Sara - Uma Nova Irmandade
- Capítulo Quatro -
Sara
Eu estava completamente nas nuvens. Harry e eu havíamos ficado um bom tempo no lago até a vassoura dele chegar. Depois voamos até Expresso e entramos nele sem que ninguém reparasse a nossa presença.
Adormeci durante boa parte da viagem. Antes de dormir, fiquei revivendo os momentos que passei com Harry durante aquela tarde. Hermione e Rony estavam em uma reunião dos monitores. Durante aquele ano muitos alunos foram pegos em suas fugas durante à noite e eles queriam começar a cobrir mais território. Já eu, fiquei em uma cabine, separada de Harry. Por um lado fiquei triste com isso, mais por outro eu gostei. Assim ninguém ia ficar dizendo que eu estava caidinha por ele e não teria tantas preocupações com minha reputação de boa-moça. Além do mais, eu o teria só para mim durante todas as férias.
Virei o corpo para o outro lado no banco da cabine onde estava deitada e, colocando um casaco embaixo da cabeça, fiquei observando pela janela a lua e as estrelas passarem correndo lá fora. Não via a hora de beijá-lo de verdade. Não via a hora de poder tê-lo para mim como um namorado. Era gostoso poder amar e se desligar um pouco das coisas em tempos tão difíceis: a guerra e a morte de Dumbledore, que apesar de pouco discutidas, atormentavam à todos. Não duvidava de que muitos pais ficariam com medo de seus filhos voltarem à Hogwarts. Ainda mais, porque quem matou Dumbledore não foi Voldemort e sim um dos nossos próprios professores.
A questão que martelava em minha cabeça era: "Será que meus pais me deixarão voltar à Hogwarts?". E se dissessem que não? Tentei fugir desta idéia terrível. Teriam que deixar. Eu queria terminar meus estudos. Eu queria Harry, o amava, tinha certeza. Só mesmo uma desvairada para se apaixonar por um garoto com uma vida tão complicada, mas aconteceu. Depois daquela tarde, tinha certeza de que o teria para mim, como sempre quis. Não sei explicar aquela minha convicção, o fato que é eu sabia e pronto.
Soltei uma gargalhada e me aconcheguei no banco. Fechei os olhos e adormeci.
- Sara... Sara... acorde!
Abri os olhos. Havia um vulto na minha frente, que empurrava meu ombro gentilmente para frente e para trás
- Quê? - perguntei, esfregando os olhos.
- O Expresso parou. Tivemos um pequeno problema, os aurores estão vistoriando todo o trem. - disse Hermione, sentando-se no banco à frente.
- Ahh - respondi, me espreguiçando apressada. - Obrigada. É melhor eu ficar acordada.
Hermione fez que sim com a cabeça, enquanto eu me levantava e arrumava o cabelo.
- Mas eles já vieram aqui. Você estava dormindo... Quando saíram, eu vim te ver. Você está bem? - ela continuou, sentando-se no banco à minha frente.
Sorri. - Estou. Obrigada Mione.. Obrigada por se preocupar comigo. - agradeci.
Hermione sorriu também. - De nada. Você sabe, pode contar comigo sempre. Agora.. e quanto ao Harry..? Como vocês estão?
Suspirei e caí no banco atrás de mim.
- Ahhhh.... Continuamos na mesma. Sei lá Mione.. Às vezes eu acho que ele não liga a mínima para mim.
- Que besteira! Mais é CLARO que liga!
- Eu sei.. Mais eu queria que ele me amasse, não que ele gostasse de mim como amiga.
- Eu te entendo. Sei como é ficar esperando que ele faça alguma coisa a vida toda e ele nunca faz nada. - ela disse, com um olhar desapontado.
- O Rony continua morrendo de ciúmes de você mais continua sem coragem de assumir seus sentimentos, não é? - arrisquei, com um olhar de fraternidade.
Silêncio.
Hermione respirou fundo e desviou seu olhar para as mãos, enquanto o expresso dava uma alavancada.
- Qual é Mione, pode falar comigo! Você sabe que eu nunca diria nada!
- Não, eu sei. Confio em você. É.. É isso mesmo. O Rony. Ele, sempre ele! Que droga, porque ele não me deixa em paz de uma vez então? - ela me perguntou, irritada.
- Entendo.. Ao invés disso, você sente como se ele ficasse te prendendo à ele, não é? - perguntei novamente, segurando as mãos dela.
- É. Mais que droga! Agora eu.. Ai, você entendeu. - ela me confidenciou baixinho.
- Gosta dele. - concluí, soltando as mãos dela e me encostando no meu banco - Hermione, não tem mal nenhum em amar! Isso acontece com qualquer ser humano em qualquer lugar do mundo. A vida está e dando uma chance de ser feliz, aproveite enquanto pode e agarre-a com todas as suas forças. Não é todo dia que se ama e se é amado de verdade! Além do mais - comecei com um sorriso malicioso -, o Rony tem cara de quem beija bem...
Ela sorriu com esta minha última observação. Hermione estava com os olhos brilhando. Deitou-se no banco em que estava sentada e eu fiz o mesmo no meu. Depois de alguns segundos, ela apontou a varinha para a luz da cabine, apagando-a. Ficamos as duas observando as estrelas e a lua correrem pela janela de vidro.
Silêncio.
- Você acha mesmo? - ela cortou o silêncio, sem olhar para mim.
- Eu acho. Ele tem os lábios, digamos... grossos. - respondi, soltando uma risada meio sem jeito.
Hermione olhou para mim com um sorriso um pouco malicioso.
- É.. Eu também reparei nisso.
Silêncio.
- Já pensou no que ele faria se você se aproximasse e o beijasse? - perguntei, virando-me no banco, para poder vê-la.
- Já.. - ela respondeu, virando-se para mim - Um monte de vezes. Você fica na dúvida. Quer saber se ele corresponderia ao beijo ou não, mais não tem coragem de arriscar.
- É assim mesmo!
- Você já pensou nisso com o Harry também?
- Anham, e como! Às vezes a gente ta conversando e eu olho rapidamente para os lábios dele e fico me perguntando: Será que Harry Potter me evitaria? Será que corresponderia ao beijo? Mais, como você disse, não tenho coragem de arriscar...
Hermione suspirou.
- Mione.. vamos fazer uma Irmandade? - sugeri.
- Ihhh, não sei não. Pela sua cara... O que é eu você está planejando? - ela perguntou, colocando uma mecha do cabelo para trás.
- Não é nada demais. Mais, pense bem: você e o Rony se amam. Eu, sou louca pelo Harry. Já que nessas férias o Potter vem pra minha casa e você vai pra casa do Rony...
- Ah, não! - ela me cortou - Você não está planejando fazermos uma Irmandade para nos ajudarmos a conquistá-los, está?
Fiz que sim com a cabeça, enquanto mordia o canto do lábio.
- Que foi..? É uma péssima idéia? - perguntei franzindo o cenho, em uma expressão de dúvida.
- Não! É uma ÓTIMA idéia! Sara, você é um gênio!
Confesso, fiquei surpresa com a minha amiga. Hermione sempre tentou esconder sua beleza, achando que era futilidade se arrumar. Sempre disse que ler era mais importante, mas nunca soube conciliar os dois. Até que ela começou a se arrumar mais, combinar roupas, passar um batom discreto... Às vezes fico na dúvida se o Krum não contribuiu para isso.
- Nada que te supere, Hermione! - respondi, modesta - Também não é pra tanto!
- Bem.. - ela começou empolgada, sentando-se no banco - E o que é que vamos compartilhar? Você sabe né, toda Irmandade tem um objeto especial que os integrantes compartilham.
- Sei.. E já estava pensando nisso. Eu acho que poderia ser um objeto que nos trouxe sorte. - opinei, sentando-me no banco também. Não podia negar que estava empolgada com a idéia.
- É.. Algo que nos trouxe sorte... E também que nos traga boas recordações... Mas.. O quê? - ela me perguntou.
Coloquei a unha do dedinho no canto do lábio e olhei para a lua. Ótima pergunta a da minha amiga: O quê?
Ficamos as duas em silêncio por um tempo. As árvores corriam lá fora como sombras. O trem estava calmo, o que chegou a me deixar um pouco assustada: O mundo bruxo estava em pânico e o trem estava calmo? A idéia de algo terrível podia estar acontecendo não me abandonava. Mas não podia pensar nisso agora. Quem sabe com a ajuda de Hermione não poderíamos conquistar nossos príncipes, derrotar Voldemort e sermos felizes para sempre? Sei que meus planos estavam mais para "Conto de Fadas" do que para a "História de Terror" que estávamos vivendo, mais não custava nada sonhar com um final "feliz para sempre".
Fiquei parada pensando no que poderíamos compartilhar, até que Hermione olhou para mim afobada.
- Sara, tive uma idéia!
- Idéia? Qual?
- Lembra aquele dia em que fomos em Hogsmeade e ganhamos aqueles colares da sorte?
- Lembro.
- Então! O que melhor para ser o objeto da Irmandade do que nosso colares da sorte? Sem contar que foram os garotos que nos deram!
Parei para pensar. Naquele dia paramos da Tila Pobelo - Moda Mágica. Foi engraçado. Harry e Rony decidiram comprar uma coisa para nós e virce-versa. Eles escolheram nos dar um colar e nós escolhemos capas de invernos para eles. O meu colar era azul-celeste e era formado por contas em forma de estrelas e cristais; o de Hermione era verde água e era formado por contas em formato de pérolas e um cristais pontudos. Cada um tinha um mini pingente porta-retratos de coração. Quando se abria ele, uma pequena imagem de nós quatro era projetada para frente, como em uma foto bruxa. Na verdade, era uma foto bruxa que tiramos em Hogsmeade. Nela estavam Harry e Rony mexendo em nossos cabelos e rindo e Hermione e eu, batendo neles e rindo também.
- É mesmo! Mais como vamos fazer para compartilhá-los?
- Simples! Eu pensei que podíamos desmontá-los. Dividiremos as contas por tipo. Depois, daremos metade para a outra. Aí, montamos dois novos colares, idênticos.
- Boa idéia! Vamos pegar nossos colares!
Hermione correu para a sua cabine. Depois de algum tempo, estávamos as duas sentadas no chão da minha cabine, dividindo as contas.
- Regra número um da Irmandade: só nós podemos usar esses colares e jamais emprestá-los para outras pessoas, por mais desesperadora que seja a situação. - decretou Hermione, colocando uma conta azul-celeste em seu colar.
- Regra número dois: esses colares jamais poderão ser desmontados. Não importa o que aconteça, eles nos trarão sorte se acreditarmos. - falei, enquanto observava uma pena enfeitiçada escrever tudo em um pergaminho.
- Regra número três... Já sei! Deveremos mandar uma coruja para outra toda semana, contando as coisas boas que aconteceram.
- E se não acontecerem coisas boas? - perguntei, enfiando uma pérola verde no meu pedaço de linha.
- Caso não aconteçam boas coisas, estas deverão ser relatadas para a amiga em uma coruja, escritas em papel de carta vermelho. - ela completou solenemente.
- Tá. A Regra Número Quatro vai ser: Não poderemos tirar esses colares por nada, só quando nos encontrarmos de novo.
- O.K.. Mais, peraê: e se fomos para uma festa e o colar não combinar?
- Não Hermione, não vale tirar! Além do mais... Você não se importava tanto assim se alguma coisa combinava ou não à algum tempo atrás.. Estou enganada?
- Não! Ah Sara, mais---
- Não, não vale, é uma regra!
- Ai, ta bom! - ela respondeu, entregando os pontos. - Então a regra Número Cinco vai ser que ninguém pode saber desta Irmandade nem dos seus propósitos.
- É, concordo. A Regra Número Seis vai ser que não poderemos desistir de nosso propósitos até nos encontramos de novo e termos certeza absoluta de que não existe mais solução.
- E a Regra Número Sete será que somente a amiga poderá avaliar se tem ou não solução. Afinal a outra vai estar desiludida, querendo desistir e não vai saber avaliar direito... - ela disse, colocando uma conta verde em seu colar.
- Certo. A Regra número Oito vai ser que nós não podemos deixar nenhuma conta cair. Se isso acontecer, teremos que mandá-la por coruja, junto com a carta para trocá-la por uma conta da amiga que tenha a mesma cor e colocá-la no mesmo lugar. - decretei, fechando meu colar.
- Regra Número Nove: Não vale deixar as contas cair só para não ter que usar o colar, por que ele não combina com sua roupa. - ela falou, fechando seu colar e olhando para mim.
- Regra Número Dez: Seremos amigas, para Sempre. Não importa o que aconteça, jamais deixaremos de ser amigas e essa Irmandade jamais deixará de existir.
Silêncio.
Hermione colocou o colar dentro da mão e a fechou.
- Essa Irmandade será selada pelo Amor... - ela disse, colocando a mão no centro.
- Pela Confiança... - falei, colocando minha mão com o colar sobre a dela.
- Pela Amizade... - ela continuou, colocando a outra mão sobre a minha.
- E pelo Respeito. - terminei, colocando minha mãe desocupada sobre a dela.
Silêncio.
Eu olhei para ela.
Nós duas pegamos nossos colares e os colocamos no pescoço.
Senti minha barriga dar um nó e fiquei com vontade chorar. Hermione continuava séria, enquanto pegava a pena enfeitiçada e a guardava.
- Esta cópia das nossas regras é para você, para que não se esqueça desse juramento. - ela disse, me entregando um pergaminho.
- E essa é para você. - respondi, dando-lhe uma folha com as regras - Para que não esqueça que um dia estivemos aqui e para que não se esqueça dos nossos ideais.
Nós nos entreolhamos e nos abraçamos. Agora eu sabia que nossa amizade era algo inexplicável e verdadeiro. Sabia que não importava o quanto o tempo pudesse nos mudar, sempre seríamos amigas. Éramos irmãs. Talvez não de sangue, mais de alma e de coração. E isso, era o que realmente contava.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!