Em pequenos sorvos
Nota da Autora: Fatos do Sexto livro irá aparecer. Sobre a trama eu nem irei dizer nada muito importante, já que nem era pra eu ter falado que ia tentar NC... (Não tenho a certeza total, por isso a Fanfic está com censura LIVRE ainda).
Obrigada á Miaka-ELA, Rafinha M. Potter, Lolita Malfoy, Anna Weasley, Arwen, Fernanda, Krol , Joana e Angel. Capítulo dedicado á Lou Malfoy que fez aninhos estes dias e é um amor de pessoa.
Obrigada á todos que leram. Sei que não são tantos mas por amor á esta fic vou tentar atualizá-la razoavelmente.
Bjus.
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Em Pequenos Sorvos
Capítulo II
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Foi a grande coruja que fez o alarde.
Era a hora em que a maioria dos vivos descansavam e a neblina embebia tudo igual óleo. Isto quando dois vultos surgiram no alto do monte como se viessem do nada e para o nada vinham.
Andavam calmamente, sem se olharem ou falarem. Arriscavam um sobreolho de vez em quando. Andavam tão calmamente e pareciam tão absortos que mal reparavam em seu companheiro ao lado ou destino - uma Mansão há alguns metros á frente que era conhecida por habitar representantes da família Malfoy.
Por isso andavam.
A grama era fresca e a neblina era proposital, um aposto – Naquela vizinhança, não gostavam dos olhares de estranhos. Era costume aparecer mexeriqueiros.
A mulher levantou um pouco o vestido, com medo de tropeçar. Não era tão confiante quanto parecia. O terreno ia baixando conforme avançavam, gostava do vento batendo no rosto, uma sensação latente de vertigem. Estalou os dedos por causa do frio. Então ele caiu na tentação de olhá-la, um gesto singular e viu sua cara no escuro franzida ao desviar de algumas pedras rochosas com o pé. Os lampiões não ajudavam, assim como as sombras das árvores que formavam borrões negros na grama.
Fazia poucos minutos que tinham saído da festa, e voltavam á ser estranhos.
Talvez algo tivesse mudado e ele não se lembrasse bem ao certo ao fitar aquele lugar.
Por que se agora as pedras rochosas tinham sulcos, o tom de verde acinzentado ganhara um tom amargo de sépia e as armações das janelas arranhavam, então algo tinha que ser diferente há anos atrás. Mas não se lembrava. Era a mesma coisa, as escadas cor chumbo, as paredes esverdeadas que ficavam desgostosas com o tempo... Mas não é necessário adiantar-se, eles nem tinham entrado no saguão daquela casa ainda, somente olhavam a casa crescer em uma direção, a linha reta.
A verdade é que nunca se lembraria. Não sabia nem por que tocará em um minuto de pensamento sobre isto. Nunca se lembraria por que realmente não se importava, sempre tivera coisas mais importantes á notar do que uma velha casa de portas e janelas cansadas.
Já ela não. Ela notara as diferenças sim, e sabia-as mais que nunca. Pensou talvez por um momento que as mudanças talvez fossem pequenas. A verdade é que era um lar frio, uma casa cheio de requintes e que nunca se aquecia, que dava calafrios mas ao mesmo tempo que encanta.
Talvez era melhor se eles tivessem ido para um bar. Seria mais sensato.
A jovem quase levantou o dedo, quase inclinando-o para conceder seu pedido. Mas retrocedeu quando olhou para a frente. Encarar aquele lugar depois de tanto tempo era atrair o passado, e o passado algumas vezes era atraente para si.
Gina piscou diversas vezes os grandes olhos ao ver se aproximar das escadas que davam entrada á mansão, talvez temendo o que encontraria ali. Estava frio, e sentia seus ombros finos tilintarem – e mesmo que Draco quisesse ajudar a aquecê-la, ela preferia sentir o frio.
Chegaram dentro do silêncio que se arremetia á um velho cemitério.
Ele apertou o passo, mal se apoiando no corrimão de uma escadinha até a porta enquanto tirava a varinha do bolso. Antes que fizesse qualquer coisa, a grande porta dupla com adornados fez um estalo indicando que fora aberta por dentro, dando um deslumbre de dois olhos grandes quase fora de órbitas na brecha escura de seu interior.
O elfo pareceu se retirar rapidamente, pelo menos antes de Gina hesitar subir as escadas e olhar para trás, vislumbrando a névoa densa. Seguiu de cabeça erguida e com olhar ferino enquanto Draco esperava-a na porta descontraído, observando sua relutância com parcialidade. Saberia se ela quisesse voltar, era só vê-la sumir, mais uma vez...
Ela então pareceu decidir. Andando decididamente eles entraram e a porta foi fechada. Gina estava certa por achá-la sombria, seu interior estava mal iluminado pelas velas, dificultando a visão dentro de seu interior. Mal tivera a chance de saber qual direção tomar, se subiriam alguma das duas escadas que compunham de tapetes verdes inclinados, ou o salão á frente pois ele demorou somente uma fração de segundos para decidir:
Draco indicou-lhe o caminho pegando em sua mão que pela temperatura ela soube também que ele tinha frio e com ela andou em direção a primeira porta á esquerda quase encostada da janela grande.
Era a sala para chá.
Ela gostou. A lareira estava acesa e pode até soltar um suspiro de alivio – tudo não era frio, tinha o calor ali dentro. Não importava as poltronas altas e confortáveis, não importava as janelas retangulares e escurecidas, não importava o número obstante de retratos e quinquilharias finas, não, a lareira irradiava tudo que ela precisava. Aproximou-se o mais que pode e ficou a olhar o fogo queimando.
A sala de chá era somente uma simples sala de chá de uma mansão rica, pois era um segredo sem mistérios, um cômodo sem chaves e sem princípios. Primeiro tinha-se a mesa de onde se colocava o chá, propriamente dito. O tapete persiano aquecia os pés das visitas que estariam sentadas em poltronas confortáveis, as cortinas impediam a claridade, pois o claro esbranquiçava o que era real e o que era neutro, além de embaçar a vista.
Então vinha a lareira, em que Gina olhava atentamente o seu fogaréu em que aquecia a alma, mais meio mundo de retratos, portinhas, armarinhos, quadros, orgulho da família para quem quisesse compreender e absorver o inexistente... Tudo ali tinha um cheiro característico. Um quê aparente. Era Malfoy.
Ficou ali o quanto precisava, alguns minutos somente e o que parecia então uma eternidade. Então, muito então, tomou-se conta do que fazia e onde estava, uma criança á se aquecer, e estranhando o silêncio profundo da sala olhou para os lados procurando-o.
Draco a observava. Não tinha os olhos exatamente cravados nela, mas sabia o que ela sentia.
Não corou e nem nada. Sustentou o olhar leviano dele á altura, com dignidade. Então por fim ele soltou um ar de desdém, o que fez com que a sensação muito similar de leite quente escorrendo pelo estômago permanecesse em Gina.
Sacou sua varinha mais uma vez e com a voz baixa murmurou algo apontando para um armário. A porta se abriu e dele saiu um volume retangular de pequeno porte. Logo ela compreendeu que se tratava de um jogo de cartas.
- Vamos jogar? – perguntou ela confusa, a boca com pouco batom se crispando. E pensou logo em seguida se tudo aquilo não era um jogo.
- Não exatamente... – disse ele como uma deixa, pois gostava da curiosidade alheia. Aproximou-se gingando com passos curtos, enquanto a linha genealógica da família Malfoy cintilava sobre a lareira entre alguns reflexos das velas.
- Se iremos contar algo que ambos não estão dispostos a contar, então nada mais justo do que decidirmos quem conta primeiro através de cartas.
Ela o mirou desconfiada. Lembrou-se de uma velha cantiga. Não confie nele! Não confie em Sonserinos! Pois Sonserinos trapaceavam e eram gentis quando na verdade queriam algo, algo que ela certamente não queria dar.
- Desde quando você se importa com isso? – perguntou ela desconfiada mal mirando Draco, enquanto lhe arremetia a idéia de que algo ali estava errado. Seus braços estavam retidos contra o corpo e o olhar inqueria verdade.
-E quem disse que eu me importo? – respondeu Draco de qualquer jeito - Mas era isso que você queria, não? – acrescentou ele olhando -a, quase em deboche.
Sim, tinha adivinhado, concordou Gina.
Draco passou o baralho e ela levou junto de suas mãos, embaralhando-o.
Observou este movimento em silêncio enquanto seu rosto crispava em curiosidade, observando os desenhos das cartas á mão, quase procurando uma farsa, o que não havia.
Entregou de volta á ele hesitante, em que a tomou de suas mãos agilmente.
- Suponho que queira se sentar – disse ele, não com um tom de etiqueta e sim de obviedade.
Os lábios dela formaram um pequeno sorriso de alívio. Se ele soubesse o quanto que queria! Sem responder, saiu com seu vestido longo atrás de um assento confortável que lhe agradasse.
Ele fez o mesmo, e logo estavam sentados um frente ao outro, uma vez ou outra encarando-se. Gina desviou novamente a sua atenção de Draco para olhar ao seu redor.
Era tanta coisa naquela sala, que mal sabia o que reparava ou deixava de reparar, quase podia ouvir sua própria voz se abençoando por ter nascido em um lar simples. Algumas tochas com suportes se acenderam bruscamente com um estalo, fazendo Gina se sobressaltar na poltrona. Draco também olhara repentinamente para o lugar de que viera o estalo, e pelo silvo baixinho que seus lábios murmuraram, ela acreditou ouvir a palavra “elfos” saindo da boca dele.
A batida de seu coração se normalizou novamente depois do susto, pois fitava o teto, fitava os lados, fitava o chão, tudo aquilo um tanto mistificada. O ar que inalava a aquecia mesmo que fosse frio, fitava cada pedacinho da sala como se buscasse alterações, não que as não tivesse, queria, era uma necessidade.
Ele a observava divertido, a linha fina formando quase um sorriso, não um sorriso de deboche, mas sim um ponto que lhe era devolvido, ela sentia algo ao fitar o passado. Perguntou-se no íntimo se fazia bem.
Então meio que se cansou. A curiosidade corroia suas entranhas.
- Pronto? – perguntou ele levemente encostado no assento da poltrona estofada, as mãos apoiadas como antecipação.
Ela sentiu-se afundar no sofá, como uma colher dentro do líquido, lentamente, imaginando bem o que estava por vir. Olhou para a frente.
- Pronto.
- Ok – respondeu ele. Embaralhou o maço de cartas e levantou-se decidido, rodeando o sofá em que ela estava como uma pequena caça.
Ela manteve-se ereta na poltrona, em um lugar muito distante dali. Foi o Loiro que a trouxe para a realidade, quando viu uma mão bailar á frente de seus olhos que estralou os dedos, propositalmente. Era ele que estava tentando chamar sua atenção. Olhou para trás e viu-o com os cotovelos apoiados onde seria o encosto. Abaixou-se até colocar as cartas no campo de visão um pouco abaixo de seus olhos.
- Escolha – disse ele, um murmúrio com sentimento de ordem. Tentando ignorar os braços dele á seu redor ela apertou os lábios como fruto da indecisão, pois as cartas eram todos iguais, todas com algo escondido e que logo seria-lhe revelado. Não gostava de escolher.
Puxou uma carta do lado esquerdo do leque e não virou seu resultado.
Ele voltou para seu assento, não antes de entregar o maço para ela. O fogo crepitava. Gina, as mãos meio bobas mas com agilidade, abriu-lhe o leque de cartas, em que ele retirou a sua escolhida.
Ambos tinham as cartas, ambos fitavam-as com desconfiança. O maço de cartas restantes estavam na mesa, e pareciam esperar quem virava a sua escolhida primeiro. Mas ninguém virou.
- Então? – perguntou Draco.
- Vire você primeiro – sugeriu ela – melhor, vamos virar juntos.
Ele observou aquele rosto sardento com medo, então perguntou-se o que ela queria tanto esconder para deixar para trás por conta da curiosidade.
- Tudo bem – disse ele. Virou a carta somente para ela, de forma que não pudesse ver seu resultado. Então examinou seu rosto atentamente, a respiração quase mais densa, mas nenhuma reação veio de Gina ao ver a carta.
Então ela seguiu seu movimento nos segundos seguintes, e ela tinha tirado um três.
Diziam que três era o número do mal, mas pouco se importava. Bem é o que não queria.
Os dedos cruzaram quando jogou sua carta na mesa. Draco tirou um dois. Olhou para aquela carta como se fosse um monte de lixo. Então soube pela primeira vez – odiava perder.
Ela não pronunciou nada frente á sua derrota, mas á expressão de seu rosto pareceu menos pálida.
- Por onde começo? – disse ele como se quisesse interromper qualquer coisa que ela pudesse dizer, se ela quisesse, é claro.
- Pelo começo – sugeriu ela diretamente.
- Qual deles?
- Só tem um. – respondeu ela diretamente - Mas talvez fosse interessante você começar pelo por quê de você não voltar. Nós estávamos lá, esperando você. E você não voltou. Não é mesmo? – e suas mãos crisparam de raiva e algo mais do que fogo crispava dentro de si, pois sua voz era outra e seu rosto era um novo. Draco sabia que ela chegara no cume da onde ela queria chegar, era uma pergunta básica e simples, de respostas mais diretas possível. Talvez fosse até esta pergunta que gritasse para ser respondida dentro de si e que era o verdadeiro motivo de vir, de deixar-se ser levada por Draco á aquela Mansão maldita.
Ele observou o quanto ela estava inclinada para frente e parecia até ver a Gina, a antiga Gina, a sua garota.
- Todos vocês estavam lá? – perguntou ele em tom cauteloso. A Weasley se esqueceu por um instante, envolvendo-se em um misto de incompreensão por aquela pergunta. Era uma resposta clara, óbvia. Claro que esperaram! CLARO! E queria gritar estas palavras para Draco, para o loiro que sabia levantar as sobrancelhas uma de cada vez, e que certa vez queria ensinar isto. Na realidade, ele queria lhe ensinar tudo que sabia, pois daí ela seria parte dele, e ele parte dela. Só que não gritou, por que não tinha forças para isso.
Ele nunca confiava. Talvez fosse esta a questão, ela sabia o que seus amigos eram, mas ele? Ele jamais confiaria em uma sombra, por que já era uma, e não confiava em si mesmo.
- Não. – murmurou ela mais calma. – Mas eu esperei. E algumas pessoas também. Era uma missão, e todos teriam que estar unidos e... – as palavras se tornaram um borrão em sua mente, pois fitava os desenhos do tapete, e de repente, não sabia nem por que falara aquilo, já que no fundo não sabia o que esperava dele.
- Unidos? – perguntou ele ressaltando o quão ridícula a palavra lhe soava á seus ouvidos.
- Não era eu que devia estar fazendo as perguntas?! – disse ela bruscamente irritada.
E ele percebeu o quão inflada parecia, igual quando tinha suas discussões.
- Ok, Srta. Weasley. Faça suas perguntas – disse ele irônico, olhando em seus olhos castanhos sem medo do que viria á ter ali. Mas no fundo tinha receio de algo. E guardava. Guardava tão bem que nem ele sabia mais o que poderia vir a ser...
- Você não voltou – disse ela compreendendo pela primeira vez.
- Eu fiz a missão. Havia dado as informações. – respondeu ele sem rodeios.
- Você não se importava o mínimo com isso. Nunca se importou. – e com estas frases Gina começou a sentir seu orgulho aflorar até a pele, o rosto um pouco contorcido pela o que sentia.
- Não sei se você está afirmando ou perguntando. Mas não pode dizer com o que me importo – e seu quê de seriedade pareceu assustá-la, pois por mais que estivesse irada sentia que havia chegado em um ponto frágil.
- Esquece tudo – disse ela indicando o baralho, a mão não tão firme enquanto a tez de seu rosto parecia lívida. – Era melhor eu nem ter vindo.
Então com apoio firme levantou-se rapidamente, tremia um pouco, mas firme para dar passos e aparatar o mais breve possível.
Draco levantou-se também e puxou-a pelo braço com força; Houve uma pequena briga silenciosa, mas ele era forte e ela cedeu, uma menina arredia.
Ele puxou-a contra si e dirigindo-se a á ela, ele começou a falar próximo de seu ouvido o mais simples que podia, a voz lenta e suave, parecendo querer acalmá-la.
- Não posso impedir de você ir. Mas quer saber mesmo? – perguntou ele encarando-a e ela rolara os olhos para a lareira com má disposição - Eu voltei. Eu voltei e você estava lá, junto com uma amiga, uma amiga Loura que eu mal lembro nome. E você vem me falar de união é?! – perguntou ele aproximando-se mais de seu rosto, seu rosto assustado de menina pois Draco tinha sua voz mais áspera e ríspida, como se quisesse dizer aquilo há séculos e aquela era sua vez – Eu voltei e sabe por que eu não disse nada?
Gina olhava-o com espanto, os olhos arregalados enquanto respirava cada vez mais rápido, não ligava pelo fato de ele segurá-la com força e que se continuasse assim logo seu braço iria doer. Pois esta era a parte que não entendia, que faltava. E Draco tinha os olhos como duas fendas, o rosto branco cada vez mais pálido.
- Alguém lhe estendeu um casaco. E um copo com chá. – Fez um gesto sarcástico que lhe era peculiar. Sua voz ficou calma embora tivesse jogado as palavras para ela, por assim dizer. Calma e serena como se nunca tivesse brigado na vida. Lívido. Draco ainda segurava o braço dela mais para lembrá-la do para qualquer outra coisa.
Ela o encarou de volta e pode até fechar os olhos por alguns segundos, pois sabia do que ele falava, e se sentiu desconcertada, perdida por si mesma, pois nunca imaginaria que ele teria visto isso.
- E esta pessoa te convenceu que era melhor entrar. Que estava frio. – murmurou ele cada vez mais baixinho e brandamente – Que não valia á pena esperar por mim por que eu não viria mais.
- Por que fazia horas que eu estava esperando-o.
- Aí você concordou com esta pessoa, e entrou para o esconderijo.
Draco disse as últimas frases olhando para um ponto imaginário, como se pudesse vislumbrar a cena em seu campo mental.
O silêncio retomou o lugar e a pressão no braço da Gina se desfez, mesmo que ele não tivesse soltado-a. Não ligavam que estivessem perto um do outro, pois a lembrança era algo mais forte, que fazia ver.
- Era o... – mas Gina não teve tempo de terminar a frase baixinho já que ele a interrompera.
- Shhh – calando-a mal humorado. – Este nome é amaldiçoado aqui – disse ele olhando para a sala – Mas se quiser chamá-lo de maldito Testa aberta, se sinta á vontade.
Ela meneou a cabeça procurando quadros no entanto não encontrou nenhum.
Então sentiu o sentimento frio descer por sua garganta, dedos que tocou seus lábios e desceu por seu rosto de boneca inocentemente. E seus rostos estavam próximos mas queriam ouvir segredos, um após o outro, que o outro justamente não queria contar.
- Já lhe disse que era eu que devia ter dado aquele casaco? Aquele casaco era para ser o meu. E o chá devia ser preparado por mim – Gina se sentiu sem chão ao olhar em seus olhos acinzentados tão diretamente, tão perto. De repente á verdade doía. E ele fazia que doesse da pior forma, talvez por que não soubesse ou talvez por vingança, fazendo com que ela olhasse em seus olhos enquanto falava. Ele sabia que no fundo algo doía.
- Foi por isso que você não respondeu aquela carta? – perguntou ela em um tom anormalmente fraco.
- Eu respondi. – murmurou ele. – Só que não mandei a resposta.
Por alguns segundos ela teve medo de perguntar o por que, o que ele respondeu antes mesmo dela formular a pergunta.
- Eu vi a nota no Profeta Diário.
Fez questão de vê-la responder, pois era necessário. Gina perguntou-se a si mesma do fundo da personalidade egocêntrica de Draco o que ele acreditou ao ler aquilo.
- Não devia acreditar em tudo o que lê. – resumiu ela em uma frase seu ponto de vista. Mas ainda tinha medo dele.
- A guerra tinha acabado. O foco da atenção se voltou... nele – disse ela se lembrando subitamente do aviso de Draco sobre nomes – e eles precisavam de detalhes, eles queriam um segundo foco. E o que eles quiseram parecer eles colocaram naquela página – disse ela, a voz quase tremida – então...
- Claro. E vocês foram o casal perfeito – completou ele irônico.
Gina ficou de um pulo quando percebeu finalmente o que ele estava insinuando. Soltou-se bruscamente e jogou o que sua indignação permitiu-lhe fazer.
- Você... Você... – queria insultá-lo, queria empurrá-lo e vê-lo machucar-se. Sentia tão desprovida de palavras que mal conseguia formular a frase – Escuta aqui, você acha que eu sou o que?
A sala parecia até um campo de rosas, perto do que ela queria dizer, pela intensidade de suas palavras.
- Eu não acho quem você seja algo. – respondeu ele lentamente - Por que eu sei quem você é. Do fundo de seu porte atlético, ele não queria deixar-se impressionar.
Ele arrumou a gravata delicadamente e voltou á olhá-la. Odiava quando ele fazia isso.
- Eu nunca...
Nunca. Nunca o quê? Não, estava se esquecendo de Hogwarts. Como se ela fosse uma vidraça límpida e transparente via ela revisando este pensamento. Hogwarts afinal de contas existiu, e viu então todo o ciúme, todas as razões nítidas de Draco entrarem em um foco para nunca mais saírem. O motivo de Draco dar-lhe um beijo antes de cumprir sua missão, um beijo roubado e á força, mas quem se importava? Ela no fundo queria aquilo.
- Nunca mesmo? – disse ele sem piedade. – Acho que talvez não.
Ela meneou a cabeça negativamente, e continuava a meneando cada vez mais enquanto falava.
- Aquela nota não era verdade... – disse ela baixinho, os olhos castanhos mais claros quase emanando sinceridade enquanto respirava fundo.
O loiro pegou seu rosto com as duas mãos para pará-la de fazer aquele movimento repetitivo. Mais uma vez, percebia que ela tremia, tremia por completo pois o frio, a raiva, o medo e a indignação fazem isto com as pessoas.
Ele pegou uma mecha ruiva, uma particularmente difícil que estaria no centro de suas costas e colocou-a delicadamente perto de seu rosto. No fundo queria protegê-la pois não gostava de vê-la tremer, aproximou-se de seu rosto suavemente.
- Mesmo? – e brincava com as plantas dos pés, hora se aproximando ora voltando. Era uma provocação até que leve.
Ele fez que sim com a cabeça firmemente e segundos depois deu um passo para trás antes de mais nada. Não iria morder a isca.
Draco jogou a cabeça para trás indolentemente, mas pousando o olhar na ruiva á sua frente. Se era esta a resposta pra algumas das perguntas, parecia estar bem, pois os dois se sentiram melhores depois da primeira rodada. Sabia ela que não poderia evitá-lo, mas ele era orgulhoso e jamais faria um jogo aberto. Era só as deixas e insinuações que lhe matavam por dentro.
- Então é melhor eu começar agora – comentou ele de forma casual, como se estivessem falando sobre o tempo.
No momento que ela passou por ele para se sentar, ele hesitou.
- Só uma coisa. – murmurou Draco com um porém. Gina mal virou o rosto, quase que petrificada mesmo que estivesse de costas. – Vou contar os fatos – disse ele encaixando suas mãos sobre seus ombros nus como se estivesse prestes a fazer uma pequena massagem com os polegares circulando os nós de tensão. Ela fechou os olhos – Só que não faça muitas interrupções.
Segurou-se para não virar-se já que sentia raiva ainda por ele ter acreditado na nota do jornal. Não virou-se para respondê-lo. A boca dele atraía a sua e isto não era o que queria naquele momento.
- Por que não terminaremos nunca – completou ela mais calma. Draco parecia ter a acalmado momentaneamente.
- Entendeu rápido – admirou-se ele sarcasticamente. Beijou o ombro direito dela delicadamente e se sentou.
Gina, que parecia ofegante e um tanto pálida se acalmou finalmente. Deixou-se cair novamente no sofá verde musgo como se tivesse corrido muito.
- Dê-me um chá agora. – pediu ela com voz anormalmente calma. Tomou novo fôlego para perguntar – O que você fez depois que foi embora?
Nota final – O poema ‘Veneno’ não é a definição do Veneno em si, mas sim o que seria o sentimento do amor possessivo, quase ódio. Eu particularmente estava louca pra falar sobre isso.
Mais uma vez não consegui arranjar uma beta que me ature, então nem perguntarei o que acharam do capítulo (eu sei que terminei em um ‘rush’ nem precisa puxar minha orelha! Rs).
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