Histórias antigas

_ Prontinho! - terminou de dar o último nó na atadura do hipogrifo - com este ungüento ele vai estar novinho em folha amanhã.

_ Amanhã?

_ É... Eu também não faço milagre!

_ E eu? Faço o que até amanhã?

_ Pode ficar aqui... Veja bem! Se você se comportar...

_ Vou para a casinha do cachorro? - Se transformou.

_ Não temos casinha de cachorro, mas se tivesse eu colocaria o hipogrifo lá... Você fica no quarto com o meu filho já que não cabe no sofá... Aliás, quase não cabe na sala...

_ Isso é um problema que se resolve num instante... - ergueu a varinha.

_ Nada de mágica!




Na manhã seguinte acordou como se tivesse tido um sonho. Não acreditava que fosse possível, Sirius Black Ter dormido na sua casa. Foi no quarto do filho, bem ao lado do seu, só a cama dele, já arrumada.

Desceu as escadas ajeitando o roupão ainda com os cabelos desarrumados. Ouviu o barulho dos copos. “Aquele malandrinho deve estar fazendo o café da manhã...”, pensou.

_ Sirius?

_ Oi, mamãe! Bom dia!

Seu filho assistia a Sirius fazer o café da manhã no ar. Enquanto este ria da cara da amiga.

_ Sirius, ele não sabia nada sobre bruxaria! Quem lhe deu o direito de contar?

_ Agora já sabe... Te poupei um trabalhão! Nós estamos até pensando em praticar um pouco de Quadribol, não é mesmo James?

Ela estava indignada. Sirius conseguia deixar qualquer coisa divertida. Achava que as regras foram feitas para serem quebradas. Tirava a todos do sério.

_ Mãe, podemos ficar com ele? - mostrava o saltitante poodle azul celeste em seu colo. Um tanto raivoso, talvez, inconformado com sua nova forma.

_ Quantas vezes eu já disse que não!

_ Ah mãe, deixa?

_ Você virou mesmo uma trouxa, né? - riu Sirius servindo suco de laranja para os dois - Ela era das mais bagunceiras da escola.

_ Sirius! - lançou um olhar fulminante para ele.

_ Agora vai querer esconder? Pois eu vou contar tudo...

_ Conta, Sirius, conta... Nunca pensei que minha mãe fosse bruxa. Por que a senhora não me contou?

_ Eu... - Não sabia o que dizer.

_ Um amigo meu foi para Hogwarts no ano passado...

_ Pois saiba que eu conheci a sua mãe numa detenção. Para você ver o que era essa peça...

_ Foi a minha terceira detenção, tá?

_ Ai, quer competir pra ver quem foi mais em detenção?

_ Nã... Você é insuperável! Só no primeiro ano foi em detenção inúmeras vezes...

_ Imagine, James, que a sua mãe roubou os óculos do professor de História da magia.

_ E vocês que transformaram a mulher gorda em galinha! Tremenda judiação!! Sem falar que eu não exatamente roubei os óculos do Bins. Foi um acidente!

_ Ela fala isso para todo mundo... - ele sorriu como quem diz que já ouviu aquela história dezenas de vezes - é modesta!

_ Pára, Sirius! É sério! Eu tropecei e derrubei meus livros em cima dos óculos, quando fui conserta-lo com “reparo”, a mágica fugiu de controle e aqueles malditos óculos sumiram...

Os dois começaram a rir da cara dela.

_ Podem rir... - fez carinha de brava - Mas eu nunca fiz nada intencionalmente para receber um detenção...

_ Mãe, olhe que mentir é feio!

_ Um talento em potencial, James! - soltou uma risada - Pena que nunca se assumiu. Teria dado uma ótima marota.

_ Uma o quê?

_ Marotos eram como gostavam de ser chamados esse aí - Apontou para Sirius - o Potter, Pedro Pettigrew e Remus Lupin...

_ Ele conhece Remus? - perguntaram os dois ao mesmo tempo.

_ É amigo dele, é padrinho dele...

_ Você sempre gostou dele, né?

_ Remus é um cara muito legal, educado. Ele passa ao menos uma semana do ano conosco... É um ótimo amigo.

_ Sirius, conta mais sobre vocês... Sobre o tio... Sobre a mamãe...

_ Nada disso! - resmungou - Já está quase na hora de ir para escola...

_ Eu tenho mesmo que ir hoje?

_ Você está quase em provas, mocinho! Não pode perder a revisão...

_ Mas eu sei aquela matéria...

_ Liga não, James. Sua mãe só está com medo que eu conte da paixão dela por Tiago Potter - Ele lavava a louça como se fosse de casa. Até abriu um pouco as cortinas para os trouxas da rua o verem fazendo coisas de trouxa.

_ Não se atreva!

_ Por que não? Era até bonito, sabia? Sem falar que eu tenho certeza que o nome do garoto é em homenagem a ele... Você nunca o esqueceu?

Lisa realmente ficou brava dessa vez, com um gesto mandou James subir e se arrumar. Virou-se para Sirius e enfiou o dedo na cara dele o fazendo fechar o sorriso e falou:

_ Acho bom você parar agora com essas tolices. Se não me respeita, posso até compreender, mas, na minha casa e perante meu filho, mando eu.
Portanto, pare de encher a cabeça do menino de besteiras, ou eu...
_ Você o quê? - segurou o braço dela - Por que não posso contar que você gostava de Tiago? Será que depois de tudo você ainda o ama? - ele a puxou para mais perto dele. Estavam muito próximos. Praticamente respiravam o mesmo ar, seus corações obedeciam o mesmo ritmo - Esse seu cheiro... Essa sua pele... Você foi a única criatura que foi capaz de me fazer brigar com Tiago nesse mundo...

_ Pára, Sirius! Para quê reavivar uma coisa que já passou? - ela suplicava - Tanto tempo já se foi... - desviava o olhar do dele, como se fosse possível!

_ Mas eu não te esqueci!

Sirius sussurrou no ouvido de Lisa e não resistiu, acabou beijando-a ali mesmo, na cozinha, com as janelas abertas, para qualquer trouxa ver.

_ Mãe?

Tudo que ela queria era abrir os olhos e acordar na sua cama tornando aquilo em mais um dos incontáveis sonhos com Sirius. Não funcionou. Fechou os olhos novamente, não tinha coragem para encarar o filho.

_ James, sente aí, você não vai para a aula hoje... Tenho uma longa história para te contar..

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