Contando Mentiras, Ouvindo Ver
CAP 9
CONTANDO MENTIRAS, OUVINDO VERDADES
I hear... a voice said “don’t be so blind”…
(Eu ouço… uma voz dizendo “não seja tão cego”...)
It’s telling me all this things
(Está me falando todas essas coisas)
That you would probably hide
(Que você provavelmente esconderia)
Am I… your one and only desire?
(Eu sou… seu escolhido e seu único desejo?)
Am I the reason you breathe?
(Eu sou a razão pela qual você respira?)
Or am I the reason you crying?
(Ou razão pela qual você chora?)
Mais uma vez eu coloquei tudo a perder. Eu deveria fazer essa tal coisa que os trouxas fazem, escrevem em sua pele alguma coisa pra nunca mais sair, coisas do tipo a “vida me odeia”, ou melhor: “eu sou um filho da puta desgraçado e fracassado”. E é claro, elas estariam escritas em letras garrafais bem no meio da minha testa, pra que todas as manhãs quando eu olhasse no espelho, eu me lembrasse o que fiz Mione passar.
Quando eu cheguei em casa naquele mesmo dia, Hermione estava trancada no quarto. E eu nem sequer tive coragem de ir até lá.
Estou aqui, sentado no chão da sala ouvindo essas músicas de fossa que não querem parar de tocar. Esses aparelhos trouxas são realmente irritantes às vezes! E o mais estranho de tudo é que essas músicas parecem estar traduzindo exatamente o que eu estou passando. Estranho...
Always… always… always… always… always
(Sempre… sempre… sempre… sempre… sempre)
Always… always
(Sempre… sempre)
I just can’t live without you
(Eu simplesmente não consigo viver sem você)
É... eu simplesmente não consigo viver sem você, Mione... e isso já está me deixando maluco... maluco ao ponto de falar sozinho e de mexer em aparelhos que eu nem conheço...
Eu sou a pessoa mais fora da casinha que eu já conheci. Definitivamente eu sou. Eu consigo transformar todos os momentos bons da minha vida em tragédia antes mesmo de dizer a palavra MERDA!
Eu realmente tenho feito a pessoa que mais amo chorar mais do que o necessário, e eu já estou pensando na possibilidade dessas lágrimas secarem de tanto serem derramadas.
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t get around you
(I não consigo viver ao seu lado)
I breathe you
(Eu respiro você)
I taste you
(Eu te provo)
I can’t live without you
(Eu não consigo viver sem você)
I just can’t take anymore
(Eu simplesmente não consigo agüentar mais)
This life of solitude
(Esta vida de solidão)
I guess that I’m out the door
(Eu acho que estou do lado de fora da porta)
And now I’m done with you
(E agora eu terminei com você)
Como é aquela frase mesmo? O ódio e amor são duas linhas paralelas? Eu não tenho muita certeza... mas a única coisa que eu sei é que o ódio e amor estão quase se encostando nessa minha história, e o meu único desejo agora é fazer com que elas se afastem o máximo quanto puderem.
I fell… like you don’t want me around
(Eu sinto… como se você não me quisesse por perto)
I guess I’ll pack all my things
(Eu acho que vou pegar as minhas coisas)
I guess I see you around
(Eu acho que eu vejo você por aí)
It’s all… been bottled up until now
(Isto tudo… tem sido engarrafado até agora)
As I walk out your door
(Enquanto ando para fora da sua porta)
All I hear is the sound
(Tudo que eu ouço é o som)
Dá vontade mesmo de ir embora, de largar tudo e tentar esquecer.
Esquecer? Acho que eu não conseguiria esquecer essa coisa que faz meu estômago gelar a cada manhã quando eu vejo o rosto lindo de Hermione.
Nesse momento meu estômago está se transformando em pedra de gelo, só de pensar na possibilidade de Hermione não me desculpar.
Ela ficou tão magoada. Eu definitivamente não entendo as mulheres, em especial Hermione. Eu senti como se o rosto dela me dissesse que acabou, que ela estava cansada. E embora ela esteja cansada, se preciso vou até o fim do mundo buscar energia para ela.
Always… always… always… always… always
(Sempre… sempre… sempre… sempre… sempre)
Always… always
(Sempre… sempre…)
I just can’t live without you
(Eu simplesmente não consigo viver sem você)
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t get around you
(I não consigo viver ao seu lado)
I breathe you
(Eu respiro você)
I taste you
(Eu te provo)
I can’t live without you
(Eu não consigo viver sem você)
I just can’t take anymore
(Eu simplesmente não consigo agüentar mais)
This life of solitude
(Esta vida de solidão)
I guess that I’m out the door
(Eu acho que estou do lado de fora da porta)
And now I’m done with you
(E agora eu terminei com você)
Aquela porta fechada está muito silenciosa para o meu gosto, e eu daria o mundo para saber se Hermione está pelo menos se sentindo bem. Eu fico aqui pensando em diferentes tipos de tragédia que possam ter acontecido, como ela ter desmaiado ou coisa parecida, e o meu estômago embrulha só de pensar nisso. A verdade é que a culpa por tudo isso estar acontecendo é minha... só minha, e por mais que eu tente, a teimosia me faz acreditar que William tem alguma culpa também (espero que Hermione não tenha aprendido oclumência nesses poucos minutos trancada no quarto) ...
Eu tenho que pensar em alguma coisa muito boa pra fazer. Algo que mostre que eu não sou mais o garoto ciumento de antes, algo que mostre que eu estou diferente...
Bem nessa hora William passou por mim com aquela cara de peixe morto... “se acalme... se acalme”... Um livro de auto ajuda viria a calhar agora.
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t live without you
(Eu não consigo viver sem você)
Gina falou com Harry sim, por aquele espelhinho falante, e pasmem vocês, ela só queria saber como todos estavam!
Eu lutei com todas as minhas forças para não meter um soco bem dado na cara de William novamente. Eu acho que esse garoto deve ter um sensor que detecta felicidade sabe... e ele fez questão de estragar os meus desde o momento em que coloquei os pés dentro da sua casa.
I left my head around your heart
(Eu pouso minha cabeça em torno do seu coração)
Why would you tear my world apart?
(Por que você rasgaria o meu mundo?)
Always… always… always… always…
(Sempre… sempre… sempre… sempre...)
I see…the blood all over your hands
(Eu vejo… o sangue todo em suas mãos)
Does it make you fell… more like a man?
(Isto te faz sentir… mais como um homem?)
Was it all… just part of your plane?
(Ou era tudo… só parte do seu plano?)
And all I hear is the sound
(E tudo que eu ouço é o som)
Cara! Essa música é estranha! É IMPRESSÃO MINHA OU ELA TA ME XINGANDO?!
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t get around you
(I não consigo viver ao seu lado)
I breathe you
(Eu respiro você)
I taste you
(Eu te provo)
I can’t live without you
(Eu não consigo viver sem você)
I just can’t take anymore
(Eu simplesmente não consigo agüentar mais)
This life of solitude
(Esta vida de solidão)
I guess that I’m out the door
(Eu acho que estou do lado de fora da porta)
And now I’m done with you
(E agora eu terminei com você)
Merlin eu ouvi! E nessa hora eu fiz todo o silêncio que eu consegui, tirando o detalhe de que eu não sabia como desligar aquele maldito som. Mas foi ai que eu vi...
Ela desceu as escadas com a cara amarrada mais linda que eu já vi, e eu me pergunto como ela consegue ficar encantadora até desse modo.
Harry veio junto com ela... e fez questão de parecer constrangido quando me viu! Mas eu sei que nada aconteceu... eu sei! É só o meu subconsciente dizendo besteiras novamente...
- Você ta bem? – Eu perguntei, e ela simplesmente mexeu a cabeça num gesto que eu não consegui saber se era afirmativo ou negativo.
- Não espere que cheguem as circunstâncias ideais nem a melhor ocasião para atuar, porque talvez não cheguem nunca. – Harry disse ao se sentar do meu lado e mexeu a cabeça em direção Hermione. E eu ainda tinha coragem de pensar mal dele!
- Humff! – Eu funguei ridiculamente.
- Que música é essa?
- Acredite em mim: eu não tenho a menor idéia!
- Você vai falar com ela ou não?
Rony olhou de soslaio para Hermione que agora arrumava a mesa para o jantar com uma lerdeza que não era nem um pouco o tipo dela.
- Claro. Se esse som acabar sim! – Acrescentei dando um soco na caixa que reproduzia a música.
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t live without you
(I não consigo viver sem você)
I love you
(Eu te amo)
I hate you
(Eu te odeio)
I can’t live without you
(Eu não consigo viver sem você)
I just can’t take anymore
(Eu simplesmente não consigo agüentar mais)
This life of solitude
(Esta vida de solidão)
I pick myself at the floor
(Me pego no chão)
And now I’m done with you
(E agora eu terminei com você)
Always
(Sempre)
Always
(Sempre)
Always
(Sempre)
Graças! Daqui a pouco eu começaria a pensar que aquela música não acabaria nunca... que ficaria martelando verdades na minha cabeça sem parar, e eu não precisava de mais ninguém para me xingar e para me fazer enxergar a verdade que eu já tinha enxergado.
Ai não... outra música triste! Só pelo ritmo lento do começo eu já consigo imaginar o que vem por aí.
Isso já ta perdendo a graça! Como desliga isso pelo amor de Deus!?
Eu me levantei e comecei a chutar a bendita caixinha de música, Harry me olhou assustado e Hermione me encarou com os olhos cheios de lágrimas. Ahhh... pelo jeito elas ainda não secaram...
Mas por algum motivo ela não olhava pra mim... olhava para a caixinha. Ela arregalou os olhos para mim e me fez parar na mesma hora com o acesso de raiva, fazendo a sala ficar em completo silêncio.
Harry me olhava intrigado e levemente interessado com o que viria a seguir, o que não demorou muito para descobrirmos. Uma voz masculina saiu da caixinha novamente, Hermione chegou a se aproximar mais para ouvir melhor, como se estivesse absorvendo tudo que a música dizia. Aquilo me parecia uma coisa que Hermione não faria em juízo perfeito, não fosse pelas mensagens nada indiretas que a música dava:
Eu não pertenço a você... e talvez eu quisesse
Mas não consigo me ver... vivendo ao seu lado
Eu tento esquecer...
Daquele beijo roubado... Que eu nunca dei em você
Que eu nunca dei em você!!
Sozinha em seu quarto
Eu sei que você pensa em mim
Em meu jeito de falar, andar... e também de vestir
Isso me leva a crer
Que ainda existo pra você
E que eu não saio da sua cabeça!
- Como eu desligo essa coisa? – eu perguntei desesperado sem conseguir me conter. Hermione continuava paralisada ouvindo a música. Aquilo estava ficando embaraçoso e eu não pensava em outra coisa a não ser jogar aquilo janela a fora!
- Isso não pode ser normal, pode? – Grande Harry! Tive vontade de pular no pescoço dele por ter deixado a situação mais óbvia ainda. - Não parece um rádio trouxa comum – disse na primeira oportunidade que teve de tirar a caixinha de minhas mãos.
- Isso porque não é um rádio Harry – ela falou como se eu nem sequer estivesse ali. – É um Soundoscópio.
- Soundos o que? – eu perguntei e por um momento eu vi aquela antiga expressão de incredulidade que ela de vez em quando mandava pra mim...
- É uma caixa de som bruxa... – ela parou por um momento e desviou os olhos dela dos meus – traduzem em música os sentimentos das pessoas.
Foi ai que o meu mundo caiu. Eu agradeço a todos os céus por ela não ter ouvido toda a primeira música!
- Como desliga? – Harry perguntou percebendo minha cara totalmente pálida.
- Me dá ela aqui – ela disse vindo na minha direção e tomou com brutalidade o “soundos sei lá do que” das mãos de Harry. – Vou guardar isso. – Deu meia volta e subiu as escadas, e eu fiquei pensando se ainda haveria vestígios dos meus pensamentos naquela caixinha...
- Será que tem mais música sobre você dentro daquilo? – Harry leu meus pensamentos.
- Agora ela já levou, não levou? – eu disse derrotado.
- Talvez isso possa contar pontos a seu favor.
Joguei as mãos para o ar tentando extravasar.
- Como isso poderia contar pontos a meu favor?
- Ela pode ver que você está arrependido, pode ouvir coisas boas a seu respeito... sei lá. Quem sabe a música não faz ela lembrar de momentos bons que vocês já passaram?
- Ou das brigas – eu concluo e Harry desfez a cara amiga. – Mas espera aí!!!
Essa podia ser a minha salvação, afinal de contas! É óbvio que eu não colocaria mais aquela caixinha pra funcionar, pois pra falar a verdade eu nem sabia como havia conseguido liga-la. Mas no final das contas ela havia me ajudado... e muito por sinal, pois essa idéia era realmente boa. Sim, eu faria isso. Nada de músicas... se bem que eu poderia usa-la (há-hámm)! Por mais ridículo que pareça pra mim, eu tenho certeza que Hermione vai gostar...
- Obrigado cara! – e eu não esperei que a minha mente machista falasse mais alto: dei um abraço em Harry.
Enquanto dava tapinhas nas minhas costas como se eu fosse um doente mental, ele disse entre uma risada e outra:
- Não sei se um dia vou entender essas suas mudanças de humor... mas mesmo que eu não saiba do que se trata, de nada!
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Hermione e Rony fizeram tudo o que puderam para se evitar aquela noite, mas era óbvio para ambos que isso seria impossível e no fim dava mais trabalho do que compensava.
Rony sentou-se na mesma mesa em que ela estava jantando, olhou para ela em desespero, numa última tentativa de conversar. Se não fosse isso, seria do outro jeito, o jeito que ele planejara quando estava com Harry.
- Não há esperanças, não é? – disse ele em voz baixa, de forma que ninguém pudesse ouvi-los. Ele sabia que ela estava o evitando. Mas a questão era: ninguém aqui podia se mudar! Seriam dias duros para ela. E não era fácil para ele também.
Ela havia descido exatamente cinco minutos depois de ter sumido com a pequena caixa de música, e desde aquele instante, seu coração ameaçava parar a cada vez que a via. E ela estava por toda a parte. Uma dúzia de vezes em míseros minutos ele se descobria olhando para o rosto dela, e todas as vezes que o fazia, sentia-se ainda pior quando os olhos dela se encontravam com os dele. Havia algo nos olhos dela tão profundamente machucado e doloroso... só olha-la o fazia querer chorar, ou correr para ela e lhe oferecer um lugar entre seus braços.
- Não se preocupe com isso – disse ela calmamente, de forma gentil. Mas não havia como não se preocupar. Era fácil ver o que ele havia feito com ela. Os lábios dela tremiam numa tentativa de segurar o choro todas as vezes que ele a olhava à distância.
Ela não queria vê-lo, não queria sentir as coisas que ele havia despertado nela, mas esses sentimentos haviam estado lá desde o dia em que se conheceram, e ela percebeu com sofrimento que ainda estavam, e talvez sempre estivessem em seu coração. Ela começava a acreditar que aquilo era uma um ferida que iria permanecer aberta para sempre. Rony era o amor da vida dela... não era? Isso soava sonhador demais. Mas mesmo amores perdidos podiam ser esquecidos, disse a si mesma. Ela estava diante de um desafio sobre-humano e tinha que enfrentá-lo. De alguma forma.
- O que aconteceu com você? – ele tornou a dizer depois que Harry se afastara da mesa percebendo a conversa. Por algum motivo milagroso, William não comparecera.
Rony tocou de leve na mão de Hermione, onde um corte extremamente recente se encontrava. Ela afastou-se para evitar o toque dele.
- É um machucado de nada! – ele encarou mais uma vez o machucado que percorria as costas das mãos de Hermione por inteiro. Não era um machucado de nada! Ela tentou reverter a situação – Tive um acidente.
- Quando? – Ele queria saber de todos os detalhes, o que havia acontecido com ela desde que chegara em casa. Ele sabia que todas as outras cicatrizes que havia causado nela estavam enterradas muito profundamente para serem vistas, diferente daquela em sua mão.
- Há algum tempo – ela disse vagamente. Mas só de olhar para ela, ele soube que estava mentindo.
- Foi logo depois? – Ele estava atormentado pelo pensamento e sentia-se ainda mais culpado do que de início. Sabia só de olhar para ela que deveria ter sido logo depois da briga que tiveram.
- No quarto – foi tudo o que ela disse.
- No quarto? – ele repetiu horrorizado. – Quando você estava trancada lá dentro? – ela assentiu. – Eu sabia que não deveria ter deixado você sozinha! Tive uma sensação horrível a respeito disso quando percebi que você estava trancada no quarto, uma coisa estranha...
- Não se preocupe. Estou bem. – Mas os olhos dela diziam outra coisa. Ela estava tentando manter uma distância física dele, já que não poderia ser diferente. Mas nada funcionava, e estar tão constantemente perto dele e ver o que estava escrito em seus olhos não ajudava em nada. Ela o conhecia muito bem e conhecia a sua dor, assim como ele a dela. E podia ver também que ele ainda sentia todas as mesmas coisas que ela. Sempre sentira. Só não havia percebido tão cedo quanto Hermione! Não importa o que ele tivesse dito a ela, nem o que ela tivesse dito a ele, continuavam se amando. Ela podia ver isso. De alguma forma, tornava as coisas piores. Era tudo um desperdício muito grande; ele havia desperdiçado duas vidas, a felicidade deles, o futuro de ambos. Era uma ironia meio amarga que ambos tivessem suas vidas cruzadas. O senso de humor de Deus trabalhando de novo. Ou talvez o destino.
Ele continuou quieto. Uma dor feriu o coração de Hermione, e sem pensar duas vezes, disse sem acreditar nas palavras que saiam da sua boca:
- Talvez possamos ser amigos de novo. Foi assim que tudo começou... bem no início. Talvez seja com deva terminar. Pode ser a razão de isso ter acontecido conosco, como se algum poder superior tivesse decidido nos fazer enfrentar um ao outro e corrigir os erros.
- Eu tenho coisas pra corrigir, Hermione! – ele disse com mais firmeza na voz do que Hermione jamais vira. – Você nunca fez nada comigo.
- Temos que deixar pra trás o que aconteceu. Este é um tipo de teste para nós dois. Temos que enfrentar o desafio – ela sorriu tristemente para ele. Não acreditava em uma só palavra do que estava dizendo, mas por algum motivo ela sabia que aquilo não iria acontecer mesmo. Uma voz na sua cabeça gritava aos prantos para que Rony não ouvisse uma palavra do que dizia. Se ele ouvisse... era porque não a merecia... e ela enfim pararia de sofre por ele. – Podemos ser amigos?
- Não tenho certeza se posso – ele disse honestamente. Apenas estar longe fisicamente dela era impossível para ele.
- Eu imaginei que você diria isso. – Mentira! Seu coração murchou ao ouvir as palavras de incerteza dele.
- Como você pode me pedir uma coisa dessas!!!??? – E agora ele levantara com um pulo rápido da cadeira e olhava Hermione com a face furiosa.
- Rony, eu...
- Eu gosto de você Hermione! – ele gritou para toda a casa ouvir, e ela olhou assustada para ele.
- Eu também gosto de você Rony... – ela disse como se falasse de uma amizade.
- EU AMO VOCÊ HERMIONE! – Ele gritou em desespero. – E me dói ver você tratar tudo isso que está acontecendo com tanto descaso!
Hermione sabia que era verdade.
- Por que você simplesmente não fica comigo? Por que tem tanto medo?
- Por que nós vivemos brigando, Rony. Por que nada a nosso respeito dá totalmente certo...
- Você quer segurança então? Segurança?
- Você sempre entende errado o que eu falo...
- Não, eu entendi muito bem o que você falou. Você disse que eu não sou uma pessoa segura pra você, mesmo nunca tendo provado, você diz isso como se fosse a coisa mais certa do mundo!
- Eu te odeio por dizer Rony!
- Você gosta de mim, Hermione! Você gosta, porque se não gostasse você nem estaria aqui!
- Arrogante! “Eu te amo!”!!! Não são apenas essas palavras que eu quero ouvir de você. Não é que eu não queira que você diga, mas se você apenas soubesse como seria fácil mostrar-me como você se sente... Mais que palavras é tudo o que você precisa fazer para tornar isso real. Daí você não precisaria dizer que me ama porque eu já saberia.
- Porque você não confia em mim então?
- Confiar em você! Olhe pra nós, Rony! Nós já estamos brigando!
- Bem... Isso é o que nós fazemos, brigamos... Você me fala quando eu estou sendo um arrogante filho da puta e eu te digo quando você está sendo uma mala! O que alias, você é 90% do tempo. Mas por uma razão maravilhosa... eu gosto de você! Eu gosto muito de você e eu estou disposto a fazer as coisas melhorarem. Nós vamos trabalhar isso... se nós quisermos... nós podemos conseguir, Hermione! Você me entende?
Hermione nunca pensou que fosse ouvir tantas coisas assim vindas de Rony, e aquilo doía demais, pois era tudo verdade.
- Me desculpe... eu não sei...
- Mas eu sei o que nós podemos fazer!
E Rony tomou com brutalidade a mão de Hermione que ainda repousava sobre a mesa, e puxou com toda a força o corpo de Hermione em direção ao seu. Os olhos dela se encheram de lágrimas ao sentir a dor cruciante na mão que Rony havia puxado, e apertara sem consciência o seu machucado.
Não era pra acontecer daquele jeito. Definitivamente não era. Por mais que tenha ouvido aquelas palavras tão esperadas saírem da boca de Rony, foi tudo muito bruto. Ela estava mentindo e ele estava gritando verdades. Gritando. Não era para ser assim.
Ele colara os seus lábios nos dela com uma desesperada angustia de não a perder. Ela não teve reação, não respondeu ao beijo, só se afastou com dificuldade dos braços dele, que tinha nos olhos a certeza de ter feito algo errado.
- Não Rony.
- Eu sei que eu não deveria ter feito as coisas desse modo – ele disse e se sentiu mais leve ao ver a aprovação no rosto dela. – Mas eu sinto que as coisas não estão perdidas pra nós, Hermione. É uma fase, é um teste! Um teste! Assim como você disse.
- Eu tenho que ter certeza de que você não vai mais me ferir...
- Eu sei... E eu vou tentar te dar todas as provas que eu conseguir reunir pra poder te provar isso.
- Eu não estou pronta pra ouvir agora...
- Eu imaginei que seria assim. – Ele sabia que não seria fácil. Que ela queria ter certeza, ela queria não ter que enfrentar mais o terrível temperamento dele. Faria de tudo para tornar isso realidade. - E me desculpe por não pensar antes de agir – ele passou as mãos carinhosamente no rosto de Hermione – me desculpe por isso. – Disse se referindo ao beijo
- Que bom que você entende. É claro que eu desculpo você – e ela finalmente abriu um sorriso. Aquele pareceu o sorriso mais lindo de todos, talvez porque fosse o sorriso mais esperado. Rony olhou para as feições tristes de Hermione, mescladas com um sorriso sincero e aliviado. Estava linda. E a única coisa que passou por sua cabeça foi tocar nos lábios dela de novo. Dessa vez com mais carinho. Com toda a perfeição que só Hermione merecia receber.
- Eu vou te beijar agora.
Ela foi pega de surpresa pela frase, arregalou os olhos ao ver que Rony se aproximava devagar, com os olhos em chamas e a expressão dura no rosto.
- Você estava sonhando acordado quando disse aquelas coisas? – ela disse, dando um passo apressado pra trás.
- Eu só não consegui resistir ao seu sorriso – ela abriu um sorriso travesso no rosto. Rony riu da situação.
- Resista mais um pouco então. – Ela disse por fim e eles pararam e se encararam. – Vou estar esperando.
- Eu não vou demorar.
Rony pegou a mão ferida de Hermione e deu um beijo carinhoso bem onde se encontrava o machucado.
- Me desculpe por isso. E isso – ele deu mais um beijinho estalado na mão de Hermione – é pra sarar.
- Boa noite Rony. – Ela disse se encaminhando até as escadas com um olhar sonhador e aliviado no rosto.
- Boa noite Hermione. Ahhhhhh Mione! – ela virou. – Sonhe com os anjos. – Ele disse com o olhar travesso.
- Você também – ela disse não muito certa das intenções de Rony com aquela frase.
- Sonharei com você...
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