Despedidas





Foram dois anos loucos andando com Sirius para cima e para baixo. Passaram da Romênia à Índia. Ele caçando comensais, ela cuidando das vítimas. Formavam um par perfeito, inseparável. Lisa se achava incapaz de amar outro homem na vida e Sirius era o mais dedicado dos amantes.

Numa noite de lua clara, estavam os dois dentro de um cobertor, olhando as estrelas. Não tinham nada de concreto, apenas o arriscado emprego dele, viviam como ali estavam, de acampamento em acampamento, lua depois de lua. Sirius falou:



_ Tiago e Lílian vão casar... Recebi uma coruja nos convidando... Pontas me quer como padrinho.



_ E você vai...



_ Certamente! – beijou a nuca dela - Não pretendo mais perder tempo...



_ Fico feliz por eles...



_ Eu também! Lily vai tomar conta do meu amigo...



_ E eu vou tomar conta de você... – começou a beijar o namorado com carinho.



***

Lílian e Tiago estavam radiantes na festa de casamento. Realmente se amavam e seriam muito felizes um com o outro.



_ Lisa, hoje fiquei olhando tudo aqui e tomei uma decisão...



_ Qual? – sorriu. Ela não acreditava muito quando ele fazia aquela cara séria.



_ Estou com inveja do Pontas! Quero tudo isso para mim...



_ Mas Lily já casou com ele... – ela riu.



_ É! Mas você não! – ele fez aparecer um buquê de margaridas que eram as flores preferidas dela e tirou do bolso da jaqueta um embrulhinho pequeno. Ajoelhou-se aos pés dela – Lisa Kudrow, você me daria a honra de ser a minha esposa?



Lisa perdeu a voz. Nunca cobrou dele um compromisso e agora ele estava lá a pedindo em casamento.



_ Eu te amo! v

_ Eu também te amo! Você quer casar comigo?



_ Claro que eu quero! Caso com você hoje mesmo se você quiser... – ela o beijava.



_ Não! Quero fazer tudo direitinho, conhecer seus pais, você tem de terminar seus estudos, quero conseguir meu emprego de auror...



_ Mas você vai passar mais tempo como Hunter para poder ser nomeado auror...



_ Por isso é que nós vamos Ter de nos separar por um tempo – colocou um anel de noivado no dedo dela – É pouco tempo que eu te peço, meu amor...



_ Não quero ficar longe de você... – começou a sentir as lágrimas virem aos seus olhos.



_ Eu também, não! Vou morrer de saudades! Mas é preciso! – ele não suportava vê-la triste – Vá para casa dos seus pais, termine seus estudos em Londres, com eles, em breve eu irei conhece-los e fazer de você minha mulher... Quero Ter mais a oferecer a minha família do que um farol de moto e um cobertor...



Não se passaram dois dias e Lisa estava na casa dos pais. Eles não queriam nem saber de Sirius. Achavam uma loucura ela Ter largado os estudos em Paris para viver com ele.



Não foi fácil trabalhar num hospital novamente. Não haviam vagas para residentes. Foi preciso outra carta de Madame Pomfrey assinada também por Dumbledore para que conseguisse um lugar na equipe.



Em pouco tempo, porém, subiu de postos, havia adquirido uma experiência muito boa nas andanças pelo mundo, tratando de doentes graves com a varinha e gaze em situações extremas.



Sirius? A onde andava Sirius? Ela passava meses sem Ter notícias dele. E quando escrevia era apenas para dizer que demoraria mais tempo.



Os pais desacreditavam da história de noivado mais e mais a cada dia. Já haviam até arranjado um pretendente para ela. Um jovem médico, filho de amigos de Bristol de nome George Barkinson. Ele se apaixonou por Lisa na primeira vez que a viu. Ela, no entanto, não ia conseguir tirar o grande amor de sua vida do coração assim tão facilmente.



Sonhava todas as noites com ele. O imaginava descendo da sua moto de braços abertos, pronto para leva-la ao paraíso, como costumava fazer.

Quase dois anos depois, essa noite, esse sonho, se tornou realidade e ela acordou ouvindo um forte uivo de cachorro. Colocou o hobby e desceu correndo as escadas. Em frente a casa dela, encostado na sua moto, estava ela, Sirius Black!



_ Sentiu minha falta, Pequenina!



Ela simplesmente correu para abraça-lo. Para se sentir segura naqueles braços novamente, para se sentir completa.



_ Jura que não mais de perto de mim nunca mais?



_ Juro! – ele a enchia de beijos – Eu te amo demais para conseguir me separar de você de novo!



_ Por que você não me escrevia? Não vinha me ver? Eu quase enlouqueço aqui...



_ Eu só queria te proteger! Agora vamos, vá se arrumar! Quero lhe apresentar meu afilhado!



Lisa pôs a melhor roupa que pôde encontrar sem acordar os pais. Subiu na moto de Sirius!



Chegando na casa dos Potter descobriu que eram pais de um garoto de quase um ano. Verdadeira gracinha! Era a cara de Tiago com os olhos da mãe.



Lá Sirius comunicou que havia conseguido a promoção de auror que tanto batalhara para Ter. E disse a Remus e a Pedro que em breve se casaria com Lisa. Todos estavam muito felizes. Ela era a única que andava meio chateada com o fato de Sirius Ter tido tempo para ser padrinho do filho de Tiago mas não foi sequer um dia vê-la. Sabia que era inútil lutar contra a devoção de Sirius pelos amigos. Ela perderia feio. Mesmo assim, às vezes, aquilo a incomodava muito.



De madrugada, deitada de bruço em sua cama, com Sirius acariciando suas costas nuas, ela não pensava em mais nada que não fosse amar e ser amada por ele. Sirius beijava cada junta dos dedos dela.



_ Eu te amo desde o dia dos gnomos, sabia?



_ Mentira sua... – ela riu.



_ É sério! Você fica linda aflita!



_ Cachorro!



_ Você fica linda de qualquer jeito!



Os dois estavam brincando de brigar quando uma coruja veio bater na janela do quarto.



Almofadinhas apressou-se em receber a mensagem.



_ Não abra esse envelope, Sirius, por favor... – ela implorava – Você acabou de chegar...



_ Eu preciso, Pequenina! Pode ser importante... – ele vestia-se e abria o envelope.



Ao ler a carta assumiu um tom preocupado. Lisa percebeu.



_ O que foi?



_ Preciso partir, é urgente! Lily e Pontas correm perigo...



_ Não vá Sirius! Estou com um mal pressentimento...



_ Não tenho escolha, meu amor... Mas eu volto logo... Vou deixar até minha jaqueta aqui... Você sabe que não passo muito tempo sem ela... – beijou o rosto dela enquanto abotoava as calças.



_ Estou com medo!



_ Compreensível! Se algo der errado comigo, não se desespere. Quero apenas que você saia de Londres por uns tempos e conjure o feitiço que uniu nossas varinhas...



_ Você está me assustando! Por que diz essas coisas?



_ Eu te amo, Lisa! Sempre te amei e sempre vou te amar!



Ele a beijou com o coração pesado e partiu. Naquela noite, sentia medo, pois só tem medo que sabe que pode perder alguma coisa.







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