Passado nem tão esquecido
Ela permanecia sentada atônita enquanto ele passeava tranqüilamente pela casa.
_ Então foi nisso que você se transformou? Uma trouxa! Nossa! Clube de críquete às quintas? - apontou para um diploma emoldurado na parede - Muito trouxa!
Continuava paralisada diante da figura de Sirius. Ele usava calças jeans curtas para ele e uma camiseta do Scooby-doo. Estava magro mas ainda melhor do que na foto divulgada na televisão meses atrás.
_ Me diga, muito apropriada, não acha? - mostrava a camiseta.
_ Você não tem mais idade para usar...
_ Trouxa, mas sem perder a presença de espírito!
_ Não sei como é que você ainda tem coragem de me procurar depois de tudo que aconteceu?
_ Ah! E você não sabia que eu viria? Eu tinha de vir buscar minha varinha...
_ Faço qualquer coisa pra tirar você da minha frente - abaixou diante da lareira e tirou a varinha de Sirius do mesmo lugar aonde estava a sua.
Sirius que mexia nos porta-retratos da mesinha do telefone falou:
_ Você casou com ele? Como era mesmo o nome?
_ George Barkinson - ela abaixou a cabeça.
_ Tanto esforço para nada, não é mesmo? O menino é seu filho?
_ É...
_ É um belo garoto! É bruxo?
_ É...
_ Vai para Hogwarts?
_ Não sei se terei como...
_ Se você quiser, eu posso...
_ Não, obrigada.
_ Por que você tem raiva de mim, Lisa? Você por um acaso acha que fui eu quem...
_ Nunca! Eu jamais, nem por um segundo sequer duvidei da sua lealdade aos Potter... Posso não saber quem foi, mas não foi você...
Passaram alguns minutos sem Ter o que falar um com o outro. Sirius puxou assunto;
_ Eu vi o pequeno Potter. Ele é a cara de Tiago, mas tem os belíssimos olhos de Lílian.
_ Eu me lembro bem dele pequeno. Já deve ser um rapaz...
_ Tem treze anos. E como é corajoso, me ajudou a fugir de Hogwarts...
_ Você é mesmo um grande babão!
_ Sou mesmo, e daí? Assumo - Sirius riu - Adoro aquele garoto desde que o coloquei no colo pela primeira vez...
_ Tiago e os outros sempre foram mesmo suas verdadeiras paixões...
_ Eu nunca pensei que um dia eu teria vontade de matar alguém que eu gostasse tanto...
_ Do que você está falando?
_ Pedro Pettigrew foi o traidor.
Lisa se engasgou e perdeu a voz por um instante, quando a recuperou, apressadamente estendeu uma cadeira para Sirius e disse curiosa:
_ Nem pense em se levantar daí sem me contar tudinho, tin-tin por tin-tin dessa história. Quer chocolate quente?
_ Pensei que você nunca mais fosse oferecer...
Duas horas se passaram e Sirius contou sua história até aquele dia. Lisa, tomando um último gole do chocolate que agora estava frio, falou indignada:
_ Pedro sempre foi mesmo um rato imundo...
_ E eu um cachorro? - Sirius sorriu, não conseguia levar aquela mulher à sério e sentia-se muito bem ao seu lado, ela o fazia se sentir em casa.
_ Você não se controla, não é? - ela também sorriu - Mas se você quer mesmo saber, você é realmente um cachorrão!
_ A senhora costumava gostar?
_ Adolescência é um mal que passa com o tempo!
_ Nossa você virou uma trouxa mesmo!
_ Pára, Sirius! - bateu com as duas mãos no peito dele. Seus olhares se cruzaram como antigamente.
O relógio da cozinha bateu à meia-noite os chamando de volta à realidade.
_ Eu vou... Está na minha hora...
_ Apareça quando quiser vir... Eu até compro ração pra cachorro e tudo mais...
_ Ha ha ha ... A senhora engraçadinha poderia me fazer um último favor?
_ Qual?
_ Tratar do hipogrifo... Acho que na viagem ele machucou a asa esquerda...
_ O quê? Tem um hipogrifo no meu quintal? - ela berrava tão baixo quanto conseguiu berrar.
_ Não! Eu o deixei escondido na pracinha no final da rua...
_ Você fala como se fosse a coisa mais normal! O quê os vizinhos vão pensar?
_ Que ele é um arbusto? Sei lá! Qualquer coisa... Trouxas sempre pensam coisas absurdas!
_ Vamos já lá buscar esse hipogrifo -pegou o seu casaco.
Sirius virou cachorro e saiu pela porta. Ela, pelo contrário, subiu as escadas e voltou 15 minutos depois trazendo o filho no colo todo embrulhado.
_ Você não podia Ter deixado a criança dormindo? Nós só vamos na praça no fim da rua - Sirius virou homem novamente.
_ Pode demorar e não vou deixa-lo sozinho.
_ Pois ande, deixe eu leva-lo. Ele já é muito grande para você... quantos anos?
_ Quase onze...
_ Só? Nossa! Ele é enorme!
Examinou com cuidado a criatura por pelo menos 10 minutos. À princípio não foi fácil se aproximar, curvou a cabeça em reverência olhando nos olhos do animal. O bicho deu sinais de que concordaria com sua presença. Com jeito, chegou ainda mais perto e tocou a asa esquerda.
_ O que foi que você fez com ele, Sirius? Isso aqui está muito feio! Vou Ter de leva-lo para casa para trata-lo.
_ E você quer que eu o transfigure em quê?
_ Algo bem pequeno...
_ Já sei...
Lisa voltou para casa carregando um hipogrifo transfigurado em poodle azul celeste..
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