Adeus rua da Fiação.



Adeus rua da Fiação.



Quem observasse aqueles homens de longe acharia que eles estavam prestes a sair no tapa, parecia uma intensa e calorosa discussão, tal era o volume das vozes, e naquele ambiente os desentendimentos e brigas eram comuns. O Local no caso é um bar, uma mistura de pub inglês com mercearia, já que aquele era o único estabelecimento comercial que restou naquela região. A região onde fica o bar era uma decadente vila operária. Que abrigava os funcionários de uma antiga fábrica que havia falido dois anos antes. A grande massa construída da fábrica com seus galpões abandonados e principalmente a chaminé, ainda marcavam a paisagem local. Além do rio fétido e poluído por anos de despejos do esgoto industrial, que passava ali na frente do bar do outro lado rua.
Subitamente os homens explodiram em gargalhadas, Não era um começo de briga, não que não fosse acabar nisso já que os sujeitos risonhos estavam todos embriagados, alguns estavam ali desde a manhã ouros chegaram no início da tarde, esse era o caso de Tobias Snape, Homem alto corpulento de rosto pálido e pele macilenta. Seus cabelos eram negros e curtos cortados bem rente a cabeça, tinha um bigode espesso sob o nariz curvo. O Sr. Snape, como a maioria dos homens no bar, trabalhava na fábrica falida e agora estava desempregado, no começo ainda conseguiu viver de bicos, mas ultimamente nem isso estava conseguindo, o dinheiro em casa estava curto e sua família passando necessidades.
Ele tinha saído esta manhã para procurar emprego e depois de ter andando por quase toda Londres ele voltou para casa desanimada e em seu caminho, mais uma vez como tem sido nos últimos dois anos, estava o bar.
Tobias e seus companheiros estavam iniciando mais uma rodada de bebidas, quando a porta do bar se abriu, entrou por ela um rapazote franzino de cabelos na altura dos ombros, o rosto tampado belo cabelo negro e oleoso. Vestia-se como um menino comum só que suas roupas demonstravam a pobreza na qual vivia.
O menino que devia ter por volta de onze anos se dirigiu ao balcão. Um dos homens notando a presença dele falou: “Tobias, aquele ali não é o seu filho?”
O Sr. Snape girou com dificuldade no banco onde estava sentado, apurou a visão para enxergar o garoto na penumbra fumacenta do bar.
“Severo?” chamou ele.
O menino ficou imóvel recebeu o embrulho do balconista e se virou para a porta.
“Severo, estou falando com você!” Gritou Tobias Snape.
Severo apenas continuou caminhado ate a porta sem se virar, sabia muito bem quem o estava chamando. Tinha uma expressão de raiva no rosto os lábios finos encrespados, como as sobrancelhas.
Tobias gritou pelo filho mais uma vez, ao se mexer desequilibrou-se e caiu do banco. Os outros homens gargalharam. “Esse seu filho é mesmo estranho Tobias” Disse um deles.
Tobias se apoiou no balcão e se ergueu, olhando furioso para os companheiros de bebedeira, disse “Meu filho não é estranho, é um garoto normal e parto a cara de quem afirmar o contrário”.
Os beberrões gargalharam de novo, mas nada disseram sobre o filho sabiam que esse assunto sempre acabava em briga com Tobias e ele não era nem um pouco fraco mesmo estando bêbado com um gambá.
“Então você é um pai sem moral” gracejou um dos bêbados, mais corajoso ou mais bêbado.
Tobias avançou sobre o homem, os outros tentaram segurar, foram todos para o chão. O Balconista pressentindo o tumulto que se formava interveio: “Snape, se você tem problemas em casa, que vá resolve-los por lá” e Saindo de trás do balcão pegou Tobias pelo braço e o colocou para fora do bar.
Severo Snape, o filho, caminhava rápido e de cabeça baixa tampando o rosto na cortina de cabelos negros. O pacote sob o braço direito. Contornou algumas ruas, todas iguais com pequenas casas de tijolo aparente Logo chegou a rua da fiação. E entro velos pela porta de uma das casas.
Lá dentro uma mulher lhe estava cozinhando, Severo continuou calado e depositou o pacote sobre a mesa ao lado dela.
Já ia passando direto pela pequena sala em direção a escada que levava para o sue quarto, quando viu empoleirada num dos braços do velho sofá da sala, uma coruja parda.
Ele ficou parado encarando-a, mas permaneceu calado, foi sua mãe quem falou sem tirar os olhos da panela: “Ela chegou logo assim que você saiu, acho que é para você”.
Severo caminhou devagar como se temesse que ela se espantasse e saísse voando, no fundo ele sabia que era uma coruja do correio dos bruxos e que não se moveria até que ele retirasse pegasse a carta que ela trazia. Sim, Severo Snape era um bruxo assim como sua mãe e diferente do seu pai que era um trouxa.
Seus pais se conheceram e se apaixonaram o fato ela ser uma bruxa não oi problema para Tobias, pelo menos não no início. Já o fato de Tobias ser um trouxa acarretou muitos problemas para Eillen Prince, Seus pais não aceitaram o relacionamento e lhe viraram as costas, Tobias magoado com a atitude nunca quis se aproximar dos sogros. Ela apaixonada aceitou fingir que era normal para a família dele com medo do que pudesse acontecer. Esses e outros fatores acabaram afastando-a do mundo bruxo. Apesar de tudo o casal foi muito feliz, Sem perceber Eillen foi cada vez utilizando menos magia.
O casal vivia em harmonia até o nascimento de Severo, Tobias teve medo ao imaginar que seu filho pudesse manifestar poderes mágicos, mas logo ficou claro que Severo era um bruxo. Eillen explicou a situação da família ao filho e ele sendo muito inteligente tem perfeita consciência da sua condição de bruxo num mundo trouxa.
Dois anos atrás a fábrica fechou e Tobias ficou desempregado, logo a família come4çou a passar dificuldades, Tobias ficou mais irritado com a magia da mulher, se tornou violento, reflexos do seu orgulho ferido por se ver sustentado pela magia da mulher. Há um ano ele proibiu Eillen de realizar mágica, e começou a tentar convencer Severo para que ele desistisse da magia. O filho se recusou e o clima ficou pesado na casa, os três quase não se falavam mais, a tensão era constante e o dinheiro sempre pouco ou nenhum.
Mas voltemos a este fim de tarde ou já início de noite. Severo conseguiu retirar o envelope do bico da coruja viu o lacre de Hogwarts, retirou-o e começou a ler:

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Diretor: Alvo Dumbledore

Prezado Sr. Snape,
Temos o prazer de informar que V. As. Tem uma vaga em nossa escola, Estamos anexando uma lista de livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em dois de setembro.

Atenciosamente

Alvo Dumbledore.
Diretor.


Severo teve um leve tremor, seus olhos brilharam, porém ele não sorriu, quem sorriu foi sua mãe ainda sem retirar os olhos da panela. O garoto ficou excitado com a possibilidade de estudar em Hogwarts, mas logo se lembrou que não tinham dinheiro.
Ele se virou para falar com mãe, mas foi interrompido pela entrada brusca do pai pela porta.
Tobias encarava o garoto abriu a boca para falar, mas a fechou novamente ao perceber a coruja que ainda estava sobre o sofá na esperança de ganhar água ou quem sabe um biscoito pelo seu trabalho bem feito. O que ganhou foi um safanão de Tobias a coruja bateu as asas contrariada e voou dando um rasante sobre a cabeça de Tobias. Severo riu de maneira sutil, porque o pai assustado com a ave, e ainda embriagado, se desequilibrou e caiu desajeitadamente sobre o sofá.
Tobias esqueceu a raiva que estava sentindo do filho e se dirigiu a mulher: “Essa era umas corujas do seu povo, não era?”
Eillen não disse nada permaneceu calada. Tobias começou a berrar: “Você voltou a se relacionar com bruxos? Eu disse que não quero isso eu posso cuidar da minha família, não preciso de bruxaria”.
A mulher nem se virou para o marido, foi Severo que falou com sua voz fria e calma: “A carta é para mim” e estendeu a mão mostrando o pedaço de pergaminho.
“O que?” disse Tobias confuso. “O que essa gente quer com você?”
“Eu sou bruxo como eles, por que não posso receber correspondência por meio de corujas” respondeu severo ainda frio encarando o pai por baixo da cortina de cabelos.
“Não me enrola moleque, quem mandou a carta?”
“É de Hogwarts, ele tem uma vaga numa das melhores escolas de bruxaria do mundo” disse a mãe com orgulho na voz.
Tobias agora se virou para ela: “Como assim? Não entendo?”
“Toda minha família estudou lá. É natural que Severo tenha uma vaga”
“Você o matriculou lá?”
“Não”
“Então como essa carta foi aparecer?”
“Hogwarts é assim, Severo só tem que aceitar a vaga e estará matriculado”
Tobias ficou confuso, sua cabeça girava por causa da bebida, por fim consegui dizer com a voz falhada: “Ele não vai estudar magia”
“Severo suba!”. Pelo tom de voz severo achou melho obedecer, começou a subir mas parou no meio da escada, aquele assunto era sobre o futuro dele e ele iria participar daquela conversa.
“Você não pode impedi-lo de ir para Hogwarts” disse Eillen decidida.
“Do que vale magia pras pessoas do nosso mundo, ele não se pode revelar bruxo pros outros”
“Ele pode querer viver entre os bruxos”
“Bah! Bobagens... Ele deveria estudar medicina ou direito, o menino é inteligente demais, vai perder o tempo fazendo truques com aquela varinha ridícula”
“magia não tem nada de ridículo, você sabe muito bem, não tente diminuir o valor de ser bruxo”
“Nem sei por que estamos discutindo, nem mesmo temos dinheiro nem do nosso, nem do mundo bruxo para pagar essa escola, ou vai me dizer que eles ensinam de graça?”
Eillen ficou calada por um instante como se decidisse se valia a penar falar o que tinha pra dizer, depois de um longo suspiro disse: “quando Severo nasceu, meus pais abriram uma conta para ele no Gringotes, o banco dos duendes, Não tem muito dinheiro lá, mas vai dar para pagar os estudos dele, ele poderá utilizar meus livros antigos se ainda servirem”
Tobias ficou furioso com a possibilidade de receber dinheiro dos sogros. Começou a gritar descontrolado: “Aqueles malditos, nunca ligaram pro garoto, querem fazer dele bruxo para me provocar, Estamos nessa miséria por alguma azaração que eles colocaram em mim. Severo nunca irá para essa escola...Eu disse NUNCA!”
Vendo sua mãe se encolher toda diante da reação do pai. Severo temeu perder a vaga em Hogwarts. O menino começou a falar muito alto: “Pois eu vou sim! Não quero ficar aqui nessa imundice de trouxas, não vou me tornar um trouxa como você, como todos aqui que conheço inúteis. Eu vou para Hogwarts morar e estudar num castelo longe disso tudo aqui!”
Tobias avançou sobre ele, a bebida e a raiva o dominaram por completo. Desferiu um sonoro tapa na face pálida do filho. A mãe levou a mão à boca e começou a chorar. Tobias pareceu ficar sóbrio com o choque, e se arrependeu. Tentou se aproximar do filho já murmurando desculpas, mas suas pernas ficaram paralisadas.
Severo foi ao chão com a violência da pancada, ele se levantou lentamente, seus olhos faiscavam ele encarou o pai e começou a falar lentamente: “Verme, todos os trouxas são como você, vermes, merecem morrer”
Tobias começou a ficar vermelho não conseguia respirar, Severo continuou a falar sem cortar o intenso contato visual com o pai: “Fraco. Você é fraco e quer me deixar fraco também, mas eu vou ser forte. Criaturas medíocres como você serão baratas para mim.”
“Severo pare!” Pediu a mãe. Mas Severo não controlava o que estava fazendo era a raiva e o desprezo que ativavam seus poderes. Ele se virou para ela e disse: “Você é patética, como pode deixar um trouxa mandar em você?” Sua mãe começou a chorar e saiu correndo a revirar um pote, de onde tirou sua varinha. E cancelou a magia de Severo.
Os olhos do menino ainda faiscavam, seu pai ofegava no chão recuperando-se do sufocamento.
“Por que?” Perguntou simplesmente Severo para a mãe. E ela respondeu: “Porque apesar de tudo eu ainda o amo”.
Severo olhou para o pai no chão e depois para a mãe que ainda tinha lágrimas nos olhos e disse por fim: “Então eu desprezo o amor. Ele enfraquece as pessoas... Sentimento que faz uma bruxa se submeter a um lixo de trouxa.”
Severo subiu para o seu quarto e os três nunca mais discutiram o assunto. Ficou dessa forma acertado que Severo iria para Hogwarts.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.