Capítulo 25: Fim de Férias

Capítulo 25: Fim de Férias



CAPÍTULO 25: FIM DAS FÉRIAS



Já era quase o fim da manhã, mas ainda assim era muito cedo para aqueles quatro amigos estarem bem acomodados em uma confortável cabine do expresso de Hogwarts. Nem mesmo depois de sete anos indo e vindo naquele trem, eles sabiam que havia um vagão somente para professores.

Este era mais espaçoso que os outros. Havia uma pequena estante com alguns livros (para alegria de Hermione), uma mesinha com algumas guloseimas (para alegria de Rony), um tapete bem felpudo no chão, duas poltronas, um divã e uma grande janela onde havia grossas cortinas que exibiam os majestosos brasões de Hogwarts e das quatro casas.

Gina estava sentada em uma poltrona, com a cabeça de Harry – que estava sentado no chão – em seu colo, enquanto Rony, estendido no divã, tentava desesperadamente fazer com que Hermione – que estava encostada em seu peito – largasse um livro que ela havia achado “realmente interessante”.

- Eu sinceramente acho que foi exagero chegarmos tão cedo – anunciou Rony – 10h30min da madrugada... A gente bem que podia ter aproveitado para dormir mais um pouco...

- Pare de Reclamar Rony... E fique feliz de terem deixado você e a Gina se despedirem de nós dois aqui – respondeu Hermione, sem desviar os olhos das páginas amareladas – Imaginem só se as crianças chegassem aqui e dessem de cara com “o quarteto”?

- É, ia ser bem agitado – concluiu Harry.

Ficaram calados ainda por alguns segundos, onde Harry fazia carinhos nas pernas de Gina e Rony ainda tentava fazer com que Hermione lhe desse mais atenção.

- Eu não fazia idéia do quanto sentia falta desse lugar... – suspirou Gina.

- Pois eu não sei se consigo mais viver sem ele – respondeu Hermione, finalmente desviando os olhos do livro e lançando um sorriso – E então Harry, como se sente?

- Tô voltando pra casa – respondeu ele sereno – Agora só falta a minha futura esposa resolva me acompanhar – falou manhoso.

- Não é tão fácil assim... – Gina voltou-se preocupada para o noivo.

- Ah, qual é Rosa! – Rony interrompeu a ação de beijar a mão de Hermione e rebateu – Daqui a três meses seu mandato no St. Mungos acaba...

- Sim, mas...

- E eu realmente acho que você é a melhor pessoa para assumir a cadeira dessa nova disciplina, que a Minerva resolveu implantar – afirmou Hermione.

- Imagina só – disse Harry orgulhoso – A primeira professora de “Primeiros Socorros e Cuidados Mágicos” da história de Hogwarts!

Gina sorriu.

- Eu já falei que ia pensar.

- Pois pense rápido, McGonagall quer que a disciplina faça parte do currículo já no ano que vem. – falou Hermione, ainda lendo.

- Eu já pensei seriamente em passar meu cargo pro Draco...

De repente os dois homens no recinto bufaram e remexeram-se desconfortáveis na cadeira.

- Ah, nem vem! Eu confio plenamente no Draco!

Rony fez uma careta de desaprovação.

- Confia né? – disse Harry tristonho.

- Confio sim... – respondeu Gina empertigada, mas depois sorriu e abaixou-se para sussurrar no ouvido do noivo – Mas amar, eu amo é a você...

Harry sorriu e a puxou para um beijo apaixonado que logo foi correspondido, entretanto foram interrompidos por uma tosse irritada.

- Será que dá pra vocês lembrarem que eu tô aqui?

- Não enche Rony! – responderam os dois.

- Já tô ficando enjoado com tanta água com açúcar...

Então Hermione baixou o livro abruptamente e virou-se para ele.

- Então quer dizer que você fica “enjoado”?

- Talvez eu não tivesse tempo de ficar enjoado se você me desse atenção!

- Aposto que devem existir muitas por aí querendo lhe dar atenção né? – Hermione respondeu irritada.

- Pode apostar que existem – respondeu Rony em tom ferino.

De repente, Rony viu os olhos da namorada se encherem de lágrimas e ouviu, ao longe, a sua irmã pronunciando um “idiota”.

- Mas de todas elas você é a única que eu quero! – disparou a fim de tentar consertar as coisas.

O ruivo estava tão ocupado em desfazer a burrada que tinha provocado, que nem reparou quando Gina ensaiou uma ânsia de vômito sob o olhar risonho de Harry.

- Droga Rony! – disse Hermione – Eu só tô nervosa!

Ele a acomodou melhor em um abraço e beijou-lhe a testa.

- Desculpa estrela... Mas nervosa por quê?

- Você tem certeza que não quer que eu venha na quarta-feira... – ela disse com pressa – eu posso pedir uma folga pra McGonagall...

- Mas você nunca pede folga... – ele disse mansinho.

- Mas isso é importante! Esta audiência com o conselho de disciplina do Ministério vai definir toda sua vida!

- Eu agradeço sua preocupação meu amor... Mas eu armei a confusão, eu tenho que arcar com as conseqüências... E tenho que fazer isso sozinho. Não precisa interromper sua vida por causa disso.

Quatro dias depois de ter desafiado o Ministério, Rony recebeu uma bela coruja cor de mel, com uma carta pendurada em sua patinha, o convocando para uma reunião do Conselho de Disciplina do Ministério, onde sua conduta “impetuosa” seria avaliada. Desde então Hermione tornara-se uma “pilha”, passava boa parte do tempo (em que Rony não estava paparicando-a) pesquisando em livros de leis para saber se era possível que seu namorado fosse expulso ou punido de forma mais severa.

- Mas Rony...

- Mione... Você é tão teimosa – disse ele com um sorrisinho – E eu te amo por isso.

Hermione sorriu.

Rony não resistiu e se aproximou dando beijinhos suaves nos lábios da namorada

- Há! Ganhei! – a voz de Harry de repente tirou os dois namorados do momento “cuty”.

- Ai! Droga, bem que você podia ter resistido mais um tempinho né Mione? – disparou Gina perigosamente.

- Alguém pode explicar o que tá acontecendo? – perguntou a morena.

- É que eu apostei com a Gina que vocês fariam as pazes em menos de dois minutos. – disse Harry com um sorriso radiante.

- E eu pensei que, por você estar tão preocupada, resistiria mais tempo argumentando – completou Gina de braços cruzados.

- E o que vocês apostaram? – perguntou Rony com cautela.

- Que a Rosa aceitaria agora a oferta da McGonagall. – respondeu Harry com os olhos brilhando.

De repente um sorriso iluminou o rosto de Hermione e Rony e este falou empolgado.

- Harry meu amigo... Você é demais!

- Eu ia aceitar de qualquer jeito – respondeu Gina dando de ombros.

- Foi exatamente por saber disso que eu apostei com você – disse Harry zombeteiro.

Então Gina se permitiu sorrir, confirmando que havia feito algo que seu coração ansiava. Também desejava muito retornar à Hogwarts.

- Assim que eu chegar, mandarei uma coruja para a diretora comunicando minha decisão – disse Gina solenemente.

- Eu lamento estragar a conversa – disse a funcionária do carrinho de doces através do vidro da janela – Mas daqui a pouco os alunos estarão aqui. É melhor irem se despedindo. – e saiu.

Gina, então, se jogou no pescoço de Harry e iniciaram uma sessão de beijos que Rony não viu, pois estava mais ocupado em acariciar o rosto de Hermione, que sorria satisfeita.

- Obrigado... – murmurou ele.

- Pelo quê? – perguntou a morena ainda de olhos fechados.

- Por ser uma hóspede tão maravilhosa... E por ter, finalmente, aceitado ser minha namorada.

- Então, obrigada também...

- Pelo quê?

- Por ser um anfitrião tão cuidadoso... Pelas massagens, pelas aulas de xadrez e de vôo, pelas festas e filmes... – ela se aproximou mais e cochichou em seu ouvido – pela camisola preta de seda e renda...

Ele gargalhou alto chamando a atenção dos outros dois. Hermione, corada, também sorria. E logo e ele a trouxe para mais perto.

- Tudo para melhor lhe servir madame...

E a beijou, como vinha fazendo desde que oficializaram o relacionamento. Sem medo, e com todo o amor guardado por anos.

Então ouviram uma tossezinha.

- Eu posso me despedir da minha amiga? – disse Gina zombeteira.

Rony olhou para a irmã ameaçadoramente, mas logo depois sorriu e caminhou para se despedir do amigo.

- Promete que você vai acompanhar o Ron na quarta... – pediu Hermione abraçada à ruiva.

- Claro que eu prometo... Não vou deixar que ele vá sozinho. – ela ficou séria de repente – E você promete que vai ficar de olho pra ver se nenhuma aluna metida vai dar em cima do meu moreno...

Hermione sorriu.

- Gi... Eu tenho certeza que mesmo que alguma aluna dance sem roupa na frente do Harry, não vai conseguir nem um olhar desejoso do “seu moreno”. Mas pode deixar, que eu fico de olho mesmo assim.

- Ai amiga... Brigada!

Hermione remexeu-se desconfortavelmente.

- Mione...

- Agora, você promete que não vai deixar que nenhuma ex-namorada enxerida se aproximar do meu ruivo – pediu ela de supetão.

Gina sorriu.

- De maneira nenhuma... Por mais que eu me dê bem com algumas delas, o Rony agora tem dona de verdade. E tenho certeza que ele não vai querer mudar de dona nunca mais. – terminou piscando para uma amiga sorridente.

Do outro lado da cabine, um certo ruivo precisava ficar meio curvado para cochichar algo “muito importante” ao seu melhor amigo.

- Harry... Será que... Er... Bem...

- Fala logo Rony... – disse Harry levantando as sobrancelhas.

- É que... Bom... Você poderia ficar de olho... Sabe, aquele professor assanhado e o tal do pai do aluno dela...

- Embora eu saiba que não vai precisar disso – Harry sorria – Pode deixar, que eu os afugento tá? Como um bom irmão faria.

- Valeu cara! – Rony sorriu – E pode ficar tranqüilo que nenhum idiota vai se aproximar da minha irmãzinha...

- Eu conto com você pra isso amigão.

- Boa sorte amor!!!! – era Gina que vinha se jogando nos braços do noivo e Rony percebeu que uma certa morena estava solicitando sua presença.

Ele a abraçou com carinho e sussurrou no ouvido dela.

- Boa sorte com a nova disciplina, e mande uma coruja assim que chegar viu?

- Obrigada – ela depositou um beijinho nos lábios do namorado – Vamos nos escrever todo dia né?

- Todo dia... E nos ver todos os fins de semana...

- Ah, e me dê notícias assim que chegar do Ministério na quarta-feira!

- Sim senhora... Assim que eu chegar em casa eu mando uma coruja.

- Nada de corujas – ela se afastou e disse severa – Lareira!

- Ah, não Mione... Eu odeio ficar ajoelhando com a cara enfiada na lareira...

- Nada disso... – ela fez uma expressão apreensiva – Eu estou realmente preocupada Ronald... Preciso ter notícias os mais rápido possível.

- Ok... Ok... A gente conversa pela lareira na quarta tá?

De repente uma mulher gorduchinha apareceu novamente pela janela de vidro.

- Vamos... Está na hora de irem...

Os casais se separaram relutantes, mas Gina e Rony precisavam mesmo ir. Ele abriu a porta para Gina passar e seguiu logo atrás da irmã.

Os dois ruivos caminhavam devagar pelo corredor e Rony já sentia uma saudade imensa da sua mais nova namorada. Ao pensar assim, sorriu. Mais nova namorada... Na verdade, ela era a primeira. Sempre fora.

- Rony!

Ele se voltou para trás, e viu Hermione na porta da cabine com uma expressão aflita.

- Mantenha a calma por favor! Aqueles abutres do Ministério vão querer te pegar numa armadilha, não dê esse gostinho a eles... – ele pedia em tom de súplica – Mostre o quão superior você é, e para isso não se deixe levar por emoções, fique calmo...

Em passos rápidos, o ruivo cruzou os espaço entre eles, a abraçou pela cintura e a beijou.

- Mione – disse ele ao se separarem – Relaxa tá? Eu não vou fazer nada que possa prejudicar nosso futuro.

************************************


Os dias passaram rápidos aquela semana, e logo chegou o dia da, tão comentada, quarta-feira da reunião com o Conselho de Disciplina do Ministério.

Ele estava esperando na ante-sala há uns 10 minutos. Estava sozinho, já que sua mãe, seu pai e Gina não tinham podido entrar com ele. Embora tivesse mantido uma postura despreocupada e até debochada durante toda a semana, agora sentia um leve enjôo e um arrepio na espinha. Só agora havia se permitido afligir pelos pensamentos que vinha tendo desde o domingo, quando tinha se despedido de Hermione.

Lembrava-se da última frase que lhe dissera. Não faria nada para prejudicar o futuro dos dois. Mas agora... O que estava feito não podia ser mudado, e ele poderia sim ter arruinado seu futuro com ela... Porque tinha certeza que Hermione desejava segurança... Ela sempre fora assim, precavida e planejava muito bem as coisas. E... Como Rony queria construir uma vida ao lado dela... Casar, ter uma bela e confortável casa com o jardim florido, se bem que uma casa ele já tinha... E uma boa casa por sinal, mas se Hermione quisesse uma escolhida por ela mesma?

Ele também queria tanto ter filhos com ela... Uns três ruivinhos CDF’s que pertenceriam à Grifinória e teriam aulas com a própria mãe. Mas, sinceramente, como ele podia fazer tantos planos se daqui a alguns minutos poderia estar desempregado? Heim? Heim? Tudo bem que ele tinha uma boa poupança em Gringotes, mas ele estava fazendo planos para uma vida inteira ao lado de sua Estrela... E com certeza as economias dele não durariam uma vida inteira.

Então uma idéia aterradora lhe passou pela mente. E se ele tivesse que ser sustentado por Hermione? Sim, porque ela recebia um bom salário em Hogwarts... NÃO! A imagem de Rony como “dono-de-casa” e Hermione chegando todas as noites, cansada, do trabalho era absurda para ele. Machismo? Que fosse! Mas ainda assim, ele preferia pensar que era a vontade de construir junto e não “escorando-se” nela.

Sim, esta situação de pesadelo ia passar. E ele reconstruiria sua carreira novamente.

Já tinha andado de um lado para o outro por algum tempo. Agora estava sentado com a cabeça apoiada nas mãos, quando uma moça, por volta de seus 20 anos, provavelmente estágiária, de longos cabelos negros e óculos quadrados cor de café se aproximou com um sorriso amável.

- Senhor Weasley?

Ele levantou a cabeça e viu que os olhinhos miúdos brilhavam. Provavelmente era uma fã.

- O senhor já pode entrar.

Ele sorriu para ela e lhe disse um “muito obrigado”, caminhando para a porta indicada pela moça e ouvindo um suspiro antes de entrar.

“Hermione ficaria uma fera...” – pensou divertido.

Mas logo tornou à expressão séria novamente. Respirou fundo e encarou a mesa no fundo da sala.

- Boa tarde senhores! – cumprimentou cordialmente.

Mas qual foi sua surpresa quando reparou que havia somente uma pessoa sentada na mesa. Aquilo era um Conselho de Disciplina não era? Então era suposto que houvesse mais pessoas ali.

Porém sua surpresa foi maior quando reconheceu a pessoa que sorria amigavelmente para ele.

- Boa tarde Ronald!

- Mas... Mas... Lupin?

- É, sou eu mesmo.

- O que você tá fazendo aqui?

- Não está feliz em me ver? Pensei que ia ficar satisfeito ao saber que sou eu quem vai avaliá-lo.

- É que... Er... Eu não... Não sabia...

- Não sabia que eu fazia parte do Conselho de Disciplina do Ministério? – Rony assentiu – Pois é... Só a Tonks sabe.

- Por quê? – Rony perguntou ainda abobalhado.

Lupin indicou uma cadeira e Rony sentou-se, logo apareceu ao lado do ruivo uma caneca com suco de abóbora que ele sorveu com gosto enquanto o ex-professor lhe explicava a situação.

- Ah, porque esse não é um cargo muito fácil sabe? Algumas vezes podemos ser ameaçados ou até estuporados... É como se fosse pra nossa segurança. Além do mais, temos que ser os mais justos possíveis. Nem o Ministro sabe quem somos. Para não sofrermos pressões ou represálias.

- E quem nomeia vocês?

- O Conselho dos Inomináveis, que toma conta do Departamento dos Mistérios...

- Então... Por que é que escolheram você pra cuidar da minha avaliação?

- Porque sou imparcial. Apesar de sermos muito amigos.

- Por isso mesmo... Por sermos amigos... Porque não enviaram outro membro?

- Na verdade Ronald, eu não estou aqui para avaliá-lo. – Rony fez uma careta de espanto – Isso já foi feito. O Conselho deliberou sobre sua situação. Eu estou aqui somente para lhe comunicar o resultado.

Rony afirmou com a cabeça, sem piscar e Lupin prosseguiu.

- Bom, o fato é que, graças a Merlin, a esmagadora maioria do Conselho de Disciplina está ligada ao Conselho dos Inomináveis e como o próprio nome indica, eles têm sabedoria suficiente para saber quando o Ministro e seus aliados estão cometendo um erro, ou até querendo “ferrar” alguém – disse fazendo o sinal de aspas com os dedos. – Portanto, eles sabiam da intenção de Scrimgeour e dos demais Chefes de Departamento ao nomear Harry como Ministro. E... Bom, acharam a atitude dele a mais correta possível. Quanto à sua atitude... – Lupin sorriu – Eles acharam de uma nobreza incrível, típica de um grifinório. Defender alguém que estava sendo injustiçado com a valentia de um leão. Colocar-se ao lado da opinião certa, sem ao menos hesitar... Isso é louvável.

Rony sorriu. Parecia que as coisas estavam se voltando à seu favor eu uma sensação gostosa de alívio começou a percorrer seu corpo.

- Mas... – Lupin retornou e o enjôo de Rony também – Ainda assim você xingou não somente o Ministro em pessoa, mas o cargo também. E infelizmente isso não pode ficar totalmente impune.

Rony ia falar alguma coisa, mas Remo o interrompeu.

- Deliberamos também sobre a “punição” – mais uma vez ele fez sinal de aspas com os dedos – E... Decidimos que você não perderá o cargo. Somente irá realizar trabalhos voluntários...

- Trabalhos voluntários?!?!

- Sim. Pensamos que você poderia dar algumas aulas no curso de aurores...

- Mas, Lupin... Aulas no curso de aurores... Eu não sei se tenho capacidade...

- Vamos Ronald, você lutou bravamente na guerra. E lutou muito bem. Mas não precisa se preocupar em ensinar feitiços, basta dar algumas palestras sobre segurança e estratégias. É isso ou pagar uma multa de alguns muitos galeões.

Rony suspirou e assentiu.

- Bom, havia a possibilidade também de você ser suspenso, mas isso mancharia sua carreira e achamos que ter mandado o Rufus praquele lugar não foi tão grave assim – Lupin sorriu maroto. – Essa semana aquela estagiária, que você viu no corredor, passará no seu gabinete para discutir os dias e horários das palestras.

- Er... – Rony pareceu preocupado de repente – Será que você não poderia mandar um estagiário? É que aquela menina parece meio encantada e... Bem... A Mione pode não gostar...

Lupin gargalhou gostosamente do embaraço de Rony, que estava vermelho como um tomate maduro.

- Okay... Eu entendo como é isso – disse Remo – Não precisa ficar encabulado, sei muito bem como são mulheres ciumentas... Pode deixar que um estagiário passará em sua sala... Bom, mas eu devo lhe preparar. Você deve ficar ciente que pode sofrer represálias dentro do Ministério... Você provocou muitas pessoas, garoto.

Rony baixou a cabeça e suspirou.

- O que eu posso fazer agora é agüentar as conseqüências. O que está feito, está feito.

- Claro. Todavia, talvez fosse melhor pensar em outro emprego. Sinceramente, eu não acho que você combine com um cargo no Ministério... Não lhe sufoca ás vezes?

- Sim – respondeu o ruivo – Mas, o que eu vou fazer se não isso? Não posso voltar pro quadribol... Não posso voltar àquela vida de viagens e treinos intermináveis justo agora que tenho tantos planos pra Mione e eu.

- É... Planos. De toda forma, tenho certeza que você ficaria melhor em outros lugares. Procure direito, ou melhor, preste atenção às oportunidades. – respondeu Lupin com uma piscada de olho.

- Obrigado Lupin... – disse Rony sorrindo, já menos corado.

- Não me agradeça... Estou fazendo meu trabalho. Ah, e antes de eu lançar um obliviate em você... Me confirme uma coisa...

- Como assim? Eu vou esquecer o que aconteceu aqui?

- Não. É um feitiço aprimorado. Você só esquecerá minha identidade, todo o resto ficará em sua memória – Rony fez uma cara de desagrado e Lupin sorriu – Ora, como acha que mantemos o segredo? Mas antes disso... O Harry marcou pra quando mesmo?

- Pra daqui a um mês e meio... Fazer o quê se ele e a Gina gostam do outono né?

************************************

***Alguns dias depois...***


- Querida... Tem certeza que eu posso mesmo ir? Sabe, eu ainda posso ajudar em alguma coisa, caso precise...

- Pode ir mamãe... Eu só preciso ficar um pouco mais aqui. Vai acalmando o Harry tá?

- Tá bom querida... – a senhora Weasley, com os olhos cheios d’água deu um beijinho na fronte da filha e saiu fechando a porta atrás de si.

- Ela já saiu? – perguntou Gina aflita.

- Já. – respondeu Hermione calmamente.

De repente Gina se levantou e começou a andar de um lado para o outro, fazendo com que a cauda do seu vestido branco com detalhes em dourado envelhecido dançasse sobre o carpete.

- Ai meu Merlin... Eu vou casar... Daqui a pouco...

- Gina relaxa. – disse Hermione calmamente, enquanto retocava seu batom diante do espelho.

- Como se fosse fácil! – disse e logo começou a fazer “respiração cachorrinho”.

Hermione encarou a amiga.

- Okay, eu acho que tô tendo um déja vu, mas... – suspirou e completou – Gina, você não está grávida!!!

- Eu preciso oxigenar meu cérebro tá? – exasperou-se a ruiva – E... Ah, você tá assim porque não é o seu casamento... Quero só ver quando for seu dia!

Hermione baixou a cabeça e suspirou.

- Acho que vamos ter que esperar bastante por esse dia né? Seu irmão nem menciona o assunto.

- Francamente Hermione! Todo mundo sabe que o sonho do meu irmão é casar com você... E além do mais, hoje é o meu dia de ter chilique.

- Ah, é verdade né? – disse Hermione pensativa, e depois sorriu – Então aproveite!

- Obrigada amiga! – Gina murmurou sarcástica.

Hermione se aproximou dela com um sorriso compreensivo.

- É que eu não entendo o motivo de tanto nervosismo. Ontem você tava toda animada...

- É, ontem! Ontem meu casamento ainda era somente um sonho... E agora, é realidade!

- Mas não era isso que você queria?

- Sim! Mas... Ai, eu tô tão confusa de repente... Será que eu tô fazendo a coisa certa?

- Do que você tá falando Gina? – perguntou Hermione assustada.

- Tudo aconteceu tão de repente... De repente a gente se aproxima mais. De repente a gente tava junto. De repente ficamos noivos... De repente estamos casando! Sabe, há dois meses eu nem queria saber do Harry e agora vou casar com ele!

- Você tem certeza que “não queria saber” do Harry há dois meses?

Gina não respondeu, ao que Hermione prosseguiu.

- Porque eu acho que você só estava muito magoada com ele. – Gina fez menção de falar, mas a morena cortou – E eu não tiro sua razão de ter ficado magoada... Mas tem hora que a gente precisa escolher entre um rancor orgulhoso e nossa felicidade.

Hermione deu a mão à Gina e a conduziu para frente do espelho e continuou.

- Bom, e eu acho que você não vai querer deixar o Harry lá fora, esperando. Com aqueles cabelos que ninguém conseguiu arrumar, por mais que a Molly tentasse, – Gina deu uma risadinha – um sorriso do tamanho do mundo, os olhos verdes brilhando mais que as estrelas numa noite clara de verão... Olha no espelho Gi... E confirma o porquê de você tá casando com o Harry hoje.

Gina encarou a mulher à sua frente. Não era muito alta, mas estava elegante em seu vestido de noiva tomara-que-caia, com delicados bordados em fios dourados no corpete, e que se abria em uma saia não muito cheia, a qual tinha uma calda de meio metro. Um delicado cordãozinho de ouro pendia de seu pescoço com um pingente em forma de rosa de brilhantes; em seu braço direito, perto do ombro, havia um bracelete, também de ouro, que dava duas voltas.

O cabelo ruivo estava cortado arredondado na altura do pescoço e a franja delicadamente arrumada de lado, segura por uma tiara dourada bem fina, da qual pendiam algumas pedras de brilhantes que pareciam soltas pelos cabelos. A maquiagem, em tons de vermelho bem claro, servia apenas para dar um pouco de cor à pele branca.

Mas o que mais chamava a atenção ao conjunto não era o luxo de suas vestes, era o sorriso radiante e o brilho nos olhos que surgiram à pronúncia do nome do noivo. Então Gina soube que Hermione tinha razão. Ali estava o motivo de ela estar casando com ele. Estava estampado em seu rosto todo aquele sentimento inexplicavelmente maravilhoso que sentia pelo moreno com quem se casaria daqui à alguns minutos.

- Tem uma cópia dos votos com você? – perguntou Hermione.

- Não precisa... Eu já tenho de cór, e faz tempo... – ela sorriu, mas voltou-se preocupada para a amiga – E se ele esquecer os votos?

- Fica tranqüila... O Rony já não agüenta mais ouvir o Harry repetindo os votos de casamento.

Elas riram. Gina se mirou mais uma vez no espelho.

- Será que ele vai gostar desse corte de cabelo? – perguntou.

- Claro que vai! – respondeu Hermione confiante – Mas se não gostar... Eu conheço uma poção que faz o cabelo crescer rapidinho!

E elas riram de novo. Como duas adolescentes que trocam confidências importantes de como agradar o namoradinho.

******************************


Fazia uma bela manhã de outono. As folhas amareladas nas árvores caíam displicentemente, o sol estava tímido por entre as nuvens. Nem muito frio, nem muito calor, um clima perfeitamente agradável...

“Então porque diabos eu estou suando tanto!” - pensou Harry enquanto caminhava ansiosos por entre as cadeiras arrumadas nos jardins da Toca.

Harry e Gina também tinham pensado nos campos de Hogwarts, para a cerimônia de casamento, porém estavam no meio do ano letivo e isso certamente seria algo que causaria bastante alvoroço, não só entre os alunos, mas também em seus pais e etc.

Como sempre, era desejo de Harry passar mo mais despercebido possível, portanto, para desgosto da comunidade bruxa, seu casamento com Gina seria apenas uma cerimônia íntima, com um almoço para poucos convidados. Dentre estes, estavam os Weasley (obviamente), os pais de Hermione, McGonagall, Hagrid, Neville, Lupin, Tonks (e o pequeno Alvo), Luna – e seu novo “namorado” Draco – alguns amigos do Departamento de Aurores e os componentes da Ordem da Fênix.

A decoração estava bem simples de delicada. Havia lírios espalhados em todos os lugares, um pequeno “altar”, dois blocos de cadeiras separados por um tapete de pétalas de rosas vermelhas. Ao fim da cerimônia, tudo desapareceria por mágica e daria lugar a mesinhas redondas para seis lugares e uma mesa retangular com a maravilhosa comida de Molly Weasley... E algumas coisas feitas pela Fleur, que os gêmeos disseram não comer nem sob efeito de uma maldição império.

- Oh... Meu garotinho... – era Hagrid que vinha em direção a Harry.

Harry sorriu.

- Oi Hagrid!

- Nem acredito... Parece que foi ontem, que eu te levei pra Hogwarts... Um menino... E agora. Oh, meu Merlin... Alvo ia ficar tão orgulhoso de você! – e limpou uma lágrima que lhe escorria pela face.

- Eu também queria muito que ele estivesse aqui, Hagrid – respondeu Harry tristonho.

O moreno olhou para frente e viu Molly, vindo em passinhos ligeiros em sua direção. Olhou para Hagrid, depois para a sogra e lhe abriu o maior e mais confiante sorriso.

- Oh, querido, ela está quase pronta – Molly passou um lencinho no olho esquerdo – Está tão linda...

- Eu sei Molly... Tenho certeza de que está. – Os olhos verdes brilharam – Bom, eu acho que tenho que ir atrás do meu padrinho né?

Ele tentava caminhar por entre as mesas, mas a todo o momento era parado por alguém que queria lhe cumprimentar ou dizer o quanto tudo estava lindo... Entretanto, a pessoa que ele mais queria ao seu lado, simplesmente tinha sumido. Talvez estivesse se agarrando com a namorada por aí... Mas, se a namorada dele estava provavelmente contendo o chilique de Gina...

De repente, duas pessoas postaram-se, uma de cada lado de Harry, de forma ameaçadora.

- Finalmente vai honrar o compromisso né Potter?

- Ou pensa que a gente não sabe o que você andava fazendo por aí com nossa irmãzinha...

- Parem vocês dois... Ou querem deixar o Harry mais nervoso do que já está?

- Ah, pai... – disse Fred – Deixa a gente se divertir um pouquinho...

- Depois do casamento a Gina não vai deixar a gente nem encostar nele – completou George.

- Nem pensar meninos... – disse o Sr. Weasley – Se a Gina souber que vocês estão amedrontando o noivo dela, ela acaba com vocês...

E os gêmeos saíram resmungando.

- Você está bem Harry? – perguntou o sogro – Parece pálido...

- É que eu não consigo me controlar... Sei que devia estar mais calmo...

- Claro que está... E, acredite... Você não deveria estar calmo... É papel do noivo estar tão nervoso quanto a noiva...

Harry sorriu. E imaginou que não poderia estar se sentindo mais bem acolhido que naquele instante.

****************************


Eles se distanciaram um pouco das pessoas e sentaram em um banco que havia, em meio a um canteiro de gérberas muito bem cuidado pela dona da casa. Apesar de tudo o que tinham vivido, era bom saber que o clima não estava pesado.

- E então – perguntou o ruivo – Como andam as coisas?

- Muito bem – respondeu Luna – Cada coisa no seu devido lugar. Tenho trabalhado, me divertido... Tudo parece estar dando certo, não é?

- É...

- Eu estou feliz, sabe?

- É estranho... Você feliz com o Draco... – disse Rony fazendo uma careta.

Luna sorriu.

- Ele não é tão mau assim...

- Se você diz...

Ela riu novamente.

- Parece que o Harry não ficou muito feliz, de o Draco ser padrinho da Gina...

- Ele fez uma cena – riu Rony – Mas sabe como é... A Gina bateu o pé e ele simplesmente se curvou à vontade dela.

- Você também se curvou, pelo visto...

- Eu passei quase um mês com a idéia de que aquele louro aguado seria meu cunhado... Acho que agüentar ele como padrinho da minha irmã vai ser fichinha...

- Você está muito feliz né? – disparou ela.

Rony olhou para a amiga.

- Estou sim... Olha... Não que eu não fosse feliz com você...

- Ronald – interrompeu ela – Nós tínhamos momentos alegres... Mas, felicidade mesmo...

- Só agora... – disse ele sem perceber.

- É. Só agora... Faça o que você tinha planejado de fazer hoje... – disse ela firme – Não tenha medo. Vocês são uma gracinha juntos sabia?

- Rony?

Os dois se viraram e viram uma Hermione sem graça os encarando.

- Meu amor! – ele sorriu à visão da namorada.

Ela trajava um vestido de mangas ¾ e decote canoa, verde esmeralda, que ia solto até a altura dos joelhos. Seu cabelo estava preso em um elegante rabo de cavalo, com os cachos caindo pelo pescoço. A maquiagem em tons naturais, deixando-a parecida com uma boneca delicada.

- Eu tava te procurando – disse ela olhando para a grama – A Gina já tá descendo.

- Oi Hermione! – Luna a puxou para um abraço – Ainda não tinha te visto... Mas já que a Gina tá descendo, vou à caça de Draco Black... – ela piscou para os dois e saiu saltitante.

Rony observou Luna se distanciando e então percebeu que Hermione estava ao seu lado, totalmente sem jeito.

- Ela tava dizendo o quanto nós dois somos bonitinhos juntos. – ele disse para quebrar o clima.

- Não. Nós não somos bonitinhos juntos – disse Hermione séria.

Rony arqueou as sobrancelhas, preocupado. Temia que Hermione pensasse besteira dele com a Luna, mas para sua surpresa, ela sorriu zombeteira.

- Nós somos lindos juntos!

Ele deu um sorriso inclinado para ela.

- Sim, nós somos.

E inclinou-se para beijá-la. Mas ela desviou e falou provocante.

- A Gina tá descendo, temos que ir agora.

E o puxou pela mão para perto do altar.

- Você é má... – ele sussurrou perto do ouvido dela.

E como resposta, recebeu um sorriso travesso, que vindo de Hermione, era a coisa mais graciosa que ele já tinha visto.

**********************


- Draco?

O louro virou-se em direção da moça de olhos verdes que lhe chamava.

- A Gina já vai descer... É melhor irmos... Você está bem?

- É que eu não imaginei que voltaria aqui... – disse ele pensativo – Depois de tudo...

- E como se sente?

- Estranho.

- Não deixe a Gina ouvir isso – disse Luna rindo – Agora vamos.

Ela virou-se para sair, mas sentiu que Draco segurava seu braço.

- Luna... – ele hesitava em dizer – Mamãe me escreveu... Ela, bem... Ela queria saber como eu estava e... Bom, perguntou o que estava acontecendo entre a gente...

- Nós estamos juntos, não?

- É que talvez isso seja meio inapropriado para alguém com minha posição sabe?

Luna gargalhou.

- Draco... Você é inacreditável!

- O que foi?

- Eu conheço caras tão mais românticos que você...

- Como é?

- Depois conversamos sobre isso tá? – disse Luna querendo encerrar o assunto – Agora temos um casamento pra ir...

- Quem?

- O quê?

- Quem é mais romântico?

Ela deu uma risadinha.

- Draco... Você tá vermelho – e acariciou o rosto dele – Fica tão bonitinho com ciúmes...

- Há, há, há... Faça-me o favor Luna...

- Draco – disse ela levantando as sobrancelhas – Eu tava brincando.

- É que... Apenas...

- Pode falar...

- É difícil tá? – disse ele exasperado.

- É você que faz isso uma coisa difícil.

Ele respirou fundo.

- É que eu gosto de você...

- Sei... – disse ela impassível. – Eu também gosto de você.

- Só gosta?!?!

Luna fez uma expressão, forçadamente, confusa.

- Luna... Eu... Tô... Droga! Eu tô apaixonado por você...

- Eu aceito. – disse ela simplesmente.

- Aceita?

- Sim.

- Mas se eu nem disse o que ia te propor?

- Eu sei o que você ia me propor.

- Como?

- Apenas sei.

- Então quer dizer que nós...

- Exatamente, somos namorados Draco. – ela sorriu.

- Ok... Oficialmente namorados. – ele sorriu.

- E... Só em nível de informação... Eu também tô apaixonada por você.

Ele abriu um sorriso largo e a trouxe para um beijo.

- Bom... Mas ainda assim temos que ir – disse quando se afastaram.

- Vamos.

Ele tomou a mão dela na sua e foram para perto dos outros.

*********************************


Uma música suave começou a tocar e todos se voltaram para trás. Era Gina, que vinha de braços dados com o pai, sorrindo, como uma criança que vê o mar pela primeira vez.
Ela olhou para os lados, identificando as pessoas que estavam ali, no momento mais feliz de sua vida. Viu rostos que estavam por perto o tempo todo, rostos que não via há muito tempo, que veria todos os dias daqui a algum tempo, e até rostos vindos de longe, como Priscila que agora era noiva de Carlinhos.

No altar, o rosto de Harry se iluminou. Ele nem podia acreditar que sua felicidade estava ali. Diante dele. O seu maior sonho se realizando. A mulher que ele amava, vindo em direção a ele. Sorrindo, delicada e forte ao mesmo tempo. Uma princesa decidida. Passos firmes, mas uma lágrima discreta correndo de seus belos olhos amendoados. Ele não pôde evitar uma lágrima correr de seus olhos também.

O coração dela parecia um tambor, e ela sinceramente estava com medo de que alguém pudesse ouvi-lo. Tudo o que ela mais queria era chegar logo ao altar, queria correr até o moreno de olhos verdes, que lhe aguardava tão ansioso quanto ela própria. Mas porque seu pai estava andando tão devagar? Porque tinha que parecer uma princesa, quando na verdade queria ser como alguém que busca algo muito esperado? Seus pés pisando as delicadas pétalas vermelhas. Sentiu uma lágrima escorrer por sua face e viu que o mesmo acontecia com Harry.

Deus, como ela tinha conseguido ficar tanto tempo longe daquele homem?

Olhou para seu pai e este lhe sorriu, enquanto acariciava a mão dela. Quando deu por si, já estava na frente de Harry. Do lado esquerdo do altar, estavam Luna e Draco; à direita, Hermione e Rony. Sentiu-se imensamente feliz, porque essa felicidade não lhe era exclusiva, mas espalhava-se pelo ar.

Arthur entregou a mão de Gina a Harry e lhe sorriu, recebendo o mesmo gesto em troca. Ele beijou a mão da noiva e conduziu-a para diante do mago que celebraria o casamento. O noivo depositou um beijinho na fronte da noiva e lhe sussurrou:

- Você ficou maravilhosa com esse corte de cabelo.

Ela sorriu. Um sorriso mais sincero que Harry já recebera.

****************************

Hermione simplesmente não conseguia parar de chorar. Sentia a mão de Rony na sua, mas de vez em quando tinham que se separar para que pudesse enxugar os olhos. Uma sensação gostosa tomava conta dela. Uma sensação quente e reconfortante. Era a felicidade. Oras, nunca estivera tão feliz em toda sua vida, tão completa. Tudo estava dando certo. Ela estava ali, com Rony; seus pais estavam bem e há alguns bancos de distância (e ficaram maravilhados com seu namoro com o ruivo); os Weasley estavam unidos; Harry e Gina casando...

Sentiu Rony beijando sua mão. Ele fazia isso com tanta freqüência... E ela gostava tanto! Era tão delicado... Um gesto tão simples, mas tão romântico. Ela. sabia... Amava, e esse sentimento era correspondido. Acariciou a mão dele com o dedo polegar e voltou sua atenção para o que o mago iria dizer.

- Hoje é um dia especial. – começou o mago – Um dia de festa. Onde duas almas buscam enlaçar-se. Um dia em que, duas almas que se encontraram, desejam estabelecer um laço. Será este compromisso para vida inteira? Somente o tempo dirá. Mas estando aqui, de frente para estes dois jovens, é impossível duvidar de que a vida tenha reservado a maior das felicidades para eles. Pois não existe maior felicidade que aquela cuja fonte propulsora é o amor. O amor que se reflete nos sorrisos radiantes, no brilho dos olhos, em cada lágrima de emoção. Momentos difíceis foram parte da vida de todos aqui, e hoje, que a harmonia voltou a reinar no mundo, cada celebração do amor torna-se um ode à vida. E que este amor seja abençoado, que dê frutos e traga mais alegria para o mundo. – ele pegou as alianças e lançou um feitiço sobre elas – Que estes anéis tornem-se o símbolo de um compromisso, de respeito mútuo, da amizade que deve haver entre os que se amam, da paixão que move suas almas a estarem aqui neste momento. Na antiguidade, os homens acreditavam que havia uma artéria que ia diretamente do dedo anular esquerdo para o coração. Nosso órgão de fogo, o símbolo maior do amor. Por isso, é tradição que neste dedo, repouse o símbolo do compromisso entre duas pessoas que desejam compartilhar uma vida juntas.

O Mago entregou as alianças. Harry a colocou no anular esquerdo de Gina que fez o mesmo com o noivo.

- Agora, quero passar a condução desta cerimônia às pessoas mais interessadas nelas – houve risos no recinto – Que os noivos possam dizer um ao outro palavras que marquem este momento tão profundo. Começando pelas damas, lógico.
Who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...

Gina baixou os olhos e depois encarou o noivo com uma expressão sonhadora, mas confiante.

- É tão mágico saber que estou aqui, exatamente com quem tudo começou. Pode até ser que no começo fosse uma tolice de criança... Mas agora se transformou em algo maior do que minha própria vida. Então hoje eu sei que te amo desde sempre. Sabe o motivo? – Gina sorriu marota – É que teus olhos são verdes como sapinhos cozidos, teus cabelos negros como um quadro de aula. Queria que tu fosses meu garoto divino, herói que venceu o malvado Lord das Trevas... – Harry sorriu gostosamente e Gina se fingiu de brava

And who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...


- Ah, agora você ri né? – ao que todos riram também, mas ela continuou – Pois é, foi você quem, pela primeira vez, despertou meu lado poetisa. Mas hoje, depois de tanto tempo, eu me sinto tão feliz, por saber que você não é meu garoto divino, mas sim um homem... Apenas humano, e ainda assim capaz de me fazer sentir a pessoa mais abençoada de todo o mundo. E eu te amo por isso. Porque você me faz bem.


Who can say why your heart sighs,
As your love flies?
Only time...


- Eu também te amo por me deixar te fazer bem também. Por um período tudo ficou negro, e eu quis desesperadamente te arrancar de mim, mas eu não consegui, simplesmente porque eu não consigo evitar todas as sensações maravilhosas que vêm acompanhadas de sua presença. E eu quero isto para sempre... Quero você pra sempre.

Hermione viu quando Harry respirou fundo e sorriu...


And who can say why your heart cries,
When your love dies?
Only time...


- Meu anjo... Sim, entre os trouxas, existe a lenda de que cada um de nós possui um anjo da guarda, que nos guia, nos protege, nos mostra o caminho. Então posso dizer que você é o meu anjo. Pois se o amor foi meu escudo, devo grande parte do aprendizado desse sentimento à você.

De repente, a voz de Rony foi ouvida em um sussurro junto ao seu ouvido. Ele pronunciava para ela aquilo que Harry dizia olhando para Gina.

ho can say when the roads meet,
That love might be,
In your heart.


- A pessoa mais preciosa em minha vida. Um presente que me foi dado, nem sei o motivo... Mas que bom que você está comigo. Porque minha vida não tem sentido algum sem sua presença. Agradeço por cada caminho percorrido, cada obstáculo vencido, cada pessoa que conheci, pois tudo isso me trouxe até você...

Hermione se manteve estática, olhando para frente, para seus amigos que estavam selando um compromisso para a vida inteira, mas tudo o que conseguia ouvir era fala grave de Rony, que a abraçava, respeitosamente, pelas costas.

And who can say when the day sleeps,
If the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart...



- Minha vida inteira me preparou para você e eu pretendo fazer o possível para ser merecedor de sua presença junto a mim. Por seu sorriso que ilumina o mundo. Sua voz que me enfeitiça. Seus olhos que me guiam. Seu jeito que me fascina. Sua força que me ampara. Sua presença que me acalma. Sua existência que orienta a minha. Eu não imagino minha vida de outra forma que não seja dividindo-a com você. Gina... a rosa mais perfumada deste jardim.

Porém a última frase foi modificada por Rony, que após respirar fundo disse:

- Hermione... A estrela mais brilhante deste céu... Casa comigo?

Who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...


A morena teve certeza que seu coração falhou uma batida, para depois acelerar violentamente. Lágrimas se formaram em seus olhos e ela sorriu. Seus amigos trocando um beijo apaixonado e Rony apertando os braços ao redor de seu corpo.

- Sim – foi a única palavra que ela pronunciou.

Sentiu Rony soltar o ar e sorriu mais ainda ao perceber o nervosismo do namorado. Ele estava parecendo tão confiante... Mas era simplesmente, seu Rony.

And who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...



Então eles acordaram de seu momento íntimo. Pois o mago havia dado a cerimônia por encerrada e os noivos estavam saindo do recinto, indo diretamente para o lugar onde as mesinhas estavam montadas.

Who knows?
Only time...

Who knows?
Only time...



**************************


O almoço corria calmamente. Todos elogiando a comida, conversas animadas. Os noivos já tinham recebido os cumprimentos e agora estavam se paparicando enquanto saboreavam um delicioso bolo. Gina já havia jogado o buquê, o qual foi pego por Priscila, que havia lançado um olhar significativo para Carlinhos, cujas orelhas estavam mais vermelhas que seus cabelos.

Rony se aproximou dos noivos e sentou-se.

- Eu… Bom, eu fiz Harry. – começou ele nervoso.

- Fez? – perguntou Harry sorrindo.

- Fez o quê? – perguntou Gina.

- Pedi a Mione em casamento.

- Quando? – o rosto de Gina se iluminou.

- No meio da cerimônia…

- E…

- Ela aceitou!

- Oh, meu Merlin! – Gina se jogou nos braços do irmão.

- E onde ela está? – perguntou Harry.

- Tá ali com os pais dela… Mas… É que eu ainda não dei a aliança para ela… E… Bem… Eu queria fazer isso agora.

- Você quer fazer da nossa festa de casamento, sua festa de noivado? – perguntou Gina.

- Não! Eu só Quero pedí-la em casamento… Queria que fosse especial… E, cara… O casamento de vocês… Eu tenho certeza que é um dos momentos mais felizes da vida dela…

- Bom… eu acho que ficaria satisfeito em proporcionar esse momento – disse Harry sério, Rony sorriu – O que você acha amor?

- Eu acho que também ficaria muito feliz em fazer parte desse momento – respondeu Gina.

Rony sorriu ainda mais.

- Vai! – disse ela dando um empurrãozinho no irmão.

Ele se levantou e respirou fundo, mas Harry o impediu de ir.

- Ei… Você está nos devendo viu?

- Eu garanto que vocês poderão interromper a nossa festa de casamento para um pronunciamento solene tá?

E disparou para junto da namorada.

**************************


Hermione conversava alegremente com seus pais. Falava do quanto a cerimônia havia sido encantadora e de como os Weasley sabiam organizar festas; do quanto Gina estava linda e Harry feliz. Ou seja, do quanto tudo estava tão perfeito.

- Oh querida, - disse a Sra. Granger – O Rony tá vindo para cá.

Hermione sorriu e virou-se para receber o namorado, mas reparou que ele parecia nervoso.

- Ron? Aconteceu alguna coisa?

- Sr. Granger… Sra. Granger… - começou ele ansioso – Bom… eu tenho uma coisas para dizer…

- Ron? – insistiu Hermione preocupada.

Ele sorriu para ela, e ela entendeu a mensagem. Assustada, não conseguiu articular nenhuma palavra.

- Nessas férias, eu tomei coragem para fazer algo que eu queria há bastante tempo… E convidei sua filha para passar férias comigo. E… Bom, depois de alguns mal-entendidos, situações resolvidas… Eu simplesmente percebi que não consigo mais viver sem essa adorável mulher ao meu lado… Porque… Porque o que eu sinto por ela… É tão grande que eu tenho medo de explodir sabe? O que eu sinto por ela é tão forte, tão bonito, tão sincero… Como eu jamais senti em toda a minha vida… Se isso não pode ser chamado de amor, sinceramente, não sei mais o que pode ser.

Hermione apenas olhava para ele. Lágrimas escorrendo, por um sorriso que se formou em seus lábios.

- E o que eu vou dizer agora… - continuou ele – Na verdade, o que eu vou pedir agora, eu pensei pela primeira vez, quando eu tinha quatorze anos. Então acho que isso quer dizer que, desde os quatorze anos que eu quero casar com sua filha… E… bom, isso já faz mais de dez anos… Não que estejamos velhos… Mas… Bom, eu só disse isso para vocês saberem que se eu continuo pensando nisso é porque esse sentimento é muito forte… E eu pedi a Hermione em casamento hoje… E, ela disse sim… Vocês conseguem imaginar como eu me sinto? Como eu estou quase pulando de tanta alegria? Eu acho que vocês conseguem imaginar… E eu queria ser um bom genro… E fazer isso na frente de vocês.

- Sabe, Ronald – começou a Sra. Granger – Hermione trouxe alguns namorados para conhecermos, nesses anos, mas nenhum deles nos cativou tanto quanto o “amigo ruivo” dela.

- O nosso medo – completou o Sr. Granger – era que vocês continuassem sem perceber o óbvio, e deixassem uma história tão linda se perder. Sejam muito felizes, meus filhos!

Rony sorriu e respirou fundo

- Mione, se você aceitou meu pedido (graças à Merlin!) – ela riu – Acho que devemos usar isso né? – e ele tirou do bolso uma caixinha de veludo bordô.

Ele abriu a caixinha e havia duas alianças delicadas, onde Hermione pôde ler inscrições rúnicas em baixo relevo.

- “H & R” – ela leu – “A busca acabou, pois nossas almas se encotraram. E nos amamos.” – ela olhou para ele com os olhos brilhando – Ah, Ron!

E se jogou nos braços dele, dizendo o quanto o amava. Se separaram e Rony colocou a aliança menor no anular direito de Hermione.

Então aplausos e vivas foram ouvidos. Fred cantarolava “Roniquinho! Roniquinho!”; enquanto George dizia: “Esse é nosso garoto!”. Molly chorava emocionada no ombro do marido, enfim, toda a festa estava mobilizada.

Sem que os quatro envolvidos percebessem, todos se voltaram para ouvir o pedido de Rony, com uma ajuda de Harry e Gina que havia amplificado a voz de Rony, que estava nervoso demais para perceber.

**************************


Rony puxou Hermione para um lugar mais afastado e esta foi, mas não sem antes reclamar.

- Rony pra onde você tá me levando? – não obteve resposta – Rony sua mãe ficou olhando para onde a gente tava indo…

Ele parou do lado da casa, era afastado mas ainda assim dava pra ver a festa de longe.

- Francamente Hermione – disse ele encostando-a na parede – a gente vai casar, somos grandinhos demais para sermos vigiados pelos pais não acha? – ele sorriu – Minha futura esposa.

A pressionou contra a parede e tomou seus lábios em um beijo ardente. Se afastou lentamente, mas mantendo os lábios próximos aos dela, ele disse:

- Lembra que eu disse que você era má? Agora só tô dando o troco.

Hermione espalmou as mãos no peito dele, tentando afastá-lo, mas logo estava acariciado o peitoral trabalhado, derretendo-se sob os lábios dele.

Rony desceu a boca pelo pescoço da namorada, que olhou displicentemente para o lado e viu, ao longe, Molly Weasley com a cabeça voltada na direção em que eles estavam.

- Rony, sua mãe tá olhando para cá…

- Tá é? – ele parou e fitou, disfarçadamente, o lugar indicado por Hermione – Então só tem um jeito de fazer ela parar de espiar a gente…


- Qual? – perguntou Hermione, mais por curiosidade que por qualquer outra coisa.

- Deixando-a encabulada…

Rony sorriu inclinado para logo voltar a mergulhar nos lábios da morena, só que agora, suas mãos dançavam de forma provocante pelo corpo dela. Desciam e subiam provocando arrepios pela espinha dela. Hermione bem que tentou parar com aquilo, mas ela simplesmente não conseguia resistir às investidas daquele homenzarrão que ela tanto amava.

- Ron… - ela tentava dizer.

- Hum?

- Ron… é melhor pararmos agora… - sua voz era quase um gemido.

- E por que? – perguntou entre beijos e mãos.

- Porque se não pararmos agora – ela, ofegante, dizia sem pensar – Eu acho que vou arrancar sua roupa aqui mesmo…

Então Rony parou e olhou para ela com a expressão surpresa.

- O que você disse? – ele tinha um sorriso brincando nos lábios.

De repente Hermione se deu conta do que havia falado, e o pior, de como tinha falado. Corou furiosamente diante do sorriso do namorado.

- Rony… eu não quis dizer o que você ouviu… – disse ela atrapalhada.

Rony olhou para cima e ergueu as mãos.

- Merlin, obrigado por me dar ouvidos!

Ela ficou mais sem graça ainda diante da reação dele.

- Rony – começou com uma nota de desespero – esqueça o que eu disse sim?

- Merlin, obrigado por me dar uma boa memoria!

Hermione bufou. Tinha uma expressão furiosa e o empurrou para longe. Mas Rony sabia que aquilo era só um disfarce. Usava a irritação para tentar esconder o quão embaraçada estava.

Ela tentou sair em direção a festa, mas Rony a deteve pelo braço.

- Mione... – disse ele frustrado – Droga... Eu pensei que a gente tinha superado essa fase...

- Superado o quê, Ronald! – disse ela tentando parecer brava, mas sem encará-lo nos olhos.

- Essa, de ficar envergonhado por tudo... Não somos mais adolescentes... Me diz, o que é que tem demais ser um pouco atirada de vez em quando... Quer dizer, me diz o que tem demais admitir que se é um pouco sem vergonha às vezes.

- Eu não posso ser “atirada” – disse ela aflita.

- Pôxa Hermione... Você não precisa ser certinha o tempo todo... Ao menos não comigo...

Mas ela o cortou.

- Eu não posso ser “sem vergonha”... Não no casamento dos meus melhores amigos... – ela sorriu – Mas se você puder esperar um pouco... Quem sabe na sua casa, mais tarde... Eu prometo que não vai se arrepender. – ela piscou o olho para ele.

Rony baixou a cabeça sorrindo. Hermione realmente tinha o dom de surpreendê-lo.

- Merlin... Obrigado por de dar uma namorada fogosa...

******************************


A festa ainda estava acontecendo, quando Harry e Gina escapuliram para pegar a chave de portal que os levaria para uma vila meio bruxa, meio trouxa no interior da Espanha. Era uma região de campos de trigo muito bonitinha que Gina fez questão de conhecer, já que lá, a cultura cigana ainda era muito forte. Além do mais, poderiam chegar a Madrid em pouco tempo e aproveitar as coisas boas de lá.

- Harry... Não precisa disso... É apenas uma superstição trouxa...

- Claro que precisa! Afinal, eu sou meio trouxa né?

E ele a tomou nos braços para poderem entrar no quarto do hotel.

- Você sabe como isso começou? – perguntou ela marota.

- Não – respondeu ele risonho, enquanto a colocava na cama delicadamente.

- Pois eu sei... Como quase tudo no mundo trouxa, tem origem na bruxidade.

Ele sentou ao lado dela.

- Ilumine-me, ó grande sabedoria!

Ela estirou a língua para ele.

- Era uma vez... Nos tempos em que bruxos e trouxas conviviam em paz... Um rei bruxo muito querido por seu povo. Ele era muito poderoso também. Tinha um ótimo coração e se apaixonou por uma bela princesa trouxa. Entretanto a união entre trouxas e bruxos não era muito comum, por isso, todos diziam que tinha tudo para dar errado. No dia do casamento deles, uma linda festa foi dada e todos das aldeias estavam nela. No momento em que o rei e a, agora, rainha iriam fazer a entrada triunfal no castelo, um gnomo atrapalhado fez com que a rainha tropeçasse e torcesse o pé. Então, o rei a colocou no colo e entraram no palácio. Com o tempo, o gnomo e o pé torcido foram esquecidos pelos trouxas, ficando apenas a história de felicidade dos dois, com muitos filhos e uma vida longa. Bom, eles foram felizes para sempre, por isso a tradição dizia que o homem tinha que carregar a mulher no colo no dia do casamento.

- Wow... – disse ele no fim – Então é só uma superstição boba...

- Sim. – disse ela.

- Mas não custa nada prevenir né?

- Bobo! – disse ela sorrindo e dando um selinho nele.

Ela se levantou e foi até o espelho.

- Você gostou mesmo desse corte de cabelo?

- Gina, eu adoro tudo o que vem de você...

- Mas essa resposta não vale – respondeu fazendo birra.

- Simplesmente porque é você – continuou ele – Se pintar o cabelo de verde, eu ainda vou te achar linda, porque quando eu olhar nos seus olhos, vou saber que é você... A única que faz minha mente funcionar dessa forma...

- Ai, Harry – ela sentou novamente ao lado do marido – Eu te amo tanto... Que chega a ser físico.

- É?

- É.

- Onde você sente?

- Aqui – disse ela colocando a mão dele sobre seu coração.

- Eu posso sentir – falou ele fechando os olhos – É no mesmo ritmo do meu...

Gina acariciou o rosto dele. A pele, macia... Os cabelos rebeldes. Os lábios convidativos...

- Você é tão lindo!

Harry abriu os olhos e disse.

- E isso tudo, é só pra você Sra. Potter...

Ela se inclinou e o beijou devagar. Sentindo o sabor, como uma forma de eternizar aquele momento. Separaram-se sorrindo. Gina deitou-se e aninhou-se entre os travesseiros. Harry apenas olhava para ela, hipnotizado.

- Vai ficar aí parado, meu marido? – provocou Gina – Isso aqui também é só pra você Sr. Potter... E eu acho que você devia aproveitar.

- Você está coberta de razão...

Ele debruçou-se sobre a esposa, beijando-a e acariciando-a. Estava feliz, queria deixá-la feliz... Seria uma lua-de-mel inesquecível.

****************************~*~*~*~*~*~***************************


Estava realmente cansada.

Havia sido um dia e tanto. Nunca os alunos deram tanto trabalho como nas duas semanas que se passaram. Parecia que eles ainda estavam no clima do feriado do natal. Além dos dias cansativos por si só, Hermione também estava exausta de corrigir centímetros e mais centímetros de pergaminhos escritos pelos pestin... Quer dizer, pelos seus queridos alunos. E isso porque ainda era terça-feira.

Nestes momentos de desespero chegava a pensar que Rony poderia estar certo. Os professores não deviam encher os alunos de deveres, principalmente porque são eles próprios que vão passar horas e horas dos seus dias corrigindo-os. Mas ela simplesmente devia afastar essas maluquices de sua cabeça. Definitivamente Rony não servia para professor, pois daria muita moleza para os alunos.

E provavelmente seria idolatrado por isso.

Na verdade, ele seria idolatrado por qualquer coisa que fizesse, mesmo que não fosse bem feito.

Simplesmente porque é impossível resistir a um Weasley. Eles têm esse dom natural de conquistar as pessoas, com sua simplicidade, gênio forte, lealdade, o bom humor e até o mau humor... E convenhamos, eles são bonitos.

A pele branca cheia de sardas, emoldurada pelos cabelos obscenamente vermelhos... O sorriso cativante, os olhos bem desenhados... É realmente impossível resistir a um Weasley.

Bom, e para Hermione Granger, era particularmente impossível resistir ao filho mais novo daquela família. Esse sim, tinha um encanto superior sobre ela. Algo que fazia com que ela perdesse a noção das coisas, que fazia com que ela o amasse mais do que a qualquer pessoa.

Ela sorriu.

Dispersou-se um pouco, permitindo-se pensar no namorado, o cabeça-dura mais adorável da face da terra. Voltou ao final de semana maravilhoso que passara com ele.

Hermione o levou a um parque de diversões. O que foi, para ela, uma experiência superiormente interessante, porque seu namorado simplesmente parecia ter voltado à infância. Os olhos azuis brilhando de encantamento. A euforia diante dos diversos brinquedos. A busca pelos mais desafiadores. Ah, e a revolta ao ver como as bruxas são retratadas pelos trouxas.

O engraçado, era que Hermione nunca via muita graça nos fins de semana, mas agora... No domingo de noite, ela já desejava ansiosamente que a semana voasse. E pelos corredores, os alunos comentavam que Ronald Weasley devia ter conquistado a Profª. Granger antes, pois agora era bem raro que ela deixasse alguém de detenção durante os fins de semana. O que, antes, ocorria com certa freqüência.

Terminou de ler a última redação, sobre a as formas de transformar uma fruta em pedra, e esticou-se na cadeira.

Os olhos já estavam embaçados pelo sono e cansaço e o corpo dolorido de passar horas naquela cadeira desconfortável. Olhou para o lado e viu sua cama macia. Uma vontade incontrolável de ir diretamente para aquele colchão macio veio-lhe à mente, mas sabia que não podia fazer isso.

Calçou suas pantufas de “lontra” (presente de Gina, pois combinava com seu patrono) e foi até o banheiro. Tomou um bom banho quente e fez sua higiene bucal cuidadosamente (como seus pais haviam ensinado). Ao voltar para o quarto sentiu um vento frio atingir-lhe a face, foi até a janela e a fechou. Resolveu então vestir seu pijama azul-bebê de algodão, composto de uma calça bem folgada e uma camisa de mangas compridas, também folgada.

Sentou-se na sua cama e sentiu o colchão fofinho. Bebeu um copo de água e enfiou-se debaixo do edredom. Aconchegou-se entre os travesseiros e deixou sua mente divagar pelos acontecimentos do dia. Era sempre assim, sempre ficava repassando tudo o que tinha acontecido até adormecer.

Suavemente, a sensação de sonolência foi se apoderando dela. Aquele torpor tão delicioso que precedia o sono propriamente dito. Junto com ele vieram imagens de Rony. Rony sorrindo para ela.

Então o torpor trouxera sonhos consigo. Rony entrando pela porta, dizendo o quanto a ama, sorrindo, o perfume, o toque dele, o hálito quente em sua pele... Os lábios dele deslizando em sua perna... As sensações tão reais... Tudo tão real...

Real demais.

- Rony?! – ela acordou e sentou-se num átimo.

Então o rosto dele surgiu debaixo das cobertas. Sorrindo para ela.

- O que você está fazendo aqui?!?!?!?!?!

- Deu saudade... Vim te ver.

- Perdeu totalmente o juízo foi?

- É você que me deixa assim, inconseqüente...

- Ah tá. Você sempre foi inconseqüente!

- Acho que estou em crise de abstinência.

- Mas Rony... A gente passou o fim de semana todo juntos!

- Que foi? Quer dizer que somente dois dias por semana é o suficiente?

Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro, nervosa.

- Não foi isso o que eu quis dizer... Mas... Rony... E se alguém te vê?

- Ninguém me viu até aqui... A não ser que você receba visitas durante a madrugada – disse ele cerrando os olhos.

- Claro que não! – exasperou-se ela – E... Eu acho que você...

- Hermione... – Ele olhava fixamente para ela – sabia que eu te acho sexy até com este pijama? Se isso não for amor... Eu não sei o que pode ser.

Ela não conseguiu esconder um risinho encabulado.

Ele soube que estava amolecendo a namorada, mas de repente ela ficou séria de novo.

- Nem adianta tentar me bajular. Como é que você entrou aqui?

- Capa de invisibilidade.

- Como é que você achou meu quarto?

- Mapa do Maroto.

- Então o Harry é seu cúmplice nisso?

- Eu diria que ele é um cara muito legal que visa a felicidade dos amigos. Porque eu estou feliz agora... Você não está?

Ela deixou-se cair sentada na cama e num suspiro disse:

- Estou...

Ele se aproximou mais dela e levantou o cabelo cheio, depositando beijinhos no pescoço dela.

- Viu? – disse ele deslizando as mãos pelo braço dela – É por essas coisas que o Harry é meu herói... – a abraçou e beijou o ombro dela, fazendo com que ela se derretesse - Mas... – colou seus lábios em um selinho inocente – Realmente, pensando melhor. – aspirou o perfume dela e depois se afastou relutante – Eu devo ir embora... Vai que alguém me vê e te dedura pra Minerva... Longe de mim ser problema para o meu amor...

Hermione, que já estava toda entregue, virou-se rapidamente para ele.

- Ronald Weasley... Não ouse sair deste quarto!

Ele sorriu maroto.

- E desde quando eu desobedeço a uma ordem sua?

E a derrubou na cama beijando-a ardentemente. Mas Hermione o afastou e o encarou.

- Mas, me prometa que vai embora antes que o castelo inteiro acorde... Que vai sair daqui sem que ninguém te veja...

- Hermione, meu bem... Eu prometo que não vou te causar problema nenhum, que você não vai ter que dar explicações da minha presença neste castelo... – ele suspirou fingindo impaciência – Agora, será que dá pra você parar de me atrapalhar? Eu tô tentando fazer amor com você sabia?

Hermione gargalhou.

- Longe de mim ser um empecilho para um ato tão nobre...

E o puxou para um beijo cheio de saudades.

***************************


Parecia que seu corpo estava grudado no colchão... Ou que a gravidade estava exercendo uma força assustadoramente poderosa sobre ele. Mas havia alguma coisa a ser feita, que ela não lembrava muito bem o que era. Somente sentia uma moleza gostosa... O calor das cobertas, o homem que a abraçava pelas costas...

De repente ela abriu os olhos, que sentiram o desconforto da claridade. Olhou para o relógio encantado em seu criado mudo e pulou da cama, acordando o ruivo ao seu lado.

- Mione... – sussurrou ele quase dormindo.

- RONALD WEASLEY!!! O QUE VOCÊ AINDA ESTÁ FAZENDO AQUI?!?!?

- Hermione, não vai me dizer que já esqueceu o que houve de madrugada... E eu me esforcei tanto pra ser maravilhoso... – respondeu, esfregando os olhos e fingindo indignação.

- Sem gracinhas Ronald! Você prometeu...

- Eu prometi que você não teria problemas comigo... E não vai!

- Okay, okay... – disse ela ainda atarantada – Só falta meia hora para o começo das aulas e eu ainda estou assim...

- Calma, meu amor... Vai dar tempo...

- Não me mande ter calma! – disse ela de forma assustadora. Tanto que Rony se encolheu nas cobertas.

Ela ainda rodou no mesmo lugar duas vezes e se dirigiu para o banheiro. Rony, sorriu, balançou a cabeça e se levantou.

Alguns (poucos) minutos depois, Hermione saiu do banheiro, envolta em uma toalha, e se deparou com Rony, só de cueca, arrumando algo em cima da cama.

- Ai, Rony! Se veste! – brigou ela.

Ele se virou para ela impaciente.

- Ora, vamos Hermione! Você está cansada de me ver nu!

“Cansada?” - pensou ela - “Definitivamente, eu não estou cansada de vê-lo sem roupa... E acho que isso nunca vai acontecer...”

Ela quis sorrir com este pensamento, mas resolveu manter-se “brava”.

- O que você estava fazendo?

- Tô te ajudando... – respondeu ele inocente – Escolhi uma roupa para você...

A idéia de ter Rony escolhendo suas roupas pareceu absurda para Hermione. Ele nunca saberia escolher uma roupa descente para ela dar aula... Mas qual foi sua surpresa ao se aproximar e ver que ele tinha feito um bom trabalho.

Sobre os lençóis bagunçados estava uma calça, de corte reto, preta e uma túnica bordô que ia até os joelhos da moça. Ao lado, a capa com o brasão de Grifinória. No chão estava um par de sapatos fechados da mesma cor da túnica. Vestes ideais para um dia de trabalho. Afinal, Rony não era tão irresponsável assim

- Obrigada... – respondeu ela com um sorriso.

- Não foi nada... Quer que eu ajude a vestir?

- Não Rony... Isso eu faço sozinha tá bom?

Cinco minutos depois ela já estava vestida, penteada e com a pasta na mão.

- Escute aqui... Tente não ser visto viu? Ou será uma confusão dos diabos!

- Você vai tomar café? – perguntou ele com expressão desamparada.

- Claro! Vou tentar engolir alguma coisa... Digamos que você me deixou com fome – disse ela displicentemente.

- Você também me deixou com fome... – respondeu desalentado.

- Nem pense em ir à cozinha, está ouvindo!

- Mas Mione...

- Isso é uma ordem!

- Mas...

- Você pode aparatar em Hogsmead e comer alguma coisa por lá...

- Quero só ver o que D. Molly vai fazer quando souber que você não está cuidando bem da minha alimentação...

- E eu quero só ver o que ela vai fazer quando souber que você anda invadindo Hogwarts de madrugada! – arrematou ela.

- Caramba... Como você é má... Eu nunca pensei... Tem certeza que...

- Não meu amor. Eu, definitivamente não tenho uma caveira tatuada no meu braço esquerdo! - disse ela finalizando a discussão, se aproximou e deu um selinho rápido no namorado.

- Mas...

- Nada de “mas”... E me deseje um bom dia de trabalho.

Ela bateu a porta e saiu apressada pelos corredores e passagens secretas que podiam levá-la mais rápido até o salão principal.

Reduziu a velocidade ao chegar à entrada do salão principal. Respirou fundo e caminhou em passos firmes para a mesa dos professores, desejando um bom dia rápido a todos que estavam ali.

- Acordou atrasada hoje? – perguntou Harry quando a amiga sentou do seu lado.

- Fui dormir tarde ontem – respondeu ela corando.

- Caramba... Nem eu que venho todos os dias de Hogsmead...

Logo após o casamento, Harry e Gina compraram uma casa no vilarejo, para onde se mudaram, assim podiam se ver todos os dias, até a ruiva assumir a disciplina e ir morar em Hogwarts.

- Francamente Harry! Você sabe muito bem o motivo do meu atraso! – Harry deu uma risadinha ela corou mais ainda – E pare de rir, por favor!

- Desculpe – respondeu ele se contendo.

- Ah, a Gina vem hoje aqui? – desconversou a morena, se servindo de suco de abóbora.

- Vem sim. Daqui a pouco ela tem uma reunião com a Minerva, para discutir o currículo.

De repente um burburinho começou a ser ouvido e algumas risadinhas femininas também. Hermione levantou os olhos enquanto mordia uma torrada com geléia de morango, porém o que viu fez com que se engasgasse.

- Mione?!?! – Harry passou um copo com água para a amiga.

- Eu mato ele... – respondeu ela, vermelha, recuperando o ar.

Harry olhou para frente e viu seu amigo de braços cruzados, encostado no portal do salão, cumprimentando com um aceno de cabeça, alguns alunos que se dirigiam para suas mesas.

- Eu não acredito... – exasperou-se Hermione – Eu vou lá!

- Calma Mione! – tentou Harry.

- Não me peça pra ter calma! Ele me prometeu...

Então Hermione ouviu a voz de Minerva, que havia se levantado.

- Oh, Sr. Weasley... Finalmente! Aproxime-se, por favor.

Hermione olhou assustada para Harry, que apenas encolheu os ombros e sorriu. Enquanto isso, Rony caminhava por entre as mesas, confiante, as mãos nos bolsos e um sorriso no rosto. Apesar de estar em estado de choque, Hermione pôde ouvir frases soltas vindas das quatro casas presentes no salão:

“É ele mesmo! É ele, Ronald Weasley!”

“Ele é bem mais alto pessoalmente”

“E mais forte!”

“E mais bonito também”

“Bonito? Ele é perfeito!”

“O cabelo dele brilha tanto!”

“Quando eu crescer, quero ser igual a ele!”

“A professora Granger tem tanta sorte!”

Ele se aproximou da mesa e cumprimentou Minerva com um aperto de mão. Lançou um sorriso para Harry e Hagrid e uma piscadela para a namorada.

- Quietos! – ordenou McGonagall, ao que o salão ficou em total silêncio – Como eu anunciei na semana passada, a professora Parker se mudou para a Irlanda, devido à transferência de seu marido que é embaixador. Desde que recebi a notícia da própria, me empenhei em trazer para Hogwarts um professor de vôo que fosse tão bom quanto ela. – ela olhou orgulhosa para o ex-aluno – Minha busca me levou ao nome de Ronald Weasley. Campeão da Liga Inglesa de Quadribol, pelo Chudlle Cannons; Ordem de Merlin, primeira classe, pelos serviços prestados durante a guerra; exímio manipulador de uma vassoura em vôo. – Minerva dizia estas coisas com um sorriso enorme, enquanto Rony ia ficando cada vez mais corado – Entretanto, ele não será apenas professor. Este ano Hogwarts está inscrita na competição Inter-Escolas de Quadribol, dessa forma, o Sr. Weasley será o técnico do nosso time, o qual será composto por integrantes dos times das quatro casas... Portanto, sem rivalidades! – disse ela estreitando os olhos – Ah, mas lembrando que o Torneio Inter-casas, não foi cancelado. Portanto, os capitães poderão começar os treinos em breve. Gostaria de dizer algumas palavras Sr. Weasley?

- Bom... Eu só queria dizer que estou muito feliz de estar aqui... E que é maravilhoso retornar à Hogwarts.

O salão explodiu em aplausos, os quais ele agradeceu, encabulado.

- Então, junte-se a nós na mesa dos professores. – disse Minerva com um sorriso, para depois cochichar no ouvido dele – Quem diria Sr. Weasley... Professor.

- Quem diria... – repetiu ele.

E depois caminhou para uma cadeira que estava vaga, ao lado de Hermione. Esta, olhava abobalhada para o namorado que, antes de sentar, depositou um delicado beijinho nos lábios dela, enquanto ouvia-se um “Ohhhhhh” vindo das mesas dos alunos.

- Você sabia disso? – atirou a morena para Harry.

- Só um pouquinho... – respondeu ele cauteloso.

- E por que você não me falou? – perguntou ela para Rony.

- Queria te fazer uma surpresa amor... Eu disse que você não ia precisar explicar minha presença aqui... – respondeu ele acariciando o rosto dela.

Outro “Ohhhhhh” foi ouvido. E Hagrid não pôde deixar de rir.

**********************************************


- Ronald Bilius Weasley! Por que você não me contou? – Hermione dizia ameaçadoramente.

- Já disse. Eu só queria te fazer uma surpresa, amor...

Era hora do almoço, e os dois já estavam atrasados. Mas eles estavam ali, naquele corredor deserto. Rony se perguntava por que Hermione não podia deixar aquela conversa pra de noite... Afinal ele estava faminto. Aulas de vôo são realmente desgastantes!

- Você me assustou sabia? – ela tentava se controlar, mas sua voz ia aumentando sem que ela se desse conta – Eu quase tive um enfarto! Você ali parado, olhando pra mim... Eu só tinha vontade de ir lá e ESGANAR VOCÊ!!!!

- Mas, Mione...

- E VOCÊ SIMPLESMENTE JÁ TINHA RECEBIDO UM CONVITE...

- Mione...

- TODO MUNDO SABIA, MENOS EU...

Rony olhou para trás de Hermione e fez uma careta.

- Mione... Alunos...

Hermione tomou um “choque”, engoliu em seco e se recompôs, virando para trás... Não viu ninguém. Ouviu uma risadinha de Rony e se virou para ele furiosa.

- Seu trasgo! Insensível… - disse ela batendo no braço dele.

- Shhhhh… - disse ele a abraçando – Veja o lado bom... Eu estarei aqui, o tempo todo... E eu te amo... E a gente vai casar... E eu te amo... E vamos ser muito felizes, porque eu te amo... E eu consegui uma vaga de professor... Hermione, eu sou professor em Hogwarts! E o melhor de tudo... Eu te amo!

Ele depositou um beijinho suave nos lábios dela.

- E eu sou tão orgulhosa de você... – disse ela sorrindo – Eu amo tanto você...

Ele a abraçou e encostou na parede, levando-a em um beijo apaixonado.

- Ai, ai...

Separaram-se, constrangidos, ao ouvir um suspiro. Era uma primeiranista que estava estática, olhando para eles.

- Você não deveria estar almoçando? – disse Hermione tentando parecer dura.

- É que eu me atrasei...

- Então não deveria estar indo almoçar?

- Eu só estava pegando um atalho, professora Granger.

- Então pode seguir por ele.

- Sim, com licença... – e a menininha saiu correndo.

- Poxa Mione... Como você foi severa... – Começou Rony, ao que recebeu um olhar mortal da namorada – Tá desculpa... – e foi novamente levando ela para a parede – Eu acho que a gente precisa ter mais cuidado... – e tentou beijá-la.

Mas Hermione se abaixou e desvencilhou-se dele.

- Nós não vamos ficar nos agarrando pelos corredores Ronald. – e saiu em passos firmes para o salão principal.

“Isso é o que veremos...” - pensou ele, sorrindo, antes de segui-la.

**********************~*~*~*~*~*~***********************


Era primavera. As flores faziam com que a paisagem vista da janela de seu quarto em Hogwarts ficasse ainda mais bela. Hermione acompanhava os alunos com o olhar. Estavam tão animados! Lembrava-se ainda como o passeio à Hogsmead mobilizava a todos. Por mais que gostassem de estar no castelo, sempre era bom ver caras e coisas novas.

Terminou de fazer uma trança em seu cabelo e virou-se para sair. Qual foi sua surpresa quando abriu a porta e deu de cara com seu noivo.

- Ron? Que susto!

- Eu vim chamá-la...

- Onde estão Harry e Gina?

- Já estão lá embaixo. – ele fez um gesto impaciente – É tão mais fácil para eles! No mesmo quarto, não precisam ficar adivinhando quando o outro está pronto...

- Ron, eles são casados.

- Ah tá... E nós somos noivos!

Ela olhou severa para ele.

- Eu pensei que esse assunto já estivesse compreendido! Minerva acha que não seria de bom tom se nós dois dormíssemos no mesmo quarto sem sermos casados. Os pais dos alunos poderiam não gostar.

- Mas eles não precisam saber!

- Ronald!

- Ok! Eu acato a ordem... Mas não me peça pra concordar.

Hermione revirou os olhos.

- Como se obedecêssemos né?

- Mas é diferente... Vir escondido até aqui...

- Harry e Gina estão esperando né? Então vamos.

Desceram as escadas ainda emburrados um com o outro e foram recebidos com um olhar compreensivo dos dois amigos.

- O que houve heim? – perguntou Gina.

- Nada! – responderam os dois em uníssono.

Harry suspirou, tentando conter o riso.

- É que a Gi e eu estávamos conversando... E achamos melhor não ir à Hogsmead.

- Por quê? – quis saber Hermione.

- Pensamos em passar o dia por aqui mesmo – disse Gina – Ir na casa do Hagrid... Lago... Descansar sabe?

- Mas já é quase hora do almoço... – disse Rony.

- Sim, nós almoçaríamos com o Hagrid – disse Gina.

Rony fez uma careta.

- Obviamente – continuou Harry – Iríamos á cozinha antes...

- Ah, qual é Mione? – disse Gina quando viu a expressão de desaprovação no rosto da amiga – A gente pode dizer que queria fazer um agrado a ele...

- Eu concordo! – disse Rony.

- Minha opinião pode mudar alguma coisa? – perguntou Hermione incrédula.

- Não – disseram os três.

******************************

Chegaram à casa do meio-gigante em passos ligeiros, como faziam quando ainda eram crianças.

- Ora, vejam quem veio me visitar! – exclamou Hagrid quando viu os amigos parados à sua porta.

- E para não dar trabalho – disse Gina – Trouxemos o almoço!

- Mas não precisava... Eu ficaria tão feliz de cozinhar pra vocês...

- Não! – disse Rony, mas se recompôs – Nós viemos fazer uma surpresa pra você...

- Onde está Canino? – perguntou Harry.

- Está ali deitado... Acho que já está chegando a hora do meu velho amigo – uma grossa lágrima caiu dos olhos do meio-gigante, se perdendo em sua barba.

- Sinto muito Hagrid – disse Hermione.

- Está tudo bem. É o ciclo da vida não é? Mas, querida Mione... – disse Hagrid – Está com uma carinha séria... Por acaso você e o Rony não estão brigados não é?

- É que somos muito cabeça-dura – disse Rony se aproximando da namorada – Mas isso com o tempo passa né?

Ela apenas levantou a sobrancelha para ele, que sem cerimônias a beijou.

- Harry? – Gina chamou o marido, que olhava hipnotizado para alguém que lhe sorria na parede.

- Você tem um quadro do Dumbledore? – perguntou Harry.

- Minerva me deu – respondeu Hagrid – Estávamos aqui conversando.

- Bom dia garotos! – cumprimentou Dumbledore animado. – E desculpe interrompê-los, Sr. Weasley e Srta. Granger.

Eles se separaram, Hermione corando furiosamente.

- Desculpe professor...

Dumbledore apenas riu do embaraço da ex-aluna.

- E você, Sra. Potter? Como anda com as aulas?

- Bom, professor... Muito bem! Acho que minha fama de “irritadinha” está controlando os alunos, por enquanto.

- Muito bem – respondeu ele sorridente – Agora me digam, vocês não trouxeram nenhuma torta de limão não né? Seria muita crueldade com um quadro velho...

Eles riram. Almoçaram em meio a uma conversa animada sobre tudo o que estava acontecendo. As aulas em Hogwarts. A aceitação da nova disciplina, ministrada por Gina, pelos pais dos alunos. O novo livro escrito por Hermione sobre a igualdade entre os seres mágicos (coisas do FALE, como disse Rony). A habilidade de Harry como professor. O sucesso de Rony na liga Inter-Escolas. A eminente nomeação de Arthur Weasley como Ministro (e a felicidade de Molly). A mais nova filial dos gêmeos na França. A segunda gravidez de Fleur (e a corujisse de Gui). O casamento de Carlinhos (que seria no Brasil). A primeira manifestação mágica do pequeno Alvo (e o orgulho de Tonks e Lupin). O (surpreendente) casamento de Luna e Draco. A paz no mundo bruxo.

*******************

I had no choice but to hear you
You stated your case time and again
I thought about it

You treat me like I'm a princess
I'm not used to liking that
You ask how my day was


Já era fim de tarde quando os quatro se despediram dos amigos e rumaram para o lago. Exatamente para uma árvore que eles conheciam bem. Os raios avermelhados do sol desenhavam um belo rastro no céu azul, que se refletia no lago parado de Hogwarts.

- É tão lindo né? – suspirou Gina.

- É o momento do dia que eu mais gosto... O pôr-do-sol – disse Hermione sonhadora.

- Me lembra você – disse Harry para Gina.

Ela se desmanchou em um sorriso doce.

You've already won me over in spite of me
Don't be alarmed if I fall head over feet
Don't be surprised if I love you for all that you are
I couldn't help it
It'sll your faults


Rony sentou-se embaixo de uma árvore e trouxe Hermione para encostar-se em seu peito. Acariciou os cabelos dela devagar e olhou para o horizonte. Depois fitou os olhos cor de chocolate dela.

- Desculpa. – começou ele – Eu seu que sou meio teimoso... Impulsivo... Mas, eu juro que vou tentar mudar...

- Ron – ela disse com voz suave – Eu te amo. Não muda muito não...

Ele sorriu e a beijou delicadamente.

- Obrigado por ser meu caminho até aqui... Eu te amo demais.

Your love is thick and it swallowed me whole
You're so much braver than I gave you credit for
That's not lip service

You've already won me over in spite of me
Don't be alarmed if I fall head over feet
Don't be surprised if I love you for all that you are
I couldn't help it
It's all your faults



Ela se aconchegou melhor a ele. O abraçou forte e sentiu os braços dele apertarem seu corpo com doçura. Olhou para o lado e viu seus melhores amigos. Eles estavam felizes. Ela também estava. Ouviu quando ele disse olhando nos olhos da ruiva.

- Obrigado por ter aceitado voltar pra minha vida.

- Obrigada por ter me trazido de volta pra casa – respondeu ela.

You are the bearer of unconditional things
You held your breath and the door for me
Thanks for your patience

You're the best listener that I've ever met
You're my best friend
Best friend with benefits
What took me so long


Hermione sentiu então que Rony beijava sua mão. E sentiu-se como em êxtase. Fitou ao redor e viu alguns alunos voltando de Hogsmead. Estavam animados, rindo, conversando. Quantos deles teriam uma história de amor como a sua? Quantas história de felicidade o Castelo imponente de Hogwarts reservava para o futuro? Sentiu que fazia parte dali. Parte daquela história e do futuro de Hogwarts. Como mais uma das pedras que o compõem.

I've never felt this healthy before
I've never wanted something rational
I am aware now
I am aware now


Apertou ainda mais o abraço. Todos eles eram parte de Hogwarts. E ela soube:

Eles realmente estavam em casa.

You've already won me over in spite of me
Don't be alarmed if I fall head over feet
Don't be surprised if I love you for all that you are
I couldn't help it
It's all your faults


***FIM***


**************************~*~*~*~*~*~*~***************************

Meu povo... Como é difícil! 43 páginas de word. Como é difícil terminar uma história... Quanto mais eu queria encerrar, mais palavras apareciam e o capítulo foi alongando, a ponto de ficar esta monstruosidade. kkkkkkkk Estava louca pra postar antes de sexta, mas simplesmente não deu!

As duas partes mais difíceis de escrever foram as do casamento e o final mesmo. As outras cenas foram mais fáceis e desenrolaram rápido, mas essas duas... Nossa! Acabei de acabar!

Bom, eu podia fazer todo o discurso de despedida agora... Chorar um pouco (se bem que tô quase ^.^) e talz... Mas ainda tem o epílogo! Pois é, se Deus quiser e a faculdade não atrapalhar, no fim de semana que vem eu posto o epílogo tá?

Ah, as músicas do capítulo foram: “Only Time” (Enya, do filme “Doce Novembro, no qual a fic foi inspirada ^.^); e obviamente “Head Over Feet” (Alanis Morisette, trilha do trailer... A versão que eu estou ouvindo agora é a acústica viu? ;]).

Desculpem novamente, mas se eu responder os comentários vou atrasar muito... Prefiro agradar vocês com o capítulo *.*

Obrigada a todos, saibam que 90% da minha inspiração veio do feedback de vocês...
Amo todos!!!

Beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!










Ps: o recadinho está curto, porque enquanto estou aqui, eu poderia estar escrevendo o capítulo hehehehe...


Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.