Meu corpo, meu amor

Meu corpo, meu amor



E ia afundando. Todas aquelas lembranças de algo que chamava de vida passando por sua mente. Pensar que nunca mais sentiria aquele cheiro dele, tão único e inexplicável, era terrível, mas pensar que todas as dores e os sofrimentos acabariam era realmente maravilhoso, pensando bem, sua vida sempre fora voltada para ele...Será que sempre fora assim? Caminhando para um dia encontrá-lo? Quanto tempo ficou no escuro? Não sabia. Um minuto? Um instante? Uma eternidade? Talvez. Às vezes tinha a sensação de que alguém lhe chamava, mas nunca era ele. Por quê? Por que ele nunca vinha buscar lhe? Ele não era o seu Príncipe, o seu Tom, afinal? Tudo não passara de uma mentira contada para alguém idiota? Não podia ser! Mas agora tanto fazia, já não estava mais entre os vivos. Não havia como voltar a vê-lo. Mas um sentimento que só os vivos possuem insistia em fazer força em seu peito, a Esperança. Esperança de revê-lo, Esperança de tocá-lo. Quero voltar! Quero voltar! Quero voltar!



























O ar. O ar frio de outubro invadiu seus pulmões. Já havia se desacostumado com aquilo. Que medo! Será que ia ter de passar por tudo de novo? Tudo até a morte? Mas sentiu um par de mãos quentes envolvendo-a, acalmando-a.
=Não, não toque em mim, eu vou machucar você... =
-É linda... O nome será Mary Jane. Não é lindo?
Viu um par de olhos castanhos encarando-a. Encarou de volta.
-Lindo. Lindo como ela. Linda como a mãe.
Risadas.
=Estão felizes por me ver aqui? Talvez, talvez eu deva esquecer e recomeçar. Do começo.=
Sentiu uma onda de energia quente e poderosa percorrendo seu corpo. Não era ruim como da outra vez, era boa, reconfortante, sabia que aquele ser ia proteger lhe, ia amar lhe, não ia precisar sofrer como da outra vez...Não.



































-Mary Jane Black! Como você explica essa bagunça?!
Gritos, sua mãe gritava. Ela havia quebrado um vaso. Começou a chorar.
-Desculpe mamãe! Eu conserto! Eu conserto! Desculpa!
Corine estava espantada; a menina, com raiva da irmã, quebrou um vaso só com o sentimento. Era realmente poderosa... Como sua mãe. Aquele colar manchado de sangue que a criança não tirava do pescoço lembrava-lhe disto o tempo inteiro.
A menina começou a pegar os cacos, ainda chorando, se cortou com um deles, a lágrima escorreu do queixo e bateu no machucado que sumiu na hora. Peter arregalou os olhos, tal qual como Corine, Diana nem se abalou e continuou brincando com sua boneca.
-Co-como? Mãe como ela fez isso?
Desde a morte de Tina haviam se passado seis anos e, nesse meio tempo, Corine e Sirius tinham dado vazão ao amor mútuo que sentiam, Corine adotou Peter, dois anos após o casamento nasceu Mary e um ano depois, Diana. Antes mesmo de Diana nascer, Sirius estava sendo preso por trair os Potter. Peter já sabia que sua irmã seria uma bruxa excepcional, mas sempre se surpreendia com o que ela fazia. Corine sempre tratava tudo aquilo com naturalidade, com tranqüilidade. Também, não era para menos, ela passara seus primeiros três anos vendo a mãe fazer coisas muito mais “excepcionais” que aquilo e fora “criada” na companhia de Lord Voldemort, o que a filha fazia era fichinha comparado a o que ela já tinha visto. Corine se virou para o filho com tranqüilidade e disse:
-Não é nada demais, Peter, sua irmã só desenvolveu os poderes antes, só isso. Não quer dizer que ela seja melhor ou pior que você. -Apontou com a varinha para o vaso quebrado-Reparo.
Deu um meio sorriso, pegou uma Diana relutante no braço e disse:
-Vou dar banho nela, a febre da gripe não está baixando com poções então vou ter que usar um método trouxa. Mary, Peter, podem ir brincar lá fora.
-Mas mãe, as crianças trouxas são chatas! Elas nunca viram uma coruja!
Corine lançou um olhar fuzilante ao filho mais velho e falou com uma voz sarcástica:
-Você tem um senso de humor notável, Peter, por que, SENDO O MAIS VELHO, além de ter de dar exemplo às suas irmãs a respeito disso, COMO MAIS VELHO, já deve estar careca de saber que não devemos falar com os trouxas sobre o nosso mundo.
-Eu...Eu não falei! Eles estavam falando de corujas e eu apenas perguntei se algum deles tinha visto uma coruja antes e eles disseram não, só isso! Apressou-se em dizer Peter, corando furiosamente de raiva.
-Que bom. Então vá brincar lá fora.
Peter segurou Mary pela mão e saiu cabisbaixo. A irmãzinha foi atrás, sendo levada, tropeçando nos próprios pés. Lá de fora ainda era possível ouvir Diana gritando que a água estava fria e que não era justo que eles saíssem para brincar com ela trancada em casa.
-Peter! Peter, a mamãe já disse para a gente não sair do quarteirão, Peter! É perigoso! Peter, você tá me ouvindo?!
Ele se virou e disse, sorrindo:
-Estou, maninha, só vou te levar para uma pracinha muito legal que tem ali a diante. Tá bom? Não é nada de perigoso. Eu jamais arriscaria a minha querida maninha.
O olhar dele tinha um quê de fanático. Mary percebeu.
-Peter, você tá me assustando...Eu...Eu tô com medo! Por favor, vamos voltar, maninho! Por favor!
Mary chorava de medo. Peter a ignorou e continuou arrastando.
-Você vai me contar para onde a gente vai de verdade ou eu vou ter que adivinhar?! Gritou a garotinha.
-Está bem, você quer saber?
Mary fez que sim com a cabeça. Peter parou, tirou umas moedas do bolso, se dirigiu ao moço do carrinho de sorvete e comprou duas casquinhas de morango.
-Vamos embora. Procurar o papai. Eu estou cansado de ver a mamãe chorar por culpa dele e o Tio Lu dizer que ele não merece nem o desprezo dela e eu vou bater nele até ele contar qual é e aí a gente redime ele com os seus poderes e traz ele pela mão e todo mundo fica feliz e a mamãe volta a rir como ria antes dele ser preso.
Mary arregalou os olhos e lágrimas transparentes brotaram deles molhando o sorvete que sujava a mão dela de rosa e disse:
-Mas se a gente sumir a mamãe vai ficar mais triste que antes e a gente vai ser tão mau como o papai e o Tio Lu vai detestar a gente. Eu não quero isso! Se você quer fazer isso, faça, mas sem mim!
E virou as costas pronta para voltar para casa. Apesar de ter apenas cinco anos se portava como se tivesse muito mais. Ela sempre o surpreendia; a cada minuto que passavam juntos seu peito se enchia de admiração por sua irmãzinha. Talvez fosse algo mais que admiração, mas a questão é que Mary jamais o percebeu. Ele segurou o braço da menina e disse, numa voz rouca quase igual a do pai:
-Não vá embora, não me deixe. Aqueles olhos verdes suplicantes expressavam todos os seus sentimentos pela irmã, sentimentos proibidos, desconhecidos por até ele mesmo. Mary o encarou, sentiu o peito apertar ao reconhecer naquela expressão a mesma máscara de dor que Lupin tinha quando olhava para sua mãe. O que era aquilo? Que expressão era aquela? Ficaram se olhando até que uma voz quebrou o silêncio:
-Oi, garotinha bonitinha, você não quer vir brincar com o titio aqui pertinho? Vai ser bem divertidinho.
Mary o encarou com desprezo e disse:
-Não brinco com gente velha, mamãe me proibiu de falar com estranhos, você, decididamente, é estranho, não vou sair de perto do meu irmão e eu detesto diminutivos.
Virou de costas com desprezo fazendo as trancinhas que estava usando baterem no rosto do homem. Justamente por ter cometido o erro de ficar de costas, ela não viu a expressão de ódio que surgiu no rosto dele. O homem a agarrou e começou a arrastá-la, ignorando os protestos de Peter e as agulhadas que sentia nas mãos, como se um escorpião estivesse lhe ferroando. Mary gritava a plenos pulmões por socorro e que a largasse, mas todos que ali passavam, seja porque não se importavam se uma menininha ia ter uma vida destroçada ou porque achavam que era um pai e sua filhinha rebelde, não interferiam. Peter deu um chute particularmente forte “naquele lugar” e recebeu um pontapé bem forte na boca do estômago, fazendo-o cair desmaiado por falta de ar. Ela já estava bem longe de casa, cansada de gritar e chorar, quando ele parou, abriu a porta de um apartamento e começou a tirar a roupa da menina, ela tentava se livrar, mas sem muito efeito, ele já estava por cima, quando uma voz rouca gritou ao fundo:
-Estupore!
Mary sentiu o corpo cair sobre ela e desmaiou.











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Oi, primeiro capítulo, espero que tenham gostado. Sim, a "Mary Menina" e a "Mary Espelho" são a mesma pessoa. Logo, logo, ela vai mostrar que puxou sérios traços de crueldade do avô. É meio esquisito imaginar o Voldemort levando crianças a um Parque de Diversões, então, vou deixar claro desde já: ele não é avô, é apenas o progenitor da mãe. Eu achei fofa, mas vai ficar mais trágica e tensa depois. Como as duas primeiras fics eram um dramalhão de novela mexicana, eu vou ajeitar a ponto que fique no ponto certo, mas todos os risos serão como uma pequena fogueira no meio de uma tempestade de neve. Perceberam que a Corine está mais melancólica(mesmo só tendo aparecido na leve menção que Peter fez da mãe)? Pois é, vai ficar mais ainda.
Obrigada desde já a todo mundo que lê minhas fincs e dá corda para as minhas maluquices,
Um obrigada especial à Lili(Lilith), valeu, eu sempre posso aproveitar nossos devaneios e birutices nas minhas fics, à Mayumi, você sempre me deu força e foi ótima professora de minhas doideras e aos meus pais, porque, graças a eles, eu tô nesse mundo,
Agora, para acabar com essa pieguice,
Beijos,
Nia Riddle.

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