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- Que saco, hoje é segunda-feira.
- Não fale de boca cheia, Ronald.
Era um novo dia, Hermione estava se sentindo muito feliz. Estava com o amor da sua vida, toda a sua dor havia passado, sentia falta das aulas e estava ansiosa para aquela segunda-feira. Estava sentindo-se feliz até ouvir alguém pigarrear atrás dela. Virou-se e encontrou Malfoy.
- Oi. – falou Draco em uma voz fraquinha, como se perguntasse se estava tudo bem ele falar “oi”.
- Oi. – respondeu Hermione, no mesmo tom de voz. Ela não sabia se ficava brava com ele por ter traído-a ou se ficava com pena e era gentil, por causa da morte de seus pais.
- Posso conversar com você?
Hermione olhou para Harry. Ele respirou e mexeu o lado da boca, meio contrariado, mas Hermione entendeu como uma aprovação. Ela se levantou e saiu com ele.
- Como ele ainda tem a cara de pau de querer conversar com ela?! – se indignou Harry.
- Meu, dá um tempo. O cara acabou de perder os pais. Não sei como ele já está de volta, não faz nem uma semana que eles morreram.
- Eu disse, Rony. Pessoas mudam, mas não pessoas como ele. O Malfoy não teve nem a consideração de ficar em casa pelo luto de seus pais.
***
Eles pararam em baixo de uma árvore, nos jardins.
- Sério, Hermione. Você não tem noção do quando eu estou me odiando desde aquele dia. Não importa o que eu faça ou diga, eu nunca vou conseguir mostrar pra você o que eu sentia, desde minha tia dizer que iria atacar até você dormir na enfermaria. Eu me arrependi, Hermione. Arrependi-me antes de acontecer. Você notou que eu estava inquieto na detenção, pois eu sabia o que iria acontecer e não queria que acontecesse. Te ver sendo torturada foi a pior dor que eu já senti em toda a minha vida, eu... – quando Malfoy tocou no assunto da tortura, Hermione começou a relembrar a sensação, e ficou com medo que, a qualquer hora, ela sentisse novamente. – eu tinha vontade de me matar. Eu nunca vou me perdoar por ter deixado ele te torturar – Hermione sentia seu coração acelerando, e ela implorava mentalmente para que Malfoy não falasse mais sobre aquilo. Sua respiração foi ficando falha, como se ela tivesse corrido uma longa distância, e as imagens dançavam em sua cabeça. – eu vou me vingar. Pelo o que ele fez com você e com os meus pais. Eu não sei mais o que te dizer, só quero que você saiba que toda a dor que você sentiu dobrará e voltará a...Voldemort – Malfoy se encheu de coragem para pronunciar seu nome, mas Hermione não escutava mais. Depois de Malfoy pronunciar a frase que continha dor, ela já viu tudo escuro e realmente começou a sentir a dor da maldição Cruciatus. – Eu te am...HERMIONE!
Ela havia despencado para frente, e Draco a segurou. Ele se ajoelhou na grama e fez com que a cabeça dela ficasse em seu colo. Ele dava batidinhas em rosto, mas ela não acordava.
***
- Já chega! Vou lá procurar eles, não consigo ficar esperando aqui.
- Harry, volta aqui! – mas ele nem ouviu Rony. Saiu correndo para procurá-los, e quando ia subir as escadas, olhou para fora e viu Draco sacando a varinha, e Hermione estendida em seu colo. Uma raiva dominou Harry, o sangue subiu desde as pontas dos seus dedos do pé até a cabeça, e sem pensar duas vezes ele saiu em disparada até os jardins. Sacou sua varinha e gritou:
- Expelliarmus!
Draco foi jogado longe, e Hermione caiu no chão.
- Seu... s-seu...- Harry estava vermelho, as veias de seu pescoço estavam saltadas e ele não conseguia respirar direito, de tanta raiva que sentia. Ele se agachou e pegou Hermione.
- Acardio!
Ela arregalou os olhos e impulsionou-se para frente, e Harry pôde sentir o estômago dela contrair-se, como se ela estivesse vomitando. Ele encostou sua testa na dela e fechou os olhos, arfando aliviado. Lembrou-se de Malfoy e falou, se levantando.
- FICA LONGE DELA! SE EU TE VER PERTO DELA MAIS UMA VEZ MALFOY, EU JURO...
- Harry! – chamou Hermione, botando sua mão no rosto de Harry, para chamar sua atenção. – Harry, a culpa não foi dele...
- EU NÃO ME IMPORTO! NUNCA MAIS CHEGUE PERTO DELA, MALFOY, ESTOU TE AVISANDO! – nisso ele ergueu Hermione e a pegou no colo.
- Harry, eu consigo andar... eu estou bem. – ele a botou no chão.
- O que aconteceu, exatamente?
- O Malfoy começou a se desculpar, mas quando ele falou sobre... sobre... – ela não conseguia dizer e começou a se sentir angustiada de novo. Fechou os olhos e respirou fundo – o que fizeram comigo, lá. E eu comecei a me sentir mal, como eu estou me sentindo agora. E simplesmente apaguei. Ele não fez nada! Por favor, tente ser amigo dele. Ele precisa, principalmente agora.
- Hermione, ele é um baita de um idiota! Sempre que ele chega perto de você alguma coisa de ruim acontece.
- Harry, só tenta... por mim.
- Ai, eu não sei, Hermione... olha tudo que ele já fez pra ti.
- Exatamente – Hermione implorou Harry com o olhar, que suspirou:
- Tudo bem, eu posso tentar... – Hermione sorriu e deu um beijo em Harry.
- Mas se ele sair da linha isso daqui – Harry fez um sinal com os dedos com o seu indicador separado do seu dedão por milímetros – eu juro que quebro a cara dele.
- Vamos para aula.
***
Harry estava prestando atenção na aula, o que não fazia há tempos. Com todo o desentendimento com Hermione, ele não absorvia nada durante as aulas e agora estava tão concentrado que não notara quando os olhos dela recaíam sobre Malfoy.
- Deve ser horrível ser o culpado pela morte de seus pais, não acha? – sussurrou Hermione para Harry, que nem estava prestando atenção.
- Ãnh... o que você disse?
- O Malfoy. Deve ser horrível ser o culpado pela morte de seus pais e saber disso, ter que viver com isso. Eu não conseguiria. Você conseguiria?
Harry olhou para Malfoy, que tinha um olhar fixo em um ponto na parede, com seu rosto apoiado em suas duas mãos fechadas. “Coitado” pensou ele.
- Eu acho que não. – disse finalmente. Hermione deitou sua cabeça no ombro dele e os dois continuaram ouvindo ao que o professor Flitwick tinha a dizer.
Mas naquele momento, Harry soube. Não podia fazer aquilo com Malfoy. Seus pais tinham morrido e ele não tinha tido a chance de dizer adeus. Não podia ser mais um contra ele no momento em que ele mais precisava de alguém ao seu lado. E, além disso, não tinha mais medo de perder Hermione. Ele sabia que ela havia voltado pra ficar, e que os três, incluindo Rony, deveriam estender a mão para Malfoy, pra variar um pouco.
- Eu te amo, Harry. – Hermione deu um beijo no pescoço dele, o que o fez explodir por dentro. Era o homem mais feliz do mundo. Botou seu braço ao redor dos ombros dela e encostou sua cabeça por cima da dela. Os dois ficaram ali, um apoiado no outro, desejando que aquele momento não acabasse nunca, e o sinal tocou.
Enquanto os alunos iam lentamente saindo da sala, Hermione alegou a Harry que já voltava.
- Draco! – Hermione chamou Malfoy, que já estava saindo. Ele parou. Quando se virou sentiu o apertão do abraço de Hermione
- Desculpa, desculpa, desculpa... por favor, me perdoa... – Hermione começou a chorar.
- Pelo quê? – respondeu Draco, com os olhos em Harry que estava com uma cara de ciúmes doentio.
- Por tudo, e-eu...- ela estava soluçando – eu sinto muito por eu estar com Har-ry, eu sinto muito p-pelo seus pais, sinto muito por tudo que aconteceu ultimament-te.
- Mione, se acalma. Agora nós temos um período livre. Não quer conversar comigo nos jardins? – convidou Malfoy, dando um fim no abraço.
Hermione fungou e limpou a lágrima que escorria pela sua bochecha, e falou meio fraquinho:
- Eu preciso perguntar para o Harry e ver se ele está ok com isso. – ela falou com vergonha e Malfoy não gostou muito, mas apenas assentiu. Hermione deu meia volta e Malfoy a viu falando com Harry, falando muito com as mãos.

~~*~~

- Harry, eu preciso que você faça um favor enorme pra mim. – ela olhou para ele como se pedisse autorização para ir em frente. Como ele nada disse, ela continuou:
- Ahn...eu preciso...quer dizer, eu quero conversar com Malfoy. Mas num lugar onde não tenha ninguém junto, e eu queria saber se você podia concordar com isso porque nós dois sabemos que ele está passando por uma fase difícil e está muito delicado com qualquer coisa, e eu preciso explicar umas coisas pra ele e me desculpar por outras, e tenho certeza de que ele também. – como ela falara aquilo muito rápido, quando terminou, arfou.
Harry olhou para Malfoy, que quando encontrou o olhar de Harry, baixou a cabeça. Queria muito dizer não, mas Hermione não era sua propriedade, ela fazia o que bem entendesse. Então simplesmente falou, curto e seco:
- Eu confio em você, Hermione.
- Você é o melhor namorado do mundo. – ela disse e deu um beijo rápido nele. – ah, uma última coisa, por favor não fique nos espionando. – e saiu antes que Harry pudesse falar alguma coisa.
***
Os dois se sentaram na sombra de uma árvore. Nenhum dos dois sabia quem começaria e como começaria e por isso, nos primeiros segundos os dois ficaram em silêncio. Draco o quebrou:
- Esse lugar não te lembra nada?
Hermione riu e falou baixinho “Lembra”.
- Quem imaginou, não é mesmo? Ninguém eu acho. Apenas o Lorde das Trevas. – ele viu que Hermione baixara os olhos e continuou – no início do ano, V-voldemort – ele hesitou em falar o nome dele, mas quando falou Hermione levantou seus olhos e passou a encarar seus próprios – tinha capturado Tonks...
- O QUÊ?
-...é, isso mesmo que você ouviu, e ele queria...
- Espera um pouco. Isso nunca chegou aos meus ouvidos. Você está falando a verdade, não é mesmo?
- Sim! Aí é que tá, ela não chegou a ficar nem 24h inteiras porque eu...bem, eu soltei ela. E obviamente, Voldemort ficou irado, e disse que antes de me matar, eu tinha que chegar a Potter através de você. Mas o plano deu drasticamente errado: eu me apaixonei perdidamente por você e, de repente, eu perdi o controle total da situação. Isso realmente é tudo.
Hermione riu meio sem jeito, olhando pros próprios sapatos:
- Que pena que tudo acabou assim.
- O final não importa se você tem um meio incrível. – Hermione não respondeu nada, e ele arriscou:
- Eu posso te dar um último beijo?
Hermione levantou os olhos nervosamente e encarou Malfoy, que viu suas narinas tremerem. Ele foi se aproximando lentamente e Hermione pensou “Por favor, Harry, me perdoa.”
Que saudade que ela estava daquele beijo, mas depois de uns cinco minutos ela sabia que eles haviam passado dos limites.
***
- Vocês sabiam que Tonks tinha sido capturada por Voldemort no início do ano?
- O QUÊ? – se surpreenderam ao mesmo tempo, Harry e Rony.
- É. Parece que ela é a culpada de tudo isso que aconteceu ultimamente.
- Com isso você quer dizer o que, exatamente?
Hermione suspirou. Sabia exatamente o que queria dizer com isso, mas poupou as lembranças dos dois.
- Eu vou dormir agora, estou muito cansada. – deu um beijo em Harry e subiu as escadas de costas para os dois, sem ao menos virar pra trás.
Harry e Rony ficaram apenas mais uns minutinhos conversando, e em seguida subiram também.
***
Harry estava numa casa, com o teto muito alto. A casa tinha uma iluminação verde, fraca, e parecia não acabar nunca. Ele estava sozinho e queria andar, mas parecia que estava puxava algo muito pesado com si, que o impedia de caminhar. Sentiu uma respiração ofegante na sua nuca e quando foi se virar, acordou com uma Parvati histérica.
- HARRY! HARRY! VOCÊ TEM QUE ACORDAR! HARRY! – Ela sacudia Harry com tanta velocidade que o deixara tonto. Ele acordou e pegou seus óculos muito rápido e depois pediu para ela explicar o que tinha acontecido. Nisso Rony e Neville já tinham acordado, e começaram a resmungar por causa do barulho.
- PARVATI O QUE ACONTECEU? – gritou Harry para ser ouvido por ela, que gritava e chorava ao mesmo tempo.
- A...Hermione....ela....ela… - Parvati gaguejava
Harry sentiu uma facada no estômago. Engoliu o seco e perguntou respirando cada vez mais rápido:
- O que aconteceu com Hermione?
- EU NÃO SEI, NÃO VI DIREITO EU ESTAVA...DORMINDO, EU...
Harry agarrou os ombros de Parvati e começou a chacoalhá-los
- PARVATI O QUE ACONTECEU COM A HERMIONE?
- UM HOMEM ENTROU E...LEVOU ELA, EU...
Harry nem quis ouvir o resto. Foi o bastante para ele. Se levantou num pulo e saiu correndo, com Rony gritando atrás dele.
***
Harry deu três murros na porta do dormitório de McGonagall e depois de uns dois minutos ela abriu a porta, com uma cara de sono e seus cabelos presos em um coque frouxo.
- O que houve, Potter, a esta hora da manhã?
- Professora, a Hermione sumiu! Parvati me acordou dizendo que um homem entrou e levou ela... - ele não agüentou e começou a chorar.
- Potter, se acalme, eu vou comunicar os pais dela...
- NÃO! Apenas acorde Malfoy! Ele sabe onde ela está!

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