap!!
Agradecimentos:
* M. Dashwood - d nada.. eh a mais pura verdade!! E sim, eu tb tenho medo da Bella!! =)
*Fe Black - brigada por ter me visitado... pode deixar q eu passo nas suas fics!!
*Morgana Black - thank's pela visita!!! Eu to acompanhando sua "Shooting Star" e bem... naum vo babar mais pq ja faço isso nos comentarios d la! Soh naum demora mto pra atualiza! **d joelhos suplicando**. Comecei a ler "O País das Fadas" e woow!! hehehehe
bjuus povo!
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