Caminhos



CAPÍTULO 12 - CAMINHOS

_ Nunca mais vi Sirius desde então... – ela falava para o filho – Todas as notícias que tive dele foram pela televisão ou jornal...

_ Passei 12 anos preso por um crime que não cometi. E continuo sendo procurado...

_ Uau! Que história! – o menino estava empolgado – E agora? Vocês vão ficar juntos?

_ Sim!

_ Não!

Responderam ao mesmo tempo e com a mesma veemência.

_ Por que não, Lisa? É só o tempo de eu limpar meu nome e...

_ Chega, Sirius! Cansei dessa vida! Já sofri muito... Agora que está tudo bem não vou jogar tudo para o alto de novo...

_ Por que não? – ele era de uma simplicidade incrível.

_ Vou subir, tá? Ou melhor, vou para a casa do Timmy... – James falou saindo de fininho para deixar os dois conversando mais a vontade. E parece que ainda havia muito que conversar.

_ Existem coisas maiores que o nosso amor, sabia? – ela começou a chorar.

_ Não entendo o que possa ser?

_ Você não sabe de nada! Você só sabe o que quer saber, Sirius Black! – ela limpava as lágrimas – Sempre foi assim! E eu o seguiria até ao inferno se fosse preciso! Mas agora é diferente! Tenho de pensar no que é melhor para nós dois...

_ O problema é com seu filho? Besteira, Lisa! Gostei muito do garoto, acho que a gente vai se dar superbem!

_ James não é meu filho, é nosso filho!

Sirius ficou sem ar e teve que sentar para tentar assimilar melhor a idéia. Não esperava ouvir aquilo e sabia que ela não estava brincando.

_ Quando você sumiu eu me desesperei mas saí de Londres como você tinha mandado e conjurei o feitiço para trazer sua varinha até a minha. Vieram atrás de mim. Queimaram a casa dos meus pais e eu fiquei sozinha no mundo. Imagine minha surpresa ao descobrir que estava grávida? Como eu ia criar uma criança? Eu não tinha dinheiro e nenhum hospital daria emprego a noiva de Sirius Black. O coitado do Remus ainda me ajudou mas ele quase não consegue se sustentar... E é aí que entra George na minha vida. Sabendo o que tinha acontecido e mesmo eu estando grávida, ele quis casar comigo. Mas tive de prometer não usar mais mágica e enterrar de vez o passado, que você, com um beijo idiota, trouxe de volta. Vivi com George em Bristol por oito anos até ele falecer vítima de um atque cardíaco. Juntei o que consegui e voltei para Londres que é meu lugar.

_ Para trabalhar de balconista? Você, que estudou tanto?

_ Trabalharia de qualquer coisa, Sirius! Não importa! Só quero criar meu filho em paz...

_ Nunca pensei que eu pudesse te fazer sofrer tanto...

_ Ah! Sirius, você sempre foi livre... Por mais que eu te amasse, ficando do seu lado eu sempre seria uma prisão... Demorei para perceber! Eu nunca fui sua prioridade e nem quero mais ser... – ela foi até um dos armários e procuro incansável pela jaqueta dele – Tome! Jogou-a em cima de Sirius – Agora vá! Me deixe de uma vez por todas... É doloroso demais ficar esperando você voltar....

_ Lisa, você não pode simplesmente me arrancar da sua vida. Eu já sou um pedaço muito grande dela, assim como você é da minha... E o pedaço mais bonito... – ele não queria ir, não queria deixa-la – E o nosso filho?

_ Que filho, Sirius? Você nem o nome dele sabe... Esteve tão preocupado em proteger o mundo do mal que esqueceu da própria família que corria perigo...

_ Pensei em você em todos os dias lá em Azkaban...

_ E eu? O que você acha que eu fiz o vendo crescer tão parecido com você? – ela apontou os porta-retratos espalhados pela casa. James era a cópia de Sirius na mesma idade, dela mesmo, só tinha a cor dos cabelos e as indiscutíveis sardas da pele branca – Ele tem seu temperamento rebelde, o seu jeito de mexer o cabelo, o dom de saber sem estudar nunca...

_ Mas tem sua doçura, seu sorriso... É um garoto incrível! Posso levar uma foto?

_ Quantas quiser...

_ Ele sabe que eu... – puxou uma foto do garoto jogando beisebol.

_ Só sabe que não é filho de George... Mas depois do que ele viu aqui hoje, deve desconfiar...

_ Queria me despedir dele... Posso?

Lisa telefonou para a casa vizinha para chamar o filho. Poucos minutos depois, James estava em casa. Sirius acompanhou o garoto com o olhar, o moleque também olhava de forma diferente para ele.

_ Sirius está indo e quer se despedir...

Ele se ajoelhou e abriu os braços. James foi abraça-lo.

_ Gostei muito de Ter conhecido você James! Você é um garoto especial! Espero que em breve a gente se encontre de novo... Ainda vamos ser grandes amigos!

_ Volta logo, - ele falou bem baixinho no ouvido de Sirius – pai... Eu senti muito a sua falta!

Sirius abraçou ainda mais forte o garoto e não conseguiu deter uma lágrima. Lisa chorou também. Não tinha mais esperanças de ver aquela cena. Ele levantou tão depressa quanto pôde limpando uma lágrima. Começou a colocar a jaqueta.

_ Quanto a você, Lisa Barkinson, escute uma promessa minha, mais uma dentre tantas e que dessa vez eu vou cumprir. Esta é a última vez que nos separamos. Não vou mais partir sem vocês dois - a puxou para perto de si e falou encarando-a nos olhos – Quero apenas a oportunidade de limpar meu nome, o nosso nome já que não esqueci que somos noivos... Accio, anel! – ele mexeu sua varinha. Tinha a mais absoluta certeza de que ela não teria se desfeito do presente de noivado. O anel de ouro branco com um diamante solitário veio parar na mão dele. Colocou no dedo dela beijando carinhosamente a mão – Peço um pouco mais de paciência... Só um pouco mais, Pequenina! E não vai demorar muito vocês vão receber lembranças minhas...

Como se fosse sair de férias, Sirius deu um beijo longo em Lisa, assanhou o cabelo de James, pegou o poodle azul celeste e saiu porta afora assobiando dentro da sua jaqueta preta com uma pata de cachorro nas costas.

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