Capítulo 23



Cap 23

N/A: Gente eu pretendo acabar esse capítulo logo, mas eu não sei se vai dar porque alem da minha net, estar quebrada e daí não dá pra eu postar logo, esse é o ultimo capítulo... É... Snif... Snif... autora tristonha enxuga lágrima insistente. Ta acabando... Então tem bastante coisa que não deu para colocar no passado aqui... Ele provavelmente vai ser bem grande. Ainda tem bastante coisa para acontecer, então deixa eu parar com o papo furado, já dei as boas vindas... Agora vou cuidar determinar logo esse aqui.

Beijos e Boa leitura!!!

Ps: antes que vocês me matem me chamando de doida, deixa eu esclarecer um fato, lá no alojamento tem um sistema de aquecimento muito forte ta legal, um sistema mágico que cada cômodo, e principalmente nos quartos onde a temperatura geralmente dá para aumentar mais. No bom sentido... rsrsrs... Assim eles não morrem de frio e dá pra sair de cueca do banheiro... rsrsrsrs.. Que nem vocês vão ver ai. Agora sério tenho que ir escrever bjos

Mais tarde, depois que Ginny vira o par de olhos verdes sair pelas portas caminhando na neve branca e densa que caia incessantemente lá fora, eles decidiram que estava na hora de irem se despedir dos seus amigos.

Subiram as escadas, e bateram levemente na porta do quarto dos dois.

- /Hum... Pensei que haviam esquecido da nossa existência!/ - disse Leo abrindo um sorriso.

- /Viemos nos despedir. /- disse Jack com a sombra de um sorriso perpassando o rosto.

- /Entendo, mas acredito que iram suportar, (muito mal é claro), a nossa falta./

- /Não nos convida para entrar?/- perguntou a Raposa.

- /Realmente onde estão meus modos./- ele ralhou consigo- /Entrem./- e assim afastou-se da porta para eles poderem entrar fechando-a ao vê-los passar.

- /Onde está Antony?/- perguntou Jack olhando para os lados, a procura do irmão.

- /No banheiro, pessoalmente acho que ele está tentando se afogar na privada, vocês sabem como ele é, coragem não é seu ponto forte. / - disse Leo, alteando o tom da voz para que o amigo pudesse ouvir do banheiro.

Ambos sorriram um pouco.

- /Então, nervosos?/ - perguntou Ginny meio hesitante meio preocupada.

- /Nem um pouco, não é exatamente com se essa fosse a nossa primeira vez não é!/ - disse o loiro descontraído.

- /Nem um pouquinho assim...?/ - disse ela imitando uma criança e abrindo um espaço entre o polegar e o indicador de modo a demonstrar o “pouquinho”.

- /Talvez, só um “pouquinho assim.” / - ele respondeu imitando ela. - / E vocês como estão os preparativos?/

- /A todo vapor, já que ficamos por último. / - falou Jack.

- /Falando sério, acho que nunca uma missão foi tão corrida e trabalhosa./ - completou a ruiva.

- /Tenho que concordar. / - disse Leo sério. - /Desta vez Ivanovitch se superou, ele simplesmente nos chamou lá e quando nos sentamos ele disse olhando para mim e para o Pirralho: “Vocês partem hoje meia noite.”/

- /Como comentou Damien, não houve perda de tempo. /- disse o Tigre.

- /A meu ver, já viemos para cá com tudo planejado, apenas para executar. / - completou Leo.

- /É o que parece. / - a ruiva falou suspirando.

- /E vocês quando estarão partindo?/

- /Sexta feira. /- respondeu Jack.

- /Acho que vocês serão os últimos mesmo. /

- /Pelo que vejo, é verdade, a toda hora vejo, duplas e grupos descendo as escadas em direção a porta!/ - exclamou Ginny.

- /Andrei e Beatrice, então... /

- /Estes nem se despediram. / - ela reclamou com o amigo.

- /Os vi tentando achar vocês, saíram antes do meio dia!/- ele falou.

- /Não puderam esperar nem o almoço?!/- perguntou o Tigre espantado.

Leo negou com a cabeça.

- /A situação deve ser realmente muito ruim então, nem sequer almoçaram...!/- ele continuou.

- /Eles disseram que era urgentíssimo. /

Neste momento a porta do banheiro se abriu e Antony surgiu no quarto apenas de cueca samba canção passando a tolha pelos cabelos tentando seca-los.

- /Antony!/- exclamou o Tigre.

- /Ah! Vocês já estão aqui?!/- ele disse virando-se para encarar o irmão.

- /Estamos!/- ralhou o Tigre.

- /Isso são trajes Pirralho?/- perguntou Leo divertido.

- /Adorei os trajes Pirralho./- disse Ginny irônica olhando para ele com um sorriso safado no rosto.

- /Raposa!/- disse o Tigre irritado e levantando-se ficando assim na frente dela, e tampando sua visão.

- /Obrigado, fico lisonjeado que tenha gostado Raposa./- respondeu Antony sorrindo e abrindo os braços, fazendo uma leve reverencia.

- /Ora! Cale a boca e se vista logo Antony!/- disse o irmão parecendo muitíssimo zangado.

Antony apenas sorriu, abrindo o armário atrás da roupa que iria usar. Ginny adorava irritar Jack, achava que ele ficava totalmente... Fofo! Quando estava irritado, e só para vê-lo soltar fumaça pelas orelhas esticou o pescoço para o lado arqueando a sobrancelha fingindo dar uma espiada. Funcionou.

Ele ficou furioso e tampou seus olhos com a mão.

- /Antony você quer me fazer o favor, de se vestir logo./

- /Realmente isso não são trajes descentes para se apresentar a uma dama.../- disse Leo com uma falsa polidez.

- /Depende da ocasião.../- disse Antony com um tom safado.

- /Não se preocupem com a dama aqui, ela está adorando o espetáculo!/- provocou Ginny entusiasmada.

- /Depois eu é quem ou o pervertido!/- disse o Tigre, virando-a de costas para a cena.

- /Larga de ser chato Jack, você se diverte com a sua enfermeira e eu não posso nem olhar o Antony?!/- ela falou não segurando o sorriso.

- /Você poderia ter dormido sem essa Tigre./- disse Leo também sorrindo.

- /Você não perde uma chance, não é Raposa?!/- ele falou estreitando os olhos.- /Era diferente!/- justificou-se.

- /Também acho./- ela indignou-se.- /Você não ficava só olhando!/

Todos gargalharam.

- /Mas se você fizer o grande favor de me soltar, eu posso resolver essas diferenças e estaremos quites./- ela falou segurando suas mãos.

- /Não precisa, Raposa, eu vou até ai./- disse Antony que já havia vestido a calça.

- /Antony, não se atreva a dar um passo!/- gritou o Tigre irado.

- /Nossa quanto ciúme.../- sussurrou Leo.

- /Escuta aqui vocês dois, vamos parando com essa brincadeira ridícula agora!/

- /Eu não estava brincando./- falou Antony vestindo as várias camisetas para suportar o frio na neve.

- /Se você gosta do formato do seu rosto, Antony, é bom calar a boca!/- ele ameaçou o irmão, e soltou a ruiva que estava presa em seus braços, depois é claro de se certificar de que todos estavam adequadamente vestidos.- / E Raposa já está bom de você parar com esse ciúme de mim com a Nay./

O estômago de Ginny se revirou de indignação, e seus olhos demonstraram algumas leves faíscas de irritação surgindo.

- /Da enfermeira?! Acho que você errou desta vez Tigre, você realmente está perdendo o jeito da coisa. Com ciúme de você com a Nay?! Absurdo, totalmente sem cabimento. /- ela falou com o nariz em pé.

Mas no seu íntimo uma voz fininha sorria irônica na sua consciência, mas ela não lhe deu ouvidos, continuou de nariz erguido sem encara-lo. Lógico que ela não estava com ciúmes da Nay! Isso era visível...! Absurdo... É... Era só... Era apenas... É... Hum... Ta talvez fosse um pouquinho de ciúmes... Mas só um pouquinho assim, afinal ela era muito apegada a ele, e essa fora a primeira vez que ela vira na lata, assim, no ato.

- /Diga o que quiser, eu não acredito./- ele falou ainda parecendo levemente zangado.

Ela simplesmente deu de ombros como quem não se importa, Antony agora estava conferindo as coisas que deveriam levar, e Leo enfeitiçando as poucas bolsas para ficarem menores e mais leves, todos ficaram em silêncio ninguém falou nada, por um momento toda a diversão que havia no quarto se dispersou, e até Leo mostrava uma expressão séria raramente encontrada no seu rosto sempre brincalhão e risonho.

- /Bom acho que é só./ - disse Leo com um sorriso no rosto, parecia um pouco nervoso e empolgado, era assim que todos se sentia quando chegava a sua hora de partir e deixar os outros para trás.

- /É./- concordou Antony acenando com a cabeça olhando ao seu redor - /Você colocou os antídotos?/

- /Coloquei Pirralho estão bem ali na bolsa vermelha./- disse ele apontando para uma bolsa minúscula, do tamanho de um anel, que jazia sobre a cama, ao lado de mais três como ela, mas de cores diferentes.

- /Então acho que é tudo./- finalizou Antony, olhando finalmente para o irmão e para a ruiva a sua frente que pareciam preocupados.

- /Está na nossa hora./- disse Leo olhando o relógio.

O Tigre se adiantou na direção dos dois e falou com Leo primeiro:

- /Até a volta, então palhaço. E se você continuar com as piadinhas com a Raposa... Bom digamos a apenas que você não vai falar nenhuma por bastante tempo depois que eu der um jeito em você./- ele disse sorrindo.

Os quatro sorriram da provocação.

- /Toma cuidado cara, e facilitem as coisas para a gente que vai depois certo?/- ele completou abraçando o amigo e apertando sua mão firmemente.

- /Faremos o que for possível./- disse Leo rindo.

Então o Tigre se dirigiu a Antony, e seu olhar demonstrou alguns resquícios de preocupação que ninguém pôde perceber.

- /Você pirralho se cuida e volta inteiro, porque eu acho que a ruiva ali não vai querer me ver perto de nenhuma médica ou enfermeira tão cedo. /

- ele disse brincando e abraçando o irmão, dava para ver que Jack já se acostumara a ser irmão mais velho era visível pelo abraço, pareciam duas crianças. Por um momento Ginny pensou em como os dois eram parecidos e como deveriam ser quando jovens... Mas a imaginação se perdeu quando ela voltou à realidade, e viu os dois adultos que já se separavam do abraço, em uma despedida que poderia não ter volta. A vida era complexa demais, toda vez era assim, mas desta vez havia algo de diferente, algo de diferente nas pessoas no lugar, na missão, tinha a impressão de que nenhuma havia sido tão tensa e perigosa.

Porque ales tinham escolhido essa profissão mesmo? No momento, por incrível que pareça ela não conseguisse pensar direito para responder a essa pergunta, já sentia aquela ardência nos cantos dos olhos que lutavam contra a sua vontade e insistiam em ficar marejados. Ela tentava a toda hora afastar o pensamento de que eles não iriam voltar, e colocar em seu lugar o pensamento no qual eles se reencontravam e ...

Mas estava sendo realmente difícil, e ela não estava mais prestando atenção ao que eles diziam estava olhando para os rostos de seus amigos perdida na sua própria mente.

Por que? Por que ela sentia aquela leve ancia no peito como se alguém comprimisse lentamente o seu coração?

Mas antes que pudesse se desviar para outra pergunta ela foi chamada à realidade pela voz de Antony.

- /Raposa não se preocupe, eu volto e nós terminamos a nossa conversa./- disse Antony insinuante e sorridente.

Ela simplesmente estendeu os braços em volta do seu pescoço e o abraçou com força, tinha medo de que se abrisse a boca não conseguisse conter aquela estranha ancia no peito como se... Ela não sabia explicar.

Olhou com um leve sorriso silencioso para o rosto branco e para aqueles olhos azul-gelo profundos com um leve toque prateado meio acinzentados, lindos, então virou-se para Leo, e o abraçou.

Quando o soltou a ancia em seu peito pareceu aumentar mais ainda e um gosto ruim subiu aos seus lábios, mas ela ignorou tudo, e disse:

- /Vocês dois se cuidem! Eu vou ficar com saudades, e terminem tudo rápido para podermos nos encontrar na volta./- e quando ela terminou a frase suas previsões se confirmaram, a ancia aumentou e seu peito pareceu se comprimir de uma forma humanamente impossível, sentiu um golpe nas suas entranhas que congelaram, como se estivesse exposta ao vento impiedoso do lado de fora.

- /Não se preocupe, a gente promete que volta, não vamos deixar você casar com esse ai não./- disse Antony, apontando para o irmão que apenas sorriu, e dispensou as implicâncias

- /A gente promete que chega a tempo pra te salvar da desgraça!/- completou Leo.

E conseguiram arrancar um tímido sorriso dela. Ela deu um beijo no rosto dos dois e voltou para o lado do Tigre.

- /Nossa se todas despedida for assim eu quero me despedir mais vezes./- disse Leo, e Antony sorriu.

- /Agora temos realmente que ir./- disse ele.

E os quatro saíram andando do quarto e começaram a descer a escadaria, Jack e Ginny param no último degrau de mármore antes de tocar o chão.

- /Tchau./- disseram ambos ao mesmo tempo.

- /Até a vota./- ele acrescentou.

- /Até./- responderam os dois, e assim se viraram em direção as portas.

Ginny apertava com força a mão enluvada do Tigre e ele retribuía o aperto dela, enquanto viam os dois saírem pelas portas e adentrarem a neve branca em um vento cortante da noite na escuridão. O tempo estava particularmente ruim aquela noite.

O resto dos dias se passou com estrema rapidez, e mais uma vez, o relógio parecia correr, e não tiquetaquear como costumava fazer, agora quase não haviam aurores na fortaleza. No máximo cinco e três já haviam voltado da missão. Mas os três eram ingleses. Eles não receberam nem um tipo de notícias dos amigos que estavam em campo, e chegava a ser angustiante ficar lá por último, isso só fazia o nervosismo aumentar consideravelmente de tamanho. A frustração era descontada nos prisioneiros, que continuavam sendo interrogados cada vez com mais freqüência. Eles precisavam de tudo que pudessem extrair das Sombras, e eles já tinham bastante coisa.

Passavam a maior parte do tempo que estavam lá envolvidos com os prisioneiros. O tempo de ambos agora era dividido entre comer, duas vezes ao dia, interrogar os dois, e passar longas horas, tentando pegar o jeito de andar, e falar, e usar as mesmas palavras que eles e o sotaque, e até a respiração era preciso ser moldada. Para isso foi preciso uma grande quantidade de poção da verdade, que avaliava o desempenho deles eram os próprios prisioneiros, ninguém melhor. Como Jack e Ginny ministravam com maestria as doses de veritasserum (que devo acrescentar não eram lá tão fracas assim) eles eram obrigados a responder a verdade, sobre as perguntas mais freqüentes:

“Ta bem parecido?” “O que está diferente?” “Em que devo melhorar?” “O que falta treinar?” “Está tudo completo, todos os detalhes? Ou existe algum que ainda falta aperfeiçoar?” ou ainda dizer a verdade sobre o que ela pedia (ordenava) que ele dissesse, “Diga tudo que devo aprender para me passar perfeitamente por você.”

Mais de três vezes, o prisioneiro dela tentou impedir a si mesmo de falar tentando machucar a as própria língua para impedir-se de falar, responder o que ela lhe ordenava. Mas ela o pegou no flagra, e o impediu de arrancar a língua a mordidas, os cortes profundos que ele conseguiu como resultado, ela os curou, mesmo com um pouco de dificuldade.

A semana passou-se como um sopro do vento cruel que costumava açoitar os vidros aquecidos das janelas dos quartos, trazendo a neve consigo. Eles tinham agora todo o lugar praticamente vazio só para os dois. Mas nem ela nem ele tinham cabeça para pensar em nada. Por uma ou duas vezes, a ruiva registrou que Potter ainda não havia voltado ou dado notícias como já era de se esperar, mas ela era totalmente inerte em relação a esse fato, embora não tenha parado muito tempo para pensar sobre ele. Não conseguia mais. Vazio.

Quando finalmente chegou a quinta feira. Ela já se sentia mais segura e controlada, conseguira controlar melhorar ansiedade, e nada de secundário lhe vinha a cabeça. Parecia que alguma coisa a estava levando-a para algo muito grande, e a sensação que ela guardava dentro de si, ela não sabia identificar se era boa ou ruim. Mas ela preferiu ignorar isso atribuindo ao nervosismo e ansiedade normais de véspera. Ela pecava pela impulsividade.

Eram sete da noite.

O Tigre estava olhando a poção que ficaria pronta exatamente às nove horas, e eles partiriam a meia noite. Ginny estava tomando o quinto banho do dia, e ele estava preocupado com ela. Sabia que ela era mais do que capaz de enfrentar coisas horríveis, mas ainda assim não conseguia evitar esse sentimento. Ele sentia-se cansado, essa última semana havia sido muito trabalhosa sua mente estava exausta, de tanto trabalhar, e ele ingeria cada vez mais doses de poção pra animar. Inclusive ele havia acabado de virar um cálice inteiro da mesma, para poder melhorar e fazer seus músculos trabalharem, provavelmente tomaria outra antes de irem e levaria mais algumas para a viagem, caso algum dos dois precisasse.

Ele estava sentado na cama com os cotovelos apoiados nos joelhos segurando o cálice vazio, apenas com resquícios do líquido vermelho no fundo o qual ele olhava atentamente como se ali fosse encontrar todas as explicações que necessitava. Mas pelo visto não estava funcionando. Ele ainda não tinha entendido porque ele tinha que gostar justamente daquela ruiva? Ele nunca foi de se prender a mulher alguma, no entanto ele não entendia a si mesmo quando se tratava dela.

Lógico sempre fora um arrasador de corações, como ela costumava dizer. Algo desde o primeiro ‘não’ dela o levara a persistir no assunto, mas agora ele simplesmente parecia exausto, o próprio ar que ele respirava parecia veneno para seu corpo. Era uma sensação nunca experimentada antes por ele. Nunca estaria cansado dela, mas queria um final. Até agora, a história havia sido cheia de vai e vem, e bastante irregular. Agora ele queria que tudo finalmente passasse a andar em linha reta.

Mas era impossível.

Ela saiu do banheiro, enrolada em uma toalha. Era impressionante o grau de intimidade entre dois, pareciam dois irmãos. O que o fazia pensar terrivelmente em incesto. Ela era absolutamente linda, sorriu de lado sendo irônico para si mesmo, e fora a única que resistira tanto tempo assim a ele, mas ele havia resistido a ela? Mais uma das perguntas para o cálice vazio responder.

Ela falava alguma coisa, na qual ele não prestava atenção, seus ouvidos não estavam atentos a nada, nenhum som emitido era registrado por ele. Jack ainda estava perdido em seus pensamentos.

Por que diabos os deuses tinham que ser tão maus e lhe dar todas as que ele queria, mas nunca a que ele desejava? Era um enigma, talvez achassem que não tinha direito sobre ela. Mas...

- /Jack, você está me ouvindo/- ela falou em alto e bom som, para ele que ergueu a cabeça do cálice.

- /Não./- ele admitiu sem remorso..

Ela estreitou os olhos em uma expressão de descrença.

- /Estava, pensando em coisas melhores./- ele disse, sem conter a vontade de provoca-la.

- /Por exemplo...?/

- /Quando você irá tomar o seu sexto banho, para eu aproveitar e ir junto./- falou olhando-a sério.

- /Quando você vai perder essa mania?/- ela perguntou, voltando a procurar uma roupa.

- /Quando você deixar a porta destrancada./- ele continuou sério, e voltou a olhar para o cálice.

Ela chegou perto dele, e se ajoelhou na sua frente, apoiando os braços nos joelhos dele e fazendo-o encara-la.

- /O que há com você?/- ela perguntou, com leves rugas de preocupação na testa.

- /Nada, por que não pareço normal?/

- /Você não me engana, Jack, você não está bem. Está muito estranho./

- /No que se baseia para dizer isso?/

- /Nós nunca mais brigamos./- ela falou segurando a mãe dele.

- /Bom, não temos tido muito tempo para nada, não é mesmo?/

- /Não me deu sequer um abraço! Se me disser que isso não é estranho, eu tomo outro banho e deixo você vir junto!/- ela brincou.

- /Assim eu fico tentado./- ele falou abrindo um leve sorriso para encara-la – /Quanto a meus abraços, eu sempre soube que você sente falta./ então colocou a taça sobre a cama ao seu lado, levantou-se e lhe envolveu a cintura com braços firmes, sentido-se menos conturbado, mergulhando o rosto nos cabelos molhados dela que ainda cheirava a xampu e na pele macia do seu pescoço.

Ela era mais. Com certeza. Ela era mais.

- /Satisfeita?/- perguntou no ouvido dela.

- /Talvez, mas acho que você vai precisar trabalhar muito para recuperar os abraços perdidos./- ele sorriu ao ouvi-la dizer aquilo.

- /Você consegue sentir isso?/- ele perguntou se afastando um pouco e com a expressão mais soturna, era como se o ar estivesse pesado como se alguma coisa estivesse vindo... Esperando... Uma coisa que ele nunca sentira antes e fazia seus pelos da nuca se arrepiarem. Não sabia explicar.

Ginny olhou no fundo daqueles olhos azuis magníficos, e entendeu o que ele queria desesperadamente dizer, ela também vinha sentindo isso, mas tentava ignorar.

Acenou com a cabeça para dizer que sim. Com um impulso recostou sua cabeça no peito dele,o Tigre passou a mão pelos cabelos dela, encarando a parede a sua frente.

Ela levantou a cabeça para encara-lo e ele lhe deu um beijo leve como um sopro na bochecha, para depois perguntar-lhe:

- /Está tudo pronto?/

- /Sim/- ela respondeu continuava a encara-lo - /O que era quilo que você estava tomando?/

Ele tinha plena consciência que se dissesse a verdade ela armaria um escândalo, ela tinha passado a semana implicando com ele dizendo que ele poderia ter um colapso a qualquer instante de tantas doses de poção para animar seguidas, mas era preciso. Então ele mentiu.

- /Nada./- falou com a expressão indecifrável, mas ela não acreditou.

- /Tem certeza?/- ela disse desconfiada se afastando e indo em direção a cama onde o cálice estava.

- /Só suco./- falou apressado e indo atrás dela, mas ela já pegara o cálice de vidro na mão e girava-o em baixo do nariz sentindo o cheiro do conteúdo que estivera lá dentro.

Ela já sabia o que era.

- /Acho que suco não tem essa dosagem gigantesca de pó de chifre de unicórnio./- ela falou cética com ele, o Tigre apenas lhe deu um sorriso esperto daqueles inclinados para um lado só. - /Jack eu não acredito que você estava tomando mais uma dose de poção para animar!/- ela falou indignada.

- /Perspicaz como sempre não é?/- ele falou ainda com o sorriso no rosto.

- /Não fuja do assunto!/- ela ralhou com ele como que fala com uma criança que aprontou alguma brincadeira muito errada.

- /Não me culpe ta legal Raposa./- ele falou andando em direção a ela e tentando tirar o cálice de suas mãos, mas ela o escondeu atrás das costas.

- /Como assim não te culpar! Você está tomando doses cavalares disto aqui, a quantidade que você toma por dia daria para fazer um basilísco dançar rock!/- ela disse alterada.

- /Eu sei que tenho tomado com mais freqüência do que nunca, mas não exagere ta legal?! E se não fosse por isso eu estaria desmaiado de canção neste exato momento. Só nós sabemos o que eu tenho passado, o quanto temos trabalhado, faz dias que não durmo direito e acordo pior do que o quando fui dormir./- ele argumentou.

- /Isso não justifica Tigre! Você pode passa mal a qualquer momento, por ingerir tantas doses diárias!/- ela disse com o semblante preocupado.

- /Relaxe eu nem estou tomando tanto assim./

- /Quer dizer que sete cálices por dia não é muito!?/- ela disse incrédula.

- /Já disse relaxe eu sei o que estou fazendo. Alem do mais se ocorrer de eu passar mau você vai estar lá não? Como sempre esteve./- disse Jack sem dar muita importância a sua preocupação.

- /Eu estou falando sério!/- ela disse quando ele lhe deu as costas.

Ele apenas ignorou o que ela disse, e pegou a roupa que estava separada nos cabides, levando até ela disse:

- /Vista-se , ou vamos nos atrasar, eu vou tomar um banho./- ele disse frio sem parecer ter ouvido nada. Ginny estava de boca aberta, o que estava acontecendo ali, aquilo definitivamente era muito estranho! Não que ela não pretendesse faze-lo, mas o Tigre mandando ela se vestir! Isso era inédito e inimaginável! Ele realmente estava diferente.

-/Tigre o que você tem?! E nem adianta dizer que está bem, porque não está!/- ela disse confusa..

Ele parou de andar, e olhou para ela por cima do ombro, não disse absolutamente nada. Voltou sua atenção em direção a porta do seu banheiro e entrou sem dizer uma palavra, deixando uma Ginny estupefata para trás.

Ele saiu do banheiro algum tempo depois, empurrou a porta que estivera este tempo todo entreaberta. E saiu com a toalha amarrada na cintura. Foi direto na direção do seu guarda-roupa, procurou a roupa que iria vestir e colocou-a em cima da cama, quando colocou a mão sobre o nó da toalha para despi-la e se vestir adequadamente ouviu a voz dela:

- /Ivanovitch quer falar conosco antes de irmos./- ela falou e saiu do quarto, imediatamente.

No mesmo instante foi como s tudo congelasse como uma parada no tempo, e ele pensou, ela estava brava com ele.

Sim ela estava, uma raiva descomunal se apossou dele e ele deu um soco na parede que fez sua mão latejar. Por que ele tinha que ser tão idiota?! O que estava acontecendo?! Ele simplesmente estava deixando aquela tensão, aquele sentimento que fazia o ar que esse respira ficar pesado , controla-lo. Não sabia o que estava fazendo. Não sabia mais o queria, não sabia mais o que fazer... Não sabia de nada...

Vestiu-se com rapidez, e se encaminhou para o escritório do chefe o último quarto na torre. Depois de subir todas as escadas que poderia imaginar, ele deparou-se com uma porta preta com entalhe. Bateu três vezes e girou a maçaneta para entrar.

- /Boa noite Tigre./- disse o homem grisalho sentado na cadeira imponente localizada atrás da larga mesa cheia de instrumentos de metal, e papeis.

- /’Noite./- ele respondeu.

- /Estávamos apenas esperando por você./- disse ele. Então Jack olhou os cabelos ruivos deslizando delicadamente pelo encosto de uma das cadeiras que estavam de frente para a mesa. Ela não se virou e momento algum para vê-lo entrar.

Com certeza ela estava zangada. Sentiu-se um idiota novamente.

- /Aqui estou./

- /Eu os chamei aqui, para me certificar de que está tudo certo, de que não falta nada./

- /Não falta nada, estamos prontos./- ela disse.

- /A poção já está preparada?/- ele perguntou.

- /Já só faltam os pedaços dos indivíduos./- disse ele prontamente, mas sem tirar os olhos dela, que não o encarava.

- /Ótimo, aqui estão eles./- disse o chefe dando a eles dois saquinhos com pequenos fios de cabelo. -/Este é o seu Raposa./- ele disse dando um dos saquinhos para ela que já esperava com a mão estendida. - /E este é o seu Tigre./ - disse dando o outro para o Tigre.

- /Obrigado./- disse o Tigre.

- /Não os percam, porque os prisioneiros já foram enviados para Moscou para um julgamento e depois para a prisão./

- /Tudo bem./- ela respondeu eficiente.

- /Então estão dispensados./- ele disse com um ar de evidente indagação.

Mas antes que os dois pudessem deixar a sala, ele continuou:

- /Ah, alguma coisa errada com vocês?/

O Tigre abriu a boca para responder mas a Raposa foi mais rápida negando categoricamente.

- /Não./

- /Por que?/- perguntou Jack.

- /Vocês iam saindo do escritório antes que eu desejasse “boa sorte”./- ele disse desconfiado.

- / É a tenção./- ele se justificou.

- /Deve ser, essa realmente é uma missão muito arriscada, sigam os mínimos detalhes e estejam sempre alerta, certo?/- ele recomendou preocupado.

- /Pode deixar./- ela disse.

- /Agora, boa sorte./- ele disse com um sorriso e os dois saíram da sua sala.

- /Malas feitas?/- ele perguntou para ela.

- /Sim./

- /Então vamos?/

- /Certo./- ela concordou.- /E a poção?/

- /Pronta./

- /Quando vamos tomar?/

- /Estava só esperando você voltar./- ele disse lhe entregando um cálice igual ao que continha anteriormente a poção para animar, mas agora não continha um líquido vermelho e sim um líquido viscoso marrom. - /Ponha os cabelos./- ele disse fazendo o mesmo e sua poção chiou, tornando-se de um verde lodo e adquirindo a densidade de água, ele a cheirou levemente, e torceu o nariz para o que sentiu. O cheiro era amargo.

A poção de Ginny ficou de um azul turquesa brilhoso que doía os olhos, e de consistência semelhante a cimento molhado. Por via das dúvidas ela resolveu tomar de uma vez sem aviso prévio, e o gosto não era tão ruim a julgar pela sua face inexpressiva. O Tigre fechou os olhos e prendeu a respiração, o gosto da sua correspondia ao cheiro.

Os dois já estavam perfeitamente trajados como pedia o figurino, e faltavam 10 minutos para a meia noite, as malas já havia sido devidamente encolhidas tornadas mais leves para que pudessem carregar.

-/Eu alterei alguns ingredientes para a transformação só acontecer dez minutos depois que a poção for tomada, assim ninguém que ainda esteja aqui poderá lhe ver coma aparência da Sombra./ - ele explicou.

- /Todas a poções que estão nos frascos são assim?/- ela perguntou se referindo aos frascos cheios de poção que iriam ter que levar para manter a aparência que iriam adquirir.

-/Não, as outras fazem efeito instantâneo./- ele falou sério.-/Vamos descendo, já está quase na hora./- ele disse inexpressivo, e ainda sentindo aquele gosto horrível na boca, o que quer que fosse naquela poção que a fizesse tomar tal gosto definitivamente era uma coisa horrível.

Ela não respondeu e o seguiu, eles saíram do quarto e ganharam o corredor, cada passo em direção as portas os levava mais perto do fim. Eles poriam um fim em tudo aquilo. Quando faltavam três degraus para finalmente pisarem no chão do saguão de entrada, Ginny não agüentou e perguntou.

- /Então você vai ou não me dizer qual é o seu problema?/

- /Problema?/- ele perguntou como quem não sabe do que ela está falando parando também.

- /O porque de você estar agindo assim?/

Ele a olhou profundamente com os olhos azuis gelo, nos quais ela não conseguia decifrar nada, estava tudo tão oculto... Então por impulso, ele a beijou. Ginny assustou-se, com a intensidade, e com a surpresa, e ficou no primeiro momento sem reação, mas logo depois parecia que algo morno e confortável a invadia por dentro preenchendo cada parte do seu ser, e assim ela sucumbiu fechando os olhos lentamente. O beijo era fugaz e ávido como nenhum jamais fora para ela, era totalmente.. Não sabia o que pensar, não queria pensar, não queria entender. Então tão subitamente como começara ele quebrou o contato entre os dois, parando por alguns segundos ofegantes encostando a sua testa a dela.

- /Prometa que se alguma coisa acontecer comigo você vai voltar imediatamente para cá e abortar a missão./- ele ordenou com os lábios vermelhos, e inchados, a voz falha pela respiração ainda ofegante.

- / Que coisa ridícula... Por que você está dizendo isso?/

- /Prometa./

- /Não. Lógico que nada irá acontecer, vai correr tudo bem./- ela falou sorrindo.

-/Por favor, Raposa... Eu estou pedindo pro favor, se algo acontecer comigo, volte imediatamente sem olhar para trás, sem correr riscos ta legal?/

-/Tigre olhe com quem você está falando... /- ela disse gentilmente passando a mão no rosto dele. - /É a Raposa... Do que você tem medo?/

- /Não se desvie do assunto ou nós vamos nos atrasar. Prometa, e poderemos cumprir com o nosso trabalho rápido./ - ele falou sério.

- /Mas.../

- /Escute, eu tenho sentido um pesar muito grande, desde algum tempo, algo que eu não sei o que é, mas não é bom.../- ele começou e foi interrompido por ela.

- /Como se algo estivesse nos esperando, um flash.../

- /Exato. Prometa, e nós seguiremos com a nossa parte na missão como sempre foi e esqueceremos isso aqui, como você deseja./- ele falou com certa urgência na voz.

Algo nas suas palavras a machucara, e ela finalmente se afastou alguns centímetros dele. Ela queria esquecer aquilo? Seu peito latejou levemente e suas entranhas pareceram afundar um pouco. È, ele tinha razão. Talvez fosse melhor sim, e era o que ela desejava. Não era...?

Os olhos dele a encaravam ainda indecifráveis e azuis, e exalavam uma urgência. O Tigre precisava ouvir uma resposta dela. E rápido, pois estavam quase perdendo a hora.

- /Tudo bem./- ela falou.- /Eu prometo./

Ele suspirou de alívio ao mesmo tempo que sentia algo pesado dentro do peito.

- /Agora vamos. Já está na hora./- ele disse segurando a mão dela

Os dois fizeram algum esforço para abrir as portas pesadas, mas logo foram ajudados por Damien que apareceu vindo da cozinha, e despediu-se deles. Os dois saíram para a neve e o vento congelante que turvava a visão de ambos, tudo a sua frente era branco, um deserto branco infinito.

- /Vamos./- ela disse segurando na mão dele, e começando a andar com alguma dificuldade na neve um pouco fofa, fazendo seus pés calçados em botas afundarem. Alguns centímetros na neve relativamente fofa. Uma lufada de vento particularmente fria, fez o seu rosto formigar, e então ela deixou para trás tudo que não fosse sua missão. A neve sob seus pés o vento bagunçando, seus cabelos ruivos, que agora encurtavam e se transformavam nos cabelos loiros do homem que agora estaria sendo julgado. Lentamente e de forma nauseante ela se tornou Yuri Kamarof. Quando a transformação já estava completa, sua mente estava totalmente voltada, para o plano: Explodir a fortaleza das sombras. Tudo parecia mais claro agora, os fatos estavam organizados em sua mente concentrada, sem interferências externas, sentiu-se como das outras vezes, pronta, para fazer o que havia sido mandada. A preocupação e a tensão dos dias anteriores pareceram se perder no meio do vento que arrastava o medo junto com a neve. Sentia-se impenetrável.

Ela olhou para o Tigre ao seu lado, mas ele não era mais o Tigre era um homem de olhos azuis escuros, mais ou menos da sua estatura, de ombros largos, rosto cansado, e cabelos loiros claríssimos. Tirando o rosto que era bem mais velho, ele estava bem parecido com o irmão, principalmente pelo cabelo loiro platinado, que eram bastantes semelhantes, que eram característicos da família Malfoy, e Jack não os herdara pelo fato de mãe ter os cabelos negros, mas aparentemente isso havia sido a única coisa que havia restado dela nele. O resto era absolutamente igual ao pai e conseqüentemente ao irmão.

Ele sorriu para ela com uma boca diferente, revelando dentes estranhos para ela.

- /Por um momento achei que você havia se tornado o Pirralho./- ela disse sorrindo e achando esquisito a voz diferente que saia da sua boca.

- /Raposa, não seja cruel, o Antony não é lá essas coisas em matéria de beleza, mas isso aqui também é demais./- ele disse apontando para o próprio peito.

Ele estava de volta. Ela sorriu.

- /É por causa do cabelo, a diferença é pouca./- ela disse passando a mão no novo cabelo dele.

- / É, o do Antony é um pouco mais claro./- ele concordou.- /Mas é bom não ficar passando a mão em mim, eu sei que eu sou irresistível mesmo com essa aparência, mas ainda assim pega mau um homem passando a mão no meu cabelo./- ele disse apontando para ela.

- /Espere até eu voltar até a minha forma original e você vai ver./- ela disse sorrindo. -/Como é o seu nome?/

- / Sergej Lukyan./- ele disse fazendo charme enquanto andavam na neve.

- /Nossa que imponente. O meu é: Yuri Kamarof, muito prazer Sr. Lukyan/- ela disse.

- /Prazer./ - ele respondeu, com um comprimento muitíssimo tradicional, dentre as famílias antigas russas bruxas.

- /Nossa de onde você tirou isso?/- ela perguntou espantada.-/Esse cara era pré-histórico ou o que?/

- /Sr. Kamarof, o senhor, não é muito mais novo que eu, permita-me lembrar-lhe./- ele disse muito polido. -/Como pode ver, sou um homem muito cordial./

- /Suponho que esteja certo, é melhor encarnarmos logo nos personagens, que nojo!/- ela falou com desgosto, exibindo uma feição de repugnância.- /Odeio pensar nas minhas mãos, como isso./- falou olhando para as costas das mãos, meio enrugadas.

- /É a vida, e o tempo./- ele falou, mas ela já o encarava com uma feição diferente, e nem sequer parecia um dia ter sido a ruiva, agitada, e alegre, que na verdade era. Ali era apenas uma carcaça de um homem velho, desgastado e fanático.

- /Cale a boca, Sr. Lukyan vamos logo com isso, hoje temos uma reunião importante, com a Cobra./

- /Você tem razão Kamarof./

Então os dias passaram a andar um pouco mais rápido quanto mais tempo conseguisse poupar, era mais tempo para utilizar no reconhecimento do terreno, que para o Tigre era considerada a parte mais difícil de todo o trabalho. Teriam que analisar a maioria dos lugares remotos, e sem movimentação da fortaleza das Sombras, para instalar a granada mágica, sendo que ele nunca tinham visto sequer a fachada da fortaleza. Seria difícil. Principalmente fazer isso sem que ninguém notasse, e o mais fundamental, conseguir sair de lá antes que tudo fosse pelos ares, e eles fosse juntos. A cabeça dos dois, era inundada de planos, de hipóteses que ambos especulavam para fazer com que o plano fosse executado. Os dois andaram uma grande extensão de neve branca que parecia se estender como um tapete branco puro a sua frente de forma infinita.

Depois de três horas andando no escuro, eles sentiram sair da barreira que separava o alojamento do resto do território, e que impedia qualquer um de aparatar naquele território. Ginny vasculho as informações que havia armazenado árdua e lentamente em sua mente, e tentou se localizar, fez o feitiço dos quatro pontos para checar a direção certa. Estavam indo no caminho certo. A escuridão, era pesada, mas ainda assim as estrelas brilhavam de forma impressionante, parecia que nunca havia visto estrelas mais brilhantes que naquele dia. A lua estava cheia e passaria os próximos quatro dias assim.

Depois de muito andar, aparentemente desnorteados, mas na mente de cada um dos dois, um sinal era reconhecido extraído das lembranças vistas das sombras prisioneiras, até que finalmente chegaram a um monte de neve que não era estranho a nenhum dos dois.

- /É aqui Kamarof./- disse o Tigre. Apontando para o monte de neve perto de um tufo sem vida de uma plantas rasteira qualquer. O que não era tão comum num deserto de gelo.

A Raposa chutou o monte de neve que ia até a sua cintura, e sim, eles haviam chegado, o monte ressoou um barulho oco, diferente do que faria se fosse realmente neve ou gelo, era uma passagem transfigurada. Não demorou muito e uma voz soou no desconhecido, mas ambos sabiam que ela vinha do subterrâneo, e sabia o que a frase que ela dizia realmente significava.

- /Estou perdido!/- a voz gritou para o ar.

A Raposa registrou como sendo a senha, ela deveria responder para que pudessem abrir a passagem.

- /Estou aqui!/- ela gritou em resposta, essa era a resposta que a pessoa procurava, apesar de parecer uma simples conversa, ou chamados de dois perdidos no meio de todo aquele gelo, eram as senhas necessárias para permitir que a passagem fosse aberta. No lugar do monte de neve, surgiu um alçapão, de ferro, que se abriu sem ruído nenhum o que seria praticamente impossível sem um feitiço amortecedor. Lá dentro puderam ver os contornos de alguém com vestes cumpridas e negras iguais as que eles usavam com o capuz que encobria quase todo o rosto tornando impossível reconhecer alguém em toda aquela penumbra, tendo apenas as varinhas e a lua como fonte de luz. Tudo que eles viram foi a silhueta difusa de um bruxo apontando a varinha para eles.

Ela foi buscar no fundo da sua mente, na ultima vistoria que havia feito na Sombra antes de vir, e se lembrou que deveria estar no turno desta noite.

- /Diestrov, boa noite./- falou fazendo uma imitação muito boa, do jeito que o verdadeiro Yuri Kamarof falava.

- /Kamarof. /- o outro falou com aversão, como se constatasse algo desagradável. E saiu do alçapão por uma escada escondia nas sombras. -/Vistoria./- falou ele, gélido.

-/Você sabe que somos nós, Diestrov/- falou o Tigre, soando também muitíssimo convincente.

-/Procedimentos de praste Lukyan. Você nunca vai se acostumar não é?/- falou a voz que vinha de dentro do capuz, que parecia ser e era feminina, de acordo com as informações que ambos tinham.

A mulher saiu totalmente do alçapão e perguntou.

- /Vocês moram por aqui?/

- /Não, na Espanha./- os dois responderam em uníssono.

- /Acolhemos a pessoa pelo traje que enverga./- ela começou de novo.

- /Mas a despedimos conforme a cultura que mostrou./- eles responderam, pronto agora, ela tocaria levemente o pulso e eles deveria fingir uma dor lancinante na cabeça. Essa era forma que eles eram ligados, uma forma de identificar-los. Cada Sombra tinha uma Maldição sobre si que os liga fisicamente, o guardião tinha uma das mãos que era como uma prótese preta lustrosa semelhante a uma simples luva, que se encaixava perfeitamente na ligação do cotovelo, tinha um olho tatuado em prata pura no outro pulso, o guardião fazia um movimento displicente de passar a mão negra sobre o olho no pulso e os cortes da tatuagem se abriam novamente tão vivos quanto no momento em que haviam sido traçados. Quando isso acontecia as Sombras que estivessem por perto sentiriam uma dor de cabeça excruciante, e a sua visão se tornava escura e turva. Quando o ministério soube disso, entenderam porque todas as tentativas de disfarce foram infrutíferas anteriormente, e todos os aurores que tentavam desaparecia e com o tempo eram dados por mortos. Nunca haviam conseguido capturar uma Sombra e mantê-la viva tempo suficiente para se extrair alguma informação, esta será a primeira vez. Na maioria das vezes as Sombras cometiam suicídio, antes que algum dos aurores pudesse investigar algo, e a Raposa não fazia a mínima de como havia feito para que a mesma história não se repetisse com Kamarof e Lukyan. O fato foi que a mulher estranhamente deu-se por satisfeita, e os deixou entrar.

- /Entrem, vocês quase chegaram atrasados./- ela disse.

- /Atrasados?/- perguntou o Tigre confuso falando rápido exatamente como Lukyan falava, Ginny segurou a vontade de dizer o quanto ele soava estranho coma voz daquele jeito, mas conseguiu se conter para ouvir para o que estariam atrasados.

- /Sim, a Cobra já está ai, dentro de alguns minutos deve começar a reunião./ - A mulher falou em um tom de quem não acredita.

- /Merda!/- foi tudo que Ginny pensou em dizer, e desceu as escadas apresada, entrando de vez no alçapão e o Tigre ao sue encalço. Havia ido por pouquíssimo que não haviam se entregado, mas ainda assim poderia usar a desculpa de que estavam em missão e que não tinha como saber.

Eles se olharam assim que penetraram no corredor iluminado por archotes nas paredes de pedra entalhada com desenhos marcados em baixo relevo, em outra situação Jack pararia e gastaria um bom tempo examinando os escritos das paredes, mas desta vez ele apenas passou os olhos rapidamente registrando certo interesse, mas seus olhos voltaram a recair no rosto de Kamarof, e ambos souberam o que se perguntavam. “Para que direção ficava a reunião?”

Mas para a grande sorte dos dois, três pessoas encapuzadas passaram, e ao vê-los parados no meio do caminho, falaram:

- /Kamarof! O que você ainda está fazendo aqui, homem? Estamos atrasados!/- disse uma voz, rouca por debaixo do capuz que lhe cobria o rosto.

- /Melhor correr!/- disse o outro mais baixo ao seu lado. Ginny reconheceu a voz de um deles, o que falou primeiro, como sendo Vitchaj um homem novo, de mais ou menos trinta anos e cabelos pretos. O segundo não se recordava em nada.

As Sombras saíram andando bastante apressadas, na sua frente, e ela e o Tigre se entreolharam e seguiram eles a passos rápidos. Eles foram se aprofundando cada vez mais na fortaleza subterrânea, e tentavam a todo custo memorizar o caminho que os levará até lá, mas era uma tarefa bem difícil visto que poucas vezes tinham um ponto de referencia, e as imagens que tinham visto nas mentes das reais sombras aprisionadas, não eram de grande ajuda, já que também não possuíam nenhum ponto de referencia.

Depois de andar durante mais ou menos dez minutos em curvas e corredores absolutamente parecidos, eles chegaram em um largo corredor que se dividia em 5 portas. Os seus guias não hesitaram nem por um instante e tomaram a segunda porta contando da esquerda para a direita.

Eles se viram em um enorme salão, bem iluminado por archotes de ouro e velas que flutuavam a dois metros acima das cabeças dos ocupantes que não eram poucos, o chão era todo coberto por um tapete que parecia ter sido feito sob medida para o local e continha desenhos vermelhos e dourados, nas paredes os entalhes modificavam seu estilo e pareciam ser a narração de uma história através de desenhos. No outro extremo do salão que se encontrava lotado com umas cem pessoas todas vestidas de preto com capuzes no rosto, irreconhecíveis, estava uma cadeira, extremamente adornada, mais parecida com um trono que estava vazia.

Alguns outros retardatários entraram depois deles e as portas se fecharam, com um leve estrondo. O burburinho que antes tomava conta dos ouvidos dos presentes cessou instantaneamente, e uma porta no fundo do salão perto do trono se abriu e uma pessoa alta saiu de lá, ela ou ele estava trajando vestes de veludo que ia alem de seus pés, um capuz que cobria o rosto impossibilitando qualquer tentativa de identificação, com uma postura imperiosa e imponente um andar leve e ameaçador, que causava arrepios nos presentes. A Cobra se sentou no trono confortavelmente, e todos fizeram uma reverência exagerada. Ao que aprecia todos ali eram fanáticos, tratavam seu líder como um verdadeiro Deus!

- /Silêncio!/- a figura falou secamente, embora não fosse preciso já que todos fazia um silêncio mórbido como se suas vidas dependessem daquilo. Bom, e talvez dependessem mesmo.- /Espero que tenham sido bem sucedidos em realizarem os trabalhos que lhes foram ordenados , e que não me envergonhem./

Algumas Sombras se moveram desconfortáveis diante daquela frase.

- /Convoquei esta reunião mais cedo do que era previsto por sérios motivos, tive que operar uma mudança de planos. Não faz muito tempo que tomei conhecimento de certos planos audaciosos do ministério russo contra nós. Mais uma de suas ridículas investidas contra nós, que nunca funcionam. Ele são realmente persistentes devo admitir, não dão valor algum as vidas tolas que mandam atrás de nós que sempre têm o mesmo destino que as anteriores, a morte. Não aprendem nada com as lições que viemos ensinando a eles, e logo em seguida manda outros tolos trás de nós, em caminho a morte certa./

Fez se uma pausa, então ele continuou.

- /Todos nós estamos cansados dessas tentativas. E estes novos planos são exatamente, mandar mais uma dupla de aurores amadores para nós. Desta vez eles tem mais informações que das outra vezes eu acredito que sabem até a a localização da nossa fortaleza, mas não faz mal; desta vez vamos fazer com que eles finalmente aprendam a lição./

O estomago de Jack se revirou como se tivessem dando um nós em suas entranhas, eles sabiam, como eles poderiam saber? Alguém do lado delas andava passando informações para A Cobra.! Era alguém muito bem informado pro sinal pois aquelas eram informações secretas, a missão de a cada dupla era de sigilo total!

-/A dupla deve estar chegando em três dias acho por isso resolvi passar as informações para vocês o mais urgente possível. Desta vez, quero que deixe-nos entrar, deixem que penetrem na fortaleza, e ajam como se houvessem acreditado do disfarce deles, esperem eles passarem informações erradas para o chefe da sua cessão, e então nós os aprisionaremos./

Quer que seja que passara as informações para A Cobra passara as informações serradas, sorte para os dois. Mas tinham que tomar mais cuidado ainda, e ser muito cuidadosos.

- /Quero que extraiam deles todas as informações possíveis, então dois dos meus iram tomar o lugar deles no ministério, e informa-los erroneamente, levando-os a um lugar onde estará preparada uma emboscada./

A multidão explodiu em murmúrio de aprovação, e o Tigre a Raposa se encaram, ambos com uma sensação gelada no estômago, mas também se juntaram ao coro de murmúrios em aprovação ao plano. Dentro de si eles pensavam que o plano só havia um furo... A dupla de aurores amadores já estava lá dentro.

A reunião continuou durante algum tempo e A Cobra explicou os detalhes do plano a todos, depois que tudo acabou ela dispensou todos excerto um grupo que ficou lá, para conversar sobre o plano, eles supunham, mas logo foram embora junto com o resto. A Raposa vasculhava na sua mente, o que Yuri Kamarof faia depois de uma reunião, ela estava fisicamente exausta fora uma longa caminhada, e logo teria que tomar a outra dose da poção antes que o efeito da dose anterior se fosse. Ela iria comer alguma coisa e depois iria se dirigir ao seu dormitório.

- /Sr. Lukyan eu irei jantar, com licença./- dizendo isso se afastou andando, e o Tigre ficou um tempo parado preocupado por ela estar saindo de perto, nem que fosse por alguns instantes rápidos, eles tinham que ficar juntos, para evitar qualquer ameaça eram muito mais vulneráveis separados. Mas não tinha escolha, e fez o que o verdadeiro Lukyan faria depois de uma reunião, foi se deitar. Caminhou pelos corredores que aparecia levar até os seus aposentos esperando sinceramente que não errasse o caminho.

Era tarde da noite, mas Jack continuava acordado o quarto onde estava acomodado não era confortável, mas era melhor do que esperava, tinha uma poltrona preta, uma cama de solteiro uma pequena estante vazia de livros que tinha apenas alguns fracos, um caldeirão velho e alguns cadernos, abarrotados de anotações. Estivera sentado na poltrona toda a noite, não tinha sono, não tinha tranqüilidade o suficiente para dormir, e diversas vezes pensara em ir procurar onde Kamarof dormia, e saber se estava tudo bem, aquilo parecia mais uma clausura do que um alojamento.

Encarava o teto com os olhos vidrados a adrenalina crescente no sue sangue o impedia que adormecesse, a todo momento esperava uma figura encapuzada invadir o lugar apontando a varinha a bradando feitiços. Foi até a estante, e pegou um dos cadernos com anotações, folheou a procura de algo relevante, quando seus olhos bateram em desenhos, e inscrições em uma língua ou dialeto que ele não conhecia, não era irlandês, russo, inglês, ou qualquer outra língua que ele tivesse conhecimento, continuou passando as páginas e os desenhos se moviam, parecendo símbolos de um caleidoscópio. Pareciam descrever rituais, mas ele jamais ouvira falar de um ritual como aquele, algo parecia ser sacrificado...

Pegou os outros cadernos e começou a folhear, e depois de algum tempo percebeu que os desenhos emitiam leves sons, vozes, como se os personagens estivessem encenando o ritual naquele momento, várias formulas, poções, ingredientes feitiços, Aquilo deveria ser magia negra fortíssima! Então se deu conta de que Lukyan deveria ter sido em algum ponto da sua vida, Mestre das Torturas. Pelas figuras, era o que dava a entender, e sabia todo tipo de coisas sórdidas, e perigosas... Ele estava levemente alarmado com a descoberta, não havia explorado esta parte da mente do prisioneiro enquanto ele estava sob seu poder.

Concluiu que aqueles cadernos poderiam ser úteis para algo quando saíssem dali, então lançou-lhes um feitiço redutor e guardou-os em um dos bolsos internos das vestes.

Olho no relógio de Lukyan, já eram dez horas da manhã, esse era o horário que Lukyan costumava acordar, então decidiu que já era hora de sair do quarto, como a verdadeira Sombra não costumava tomar café ele simplesmente tomou uma dose da poção para animar e outra dose da poção polisuco, e saiu do quarto; estava mais do que na hora de ele começar a explorar o lugar.

Saiu do quarto, e seguiu por um corredor que ele sabia levar aos andares mais subterrâneos, era o melhor lugar para se colocar uma granada mágica, na base da estrutura. Continuo andando, estava em um corredor cheio de portas, que de acordo com as memórias de Lukyan deveriam ser mais dormitórios, se perguntou se Ginny estaria em algum daqueles aposentos, e ficou realmente tentado e abrir a porta de algum para testar, mas conteve o impulso e continuou andando cada vez descendo mais. Agora a iluminação já estava bem precária, os archotes estavam cada vez ais distantes um dos outros e calculou que deveria estar a uns seis andares abaixo do seu dormitório. Observava o lugar que agora tinha as paredes úmidas quando esbarrou cegamente em alguém. Ambos caíram no chão, ele levantou-se rápido sentindo a palma da mão arder, por ter esfolado-a contra a parede áspera em busca de algum apoio não encontrado.

- /Quem é?/- ele perguntou, para o escuro e viu uma silhueta.

- /Sou eu Kamarof, Lukyan./- disse uma voz conhecida para ele. Por via das dúvidas acendeu sua varinha para confirmar, e a pessoa levantou o capuz, revelando o rosto de Yuri Kamarof.

- /Você me assustou, o que faz aqui?/- ele perguntou grosseiramente como faria Lukyan.

- /O mesmo que você/- o outro respondeu.

Ambos sabiam do que estavam falando.

- /Encontrou?/- Perguntou o Tigre

- /Até agora acho que o melhor lugar, são os calabouços, são os cômodos mais profundos./

- /Concordo./

- /Que tal nos calabouços e no nível dos dormitórios/-ela perguntou.

- /Perfeito./

E uma voz desconhecida soou atrás dele.

- /Lukyan?/

- /Sim./- ele respondeu áspero como sempre.

- /Estávamos lhe procurando, o Conselho dos Sete vai se reunir./

Tanto Ginny quanto o Tigre sabiam que o conselho era o grupo de estrategistas, que preparava, alguns dos planos e que eram vigiados de perto pela Cobra.

-/Tudo bem./- ele disse, sem demonstrar a insatisfação de não poder ter tido mais tempo para conversar com Ginny sobre a execução do plano, mas deveriam ser mais cautelosos. E os dois seguiram andando.

-/Achei que provavelmente o acharia aqui, lembrando os velhos tempos./- falou o outro.

-/Sinto falta de diversão./

-/Acho que breve, não poderá reclamar mais de falta de diversão./- disse o outro misteriosamente.

- /Ótimo./- falou o Tigre soando satisfeito.

- /A Cobra cuidou disse, você irá saber.../

E com um aceno da cabeça ele deixou Jack na frente de uma porta de madeira pesada e seguiu seu caminho em outra direção.

- /Lukyan?/

- /Claro, estão esperando mais alguém?/- ele respondeu, de forma um tanto quanto rude.

- /Não./- disse o ouro bruxo sério.

- /Você está atrasado./- disse outro de forma seca.

- /O idiota, que mandaram me procurar, só me achou agora./

- /Onde você estava?/- o perguntou o mesmo que falou primeiro.

-/Nas masmorras./

- /Sentindo falta do antigo trabalho?/

- /Ainda consigo ouvir os gemidos.../- ele falou com quem lembra de um natal em família.

- /Boa noticia./- disse o outro.

- /Como assim?/- ele disse sem entender o que queriam dizer com aquilo.

- /Nós temos uma boa notícia para você./

- /O intuito é me deixar curioso?/- ele perguntou sendo direto.

- /Controle a língua se não quiser vê-la no fundo do meu caldeirão./- um deles retrucou, parecendo levemente irritado.

- /Como você é o nosso mestre das torturas, é o mais qualificado para tanto./

- /Nós decidimos que é você quem vai cuidar dos invasores, quando eles chegarem, você vai tratar deles, será o encarregado de conseguir informações usando os métodos que escolher./- disse o que tinha a voz mais grave.

Lukyan deixou transparecer um ar de satisfação, e o leve contorno de um sorriso nos lábios.

- /Tem permissão para o que quiser, mas não os mate, nenhum dos dois, até que tenha permissão para tanto./- disse mais um com ar de quem se diverte, com a frustração esboçada no rosto de Lukyan.

- /Fique esperto eles devem estar por aqui esta semana. /- ele foi avisado.

- /Ótimo/- ele disse satisfeito.

- /Já pode ir./- disse o de vos grave.

- /E prepare seu repertório./- completou um deles antes que ele fechasse a porta .

As coisas estavam começando a ficar ativas

Ginny não fazia idéia de que horas seriam, ali naquele fortaleza, que do seu ponto de vista parecia muito mais com uma tumba do que com qualquer outra coisa. Era difícil respirar, pois até o ar em si parecia pesado demais, venenoso. Ela não conseguira descer mais alguns andares em direção a base da construção, mas não achou uma boa idéia arriscar em ter que passar pelo guarda que ficava no corredor que levava aos níveis mais profundos, não conseguiu pensar em uma desculpa suficientemente boa, que não a deixasse sobre suspeitas. O Kamarof original, não gostava nem um pouco das masmorras.

Estivera caminhando a esmo, durante toda a tarde, desejando arduamente que ninguém houvesse notado a sua dispersão. Tentava evitar a todo custo encontrar Sombras, analisava cada parte que passava, imaginando qual seria a melhor para se instalar a granada.

Ela arquitetava tudo minuciosamente na mente, tentava gravar cada curva que fazia, para que facilitasse a fuga na hora de sair do local antes da granada explodir, teriam que sair pelo mesmo lugar que entraram, afinal não havia outro meio de entrar na fortaleza. O lugar era recheado de feitiços, contra invasores, sem contar que mais parecia um formigueiro que uma fortaleza, tinha sempre Sombras fazendo ronda pelos corredores, outras simplesmente investigando o comportamento das demais, ninguém nunca ficava sem fazer nada, mesmo que aparentasse. Tudo parecia cheirar mofo, e a mistério.

Ela passou a tarde fingindo fazer ronda nos corredores de baixo, até ter um mapa construído mentalmente de como era o lugar, tinham que se preparar. Ela procurava o Tigre em todos os lugares, mas ele parecia não estar em lugar nenhum, ela não fazia a mínima idéia de que horas seriam naquele momento pois trancada naquele túmulo não tinha nenhum contato com luz natural, e Kamarof odiava relógios. Tinha perdido totalmente a noção do tempo ali naquele lugar. Vendo o movimento das Sombras que eventualmente surgiam no meio da escuridão de um dos inúmeros corredores e portas aos andares superiores ela resolveu subir, talvez já estivesse no horário da sal refeição já que nem todos comiam juntos. Dali iria para o seu quarto, mas antes tentaria a todo custo localizar Jack, uma veia na sua têmpora já começava a latejar de preocupação, enquanto ma voz na sal mente, a tranqüilizava, repetindo inúmeras vezes que ele estava bem.

Mas fora tão estranho a Sombra vir falar com ele, e dizer que o Conselho gostaria de falar com ele... Estava preocupada o que teria feito com ele, todo aquela conversa na reunião do dia anterior, fora um aviso teriam que tomar muito cuidado, será que haviam descoberto? Seu coração gelou com essa hipótese, e sentiu um arrepio na nuca. Impossível, ele vinha tomando as doses da poção regularmente, não tinha? E seu disfarce estava perfeito, nem ela poderia ter reconhecido o Tigre! Estava tudo bem. Claro que estava. Mas se, ele não tivesse previsto que o Conselho o prenderia na sala durante tanto tempo e o efeito da dose anterior passasse! O seu estômago deu uma volta, enquanto ela sacudia a cabeça para espantar a hipótese, dizendo a si mesma que ele deveria levar uma dose consigo assim com ela sempre fazia, afinal ele não era nenhum amador! Mas ainda assim aquela sensação permaneceu no seu estômago.

Tinha que acha-la, era bom ela ficar sabendo que ele era o mestre de torturas do lugar, e que estava encarregado de extrair informações dos supostos espiões que entrariam na fortaleza. Isso não era bom, ele tinha esperanças que pudesse ficar de fora dos planos para capturar os espiões, que tecnicamente eram eles dois! Isso despertaria suspeitas, já que os dois aurores disfarçados não chegariam tão cedo, não dentro do tempo previsto, pelo simples fato de que eles já estavam lá! Acabaria despertando suspeitas sobre os dois, pois, por mais que soubessem interpretar muitíssimo bem, nunca seriam como os verdadeiros Kamarof e Lukyan. Uma hora ou outra eles acabariam cometendo algum erro, por mais que tentassem evitar, era algo inevitável, portanto estas eram medidas de disfarce apenas provisórias, já que não passariam tanto tempo assim na fortaleza.

Mas afinal onde aquela ruiva tinha se enfiado; bem considerando a atual situação não poderia mais chama-la de ruiva. Já era tarde e ele tinha acabado de sair de uma “expedição” às masmorras e calabouços junto com outras duas Sombras para analisar se estava tudo em ordem, o seu ‘laboratório’ como costumava chamar, onde Lukyan realizava suas ‘experiências’ que geralmente envolvia alguém gritando e ele sempre com aquele sorriso cínico no rosto, bastante paciente.

Onde Ginny Weasley havia se enfiado?! Ele já estava a uma hora e meia andando pelos corredores escuros e cheios de curvas e não cruzava com ela. Já era tarde, talvez ela já tivesse ido se deitar. Kamarof deitava cedo? Ele não sabia. Na verdade teria que perguntar a ela onde eram os aposentos deste infeliz do Kamarof!

Quando já passavam das três horas da manhã ele realizou que a melhor opção seria deixar para o outro dia, mas teria que ser urgente ela teria que saber, teriam que ser mais cuidadoso do que o que vinham sendo, e seu primeiro dia ali parecia ser um ano, o tempo parecia não passar dentro daquele mausoléu...

E ainda perturbado com seus pensamentos hipóteses e preocupações, ele tomou outra dose de poção para animar,e sentiu o líquido correr as suas veias lentamente como um lençol que percorre delicadamente o seu corpo, e uma sensação invadir o seu cérebro cansado. Sentindo o leve toque de adrenalina fazer a sua pulsação aumentar e o sangue correr um pouco mais rápido nas veias, o Tigre deitou-se na cama e ficou olhando para o teto, seu sono parecia ter ido embora levado pelo sopro de adrenalina que se instalara em seu corpo dando a reconfortante sensação de disposição. Sem pensar duas vezes tomou outra dose que estava no bolso interno da sua capa teria que estar de pé as cinco horas em ponto, menos duas horas de sono não o fariam mau.

Então ele ficou olhando para o teto e organizando os fatos em sua mente um pouco mais alerta enquanto sentia sua circulação ferver levemente a dose de adrenalina aumentando no sangue e se espalhando como uma onda quente em uma noite fria.

Sentiu a respiração ser comprimida em seu peito como se tivesse lavado um soco excepcionalmente forte no peito, o ar fugiu de seus pulmões e sentiu a náusea tomar conta do seu estômago. Abriu os olhos sobressaltada, com a varinha em punho, sua visão era turva e o pequeno dormitório resumia-se a manchas difusas entre tons de marrom e preto. Seu estômago provou a ultimamente tão conhecida sensação de frio congelante, que feitiço era aquele?!

Sua visão era cada vez pior e a cada instante, que passava ela sentia a ardência em sal pele aumentar, o ar definitivamente havia abandonado as vias respiratórias. Fora atacada! Fora descoberta! Seu corpo ainda lerdo pelo sono mão dormido e cheio de interrupções, tentava entrar em alerta, o mais rápido possível, mas simplesmente não podia ignorar que sua pele estava borbulhando e derretendo.

O seu pensamento instantâneo foi: “Onde está o Tigre?”

Ela tinha que avisa-lo o mais rápido possível, se ela fora descoberta ele também fora, ele corria perigo! Muito perigo.

Deixou escapar um gemido de dor, quando seus ossos estalaram, por Merlim o que era aquilo...?

A porta do aposento se abriu de chofre, e um vulto negro entrou sussurrando tão baixo o que lhe apareciam palavras ininteligíveis. O Tigre precisava saber! Precisava sair dali o mais rápido possível, tentou se por de pé e passar pela pessoa que agora estava a sua frente, mas suas pernas fraquejaram em um tremedeira descontrolada, e ela teve que se apoiar na cama mau arrumada, para evitar que caísse totalmente no chão. Ainda assim, a tontura cada vez piorava, e ela deixou-se escorregar lentamente até o chão escuro do local. Estava tudo perdido. Sua cabeça rodava,e seu pescoço apoiava-se molemente na cama enquanto o vulto se abaixava e afastava cuidadosamente uma mecha de seus cabelos ruivos da frente no rosto a levantando cuidadosamente...

O estranho remexeu na sua roupa de modo frenético e com mãos trêmulas e ágeis. Então encostou algo em seus lábios e ela sentiu algo descer como barro molhado pela sua garganta. Ela se engasgou, sentou-se e tossiu, mas uma mão forte a fez deitar-se novamente, ela tentou-se debater, mas a pessoa segurou seus braços que se movia debilmente em todas as direções. Aos poucos sua respiração foi voltando aos jorros, e pôde sentir o alívio do oxigênio em seus pulmões, sua visão clareava mais, as náuseas permaneciam, mas pouco a pouco ela recuperava o controle sobre si mesma.

- /Por Merlin Weasley nunca mais esqueça de tomar a droga da poção!/- uma voz conhecida sussurrou ao seu ouvido, enquanto sal visão deixava de ser limitada apenas a machas disformes.

- /Jack?/- ela perguntou finalmente quando sua pele parou de borbulhar e arder, a náusea desapareceu, e ela sentiu-se melhor.

-/Claro que sou eu. E agradeça aos céus por ter sido eu a entrar pela porta deste cubículo, se fosse uma Sombra você provavelmente estaria trancafiada nos calabouços./

- /O que? Do que você está falando? Por que.../- ela disse sentando-se na cama e passando a mão pela cabeça sentindo os fios agora curtos e loiros.

- /Por que você teve esse ataque? Você esqueceu de tomar uma dose da poção polisuco, e estava sofrendo a transformação de volta ao seu corpo verdadeiro./- ele falou ainda aos sussurros.

Ela parou um tempo para associar aos fatos, e tentar se lembrar se havia realmente esquecido de tomar uma dose, e passou algum tempo assim. Era verdade antes de dormir ela não havia tomado nenhuma dose.

- /Nunca imaginei que fosse uma reação tão violenta./- ela comentou.

- /É muito diferente da poção tradicional, pode-se dizer; foi acrescentada uma dose considerável de emeróbios a mais, pra fazer com que a transformação dure mais. E a reação de mudança é bem mais violenta./- ele explicou.

- /Deveria ter imaginado. /- disse ela mais calma.- /Fui muito descuidada./

- /Não posso lhe tirar a razão./- disse ele.

- /Não irá acontecer de novo./- ela garantiu.

- /Quase me matou de susto, quando entrei e vi você com seus cabelos vermelhos se contorcendo no chão!/- ele disse pesaroso.

- /Eu também me assustei. Imagine acordar com o ar sendo tirado dos pulmões? Nada agradável achei que tinha sido atacada, estava prestes a ir atrás de você para alerta-lo./

- /Eu vim para alerta-la também./- ele disse com as feições sérias.

- /Alertar-me...? Sobre o que?Aconteceu algo?/

- /Lukyan é um mestre das torturas./

- /Mesmo? Achei que não existissem mais deles no mundo.../- ela falou na voz rouca de Kamarof saindo como um fiapo.

- /Eu também. Mas o pior.../- ele não chegou a terminar a frase, ela ligou um fato ao outro rapidamente e concluiu:

-/Não em diga que... Não diga que você ficou.../

- /Sim./- ele concordou.

-/É você quem irá torturar os supostos aurores buscando informações?/-e al disse no mesmo tom de voz que Kamarof usava.

- /Exato./

- /Nada bom, Lukyan, você sabe que os tais aurores,/- ela fez um gesto indicando os dois neste momento- /não irão chegar! O que apenas nos coloca mais na linha de fogo ainda, pois você estará envolvido no plano e atrairá muito mais atenção sobre você que o necessário./

- /Eu sei. É isso que me preocupa./

Pela sua cabeça passou o pensamento de que ele poderia recusar o cargo, mas foi varrido de sua mente instantaneamente era suicídio. Não se podia recusar uma ordem do conselho, e o tal Lukyan nunca renunciaria a este cargo se fosse uma Sombra, não seria característico. Era praticamente a mesma cosia que escrever na testa “eu sou um impostor do ministério”.

Sentiu um frio na barriga de pensar se tivesse sido pega, ainda agora... Sacudiu a cabeça, para afastar os pensamentos.

- /Parece que está tudo indo contra nós./-ela comentou de relance, ainda pensativa.

- /Não fale isso, a situação sempre pode ficar pior./- ele falou severo para ela, sugerindo o episódio de agora a pouco.

- /Já disse não vai mais acontecer./- ela disse segura de si. - /Eu também estive procurando por você, ontem, mas não te achava e lugar algum Lukyan./

- /Estava ocupado como deve saber./

- /Eu encontrei o lugar./

- /Tem certeza que é adequado?/- ele perguntou.

- /È na base da construção, e causará um desabamento instantâneo, nas fundações arrastando os andares superiores junto. Podemos colocar três das granadas lá, e mais duas em andares mais acima, só por garantia./

- /É uma ótima estratégia. Posso ver o local? Mostre-me./

- /Não se preocupe você terá chance de vê-lo com mais freqüência que imagina./

- /Devia ter imaginado, as masmorras./

- /Exato./

- /Ótimo./

- /Como você achou os meus aposentos? Estive procurando os seus ontem a noite./ - ela perguntou curiosa.

- /Longa história Kamarof, longa história... Agora eu tenho que ir, tenho que preparar os calabouços e as masmorras, você sabe.../

- /Vou com você para lhe mostrar exatamente onde é.../

Ginny o levou, para baixo, onde eles permaneceram por um bom tempo

O clima parecia tenso para o Tigre, e seus músculos começavam a apresentar sinais de cansaço extremo novamente, ele andava para cima e para baixo por aqueles corredores intermináveis, até as masmorras, trazendo as várias algemas grilhões facas, poções, alicates, pinças, que iria precisar para fazer o trabalho que teria que fazer. Achou inclusive algo muitíssimo fascinante, uma caixa recheada e cacos de vidro quente inquebráveis, muito úteis. A maioria das Sombras estava envolvida em alguma tarefa relacionada com o plano, até Kamarof fora chamado mais tarde, e ele esperava que não fosse nada de muito grande.

Não almoçou coisa que não era costume de Lukyan normalmente, excerto quando ele tinha trabalho a fazer o que era o caso, seu estômago eventualmente soltava grunidos, e sustentava profundas olheiras, por falta de sono. Seu corpo estava cedendo ao cansaço inevitável.

Abriu a capa e tirou de dentro do bolso outra dose da sua companheira agora sempre constante, ingeriu o líquido vermelho de um gole só e sentiu aquela já conhecida sensação, com suas mãos agora tremendo de energia. Já era a segunda noite que ele passava em claro; ou seria a terceira? Ele não saberia dizer, mas não podia dormir, tinha que manter sua vigilância constante, por si e pela Raposa. Ele tinha a ligeira impressão de que aquilo já estava sendo demais para ela, embora ela não comentasse nada como era o protocolo, ele sentia toda vez que falava com ela a voz arrastada de Kamarof, tornava-se cada vez mais ofegante e rouca, era pouco perceptível principalmente por causa daqueles trajes, que sempre lhe cobriam o rosto, mas ele sabia que estava acontecendo.

O que acontecera hoje de manhã fora perigosíssimo! Se não tivesse sido ele a entrar lá, ela estaria em maus lençóis e ele não conseguia tirar isto da cabeça.

Deixou cair o vidro que segurava em suas mãos, e o líquido se espalhou no chão. Era o segundo frasco de veneno de maccácia que quebrava nesta tarde.

- /Merda./- ele xingou irritado para as paredes escuras e úmidas do local, com um acena da varinha o líquido desapareceu, e o frasco de vidro se junto, novo outra vez. - /Concentre-se homem, concentre-se./

E voltou a arrumar as coisas nas prateleiras novamente. Depois de algum tempo ouviu a porta se escancarar, e as vestes pretas as quais seus olhos já estavam acostumados aparecerem de frente para ele e uma voz gélida soou por debaixo do capuz:

- /O conselho o chama hoje a meia noite, não se atrase./- disse a voz.

- /Algo de errado?/- perguntou Lukyan em tom monótono.

- /Hoje a meia noite./- disse o outro e saiu, do calabouço onde Lukyan estava, deixando-o sozinho no meio do monte de frascos e açoites.

Eram quase seis da tarde, mas Ginny não sabia disse, ela estava novamente por perto das masmorras examinando o local e tanto ver se provocava a coincidência de encontrar com Lukyan por lá. Mas a descrição e exigida pela situação, não permitia passar muitas vezes por ali, ou alguém poderia achar um comportamento bastante estranho. Afinal era estranho porque alguém sem interesses aparentes iria ficar vagando, rondando as masmorras? Não fazia sentido algum. Mas ela tinha que tentar, estava esperando a chance para mostrar a ele o lugar perfeito para colocar as granadas.

Estava irritada, seu dia não começara bem, e as náuseas por causa da poção não havia deixado totalmente o seu corpo, e a falta de noção sobre o tempo só piorava as coisas com o seu humor. Não via o Tigre em lugar nenhum que Merda! Ela já estava muitíssimo irritada. Mas o frio que percorria o seu estômago toda vez que uma Sombra encapuzada passava era suficiente para fazê-la conter a irritação e não demonstra-la.

Ela estava andando por um corredor então uma mão a segurou pelo braço de forma rude, ela se virou assustada contendo o revide. Olhou para a figura encapuzada que deixava aparecer uma parte do rosto branco como neve, e não a reconheceu.

- /Sr. Kamarof?/- a Sombra falou com uma voz grave e mais arrastada que a sua.

- /O que quer?/- perguntou com desdém, como a sua personagem faria.

- /É sobre o Conselho./- a Sombra disse largando o braço dela.

- /Ele desejam a minha presença?/- ela perguntou, mudando o tom, Kamarof tinha respeito pelo Conselho.

- /Sim./

- /Onde?/

- /No lugar de praste hoje a meia noite./

- /Estarei lá./- Kamarof confirmou a presença com segurança.

A Sombra fez um aceno coma cabeça e virou-se tomando seu caminho anterior, e deixando uma Ginny bastante pensativa, o que o conselho poderia querer com ela, que exigisse tanto sigilo? A meia noite... Isso estava soando estranho. Será que era uma armadilha? Havaí sido descoberta... Se houvesse sido descoberta não faria sentido que a prendessem logo, ela já estava quase nas portas das masmorras, seria extremamente fácil para eles fazerem isso sem chamar atenção, do outro auror disfarçado. Na era necessário convoca-la... Ou era? As perguntas continuaram enchendo a sua cabeça, até ela vislumbrar os contornos de outra Sombra na curva adiante, e já estava se pondo na defensiva, quando a pessoa levantou o capuz, e ela suspirou aliviada. Finalmente ele havia aparecido.

- /Estava procurando por você./- ela disse.

- /Bom, agora não está mais./

- /Preciso lhe mostrar, o local , sobre o qual lhe falei, é urgente, tenho sérias surpresas./- ela falou sussurrando para ele, e observou as feições de Lukyan se enrijecerem, e ele confirmar com uma aceno da cabeça, para que ela o seguisse.

- /Tenho que lhe falar antes que não dê tempo./- ele disse com pressa depois do jantar.

- /O que?/- ela perguntou para ele olhando insegura para os lados, assegurando-se de que não vinha ninguém naquela direção.

-/O conselho, ele solicitou minha presença hoje a meia noite./- ele disse.

-/Não foi só você, eu ia lhe contar quando fomos interrompidos mais cedo./- ela se referia ao momento em que ela havia mostrado a ele o lugar para colocar as granadas.

- /Eles chamaram Kamarof também?/- perguntou Lukyan soturno.

- /Sim, você sabe o que isto pode significar.../- ela falou pesarosa, com a voz tão baixa que ele teve dificuldades em ouvir.

Ele acenou a cabeça de Lukyan em resposta, agora que ambos sabiam que tinham sido chamados para o mesmo encontro, as coisas se tornavam mais sinistras. A suspeita de que haviam sido descobertos era cada vez mais forte nos peito de cada um dos dois, juntamente com o receio de ir ou não no encontro. Mas no fim, eles não tinham escolha.

O Tigre se distanciou andando devagar sem pronunciar uma palavra sequer, não poderiam mais se dar ao luxo de serem vistos juntos... Virou-se de costas e andou a passos largos até seus aposentos. Sua cabeça zunia, e sua vontade era apontar a varinha para a estante e manda-la pelos ares, eles estavam sendo muito descuidados! Essa reunião a meia noite, com os dois, poderia ser uma armadilha, para pegar os dois juntos, evitando assim, de um escapar! Seria a chance perfeita, e uma recusa a ir, seria a confirmação que eles precisariam, para mata-los. Eles não tinham saída!

Tinham que continuar a missão, amanhã seria o último dia, se tudo corresse conforme o previsto, ele poderiam posicionar as granadas amanhã a tarde, aciona-las a noite, quando fluxo de Sombras era mais intenso no interior da fortaleza e menos intenso no exterior como a saída, era apenas uma questão de estuporar o guardião que estivesse na saída este dia, eles seriam dois contra um, a vigilância seria reduzida já que o fluxo de pessoas fora da fortaleza era durante o dia, a noite ela já estariam voltando, e eles tentariam passar. Parecia que estava tudo organizado, mas se houvesse um erro agora, tudo daria errado, e ai não haveriam mais Raposa e Tigre voltando para os alojamentos na segunda feira.

A tensão o estava massacrando e logo mais um frasco de um líquido intensamente vermelho jazia esquecido e vazio em um dos bolsos daquela maldita capa.

Suas mãos agora tremiam com um pouco mais de intensidade, e ele não conseguia segurar a varinha com firmeza, os pensamentos passavam na velocidade da luz pela sua cabeça relativamente atordoada, por um momento tentou refletir se aquilo seria por causa da tensão, ou seria um efeito colateral de mais uma das inúmeras doses de poção para animar. Talvez fossem os dois. Ele não estava muito dedicado à aquele pensamento, eu logo se misturou ao turbilhão que se formava na sua mente.

Olhou no relógio, faltavam meia hora para a meia noite. Era melhor ele ir logo, afinal a sala onde fora da última vez não era o que se poderia chamar de perto. Então levantou-se e começou a andar pelos corredores abandonados dos andares superiores.

Poderiam ser meio dia, ou meia noite, Kamarof nunca iria saber a diferença enterrado naquela tumba, mas felizmente seu palpite estivera certo, tinha saído na hora que deveria, talvez um pouquinho antes, mas era melhor assim. Ela pensava enquanto se deparava com a porta preta de madeira maciça, de aparência pesada e bastante majestosa.

Ela suspirou e pousou a mão que não era sua sobre uma varinha que era tão igualmente sua quanto o resto do corpo, suspirou, adentrou a sala. Sua primeira impressão foi que estivesse do lado de fora da fortaleza, que por algum milagre tivesse alcançado a superfície , mas logo se desfez desta ilusão ao observas as paredes de mármore. O lugar, era totalmente o oposto de todos os outros lugares da fortaleza, era bem iluminado e as paredes de mármore intensificavam ainda mais o contraste com o resto dos corredores onde as paredes eram de pedra escura.

Seus olhos demoraram um pouco para se acostumar com toda aquela claridade enquanto ela observava o espaço a sua volta e notava que o único móvel era um cabide, para capas e ao seu lado uma Sombra parada.

Ela caminhou até a Sombra, e entendeu tudo, aquela seria uma das reuniões onde eles deixavam, as capas, do lado de fora da sala, no cabide, e entravam com o rosto a mostra para todos os membros do Conselho, em respeito a superioridade dos buxos que o formavam. Ela lembrou o que vira na mente do verdadeiro Yuri kamarof, as lembranças, imagens das reuniões que ele já participara antes.

Olhou para o cabide, deixou escapar um suspiro de alivio contido e entrecortado, tentando não demonstrar o alívio em ver que haviam três outras capas, penduradas nos ganchos do cabide. Ela não havia entrado sozinha ali dentro. Lukyan já estaria ali?

Observou as capas, mas não havia como identificar, não havia nenhuma diferença entre elas todas parecia réplicas exatas. Então ela simplesmente tirou a sua e depositou em um dos ganchos olhando para a Sombra que a encarava. Agradecendo por ter colocado a varinha de Kamarof no bolso da calça abriu a pequena porta a direita do cabide, e entrou.

Novamente seus olhos se chocaram com a iluminação, ou a falta quase iminente dela. Sentiu-se completamente cega, e quase cedeu a tentação de esticar os braços a frente do corpo, não havia quase nenhuma luz no recinto e tudo era embebido em sombras. Com exceção de cindo velas posicionadas a um canto da sala comprida, que quase não emitiam nenhuma claridade significante. Com dificuldade pôde ver o contorno de três pessoas uma ao lado da outra, então juntou-se a elas, e se pôs a esperar sem dizer uma palavra pressionada por um silêncio que doía aos ouvidos.

Não tinha como saber se Lukyan era uma das pessoas que estava ali naquela penumbra toda, mas desejou que fosse, assim não se sentia tão vulnerável, inconscientemente colocou a mão na varinha como se esperasse jorrar raios de todas as direções a qualquer instante. Não gostou de ter que se desfazer da sua capa e de tudo que havia dentro dela, mas não poderia simplesmente esvaziar os bolsos da capa antes de entrega-la, seria um ato de visível desconfiança. Mas ainda assim seu subconsciente desejava que ela o tivesse feito.

Dois minutos depois, ela ouviu a porta se abrir as suas costas, e uma súbita claridade extra iluminar a sala, não ousou olhar para trás, e permaneceu com a cabeça fixa onde estava, mas ainda assim aproveitou para lançar um olhar de esguelha às outras Sombras na tentativa pouco frutífera de identifica-las.

Conseguiu vislumbrar uma delas antes que a porta se fechasse e a sala voltasse a ficar imersa na penumbra, era a guardiã, a que os deixara entrar, e por um segundo teve a impressão de ver os traços da tatuagem em seu pulso, mas concluiu que deveria ter sido apenas impressão afinal estava muito escuro.

A Sombra que havia entrado na sala, aparecia estar pouco orientada como ela esteve ao entrar; a mudança tão drástica de iluminação seria uma tentativa de distração e atordoamento para fazer com que os presentes na sala não prestassem muita atenção no que os aguardava lá dentro? Sentiu um arrepio percorrer sua coluna na velocidade da luz. Então o dono de uma silhueta larga ficou de pé ao seu lado, a postura bastante imponente, arriscou outro olhar furtivo. Era ele, o Tigre chegara.

Não se atreveram sequer a uma troca de olhares, não demorou muito e uma porta mas desta vez a sua frente se abriu não deixando escapar nenhuma claridade, e o aposento permaneceu na mesma penumbra de antes.Sete pessoas entraram e se postaram a sua frente uma ao lado da outra. Os cinco se curvaram em uma reverência para O Conselho.

- /Estão todos presentes./- um dos cinco que usavam máscaras pelo que deu para perceber naquele escuro.

- /Ótimo./- disso um de voz suave em um tom impaciente.

- / O assunto que temos a tratar pode ser considerado urgente./- disse outro

-/É sobre os dois aurores do ministério./- o outro falou. Jack sentiu seu estômago despencar e o coração congelar assim como o sangue em suas veias, ficou apreensivo.

Todos os cinco continuaram em silêncio.

- /Os chamamos aqui, porque vocês, foram incumbidos de certas partes do plano. Dentre as outras Sombras, vocês se sobressaíram./- Lukyan, esboçou um ar de satisfação e orgulho.

- /Alguns já sabem de sua parte, o contrário de outros. Vocês são parte necessária para os planos da Cobra, não a decepcionem./- disse o sétimo que tinha a voz grossa e retumbante como um trovão.

- /Não iremos./- cada um dos cinco murmurou em resposta.

- /Para o bem de vocês todos. A Cobra sabe o que é bom para nós confiem nela e terão sucesso./

- /Nós confiamos./- disseram novamente os cinco.

- /Pois bem, não temos segundos a serem desperdiçados, temo que agir rápido./- ele continuou.-/Kamarof e Yakov, vocês ficaram com uma parte fundamental ao plano, vocês irão ocupar o lugar deles após extraírem as informações deles. Usaram a aparência e comportamento característicos dos aurores para permearem em seu meio social, e lidera-los até a armadilha./

Se a situação fosse outra Jack teria começado a gargalhar instantaneamente tamanha era ironia do momento, mas pelo contrário, o plano se assemelhava muitíssimo ao que eles estavam cumprindo, não poderia ser coincidência. Alguém do alto escalão do ministério estava passando informações para as Sombras, e isso era um assunto sério a ser resolvido imediatamente quando chegasse no alojamento Ivanovitch seria a primeira pessoa a ficar sabendo.

- /Vocês terão algum tempo para se prepararem, mas não demorem muito, tempo é sucesso./

- /Claro, senhor, como nos for ordenado. Tempo é sucesso./- eles disseram em conjunto.

- /Agora podem se retirar, serão convocados para tomarem conhecimento dos detalhes./- disse um dos sete com uma voz macia e ameaçadora.

Então ele viu Kamarof, e mais um dos que estavam lá que ele não sabia que era se retirarem da sala. Queria saber que horas eram, mas não se atreveria a olhar nem que fosse por um segundo sequer para o relógio, com certeza já seria mais que meia noite e meia. Estava nervoso, não faltava muito para o efeito da poção terminar e ele tomar a sua real aparência. Tinha que voltar logo para os seus aposentos para poder tomar mais uma dose antes que fosse reconhecido.

- /Lukyan, a sua parte do plano está em andamento?/- perguntou o dono da voz grave.

- /Em pleno andamento senhor./- disse em um tom compenetrado.

- /Já sabe como prosseguir?/

- /Sim, senhor./

- /Precisará de ajuda? Creio que não, estou certo?/

- /Sim./- respondeu Lukyan.

- /Então está dispensado, e lembre-se: sem erros./

- /Certamente senhor./- ele disse e finalmente com uma sensação de alívio ele deixou a sala recuperou a sua capa, no cabide da sala de mármore que ele concluiu só aparecer pela noite pois quando ele estivera lá antes não havia passado por ela. Logo que se viu em um corredor deserto, tirou o frasco com a poção viscosa de dentro do bolso da capa, e tomou-a de uma vez. Sussurrou ‘evanesco’ e o fraco desapareceu.

Continuou seu caminho a passos largos, quando ouviu vozes mais adiante, as vozes começaram a se alterar, embora ele não entendesse o que diziam, ele se colocou em estado de alerta. Andou mais rápido e a cena que viu fez o sangue parar de correr.

Uma mulher de cabelos ruivos estava coma varinha apontada para uma Sombra, provavelmente uma das outras que faziam patrulha nos corredores durante a noite. Algo em sua mente gritava de forma desesperadora para que não fosse ela, que não fosse a sua ruiva ali exposta no corredor em pé com a varinha na mão prestes a duelar. Mas ele conhecia a voz dela, quando ela lançou um feitiço estuporante, seu coração apertou e por um ou dois segundos ele sentiu-se inútil, desorientado sem saber o que fazer.

Ela fora descoberta! Estava em perigo total! E ele não poderia fazer nada ou seria descoberto também, e assim os dois estariam mortos dentro de duas semanas no máximo.

- /Você não tem escapatória, auror./- disse a Sombra sibilante, com a varinha apontada, para Ginny.

Jack não teve outra opção, deu dois paços silenciosamente, levantou a sua própria varinha, e deixou que o feitiço escapasse da sua boca como veneno em seus lábios.

- /Estupefaça./

Um brilho vermelho riscou o ar, e ele observou imóvel, o vulto de cabelos vermelhos cair quase que em câmera lenta em direção ao chão frio de pedra, tocando a pedra com um barulho abafado, e os fios cor de fogo se espalhando pelo chão ao redor da sua cabeça. Seu estômago parecia ser feito de chumbo pois estava pesando uma tonelada naquele momento, e seu subconsciente perguntava a si mesmo porque a ruiva ali no chão não se levantava.

- /Ela é um dos aurores do ministério, eu a vi ingerindo poção polisuco, e depois quando a interrompi ela sofreu a transformação de volta./- disse a Sombra que pela voz era uma mulher.

- /Então ela conseguiu entrar.../- disse ele fazendo soar surpreso.

- /Estes porcos da imundice./- disse a mulher com desdém.- /Como são tolos em imaginarem que entrariam na nossa fortaleza despercebidos./

- /Vou leva-la para as masmorras./- disse andando até a ruiva caída.

- /Temos que avisar aos outros!/

- /Não!/- disse Lukyan de imediato.- /Não vamos dar alarde ainda, ou o outro auror pode perceber e tentar fugir!/

A Sombra o encarou indecisa entre levar o mérito instantâneo de ter encoberto sozinha a intrusa, e ser discreta. Mas o receio de colocar seu mérito a perder e vê-lo se transformar e fracasso caso o outro auror tentasse fugir falou mais alto.

- /Suponho que você tenha razão./- disse em um tom baixo.

- /Claro que sim, dar alarde agora, colocaria o plano a perder./- o Tigre falou com convicção.

- /É./- a mulher concordou um pouco mais segura.

- /Vou leva-la para as masmorras, estou responsável, por faze-la falar.Não conte a ninguém./- disse, e sem esperar mais perguntas, ou qualquer manifestação da sombra ao seu lado ergueu Ginny com um aceno da varinha que a fez flutuar molemente a alguns metros do chão, fez o frasco de poção polisuco quebrado desaparecer, limpou a poção derramada, e começou a guia-la no sentido aposto. Tinha quer rápido ou talvez alguém os visse.

Ela flutuava alguns metros a frente bem alto, mas ele tomava cuidado para que não batesse no teto pois, seria mais fácil passar despercebido caso encontrasse com uma sentinela. O caminho para as masmorras nunca parecera mais comprido e tortuoso para ele seu coração batia acelerado, o que ele faria com ela agora? Teria que entregar informações, mas como?! Teria que entregar o plano?

Quando descobrisse, que Kamarof era o impostor, descobririam que Lukyan também era,afinal eles havia chegado junto, era tão suspeito quanto ela, e então ele estaria em maus lençóis que nem ela, e não poderia salvar ela. Só tinha uma solução, ele pensava com sua mente aturbulada de pensamentos, ele teria que atrasar o máximo possível que o conselho tomasse conhecimento e informações sobre o fato.

Ele já conseguira silenciar a Sentinela daquele andar por aquela noite, já era bastante tempo a ganhar, mas no dia seguinte teria que ir imediatamente dar as informações antes que a Sentinela, pois ele chegara depois que ela já estava transformada então não teria como informar qual era a forma anterior de Ginny, a forma que a poção polisuco lhe concedia, a não ser que sentissem falta de Kamarof, e ele julgava que isso não fosse acontecer em menos de vinte e quatro horas. Se a sentinela fosse antes, ela denunciaria que Ginny se transformava em Yuri Kamarof, e ele também estaria perdido, pois eles haviam entrado juntos na fortaleza, era uma questão de tempo até eles acharem o Guardião que os deixara entrar. Sendo assim ele iria procurar o conselho cedo, e lhe informar que encontrara a auror, que uma Sentinela a vira se transformar, como ele não saberia dizer quem era a Sentinela, eles teria que acha-la, e interroga-la, isso já lhe daria algum tempo.

Amanhã seria o último dia que eles teriam para armar todo o plano dentro da fortaleza, terá que instalar as granadas o mais rápido possível, a apartir do momento em que fossem ativadas eles só teria meia hora para sair do local, e chegar a uma distância segura. Pelo jeito ele teria que executar o plano mais cedo do que o esperado.

Chegou as masmorras, e colocou Ginny sentada em uma cadeira ainda inconsciente. Olhou preocupado para ela, como os tiraria de lá? Ele se perguntou antes de fazer ela retomar a consciência.

- /Escute com atenção,/- ele falou pausadamente, enquanto ela ainda parecia sonolenta -/Você foi descoberta./- e neste momento ela pareceu fazer a menção de falar, mas ele pousou o dedo sobre seus lábios impedindo-a.- /Escute. Você foi descoberta, mas ainda não acabou, como eu sou o mestre de torturas, posso aliviar um pouco a situação, mas logo que eles descobrirem em quem você se transforma, estamos perdidos./

Ele fez uma pausa para ver se ela estava compreendendo, ela fez um aceno de concordância, então ele prosseguiu:

- /Provavelmente vão me pedir para extrair informações de você, e vão querer que Kamarof esteja aqui para assistir, mas nós dois sabemos que ele não vai comparecer. Eles vão querer saber do meu progresso e eu terei que dizer que você se nega a dar informações. Como provavelmente não vão querer chamar atenção das outras Sombras, pois ainda existe outro auror infiltrado que eles não querem alertar, não haverão outros seguranças aqui nas masmorras, eu instalo as granadas na hora do almoço, e se tudo correr como eu espero, ativo elas e venho te tirar daqui. Entendeu bem?/

Ela devolveu com um aceno afirmativo da cabeça.

-/Enquanto isso terei que fingir que estou fazendo o que me mandam, mas eu vou tentar ganhar tempo./- ele disse olhando-a com as feições tensas.

Ele andava paços incertos em direção a sala onde se encontrara as duas vezes com O Conselho, não queria faze-lo mas teria ou todo o plano estaria perdido, os corredores nunca pareceram tão curtos, seu sangue era uma mistura rala de qualquer substancia que fazia seu peito lateja de pesar. Ela estava lá nas masmorras, ele a trancara lá, nunca iria esquecer os olhos de um expressão indecifrável, algo entre receio, susto, e preocupação, que o seguiram durante o pequeno caminho até a porta da masmorra. Mas esse era o único jeito, de tira-los de lá.

- /Preciso ver o conselho é urgente./- ele falou, para uma Sombra que se encontrava de vigia na porta da sala.

- /Quem é você?/

- /Lukyan./- ele respondeu de forma seca.

- /O Conselho está indisponível./- disse a Sombra.

- /É urgente./- ele insistiu.

- /Seja o que for, terá que esperar./- a Sombra falou irredutível.

O Tigre olho para a porta da sala especulando as repercussões daquele fato, era um tremendo golpe de sorte.

- /Quando eu puder falar-lhes, mande alguém em avisar, estarei nas masmorras, e diga que é urgente./- foi tudo que ele disse a Sombra na porta de forma autoritária, e saiu se esperar uma resposta.

Aquilo tinha sido um golpe de sorte tremendo, assim ele ganharia mais tempo, Implantaria as granadas ao meio dia quando seria menos difícil de passar despercebido pelos corredores, pois a maioria das Sombras estaria almoçando.

O Conselho quando soubesse iria querer olhar a refém e fazer perguntas a ela, depois iriam mandar alguém localizar Kamarof para que ele visse em quem se transformaria, e para começarem logo a sessão onde extrairiam informações para executar o plano, esse seria um dos maiores problemas depois de saber sobre a Sentinela que a vira, quando percebessem que Kamarof não estava lá.

Ele voltou a passos largos para as masmorras, não poderia fazer mais nada, só esperar. Então quando ele cruzou a porta da masmorra que ele passara a odiar fazia tempo, e viu a sombra dos cabelos cor de fogo espalhados pelo chão molhado e nojento, naquela tumba onde tudo parecia um pouco além da morte. Seu peito latejou fortemente quando seus olhos se cruzaram e ele olhou novamente os olhos castanhos indecifráveis. Ele a amarrara firmemente com cordas podia ver as marcas vermelhas na pele exposta ao contato áspero com as cordas. De repente sentiu como se de repente alguém tivesse arrancado algo muito importante de dentro do seu peito. Então o ar foi faltando lentamente. Ele fizera o que tinha que ser feito.

Somewhere beyond happiness and sadness

I need to calculate

what creates my own madness

and I'm addicted to your punishment

and you're the master

and I am waiting for disaster

Uma batida na porta daquele maldito lugar o fez virar a cabeça para encarar quem quer que fosse pelo pequeno espaço quadrado que havia na porta. Ainda sentindo um gosto amargo na boca, lenvantou-se da cadeira onde estivera sentado com os cotovelos nos joelhos e foi abrir a porta.

A Sombra com capuz o olhou de cima abaixo e quando ela levantou a cabeça ele pôde reparar na mascara que a pessoa usava , era um membro do conselho.

Percebeu a satisfação emanar pelos poros do recém chegado no local, e sentiu nojo.

- /Você queria falar com O Conselho./- disse a Sombra sem desviar o olhar da Ginny deitada no chão.

- /Achei a auror./- ele disse cético,

- /É ela. Uma mulher.../- sussurrou o outro com uma voz que fazia Jack pensar em coisas nada agradáveis.

-/É./

- /Como você a encontrou? Não era previsto a chegada dela agora./

- /Ontem a noite saindo da sala que nos reunimos ontem, ela estava lá./- falou Jack sem demonstrar qualquer emoção.

- /Conte-me direito./- exigiu o homem ainda sem tirar os olhos de Ginny.

- /Na verdade eu não a encontrei de foram propriamente dita, eu encontrei ela discutindo com uma Sentinela, logo percebi que ela não era uma de nós e então estuporei-a pelas costas, e aconselhei a sentinela a não alardear, pois eles trabalham em pares e o outro par ainda estaria a solta. Trouxe-a para cá de forma a não levantar suspeitas./- falou injetando um pouco de orgulho na voz.

- /Fez muito bem./- disse coma voz inebriada de prazer em ver a auror caída imóvel no chão, andou a até ela,e segurou seu queixo com uma mão enluvada de preto, e olhou nos olhos dela. Vi a expressão da minha ruiva se contorcer, ele estava investindo contra mente dela, mas eu sabia perfeitamente ela não iria deixa por nada deste mundo ele ter acesso a sua mente. - /Vamos ver por quanto tempo você resiste./- ele sussurrou venenoso.

I feel irrational

So confrontational

To tell the truth again

I am getting away with murder

it isn't possible

to never tell the truth

but the reality is I'm getting away with murder

(Getting away, Getting away, Getting away)

Com a varinha estendida Jack viu o feitiço ser pronunciado pela Sombra como um sopro da morte, e então Ginny se contorceu no chão sofrendo em visível agonia, contendo um grito na garganta e mordendo os lábios com tanta força que escorria uma gota vermelha melando ainda mais o chão podre sobre o qual ela jazia. Viu os olhos dela saírem de foco, e a visão se perder na dor de seu corpo. Os olhos do Tigre se arregalaram diante daquela visão do inferno, contraiu as mãos, em ódio, aquela era a mulher que ele amava, e ela estava sendo torturada na sua frente, ele não podia fazer nada a não ser sufocar o redemoinho de angustia que lutava para ter vazão do seu peito dolorido. Os olhos dela, ficaram escuros e sem as antigas faíscas que costumavam irromper dali. Então ela esmoreceu no chão, sem deixar um único grito escapar pelos lábios travados com toda a força que ela tinha em seu ser.

A Sombra fez outra investida contra a mente agora fragilizada dela, e a julgar pela insatisfação na voz ela continuava irredutível.

- /Você irá ceder./- ele disse com desdém.- /É apenas uma questão de tempo e dor./

- /Todos são assim, preciso apenas um incentivo./- completou o Tigre, ainda com os olhos vidrados na mulher ruiva a sua frente ofegante, de olhos nublados e faces vermelhas assim como o branco de seus olhos.

- /Você sabe quem era a Sentinela?/

- /Não, senhor./

- /Qual era o corredor,e o andar./

- /Sétimo corredor do terceiro andar./- disse Jack com cautela.

-/Vamos localiza-la./- garantiu o membro do Conselho.

- /Posso começa meu trabalho?/

- /Mostre as suas habilidades para ela, mas não tão intenso ainda, precisamos dela viva por enquanto, acostume-a com o lugar, vamos começar a trabalhar no plano amanhã./-dizendo isso sumiu pela porta das masmorras.

Eram quatro e trinta da tarde, e Jack conseguira atrasar os planos das Sombras o máximo possível, mas agora eles já deveria estar procurando Kamarof afim de informa-lo sobre as novidades do plano, não poderia se arriscar esperando mais, colocou as granadas nos lugares que haviam planejado, cinco horas que era um horário onde a maioria já estava fora em suas missões ele ativaria todas, e voltaria para a masmorra em que ela se encontrava lhe daria a dose de poção polisuco que conseguira pegar nos aposentos de Kamarof durante o almoço, e assim os dois seguiriam até a saída, o plano era simples, e quem se atravessasse no sue caminho seria morto imediatamente.

Entrou na masmorra que agora tinha o cheiro de sangue, sangue dela, não tivera outra opção... As Sombras passaram de novo lá, e ele tinha que aparentar estar fazendo alguma coisa, para que ninguém suspeitasse, tivera que deixa-la desacordada, para aliviar a dor, mas quando ouviu os passos no corredor a acordou. E a expressão contraída quando ela respirava o fez ter vontade de morrer. Os profundos lanhos nas costas brancas como leite, eram manchados de sangue tão vermelho quanto os cabelos que caiam sem vida pelo seu rosto.

Agora ela estava lá deitada de lado no chão, sorriu de leve, para ele quando o viu entrar no lugar, tinha que tira-la de lá urgente.

- /Tudo no tempo previsto?/- ela perguntou com a voz fraca.

- /Confie em mim, Raposa, vou tirar você daqui./- ele disse ajoelhando-se ao lado dela e passando a mão no seu rosto. - /Sinto muito por... /- mas a sua voz também não lhe permitiu continuar, falhando no meio do caminho, ela apenas apertou forte a sua mão em uma resposta muda.

Olhou no relógio de relance, faltavam dez minutos para as cinco. Ele se levantou rapidamente e falou apressado para ela.

- /Escute, eu vou sair agora, ativar as granadas, tome isto./- ele disse tirando uma dose de poção para animar, e colocando nos seus lábios, ela bebeu tudo de um gole só. Ele desamarrou as cordas dos seus pulsos lhe devolveu sua varinha junto com uma dose da poção polisuco. -/ Essa outra é uma dose de poção polisuco para que se transforme em Kamarof e desperte menos suspeitas. Tome, quando eu voltar iremos o mais rápido possível para a saída, mate que se intrometer a sua frente./

Disse isso e saiu apressado pelos corredores enquanto ela esfregava os pulsos doloridos inchados e se levantava com gemidos sentindo o sangue borbulhar lentamente a seu coração bater mais rápido com a sensação quente que invadia a sua corrente sanguínea, adrenalina.

Estava na hora.

I drink my drink and I don't even want to

I think my thoughts when I don't even need to

I never look back cause I don't even want to

and I don't need to

because I'm getting away with murder

Os passos rápidos de ambos, se assemelhavam a uma corrida desabalada de passos silenciosos, dentro de meia ora o local todo iria pelos ares, junto com tudo que havia ali dentro, e tinham que se apressar, ainda faltavam dois andares. Era uma sensação estranha estar de volta ao corpo de Kamarof, um pouco desagradável, mas deste momento, isso era o que menos lhe importava, seu pensamento estava focado em percorrer a distância mortal que os separava da saída.

Seu coração batia descompassado, e as respiração era incerta, e era dominada pelo medo de se deparar com alguma das Sombras, em sua direção e colocar tudo a perder novamente. Mais um andar já se fora, com as paredes passando velozes pela sua vista, os desenhos em relevos que antes lhe pareceram querer contar alguma história, já não fazia o mínimo sentido ou sequer importavam para que ela desviasse sua atenção por um segundo sequer. Então, ela parou bruscamente, quando ouviu o som familiar de passos no chão de pedra do lugar. O Tigre também havia percebido. Lançou um olhar significativo para ela e eles diminuíram a velocidade passando a caminhar aparentando o máximo possível tranqüilidade.

O Tigre sussurrou tão baixo que ela mal pode ouvir:

- /Temos 5 minutos./

A Sombra que vinha caminhando tranquilamente pelo corredor, não lhes deu atenção, e puderam novamente suspirar aliviados, faltavam três andares agora, mas a medida que se aproximavam da saída o movimento parecia crescer, não demorou e mais duas Sombras passaram. A cada passo Ginny implorava para que não notassem sua presença e andava com a cabeça baixa e o capuz cobrindo quase inteiramente o seu rosto.

Agora já não podia mais correr, a uma vez ou outro se deparavam com alguém vindo na direção deles.ela tentou se concentrar no percurso e esquecer, a ansiedade que aumentava a cada segundo.

Então uma Sombra que surgiu na curva do corredor seguinte, lhe lançou um olhar e parou de andar repentinamente, Ginny continuou seu caminho. Sentiu uma mão forte se fechando em seu braço ao ignorar o homem.

- /Kamarof?/- a Sombra disse.

- /Eu mesmo./- respondeu segura, e soltando seu braço da mão do outro com um gesto rude, o Tigre parou de andar imediatamente e ficou de pé ao seu lado.

-/Estiveram procurando por você quase a tarde toda./- o homem falou. - /Você tem que ver algo, é importante./

- /Se está falando do refém eu já lhe fiz uma visitinha de convalescença./- ela garantiu, tentando não perder tempo conversando com o homem.

- /Mas, Jor-el estava procurando por você agora mesmo. /- o outro argumentou desconfiado.

Jack resolveu intervir.

- /Estamos vindo de lá agora mesmo, agora se nos der licença.../

- /Você é o mestre das torturas, não é?/- perguntou o outro , com uma expressão que não traia boas sensações aos dois.

- /Sou./- respondeu seco.

- /Você deixou a prisioneira sozinha nas masmorras./

- /Ela esta desacordada, e bem amarrada, lhe garanto que não sairá de lá sozinha.../

- /O parceiro dela ainda está solto./

- /Se ele for lá, terá uma supresa... /- disse expressando satisfação. Não pareceu convencer muito a Sombra ao seu lado.

- /Tem certeza.../- mas a voz do homem morreu no meio da garganta, e ele desabou no chão molemente, acompanhado de um rumorejo, como o vento batendo nas folhas das árvores.

Ginny apontava a varinha discretamente para ele, e logo a guardou não iria esperar até que alguém encontrasse o corpo do homem morto no seu caminho. Os dois prosseguiram agora mais depressa o tempo se esgotava como água escorre pelos dedos de quem tenta aprisioná-la. Ela podia sentir o nível de adrenalina aumentado em seu sangue a cada segundo que se passava a tensão aumentava, e seu coração aprecia querer pular fora do seu peito.

I feel irrational

So confrontational

To tell the truth again

I am getting away with murder

it isn't possible

to never tell the truth

but the reality is I'm getting away with murder

(Getting away, Getting away, Getting away, Getting

away,

Getting away, Getting away, Getting away, Getting

away)

(Getting away with murder)

A poção para animar, estava segurando-a de pé, e era potencializada pela sua tensão quase podia sentir o sangue borbulhando nas veias.

Estavam agora no segundo andar, restavam dois minutos, para as granadas explodirem, e a todo instante ela esperava ouvir o estrondo que a atiraria para longe a enterrando junto com os destroços da fortaleza. Tornando-se finalmente o que aparentou ser nos últimos dias, uma tumba.

- /Hey, vocês!/- ela ouviu uma voz falando alto as suas costas, eles aparar instantaneamente. - /A onde estão indo?/

- /Não é da sua conta./- ela disse áspera.

- /Cuidado com o que fala. Com tanta pressa pode dar a impressão de que estão fugindo de algo.../

- /Mas não estamos./- ela se virou para continuar seu caminho.

- /Quem são vocês?/

- /Por que está tão interessando no que não é da sua conta?/- disse ela tentando se apressar, agora já deveria ter desperdiçado uns trinta segundos.

- /Por que, é da minha conta, eu sou a Sentinela deste andar, e vocês não irão a lugar nenhum./- a Sombra corpulenta disse, disparando um feitiço, que foi repelido rapidamente por Ginny.

- /Protego!/- ela disse e o raio ri chicoteou nas paredes do local.

O Tigre entrou na briga também, não poderia desperdiçar mas nenhum segundo, afinal ainda tinham um andar para percorrer, mas mesmo assim a Sentinela desviou-se e com grande estardalhaço explodiu uma parede logo a direita da ruiva, que se desviou com precisão. Ela devolveu com um feitiço estuporante, que teria nocauteado a Sombra se não fosse por um desvio rápido.

Eles estavam desperdiçando muito tempo. Então com um relâmpago azul o Tigre o atingiu o deixando caído no chão de pedra com o corpo em um ângulo estranho.

Agora eles teriam que correr.

Somewhere beyond happiness and sadness

I need to calculate

what creates my own madness

and I'm addicted to your punishment

and you're the master

and I am craving this disaster

Eles tinham um minuto, e o caminho não era dos menores. Não iriam conseguir.

Ela esbarrou em alguém, mas não parou para olhar quem era, ou o que quer que seja, o tempo se esgotava terrivelmente rápido, e eles precisavam sair dali. Olharam o Guardião parado na saída, logo embaixo do alçapão como se esperasse algo.

- /Parem!/- o homem gritou. Não daria tempo para argumentar lhes restavam trinta segundos.

O Tigre desembainhou a varinha disparou um feitiço estuporante, mas o guardião reagiu com agilidade, devolvendo o mesmo feitiço de volta, Ginny, olhou de um para o outro. O Guardião era de fato bastante ágil.

- /Você não irão passar./- ele disse.

Ginny lhe acertou um chute nas costelas que o fez ofegar

Quinze segundos.

O Guardião caiu no chão, e eles correram em direção a saída, ávidos por deixa o lugar, mas quando O Tigre puxou o alçapão, e a porta resistiu, o desespero abateu sobre ambos.

Se viraram para o olhar para o Guardião, quem deveria ter a chave, ou o que quer que abrisse a droga da passagem, mas antes que pudessem reagir, Ginny sentiu cordas finas se torcerem prendendo seus pulsos e tornozelos .

- /Entregue-se ou eu o mato./- disse o Guardião, com uma voz determinada.

- /Solte-a!/ o tigre gritou.

I feel irrational

So confrontational

To tell the truth again

I am getting away with murder

it isn't possible

to never tell the truth

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(Getting away, Getting away, Getting away)

Oito segundos.

- /Exploda a passagem e saia!/- ela gritou, se debatendo com força nas mãos do guardião e lutando violentamente contra as cordas que machucavam mais ainda seu pulsos já torturados.

- /Um movimento e ele morre!/- o homem falou.

- /Vai!/- ela gritava a plenos pulmões, desejando do fundo do seu coração que ele fizesse o que ela estava mandando.

Os olhos do Tigre corriam desesperados da Sombra para Ginny presa e se debatendo nos braços da mesma. Então com um forte empurrão ela imprensou o homem a suas costas contra a parede do corredor e com um gemido dele ela sentiu as cordas em seus pulsos e tornozelos se afrouxarem.

Tentou correr desajeitadamente para longe, tropeçou nas amarras mal desfeitas, e o Tigre a segurou pela mão, a passagem estava logo ali, mas não foi o suficiente; um estrondo descomunal envolveu seus ouvidos e segundos depois sentiu seu corpo ser arremessado com uma força descomunal contra o teto, sentiu seus ossos sendo partidos, até sua visão escurecer e ela mergulhar no vazio.

I feel irrational

So confrontational

To tell the truth again

I am getting away with murder

it isn't possible

to never tell the truth

but the reality is I'm getting away with murder

A visão da neve caindo é na maioria das vezes agradável para muitas pessoas, ver cada floco flutuar levemente até o chão, ou simplesmente ser atirado de encontro a ele como acontece nas grandes tempestades, sentir a neve tocar fria tocar a sua pele. E depois quando o sol vinha poderia derramar seus reflexos no gelo, as flores do sol, mas ali não havia sol, só um frio interminável que aprecia tomar conta da alma.

E Porque estavam gritando? Ela só queria ver a neve cair como sempre fazia todo inverno, frágil sobre a relva verde , olhar o lago , ir congelando dia após dia, e contar as pegadas deixadas por passantes desconhecidos. Era muito relativo essa coisa do frio, tem gente que gosta tem gente que não, ela particularmente adorava.Mas naquele dia estava excepcionalmente frio, e o vento cortante acariciava seu rosto e bagunçava seus cabelos.

Droga! Agora ela teria que voltar e arrumar tudo de novo, ela tinha se produzido tanto, tinha tido tanto cuidado.

É só que...Estava tão frio... Talvez fosse o vento. E sua cabeça estava doendo, porque tinha que esperar tanto? Ela odiava esperar, o barulho do vento era forte naquele lugar parecia que queria leva-la consigo.

Sentiu uma mão no seu ombro, finalmente ele chegara! A espera já a estava matando, e aquele vento...

- /Ahhhhhhhhnnnn!/- ela arquejou, sua respiração voltado de supetão em uma lufada de ar gélido da noite, seus olhos se arregalaram, e ela se deparou com o escuro inebriante da noite. Seu corpo estava imóvel e gélido, tentou sentar-se, mas de repente uma dor exorbitante, atacou suas costelas, ela voltou a ficar imóvel, onde estava.

“Aliás onde estava?”

Tentou olhar a sua volta, mas era tudo gelo, e escuro, mexeu o braço, percebeu que uma considerável camada de neve cobria o seu corpo; é, estava nevando, e ventando muito, o mesmo vento cortante.

“Mas por que ela acordara mesmo?”

Ah, agora ela se lembrara, era por causa do frio, estava realmente frio naquele lugar, podia sentir seus lábios rachados, e com um gosto estranho na boca. Na verdade era gosto de sangue. Lentamente passou a mão no rosto, tirando os flocos de neve que teimavam em cair sobre ela e turvar ainda mais a sua visão atualmente resumida a manchas nubladas.

Olhou para a palma da mão estendida diante de seus olhos que ardiam, estava vermelha, ela estava sangrando, mais precisamente a sua testa.

“Sua testa estava sangrando? Mas ela não havia brigado havia?”

Talvez tivesse caído, é talvez tivesse se perdido naquele lugar tropeçado e caído, o que ela tinha que admitir não era uma coisa difícil de acontecer, estava tudo deserto, e aos poucos sendo coberto de neve.

“Como fora parar ali? Sinceramente não se lembrara de ter ido para um lugar como aquele.”

Forçou um pouco sua mente e tudo surgiu em turbilhão de imagens de uma vez só, fazendo sua cabeça latejar de dor, ela rolou na neve que já tornava a cobrir seu corpo novamente e sentiu sue corpo totalmente dolorido. Fora a explosão! Um milagre ela estar viva... Mas... Mas... Estava faltando alguma coisa, porque ela tinha aquela sensação de que falta alguma coisa, alguém...?

- /Tigre!/ ela deixou as palavras escaparem de seus lábios cansados, em um gemido de desespero. Onde ele estava? Ele também estava na fortaleza com ela, e não tinha conseguido sair de lá assim como ela! Ele estaria bem? Estaria ele... Morto...? Não, não podia estar! Tinha que procura-lo.

Determinada se pôs sentada, e suas costelas latejaram, um pontada especialmente intensa de dor tomou sua coluna e sua cabeça girou. Mas ela não poderia continuar deitada, ou a hipotermia a venceria e acabaria coberta pelo cobertor de neve que a envolvia tão gentilmente, congelada.

Se ao menos tivesse sua varinha por ali, onde estaria ela? Tentou fazer outros movimentos, e percebeu que sua perna também estava machucada a julgar pela dor que sentiu ao tentar ficar de pé, e desabar pesadamente no chão fofo novamente.

Pensou em simplesmente se deixar ser soterrada, era muito mais fácil, e depois era realmente difícil de mexer, estava doendo muito, mas obrigou-se a tentar novamente, agora conseguira um equilíbrio precário. E tudo ainda girava um pouco, estava difícil enxergar qualquer coisa sem formas difusas, já que ela não tinha nenhuma fonte de luz e estava nevando muito. Então sem pensar nem calcular nada ela gritou:

- /Tigre!!/- e esperou para ouvir uma resposta, que não veio, e então ela sentiu mais uma dor para completar todas aquelas que já sentia, seu coração sufocou novamente no peito, e um medo gigantesco a invadiu.

Deu dois paços e gritou novamente:

- /Tigre!!/- esperou novamente, mas teve como resposta apenas o barulho do vento fustigando no chão e em seus ouvidos.

Foi dominada por uma vontade incrível de chorar, e seus olhos, se turvaram, por que ele não respondia?! Ele tinha que responder ou ela ficaria muito zangada! Ele não conseguia ver que aquela brincadeira não tinha a menor graça?!

Deu três passo a mais, cambaleante e manca, o chamou novamente, mas a mesma resposta de antes se repetiu. Porque ele não respondia? Ele não estava percebendo que ela estava sozinha e precisava dele?! Que ela estava com medo! Por que ele não estava lá com ela, ou ao menos respondia a seus chamados?!

A sombra de uma resposta para suas perguntas fez o desespero aumentar em seu coração, ela tentou correr desajeitadamente, mas seus pulmões protestaram contra o esforço e suas pernas cederam assim que ela tropeçou em um obstáculo.

Ela se abaixou para olhar no que havia tropeçado, e percebeu que estava coberto de neve, mas ainda alguns contornos da capa preta estava a mostra, era uma pessoa! Seria Jack?! Se arrastou até a pessoa desacordada, e passou a mão, limpando a neve que quase a cobria inteiramente, tirou o capuz do rosto, e pôde ver os olhos verdes sem vida, morto, mas não era Jack! Ela não sabia quem era para dizer a verdade. Era uma Sombra.

Mexeu nos bolsos internos da roupa do homem, e achou uma varinha, agradeceu a Merlin, e murmurou ‘Lumos’, enquanto se colocava de pé novamente. Suspendeu a fonte e luz acima de sua cabeça tentando iluminar a maior área possível, então passou a andar, e não demorou muito a topar com novos corpos e destroços que estava espalhados por toda a área. O Tigre estava perto dela, não deveria ter ido para muito longe.

Procurou pelo que pareceu ser um bom tempo, até achar uma figura mais ao longe caída e quase totalmente coberta pela neve que caia com crueldade, correu até lá com seu coração batendo acelerado na possibilidade de ser ele. Caiu de joelhos ao lado do corpo, e tirou a neve com a mão de cima do rosto da pessoa a palidez do rosto e os cabelos negros caindo sobre o rosto ao deixaram dúvida. Era ele.

Sentiu o pulso, estava fraco, quase parando. O que ela faria agora?! Ele estava morrendo! Seu primeiro pensamento foi aparatar, mas não conseguiu pelo visto a área deveria ser bloqueada, isso significava que ainda estava na área da fortaleza. Tirou a neve de cima dele com um aceno da varinha, ele estava frio, estava sendo vencido pela hipotermia seus dedos da mão estava arroxeados, assim como a ponta de seu nariz. Lançou jatos de ar quente sobre ele derretendo a neve, até que esta evaporasse toda, ele continuava desacordado, então ela murmurou “enervate” com a varinha apontada para ele, pedindo de todo o coração que ele abrisse os olhos.

Ela apertou a mão dele que agora estava entre as suas , esperando qualquer sinal de que ele pudesse estar retomando a consciência. Então os olhos azuis gelo se entreabriram, confusos sobre a luz da varinha.

- /Graças a Merlin!Achei que pudesse ser tarde demais!/ - ela disse o abraçando, mas soltando-o de imediato ao ouvir o gemido de dor vindo dele.

- /Onde estamos, Raposa?/- ele pergunto num fiapo de voz

- /No meio do nada./- ela lhe informou.

- /Por que?/- ele perguntou confuso.

- /A fortaleza explodiu se lembra? Nó estávamos dentro./

Por um ou dois segundos ele pareceu continuar na mesma confusão mas depois a expressão do seu rosto mudou.

-/Claro, como pude esquecer./- disse ele, o leve tom de ironia era quase imperceptível em sua voz, mas existente.

- /Vamos temos que sair daqui urgentemente, ou a tempestade de neve vai nos matar, temos que achar um lugar que sirva de abrigo./ ela falou já não sentindo as pontas dos dedos que seguravam com força a varinha.

-/Vamos./

-/Você pode andar?/

- /Vou fazer o meu melhor./- disse pondo-se sentado, e ficando tonto.

Ela o ajudou a ficar de pé, o apoiou enquanto andava, assim os dois foram andando se dirigindo para qualquer lugar que fosse longe do cemitério gelado que se formara.

Perto do amanhecer, eles encontraram uma caverna de gelo, ou o que quer que fosse que pudesse abriga-los eles não estava muito interessados no que fosse contando que os protegesse. Ginny sentia cada parte do seu corpo latejar com ondas de dor, quando parou para poder respirar direito, ambos jogados de qualquer jeito no chão do lugar, percebeu que deveria ter quebrado mais ou menos duas costelas a julgar pela dor, e tinha o tornozelo torcido. Com um, toque da varinha e algumas palavras, ela concertou as costelas e o pé, mas não poderia dar um jeito nas dores.

Arrastou-se para perto do Tigre que jazia ofegante a alguns palmos dela e com alguns feitiços, fechou seus cortes, e concertou a fratura exposta no braço esquerdo.

- /Melhor?/- perguntou cansada.

Ele acenou que sim com a cabeça e fechou os olhos, ele aparentava muito cansado, mas foi tudo que ela conseguiu ver antes de apagar completamente.

A claridade pálida invadiu suas pálpebras, acordando-a sem pedir licença, ela virou-se no chão gelado do lugar. Relutante em abrir os olhos, mas alguém a chamando de leve e passando a mão nos seus cabelos a incentivou a se decidir e finalmente abrir os olhos. Deparou-se como um pequeno buraco em um monte de neve, aquilo estava mais para um abrigo feito de neve, era apenas um buraco que mal cabia os dois. Mas havia salvo ambos dos ventos velozes e impiedosos da noite passada.

Sentia-se cansada como se não tivesse dormido nem um segundo, mas as dores estavam melhores, agora já não parecia mais que fora fatiada em mil pedaços, poder-se-ia dizer que fora fatiada apenas em cem. Passou a mão no rosto, e percebeu que não havia mais corte no supercílio.

- /Tomei a liberdade de pegar a varinha para curar os seus outros machucados./ - ele disse, encarando-a.

- /Obrigado./- ela disse sentando-se e tentando se orientar direito, sentiu uma pontada no estômago, estava com fome.

- /Temos que continuar andando, sair do campo deste feitiço e chegar a um local onde poderemos aparatar de volta./

- /Você tem razão, não adianta voltar lá para ver se existe algum sobrevivente, não despreparados e fragilizados. /

- /Com certeza não iremos./- ele concordou, ajudando-a a levantar, o tempo lá fora havia melhorado bastante, agora a neve caia leve e sem pressa sobre o chão.- /Sei que deve estar com fome, mas você sabe que apenas conjurando comida, não é lá muita coisa, então tudo que temos./- ele falou.

Eles comeram, a comida que ela tinha que admitir, não era muito boa, comida que era conjurada nunca era muito boa, e sempre aprecia que era digerida mais rápido. Depois de comer, eles saíram do lugar e se puseram a andar. Qualquer lado era válido, eles apenas precisavam sair da área sob o feitiço que os impedia de aparatar. Então se puseram a andar para o leste, não poderiam se dirigir ao acampamento que ficava a noroeste, pois iria entrar em outra área a na qual não poderiam aparatar, e assim talvez demorassem mais a sair dali, apesar de os dois não terem a mínima idéia de como sair dali, e para onde ir.

- /Estamos perdidos./- ele disse de forma conclusiva depois de andar alguns metros.

- /Eu sei. Só precisamos alcançar uma boa distância e aparatar./- ela disse tentando parecer calma.

- /É./- ele disse.- /Espero que não demore muito./- ele disse tentando aparatar inutilmente.

- /Não pode ser tão grande assim./- ela falou, continuando a andar.

Era difícil andar na neve fofa, os paços faziam buracos profundos na neve, e isso atrasava, o vento também, agora, não tão forte como antes, mas ainda assim, os empurrava de volta para o ponto de partida com intensidade.

- /Raposa...?/- ele perguntou, um pouco ofegante, passara um bom tempo calado, deixando sua mente ser dominada pelas lembranças dos últimos dias.

- /O que?/- ela disse gentil, olhando para ele sem parar de andar.

-/Tenho que pedir perdão, sinto muito por deixar que acontecesse aquilo tudo com você, desculpe-me./- ele disse olhando-a nos olhos que refletiam toda angustia que ele tinha guardado estes últimos dias na fortaleza das Sombras.

- /Não tem do que pedir desculpas, você fez o que tinha que fazer, se não fosse por você nós teríamos morrido na explosão./- ela falou.

- /Nós quase morremos./- ele disse com s expressão nublada, não tinha conseguido manter sua promessa, não conseguira proteger ela, e acabara ele mesmo tendo que machuca-la.

- /Exatamente, quase morremos, se não fosse por você ter dado continuação ao plano, depois da minha falha, eu teria morrido. Eu é quem lhe devo obrigado Tigre./- ela disse a ele mas ele ficou calado.

Depois de um longo tempo em que permaneceram sem dizer uma palavra, Ginny resolveu quebrar o silêncio:

- /Eu fico pensando, será que os outros estão bem?/- ela perguntou mais para si mesma do que para ele.

- /Estou preocupado com Antony, aquela besta, não sabe nem identificar quando está sendo seguido por uma orangotango no cio!/- disse o Tigre.

- /Não seja tão drástico, Antony, é um auror muito bom, ele sabe se cuidar sozinho./- ela falou ainda assim com um riso no rosto.

Surpreendeu-se; quanto tempo fazia que ela não sorria? Um bom, tempo, foi um alívio poder rir novamente. Pareciam ter passado séculos confinados naquela tumba infernal, sentia-se bem apenas em poder olhar o sol fraco, mesmo que estivesse perdida em um deserto de gelo.

- /E a Bea, o Andrei e os outros...?/- ele se perguntou.

- /Espero que encontrem uma estrada mais segura./- ela disse olhando pra a imensidão gelada que se estendia a sua frente.

- /Não se preocupe eu tenho certeza de que eles encontraram./- ele disse passando a o braço ao redor da sua cintura, e continuando a andar. - /Logo encontraremos também./- ele disse, observando ela sorrir de leve para ele de novo.

Os dois andaram naquela direção até a pouca luz do sol começar a morrer, e a estrada ficar escura demais para se poder enxergar por onde estavam andando, então os dois começaram a procurar onde ficar., desta vez não encontraram nenhum tipo de abrigo e então ela conjurou dois colchões um ao lado do outro e cobertores, para os dois, ambos passaram a noite ali sob o céu. Ambos tentaram não pegar no sono, mas a Raposa não resistiu estava muitíssimo cansada. O Tigre não fechou os olhos, durante a noite toda, ainda tinha duas doses de poção para animar, tomou uma logo após que ela adormeceu, eles poderiam estar longe dos destroços, mas ainda assim existiam outros perigos em meio ao gelo.

Ela dormia tranqüilamente, os olhos imóveis pro debaixo das pálpebras,e o cabelo caindo sobre o rosto, as roupas subindo e descendo no ritmo de sua respiração, ela era linda. Como ele não cansava de admirar, e pensar que ela quase morrera naquela missão insana, seu peito se comprimia com este pensamento. O vento ia ficando mais gelado, e forte, com o passar da noite, ele temia que outra tempestade de neve estivesse chegando, naquele período do ano, aconteciam com freqüência. Se fosse, não teriam outra alternativa a não ser tomarem suas foras animagas, antes estiveram tão exauridos que não poderiam sustentar a transformação por muito tempo.

Viu os olhos dela se mexerem por debaixo das pálpebras, e seu queixo tremer, ela estava com frio. Ele constatou, com um aceno da varinha que dividiam conjurou mais dois cobertores e a cobriu, ainda assim depois de um tempo ela ainda tremia, e não demorou muito a acordar.

- /Tigre...?/

- /Estou aqui./- ele disse segurando a sua mão.

- /Está tão frio./- ela comentou,. Sentando-se e quase sendo derrubada pelo vento que soprava forte. - /Não consigo dormir./

Ele a abraçou com força talvez diminuísse o frio, e ele os cobriu com mais cobertores. Ele temia que ela não suportasse o frio, os dedos das suas mãos estavam gelados, com a varinha expeliu jatos de ar quente sobre ambos, e ela pareceu relaxar mais. Depois de algum tempo adormeceu novamente.

- /Raposa acorde, estamos no meio de outra tempestade de neve!/- ela ouviu o Tigre gritar com a voz abafada,abriu os olhos lentamente e se deparou com o ar branco a sua frente, quase não dava para reparara que o Tigre estava ajoelhado, ao seu lado.

- /Precisamos nos transformar e sair daqui, achar outro lugar para ficar!/- ele continuou falando com ela. Ela sentou-se, olhou para o céu, mas estava tão nublado que não tinha como saber se já tinha amanhecido ou não. Ainda tonta de sono, levantou-se com dificuldade, com um naceno da varinha ele fez desaparecer os colchões e cobertores, e logo ali já estava um tigre branco. Ela concentrou-se, e se transformou na raposa vermelha que lhe dera apelido.

Ambos começaram uma corrida desabalada a procura de um lugar para ficar, constantemente ela achava que o vento a suspenderia do chão e a arremessaria contra o céu infinito, enxergava melhor do que antes a visão da raposa era mais aguçada que a humana, e assim poderia procurar melhor, os dois correram lado a lado por bastante tempo.

O vento fustigava suas orelhas, mas a raposa não sentia tanto frio como Ginny, então a neve não era um empecilho tão grande, seu peso mais leve facilitava sua locomoção, e depois do que lhe pareceram horas. Ela ouviu um rugido, era o Tigre.

Seguiu a direção que ele corria e os dois, de depararam, com um buraco numa encosta de uma montanha de neve, ambos entraram, e trasformaram-se exaustos daquela corrida. Quantos quilômetros teriam sido? Nenhum dos dois fazia idéia, sabiam apenas que havia sido suficiente para deixa-los cansados.

Com alguns esforço ela conjurou cobertores e ambos se deitam ali mesmo. O tigre olhou no relógio, e anunciou.

- /São sete da manhã./

- /Pelo visto vamos passar o dia todo aqui, pois a tempestade não parece querer passar tão cedo./

- /Verdade./- ele concordou com ela.

Seu estômago reclamava da fome novamente, ela conjurou qualquer coisa e comeu, mesmo sabendo que aquilo não fosse sustenta-la por muito tempo. O Tigre não comeu não quis. Eles já haviam passado por tanta coisa juntos tantas situações difíceis, mas todas pareciam haver uma escapatória, menos aquela. Ela nunca se encontrara em um lugar assim, onde se sentisse tão impotente para resolver alguma coisa. Não sabia para onde ir, nem como se orientar, nem quando poderia sair dali. Eles poderia ficar vagando para sempre, não tinha como saber a extensão abrangida pelo feitiço.

Mas eles não poderiam ter simplesmente abrangido o ártico todo. Não poderia. Lembrou-se de quando ainda estavam no alojamento, não tinha a menor idéia de que iria ficar perdida da neve, apesar de estar tensa. No último dia, ambos estavam tão tensos, que ela não tinha como imaginar que isso um dia aconteceria, não podia prever o futuro.

O Tigre estava calado, e ela estranhou.

- /Por que tão silencioso?/

- /Estava pensando./- ele falou sem desviar os olhos para encara-la.

Ginny sentou-se ao seu lado e encostou a cabeça em seu ombro.

- /Posso saber no que?/

- /Sobre tudo./- ele continuou respondendo como se estivesse meio distante.

- /Tudo?/

- /Talvez já esteja na hora de desistir./

- /Desistir do que?/- ela estava ficando um pouco apreensiva com a resposta que ele poderia dar.

- /Sabe Raposa, eu queria ter tido uma chance com você; mas acho que eu não fiz por onde não é? Antes ainda me perguntava por que , e talvez eu soubesse o tempo todo a resposta. Mas creio que já está na hora de deixa-la livre. Você não é minha, Raposa. Por mais que eu deseje você não é minha./

Ele se levantou e andou um pouco então parou e ficou olhando a neve cair com violência lá fora, ela permanecia calada, talvez não soubesse o que dizer, ou talvez soubesse mas não queria dizer, ou simplesmente tinha medo.

Ele não olhou para ela um segundo sequer, então Ginny se levantou e foi até ele, segurou sua mão e o fez virar de frente para ela, lhe abraçou forte e disse suavemente no seu ouvido:

- /Não desista de mim./- e lhe beijou de leve no canto da boca, para depois voltar a repousar a cabeça em seu ombro sentindo cheiro característico dele mesmo que bem fraquinho.

Ele se afastou por alguns segundos e olhou dentro dos olhos dela:

- /Você está tendo a sua chance, já faz algum tempo./- ela disse parada a sua frente.

Ele abriu um sorriso que ela não via fazia muito tempo no rosto dele, e logo sentiu seu ar ser roubado por um beijo, inesperado. Ela reviveu toda aquela sensação avassaladora de estar com ele como quando se encontraram no banheiro, ela se sentia segura com ele, quando ele a abraçava quando ele deslizava a mão pelas suas costas em carícias, ou quando ele a beijava no pescoço fazendo-a se arrepiar, com se descargas elétricas percorressem o seu corpo na velocidade da luz. Como se só existissem ele e ela naquele momento.

Com um aceno as cegas da varinha, ele bloqueou a entrada do lugar para o vento frio parar de entrar, e continuou beijando ela, de repente, ele já não sabia onde estavam, mas realmente não era muito importante mesmo.

Ginny sentiu seu corpo estremecer, mas nem fazia mais tanto frio lá dentro enquanto ele a segurava pela cintura; é, não fazia mais frio nenhum.

Aquele cheiro... De que era mesmo...? A ele não sabia dizer, talvez fosse de cereja... Não, não, não era de cereja, talvez fosse uma mistura de alfazema, com outra coisa... Ah, ele não saberia identificar a fragrância, mas sabia que era deliciosa, e impregnava lentamente as suas narinas, entorpecendo o seu corpo.

O assobio do vento frio passando pelas frestas do lugar o fez despertar, instantaneamente achou que fosse um sonho, mas então percebeu que o cheiro continuava, fraco, mas ainda estava ali, marcando presença. Ele moveu-se lentamente no intuito de se espreguiçar, só então percebeu, o mar de cabelos ruivos espalhados sobre o seu tórax. Sorriu radiante. Quantas manhãs desejara estar assim? Ele já até perdera a conta.

Parou de se mexer e permaneceu estático, não queria acorda-la, não queria que ela precisasse sair dali, não queria que o contato e o calor dos corpos junto se disseminasse no frio e na neve lá fora.

Mas naquele momento até os minúsculos pingentes de gelo que estavam pendurados no teto e nas paredes do lugar, pingentes que ele tanto odiou ver nas últimas vinte e quatro horas, pareciam bonitos. Pensando bem até que eles não eram tão horríveis assim, na verdade eles eram até bastante bonitos.

Passou a mão pelos cabelos dela involuntariamente, era verdade que ele tinha um fraco insuperável por ruivas? Bom só poderia ser, porque ela tinha sido a primeira que o enfeitiçara. Ou talvez fosse um fraco por raposas mesmo.

Ele sorriu bobamente contra o teto deformado do local.

Parou quando sentiu ela se mexer de leve sobre si, e aquietou-se novamente, tentando não acorda-la, mas era um pouco difícil, já que estava com um incrível e tola vontade de saltitar, na verdade um vontade um tanto quando sem nexo, ou qualquer tipo de explicação.

- Estamos em casa?- ela perguntou em inglês já acordando em uma voz embargada pelo sono, e ainda sem abrir os olhos.

- Não, mas não se preocupe, chegaremos logo em casa.

- /Logo percebi, minha cama seria muito mais macia./- ela falou abrindo os olhos e se deparando com a realidade.

-/Eu que o diga, minhas costas estão gritando./

Ela sorriu de leve e se sentou. Ele sentiu o calor que vinha dela morrer junto com o aconchego da proximidade. Por que não poderia ficar assim o resto do dia? Ah, é, porque eles tinham que continuar a acorrer. Algo fez sua mente se lembrar disso. Era verdade, precisavam apressar-se.

Ele olhou no relógio, eram nove horas, já haviam perdido bastante tempo. Não que não tivesse sido um tempo bem empregado é claro.

- /Temos que nos apressar./- ele falou levantando e abraçando-a colocando o queixo em seu ombro.

- /Temos? Já é muito tarde?/- ela perguntou bocejando.

- /De certa forma, já são nove horas da noite e algo me diz que vamos ter que andar bastante./

- /Eu estou esgotada./- ela disse vestindo a capa preta com capuz que usava quando era Kamarof.

- /Eu causo este efeito nas pessoas./- ele disse cheio de si.

- /Seu ego não diminui de volume nem congelado?/-elas perguntou, cínica.

- /Ta tudo bem, tenho que admitir, eu também, não estou num dos dias de maior disposição./- ele falou, já vestido, e pronto para ir.

- /Estou com fome./- ela falou, ainda sorrindo um sorriso maroto no canto da boca.

- /Não é só você/.- ele falou tomando outra dose de poção para animar e sentindo agora já instantâneo o efeito da adrenalina fervendo no sangue.

- /Você devia parara com isso./- ela falou severa.- /Qualquer dia você passa mal./

Ele apenas a ignorou.

Eles comeram, e transformaram-se novamente em tigre e raposa, e estavam novamente em sua corrida desabalada para chegar a um lugar que parecia cada vez mais longe. Eles correram durante horas a fio, sem nenhuma parada, cada metro percorrido, era como se estivessem mais próximos do chega, mas nunca chegava. Aquela imensidão gelada era tão infinita.

Depois de algumas horas, já era de tarde, não que fizesse alguma diferença quanto ao sol, já que era sempre o mesmo céu esbranquiçado de nuvens, sempre nublado.

O tigre diminuiu o passo ambos pararam, e dirigiu um olhar significante para a raposa vermelha ao seu lado. Ambos se transformaram adquirindo a forma humana novamente.

- /Estamos sendo seguidos./

O céu estava azul marinho e sem neve, desta vez ambos lamentavam profundamente que não houvesse outra tempestade de neve, tornaria mais fácil o plano de despistar a pessoa que os seguia, mas não nevou, não haviam ventos cortantes tingidos de branco, apenas um céu azul marinho com uma leve claridade do sol da meia noite do ártico misturado ao frio que os envolvia impetuosamente.

- /Não consigo vê-lo, nem ver qualquer indício de pegadas./- disse o Tigre.

- /Apagou os rastros, não é um completo idiota./- ela disse sentando-se na neve, estavam novamente a céu aberto, não conseguiram achar qualquer outro lugar para se esconder, e ainda não estavam fora do maldito campo do feitiço que os impedia de simplesmente aparatar.

Alguns metros a frente de onde estavam havia uma faixa onde o gelo era relativamente fino para que pudessem passar sobre a forma humana, e estavam muitíssimos cansados para sustentar a transformação animaga. Então sentaram-se no gelo aos seus pés e ali passariam a noite.

- /Vou ficar de vigília, não sabemos quem é, pode ser alguém perigoso./- ele disse sentando-se ao lado dela.

- /Não, nós vamos fazer isso em turnos, um acorda o outro quando for a hora, duas horas cada um./- ela falou autoritária.

- /Sou perfeitamente capaz de fazer isso sozinho./

- /Você precisa dormir tanto quanto eu, não vou deixar você passar a noite toda acordado./- ela disse taxativa, conjurando um colchão, e entregando a varinha a ele.

- /Que mulher mandona eu escolhi./- ele falou sorrindo e sentando-se no colchão dela a abraçando-a, ela olhou para ele e inesperadamente, um beijo roubou o ar de seus pulmões, mas ela não estava ligando em morrer sufocada mesmo... Antes sufocada que congelada. E de repente o ar entrava em jorros arfantes nos pulmões outrora vazios e a queimar, deixando-a levemente tonta. -/Eu faço o primeiro turno./ - e ela sem condições de discordar, deitou-se com a cabeça nas pernas dele.

- /O que eu faço com você?/- ela perguntou com um sorriso bonito no rosto.

- /O que você quiser querida./- ele devolveu com um olhar carregado do que ela poderia jurar serem segundas intenções. Lhe deu um leve beliscão, e fechou os olhos.

- /Acho que Bea tinha razão não é?/- ela perguntou para ele.

- /Por que?/

- /Ela vivia me dizendo que a gente ia ‘terminar assim’./

-/Perdidos no gelo?/- ele perguntou sorrindo.

- /Não, assim, juntos./- ela disse segurando a mão dele.

- /Realmente Bea é muito inteligente, mas eu discordo dela./

-/Como assim?/- ela perguntou um tanto quanto confusa com a resposta dele.

- /Ainda não terminamos, ainda não acabou, só está começando./- ele disse fazendo-a rir novamente, ele adorava aquele sorriso, até esquecia de onde estavam.

- /Você tem razão, ainda não acabou. Então como vamos acabar?/

- /No meu apartamento, mais precisamente no meu.../- ele disse.

- /Eu não concordo./- ela disse antes que ele terminasse a frase.

- /Então como você acha que vamos acabar?/

- /Brigando como sempre./- ela falou.

- /Até o dia do casamento a gente se entende./-ele garantiu piscando um olho.

- /É, se a gente algum dia sair daqui, a gente se entende até lá./- ela disse bocejando e se acomodando, para finalmente dormir. Mas ainda assim ele parecia estático. Aquilo poderia ser interpretado como um sim? Talvez uma possibilidade...

There's another world inside of me that you may never see.

There's secrets in this life that I can't hide.

Somewhere in this darkness there's a light that I

can't find.

Maybe it's too far away or maybe I'm just blind, maybe

I'm just blind.

Um barulho. Tentou identificar, mas já havia passado. De novo. Era abafado Aquele barulho tinha vindo de algum lugar a sua frente. Seria a pessoa a segui-los? Ele segurou a varinha com força e se pôs de pé, olhou até onde os fachos de luz da varinha iluminavam, não viu nada de diferente. Ainda assim seu coração batia acelerado dentro do peito. Havia algo ali.

Acordou-a:

-/Raposa, acorde, a coisa que nos seguia nos alcançou./- ele falou e sacudiu-a levemente. Ela levantou-se rapidamente. E antes que ele pudesse dizer algo, ele colocou a varinha em sua mão. -/Fique aqui com a varinha, eu vou olhar ao redor./- e transformou-se no grande tigre branco de sempre que saiu correndo silenciosamente na neve.

Ele tentava sentir o cheiro mas era difícil , tudo ela neve, e o vento era forte, correu por algum tempo, não encontrou nada de suspeito, mas ainda assim, o tigre conseguia sentir tão bem quando ele. Tinha alguém por perto.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong.

Hold me when I'm scared and love me when I'm gone.

Everything I am and everything in me

Wants to be the one you wanted me to be.

I'll never let you down even if I could.

I'd give up everything if only for your good.

Então um clarão iluminou algo as suas costas, ele se virou urgentemente para ver, mais outro e mais outro, desta vez um vermelho, seguido de um verde, relâmpagos e raios, apurou os ouvido e foi o suficiente para perceber que jamais deveria ter deixado o lugar onde estava.

A Raposa estava em um duelo feroz com a Sombra ali na sua frente, era o Guardião que quase impedira a fuga deles, ela havia sobrevivido, e estava sedento por qualquer tipo de vingança. Feitiços iluminavam tudo ao seu redor, ele era rápido desviara-se de duas maldições por pouco.

O Tigre havia saído e ela estava sozinha.

Seu feitiço imobilizante foi refletido pelo feitiço escudo o que deu a ela um pouco mais de tempo para lançar um azaração, da qual ele se esquivou com maestria, ele era muito bom, sabia o que estava fazendo.

- /Desista auror, estamos ambos cansados e eu prefiro matar você rapidamente./- ele disse.

Manteve a atenção na varinha, não iria cair naquela técnica de distração.

-/Vou fazer um buraco no seu estômago, prometo que não vai doer./- ele ameaçou, lançando mais um raio vermelho.

Ela estava fazendo o máximo que podia desviou-se de outro feitiço, e devolveu com um relâmpago verde.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong.

You can hold me when I'm scared but you won't always

be there,

So love me when I'm gone, love me when I'm gone

When your education x-ray cannot see under my skin.

I won't tell you a damn thing that I could not tell my friends.

Onde o Tigre estava, será que ele tinha caído em alguma armadilha camuflada? Está hora estaria em maus lençóis, precisaria de ajuda.

Outro raio passou agitando seus cabelos por pouco... Defendeu-se com o feitiço escudo, e logo depois explodiu o gelo aos pés da Sombra provocando uma nuvem de neve. Correu alguns passos no gelo, mas não demorou muito e ouviu os feitiços passarem velozes por ela errando por milímetros, não tinha como escapar, ele estava muito perto. Mas ela tinha que achar o Tigre!

-/Não adianta correr idiota, eu vou achar você./- disse a sombra em uma voz fria e desdenhosa - /Como ousou fazer o que fez...?/- disse com nojo

Now roaming through this darkness I'm alive but I'm

alone.

Part of me is fighting this but part of me is gone.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong.

Hold me when I'm scared and love me when I'm gone.

A voz da Sombra que cortava o silêncio com feitiços e seu braço direito pendia imóvel e visivelmente sem ossos. Ainda assim não parecia ser o suficiente para para-lo, ele parecia mais feroz ainda.

- /Traidora do próprio povo, e desonra da sua raça!/- ele bradava em meio a azarações.

Ginny se esquivou, então viu um Tigre branco correndo em sua direção. Ela não tinha percebido,mas havia se aproximado demais da parte onde o gelo era muito frágil, olhou para o chão aos seus pés...

Mas não teve tempo de pensar em mais nada uma dor alucinante no seu peito tomou conta de todo o seu corpo em meio a um relâmpago esverdeado e ela foi arremessada contra a geleira a suas costas inconsciente.

Everything I am and everything in me.

Wants to be the one you wanted me to be,

I'll never let you down even if I could.

I'd give up everything if only for your good.

O Tigre observou enquanto corria o corpo da ruiva bater com força contra a geleira e derrubar muita neve, cobrindo o corpo inconsciente dela, seu coração estava sufocado, tinha que chegar até lá, e tira-a de lá ou morreria soterrada. Ela ficaria bem ele só tinha que alcançá-la.

Ele manteve o olhar fixo no monte de neve aos pés da geleira, porque ela simplesmente não explodia a neve e sai de lá? Era fácil ela tinha a varinha, com um feitiço conseguiria. Então porque diabos ela não fazia aquilo logo? Estaria esperando ele se pronunciar?

Ele rugiu. Ainda assim a neve continuava imóvel.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong

You can hold me when I'm scared, you won't always be

there,

So love me when I'm gone.

(Maybe I'm just blind)

A Sombra se virou contra ele, mas já era tarde demais, o enorme tigre já estava muito próximo, saltou para cima da Sombra que disparou um raio vermelho mas não pode evitar ser lançado ao gelo frágil a suas costas, o gelo se despedaçou com o barulho de vidro quebrando, e o tigre branco conseguiu ouvir a água gelada se agitar com a colisão, para depois o barulho se tornar abafado, e o buraco no gelo se fechar quase que instantaneamente, abafando os gritos que o homem deixava escapar mas não o barulho de seus punhos tentando abrir um buraco na camada de gelo que o encerrava nas águas congelantes selando sua morte.

O Tigre jazia caído no chão, já voltara a sua forma humana mas seus olhos ardiam incrivelmente e sua cabeça parecia explodir de dor, o feitiço o atingira no olhos... Piscava freneticamente, mas ainda assim, pareciam queimar, a dor era insuportável, e ele gritava enchendo a imensidão gelada com seus gritos de agonia. Mas a inconsciência não demorou muito a toma-lo pro inteiro, e ele não ouviu mais nada nem sua própria agonia mergulhado na escuridão.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong.

Hold me when I'm scared and love me when I'm gone.

Everything I am and everything in me,

Wants to be the one you wanted me to be.

I'll never let you down even if I could.

I'd give up everything if only for your good.

So hold me when I'm here right me when I'm wrong.

You can hold me when I'm scared, you won't always be

there.

So love me when I'm gone, love me when I'm gone

N/A: finalmente heim?? Foram mais de dois anos aqui, sempre escrevendo às vezes me atrasando, mas nunca desistindo, fico feliz de poder ver, tudo que fiz com ajuda de vocês, mas também triste por saber que uma parte acabou. Como prometido aqui está o capítulo mais longo de toda a minha vida. E meus inúmeros ‘obrigada’s para todos vocês que fizeram parte destes dois anos. A continuação vem ai é só tempo de eu descançar um pouco fazer minhas provas dedicar um pouco mais de atenção as minhas outras fics.. e pronto já tem cap. Novo da continuação ok..! Eu escolhi uma data especial para mim. 07/07/07 rsrsrsr.. esperem um pouquinho que passa rápido.. muitas novidades em julho. Lou you all!


CONTINUA EM BETWEEN ANGELS AND DEMONS

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