Capítulo 24: Tudo como tem que
CAPÍTULO 24: TUDO COMO TEM QUE SER
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Gina abriu a porta devagar e acendeu as luzes.
- Vem Mione, - ela olhou impaciente para a amiga que continuava parada na soleira da porta - Eu já disse que o Rony não estaria aqui.
- Tem certeza? – perguntou Hermione desconfiada.
Gina soltou um bufo impaciente, mas manteve a calma na voz ao responder.
- Até quando você vai fugir heim?
- Até eu organizar meus pensamentos! – disse a morena com naturalidade.
Gina revirou os olhos e fez uma careta de desdém.
- Onde tá a Dafne? – perguntou ignorando o gesto da ruiva.
- Eu achei melhor que você estivesse sozinha aqui. Mandei a Dafne visitar Dobby.
De repente Hermione ficou de frente para Gina e lhe lançou um sorriso fraco.
- Brigada Gi...
- Não tem de quê – Gina sorriu, com aquele brilho passando em seus olhos – Bom, eu tenho que ir trabalhar... Pode aparatar lá no meu apartamento quando acabar tá?
Hermione sorriu novamente. Agradeceu mentalmente por ter uma amiga como Gina Weasley. Ela realmente era um presente dos céus.
Despediu-se de Gina e subiu para “seu quarto”.
Parou diante da porta e respirou fundo. Segurou na maçaneta, mas não conseguia se mover. Num impulso girou nos calcanhares e entrou no quarto de Rony, olhou ao redor.
Ele não estava ali.
Como Gina havia prometido.
Mas ele também não tinha dormido ali.
Era uma constatação óbvia pelo fato de as coisas estarem exatamente como há dois dias.
Quando ele demorou a ir buscá-la, Hermione preocupou-se e aparatou na casa dele. Subiu ao quarto e viu que o local estava relativamente arrumado, a única coisa fora do lugar era uma camisa de botões preta que estava jogada na cama de qualquer jeito. Certamente ele a tinha vestido para sair e depois resolvido ir com outra, sem se dar ao trabalho de guardar a primeira.
Dois dias depois, a camisa estava no mesmo lugar. Sinal de que ninguém havia entrado, e muito menos dormido, ali.
Mesmo por que, na noite anterior ele tinha dormido no quarto dela.
Na verdade, eles não tinham nem dormido...
Balançou a cabeça antes que sua imaginação voltasse para aqueles momentos.
Hermione caminhou para dentro do aposento e sentou na cama onde o “seu” ruivo dormia. Ouviu por um momento o barulho da chuva batendo na janela fechada. Passou a mão pela camisa que ele tinha vestido e abandonado. Pegou-a e sentiu o cheiro dele. Aquele cheiro que a intoxicava, que a viciava. Constatou então o óbvio: Hermione Jane Granger, apesar de todas as tentativas contra, ainda era completamente apaixonada por Ronald Billius Weasley.
Ele, o cara irresponsável, desligado, que não gostava de estudar tinha conquistado a garota certinha e CDF. Mas o pior era que além de tudo ele era um galinha que já tinha namorado praticamente todas as bruxas da Inglaterra (e até de outros países).
Mas o que era mais aterrorizante é que ela precisava dele. Da companhia dele. Da presença dele. Das palavras, dos abraços. E tinha medo de perder todas essas coisas. Por isso, contentava-se – sempre se contentou – em ser, apenas, amiga.
A mágoa gera separação.
E ela não podia se magoar com ele, pois precisava dele.
Levantou-se e foi para o quarto que habitara durante quase dois meses. Viu que tudo estava como há dois dias. Certamente Dafne não tinha passado por ali também. Será que havia sido ele quem não tinha permitido? Ela não sabia.
Viu ao canto o microsistem que ele havia deixado para ela. Ronald sabia o quanto ela gostava de música. Descobrira isso quando saíram de Hogwarts. Ele até estranhou, mas depois passou a compartilhar isso com a amiga.
Foi até ele e o ligou. Sorriu ao perceber a faixa do CD. Ela adorava esta música.
Pride can stand
A thousand Trials
Olhou para a cama desarrumada. Imagens do que houve ali dois dias atrás invadiram sua mente e ele quase pôde sentir a presença de Rony ali.
Rapidamente pegou a colcha e a jogou sobre os lençóis bagunçados. Parou um instante para normalizar a respiração que estava descompassada.
The Strong will never fall
But watching Stars without You
My Soul cried
Foi até o guarda-roupa e o abriu. Começou a retirar as roupas dos cabides devagar e colocá-las sobre a cama. As lágrimas deslizando por sua face. Ela não devia ter se deixado envolver de novo… não podia!
Grieving heart is full of Pain
of, of The Aching
Pegou sua mala e a colocou sobre a cama também. Percebeu então que faltavam algumas peças de roupa. Foi até a área de serviço e as encontrou no cesto de roupas para passar. Pegou-as e subiu.
'Cause I'm Kissing You, oh
I'm Kissing You, Love
Juntou todos seus sapatos e bolsas. Os colocou também sobre a cama. No banheiro encontrou algumas coisas de higiene pessoal. Pegou sua caixinha de maquiagem e a de jóias.
Touch Me Deep
Pure and True
Gift to Me
Forever
Sua cabeça estava tão pesada… parecia que tinha vivido uma eternidade ali. Tantos momentos em apenas dois meses. Tanta coisa em míseros 60 dias. Ficou ali, arrumando a mala, de costas para a porta, pensando em tudo. Tentando arrumar tudo em sua cabecinha racional.
'Cause I'm Kissing You, oh
I'm Kissing You, Love
Então ela sentiu. Não podia acreditar. Mas sentiu o perfume dele. Parou imediatamente seus movimentos e ficou estática. Apenas sentindo a presença dele cada vez mais perto. A respiração dele mais audível. O calor dele mais perceptível.
Sim, ele estava ali.
Ela definitvamente não estava preparada para encontrá-lo agora. Se fraquejasse iria por tudo a perder. Todos os seus planos, toda sua racionalidade.
Mas Gina tinha dito que ele não estaria lá. Alguma coisa estava errada ali. Gina não mentiria pra ela, com certeza não sabia que ele havia ido pra casa. Ele havia desobedecido uma ordem da irmã... Filho da mãe...
O consolo de Hermione era que ele teria de suportar as conseqüências.
Sentiu as mãos dele segurando seus braços e depois um beijo repleto de saudade apaixonada no seu ombro esquerdo.
Ela agradeceu por estar sendo segura por ele, ou tinha certeza que cairia.
E isso a irritou mais ainda.
Where are You now?
Where are You now?
'Cause I'm Kissing You
I'm Kissing You
- O que você está fazendo aqui? – foi tudo o que ela pôde dizer ainda de costas para ele.
- Eu moro aqui – disse ele suavemente.
- A Gina disse...
- A Gina disse que eu não estaria aqui quando você chegasse... Não falou nada sobre eu chegar quando você já estivesse.
Hermione virou-se de repente, furiosa. Rony estava lhe dando aquele sorriso inclinado.
Ela amava aquele sorriso.
- Não posso acreditar que a Gina fez isso comigo…
- A Gina fez isso por nós.
- Eu me recuso a ficar aqui! – disse ela se soltando dele e indo para a porta.
- Ei! Volta aqui! – disse ele pegando o braço dela antes que ela saísse – Nós precisamos conversar!
- Mas eu não quero conversar agora! – ela o encarava.
- Ah é? E quando é que a gente vai resolver nossa situação heim?
- Quando eu resolver a minha confusão!!!
- Ah, tá... Quando você usar essa droga de razão!
- “Droga de razão” que salvou nossa vida muitas vezes!
- “Droga de razão” que nos afastou durante 5 anos!
- Me solta!
- Não!
- Tá vendo? Não temos condições de conversar agora... Já estamos brigando!
- Não sei se você reparou... Mas na maioria das vezes a gente briga!
- Será que você não percebe? Isso é um sinal!
- Não! Isso é um escape pra tanta coisa reprimida!
- Certo então! Não pode existir uma conversa se uma das partes não quer né? E eu definitivamente não quero! – ela cruzou os braços e pressionou os lábios.
Rony passou a mão pelos cabelos, baixou a cabeça e suspirou. Mas ela pôde jurar ter visto um pequeno sorriso nos lábios dele.
- Agora é você quem está agindo como criança...
- Eu já disse que não quero participar dessa conversa. Fale sozinho se quiser! – e ela se soltou dele indo para as escadas.
- Tem razão. Conversas são como outras coisas não podem acontecer se um dos dois não quer. Como ir pra cama, por exemplo!
Hermione virou-se para encará-lo.
- Você faz parecer tão frio... – murmurou ela.
- Só estou usando a sua “droga de razão”!
- Então desista! Você nunca foi bom nisso!
- Ah, não? E todas as vezes em que eu tive você nos meus braços e precisei usar todo meu pensamento racional? Pelo que eu lembro você queria... Mesmo estando meio “descontrolada”...
- Eu estava bêbada! – então ela parou, percebendo que havia se traído.
- É por isso que eu te adoro – disse ele rindo – Você não sabe mentir...
- Grrrrr! – ela voltou a descer as escadas, furiosa. Enquanto Rony ia em seu encalço.
- Nem adianta tentar aparatar...
- Uma armadilha? É isso então? Eu tô presa numa armadilha? – ela estava indignada.
- É assim que se pegam animaizinhos assustados!
- Eu não sou um animalzinho assustado!
- Tem certeza?
- Droga! Eu só preciso pensar!
- Pára Mione! E desde quando pensar nos levou a alguma coisa? – ela ia responder, mas ele não permitiu – Eu estou falando de nós dois... Desde quando pensar fez nosso relacionamento ir adiante?
- E quem te disse que nosso relacionamento tem de ir adiante?
- Ninguém disse... Nós sabemos.
Hermione suspirou. Ele tentou se aproximar, mas ela afastou-se dando um passo pra trás.
- Como assim nós sabemos? – começou ela – Você não acha que já tivemos muitas provas de que não combinamos? Desde sempre que a gente se magoa... Aliás, nossa amizade começou assim, ou não foi? Por remorso! Você se sentiu culpado de ter me chamado de pesadelo, só por isso foi atrás de mim lá naquele banheiro! Se não fosse por isso nós nunca seríamos amigos! Você me achava uma CDF metida e eu achava você um desligado irresponsável! Viu? Opostos! Opostos que só se uniram porque você é nobre demais para pisar em alguém sem sentir-se culpado depois! Se uma amizade surgiu daí, foi mera conseqüência, toda nossa relação está fundamentada em erros e pedidos de desculpas, não podemos estender isso para um compromisso amoroso! Será que você não entende? Se continuarmos com isso eu não dou três meses para que tudo o que construímos sobre um alicerce tão frágil venha abaixo!
Ele estava ficando tonto com as palavras dela. Como é que ela conseguia articular tão bem os pensamentos e transformá-los em argumentos tão sólidos? Era incrível como tudo o que ela dizia fazia algum sentido, até para um cara já assumidamente completamente apaixonado. Não existe “sentido” capaz de separar casais para aqueles que amam... Mas Hermione Granger conseguia fazer até isso! Será que ela é brilhante em tudo?
- Você explode, eu explodo – continuou ela – Eu não cedo, você não cede! Será sempre assim, esse jogo paradoxal! Onde você acha que vamos chegar? Heim? Me diz! Eu gostava de você desde... Nem sei desde quando, mas nunca conseguimos avançar! Você nem havia se tocado que eu era uma garota! E isso porque vivia me defendendo... Mas sabe por que você me defendia tanto? Pra compensar todas as vezes que você me machucava! E eu como uma boa adolescente que não é correspondida em seus sentimentos tentava provocar em você a mesma dor que eu sentia! E as vingancinhas? Você não acha que vamos nos destruir com elas? A gente sempre se vinga um do outro fazendo as coisas mais estúpidas. E nos magoamos com isso!
Então ela começou a citar todas as brigas e situações constrangedoras pela quais passaram, detendo-se em Vítor Krum e Lilá Brown.
Ok, ele já estava realmente tonto. Parecia que a voz dela tinha sumido, ou melhor, tinha se transformado em um zumbido. Será que ela o estava hipnotizando? Não! Ele não podia permitir isso! Não podia deixar que ela usasse a maldita razão para separá-los de novo. Não mesmo! Precisava calar a boca dela, e urgentemente... Mas ela não pára de falar...
Num movimento rápido, ele a puxou pelo braço e a trouxe para um beijo profundo. Hermione resistiu de início, mas ele apertou o abraço e ela acabou se rendendo. Beijaram-se por um tempo que pareceu uma bela noite estrelada. Separaram-se relutantes.
- Por que você fez isso? – perguntou Hermione ainda de olhos fechados
- Eu precisava te calar de alguma forma... – disse ele ainda em estado “alfa”.
De repente Hermione arregalou os olhos e voltou à expressão de raiva. Ela puxou a mão direita para trás, mas antes que esta atingisse o rosto do ruivo, ele a segurou no ar.
- Nem vem! Eu não caio nessa de novo, sei bem o quanto um tapa seu é doloroso.
- Seu... Seu... – ela começou com a voz chorosa – Seu copo de suco de abóbora!!! Como alguém pode ser tão insensível como você?
- Desculpa Mione... – ele disse aflito – não foi aquilo que eu quis dizer...
- Mas disse! – ela suspirou – Tá vendo? A gente não se entende! É burrice insistir em alguma coisa...
- Ok! Quer ouvir uma coisa bem bonita? Tudo bem... Eu te am...
- CALA A BOCA! Eu não quero ouvir uma coisa forçada! – ela baixou o tom de voz e disse num sussurro – Eu não quero me iludir mais... Eu não suportaria novamente a ilusão de uma esperança...
Ela se calou, mas as lágrimas continuaram falando por ela. Rony ficou ali olhando para a mulher a sua frente. A mais bela mulher na opinião dele.
Aquelas palavras pronunciadas na voz doce dela haviam sido tão profundas... Simplesmente porque eram verdadeiras.
Quantas vezes ele não tinha alimentado esperanças? Quantas vezes não achara que tudo seria resolvido e eles passariam a andar de mãos dadas e sorridentes por estarem juntos? Ele também sabia o quanto era dolorosa uma ilusão perdida.
Enquanto Rony continuava com seus devaneios, Hermione virou-se e foi para a porta da frente, abriu-a e eles viram a chuva torrencial que estava caindo. Hermione não se importou com aquilo e saiu. Deixou a chuva molhar seu corpo, misturando-se com as lágrimas que se formavam em seus olhos. Ela caminhou cinco passos e ouviu Rony correndo atrás dela.
- Espera Estrela! Eu também não suporto mais essas ilusões... Eu quero transformá-las em realidade.
Ela parou, mas não se virou para ele. Ele se aproximou, porém manteve-se dois passos distante dela.
- Olha pra mim... Por favor...
Ela suspirou. Lentamente girou no seu próprio eixo e o encarou.
- Eu não suporto te ver chorando...
- Então me deixa...
- Fica comigo...
Ela meneou a cabeça e olhou para o chão. Ele se aproximou dela mais um passo.
- Olha... – continuou ele – Você tem que me dar uma chance. Nós temos que dar uma chance a nós dois... Devemos isso à nossa história... Eu te amo.
Ela deu um risinho triste e aproximou-se dele um passo.
- Eu também te amo – disse ela tocando o rosto dele, cujos olhos brilharam – e é por isso que eu tô agindo assim. – o sorriso morreu nos lábios do rapaz – Apesar de tudo, nós somos tão paradoxais... E podíamos acabar nos magoando muito... Será que você não entende isso? Eu não ia agüentar perder você de verdade...
- Só vamos saber o que vai acontecer se tentarmos...
- Nossa amizade é muito valiosa e eu não posso arriscar perdê-la...
- Meu bem... – disse ele acariciando a face dela – Eu prometo que nós nunca vamos nos perder...
- Rony...
- Será que você não percebe que agindo dessa maneira está pode estar nos negando a nossa felicidade?
Ao ouvir estas palavras, Hermione franziu a testa, retirou as mãos do rosto de Rony e disse em tom irônicamente revoltado.
- Ah, a culpa é toda minha agora! Toda minha! A malvada da Hermione que não deixa o bonzinho Rony ser feliz!
Rony tomou as mãos dela com urgência.
- Não! Eu não tô dizendo isso... Não é isso que eu quero dizer... Na verdade, eu acho que a culpa é minha! – ela tomou um ar inquisidor – Culpa minha de não ter tirado você dos braços daquele búlgaro no Baile de Inverno. Culpa minha de não ter te agarrado no salão comunal aquela noite. Culpa minha não ter me declarado antes. Culpa minha tê-la feito sofrer com a história da Lilá. Culpa minha não ter dito que te amava na nossa primeira vez. Culpa minha ter deixado você se afastar. Culpa minha não ter te raptado de Hogwarts antes. Minha culpa. Minha máxima culpa.
- Belas palavras Ronald. Talvez até esteja aprendendo a ser mais sensível. Mas você sabe que não foi bem assim. Nosso tempo passou Rony... Na verdade, nunca tivemos tempo para amores juvenis. Nós podemos ter amadurecido muito rápido. Mas somos adultos agora, só agora.
- E como adulto que sou, quero aquietar minha alma... Só você Mione... Você sabe disso. Porque é em você que minha alma mora.
- É justamente por nossas almas serem tão próximas que tudo deve ficar como está. E nesse ponto, eu assumo a culpa. A culpa de saber como as coisas foram e como elas serão.
- Não... – ele tentou – Fica comigo...
- Ron...
- Por favor... Fica comigo...
- Rony, não...
- Deixa eu tentar fazer você feliz...
- Ron... Por favor...
- Deixa eu te amar sem ter que ficar me vigiando pra não transparecer pra todo mundo... Mesmo porque, isso não adianta mais... Todo mundo já sabe...
Ele se aproximou mais dela. Tomou seu rosto com as duas mãos e o trouxe lentamente para si.
- Pára... Não faz isso comigo. – ela murmurou.
- Deixa eu te beijar... – disse ele encostando sua fronte na dela.
- Me deixa ir...
- Eu preciso de você... Fica comigo... – Rony encostou seus lábios aos dela suavemente – Me beija...
Ela o fez.
Como se uma força invisível a impulsionasse, Hermione entregou-se àquela súplica e mais uma vez deixou-se levar por aquele sentimento que não cessava dentro de si. Deixou-se levar para dentro de casa, para o quarto dele, sem nem lembrar que no dia seguinte escutaria um baita esporro de Dafne por deixarem um rastro de água dentro de casa.
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Ainda de olhos fechados, ouviu o canto dos pássaros. Sentiu a maciez do colchão sob o seu corpo e dos lençóis sobre si. Aninhou-se ainda mais entre os travesseiros deixando aquela sensação de relaxamento brincar em seus músculos.
Sem querer, um sorriso dançou em seus lábios e ela afundou o rosto no travesseiro. Alguma coisa em sua mente dizia para ela levantar-se e ir embora de vez, mas uma sensação gostosa de preguiça a prendia na cama como grilhões.
Abriu os olhos devagar e, ainda tomada por aquele torpor, olhou ao redor. O guarda-roupa, os pôsteres do Cannons, a janela com as cortinas ainda fechadas, Rony sentado na poltrona laranja de frente para ela...
Rony sentado na poltrona laranja de frente para ela?!?!
Os olhos dela ficaram do tamanho de dois pratos e de repente todo o seu sono sumiu. A respiração ofegante... Era incrível como ela ainda se sentia despreparada para a famosa “conversa do dia seguinte”.
- Bom dia estrela! – disse ele com um sorriso nos lábios.
Ela sentou-se devagar, baixou os olhos e cobriu o corpo com um dos lençóis.
- Mione... – disse ele com suavidade – Isso é desnecessário... Eu já sei memorizei cada parte do seu corpo... Desde que eu tinha 17 anos. E ele não mudou nada.
Ela corou.
- Acordou cedo... – disse ela tentando parecer tranqüila.
- Na verdade eu mal dormi. Preferi ficar olhando você.
- Pensei que você tinha memorizado meu corpo...
- É que eu achei melhor ficar bem atento. Sei lá... Vai que você resolvesse sair... Ir embora no meio da madrugada, sabe? É melhor prevenir...
- Me vigiando...
- Cuidando de você.
- Vigiando...
- Tá, que seja.
Ele fez menção de levantar, mas ela não deixou.
- Fique exatamente aí! Não se aproxime!
- Hermione... Pelo amor de Deus!
- Eu preciso me organizar internamente, tá bom? Se você chegar perto, eu não vou conseguir...
Ele sorriu e ela quase não pôde conter o sorriso em seus lábios.
- Do que mais você precisa pra se convencer? A gente nem consegue se controlar direito quando está junto... Até parece que temos brasa na pele...
- Isso não significa que vai dar certo...
Ela estava dando de ombros. Falando com um leve tom de brincadeira. E Rony passou a acreditar que ela estava realmente considerando a hipótese de se render.
- Nós podemos tentar...
- Tentar?
- É. Existe algo que nos impeça?
- Várias coisas.
- Por exemplo?
- Somos diferentes.
- A gente se completa.
- Brigamos constantemente.
- A gente sempre faz as pazes
- Moramos longe um do outro.
- A gente sabe aparatar e usar pó de flú e chaves de portal...
- Ficamos sem nos ver durante muito tempo.
- A gente não mudou nadinha.
- Estamos sendo muito precipitados.
- A gente se ama desde os 14 anos
Ela ficou um tempo em silêncio, e soltou um longo suspiro.
- Droga... Não tenho mais argumentos
Ele sorriu e caminhou lentamente até ela. Sentou-se na cama e tomou as mãos de Hermione.
- Ótimo... Seja minha namorada então.... – disse fitando-a nos olhos.
- Você tem certeza que é isso o que você quer?
- Você não tem?
Ela sorriu. Baixou o olhar e mordeu o lábio inferior.
- Se você soubesse o quanto me deixa doido quando faz isso... – ele disse, ela lhe lançou um olhar questionador – Quando morde o lábio desse jeito...
- É bom saber de estratégias para enlouquecer meu namorado. – ela disse com timidez.
Ao ouvir essas palavras, Rony suspirou e sorriu com empolgação. Os olhos dele brilhavam como duas safiras e isso fez com que Hermione tivesse certeza de sua decisão. Ele se lançou sobre ela, fazendo-a deitar novamente, e a beijou intensamente.
Ela afastou-se dele e o encarou.
- Eu sempre amei você... – ela murmurou e o beijou novamente.
De repente Rony se afastou dela.
- Ah, ia me esquecendo. Não saia daqui... Eu volto já!
E desceu correndo as escadas.
Hermione ficou ali sem entender o que estava acontecendo. Poderia estar com um pouco de receio, mas o sorriso nos lábios de Rony não deixava que esse sentimento se apossasse dela.
Em poucos segundos o ruivo voltou trazendo Píchi. Olhando melhor, Hermione viu um bilhetinho amarrado na pata da coruja. Rony sorriu para a “namorada” mais uma vez e abriu a janela, deixando a coruja sair.
- O que significa isso? – perguntou Hermione.
- Ah, nada demais – respondeu ele – Só a última parte do plano da Gina...
- O que...?
Mas ela não pôde terminar. Rony mais uma vez a beijou, fazendo com que ela esquecesse o mundo fora dali.
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- Você não acha melhor falar pra todo mundo?
- Antes da confirmação? Nem pensar!
- Rosa... Você tem alguma dúvida de que seu irmão não vai conseguir?
- Meu amor – Gina tomou o rosto do noivo entre as mãos – Vindo da Hermione, nada me surpreende.
De repente um barulho de duas pessoas aparatando do lado de fora foi ouvido. Em poucos segundos a porta se abriu e por ela entraram correndo dois homens idênticos e encharcados.
- É melhor que seja uma coisa que realmente valha a pena – disse Fred.
- Para nos fazerem sair da loja com esse aguaceiro aí fora! – completou George.
- Ora meninos, parem de reclamar e fiquem perto da lareira – ordenou Molly – Agora!
Molly foi até os filhos e começou a secá-los com a varinha. Eles estavam na Toca. Todos novamente reunidos devido a um pedido de Gina. Todos menos Carlinhos, que estava no Brasil, e Percy, que estava “muito ocupado no Ministério”. Molly havia lhe perguntado o que estava acontecendo para que houvesse tanto trabalho, e Percy apenas respondeu que tinha de arrumar a bagunça deixada por um inconseqüente, mas não entrou em maiores detalhes.
- Gininha! – disseram os gêmeos, indo abraçá-la.
- E Harryzinho!
Os dois foram até Harry para abraçá-lo de uma forma estranha, que envolvia o pescoço dele com pelo menos três dos quatro braços dos gêmeos.
- Parem! Vocês estão deixando o Harry sem ar! – disse Gina tirando os irmãos de cima do noivo, que já estava ficando vermelho.
- Desculpe cara... – começou George. – Você ainda é nosso amigo...
- Mas acima de tudo, agora você é nosso cunhado... – disse Fred.
- E tornou-se nossa obrigação tentar acabar com sua integridade física.
- Não leve a mal... É nossa irmãzinha...
- Sem problemas – disse Harry passando a mão no pescoço.
- Bom, já estamos todos aqui. – disse Gui – O que aconteceu Gi?
- Mais um pronunciamento solene? – espantou-se Fred.
- Oh, meu Merlin! A Gina tá grávida?!?!? – assustou-se George.
O senhor Weasley de repente ficou lívido e Molly teve que ser amparada por Gui. Harry baixou a cabeça, mas não foi possível esconder sua face que ficou da cor de um tomate.
- Não digam besteiras! – disse Gina sem graça. – Estou esperando uma confirmação...
- De que está grávida?! – precipitou-se Arthur.
- Papai! Claro que não! – agora era Gina quem estava camuflada nos cabelos.
Internamente, Harry cogitava a idéia de que um buraco se abrisse no chão e o tragasse para dentro, de tão envergonhado que estava.
- Uma confirmação – continuou Gina – de algo que todo mundo aqui sempre soube...
- Rrrronald e Herrrmiône finalmenti se entenderrram? – perguntou Fleur.
- É o que esperamos. – disse Harry.
Então Gina olhou para a janela e sorriu. Um pontinho marrom vinha em direção da Toca.
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- Está cansada? – Rony perguntou com ar risonho.
- Com preguiça... – Hermione respondeu aconchegando-se debaixo das cobertas.
- Parem o mundo! – ele exclamou divertido – Hermione Jane Granger com preguiça!
- E não deveria estar? – ela sorriu.
Ele se inclinou e a beijou com suavidade. Saboreava o momento como se fosse se evaporar naquele mesmo instante. Afastou-se dela e ficou compenetrado, olhando para a face tão amada.
- Que foi? – perguntou ela, erguendo-se nos cotovelos.
- Tô agradecendo.
- Agradecendo?
- É. Seja qual for a divindade verdadeira... Tô agradecendo por você estar aqui comigo.
- Agradeça à sua insistência...
Rony sorriu. Puxou as cobertas de cima de Hermione e atirou-se sobre a barriga dela, depositando beijinhos ali.
Ela não conseguia se conter e gargalhava. Não tinha certeza se era de cócegas ou pela felicidade que se apossava cada vez mais do seu espírito.
- Ron... Ron – tentava dizer já quase sem ar.
Rony sentou na cama, rindo da risada da namorada. Acariciou o cabelo dela.
- Vem.
Ele tomou Hermione nos braços, que soltou um gritinho de susto, pela atitude inesperada.
- Pra onde?
- Quero tomar banho com você... – disse ele malicioso.
- Tomar banho? – perguntou ela desconfiada.
- A-ham...
- Só tomar banho?
- Hermione meu amor... Seja mais criativa... – disse ele cruzando a porta do banheiro.
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Ela estava ali. Num lugar onde jamais pensou em estar. Na verdade, se há algumas semanas alguém lhe dissesse que estaria naquela situação, ela daria gargalhadas de descrença.
Mas agora ela estava ali. Inexplicavelmente seu destino havia lhe conduzido para aquela situação: chovendo do lado de fora, ela abraçada ao homem mais improvável, na casa dele, assistindo “O Poderoso Chefão”, comendo pipoca e bebendo vinho tinto (tá, era uma mistura estranha... mas muito gostosa).
Então de repente veio-lhe uma sensação boa. Uma sensação de que tudo estava em seu devido lugar. Imediatamente ela soube que tudo estava bem. Todos estavam em seus lugares, inclusive ela – apesar de estar em uma circunstância meio “bizarra”.
Tudo como tem que ser.
Um beijo suave em seu pescoço, acompanhado de uma voz macia e arrastada a tirou de seus devaneios.
- Luna? Luna, você tá bem?
Levantou ligeiramente a cabeça e deparou-se com um par de olhos quase prateados. Olhos de onde, um dia, jamais imaginou ver qualquer indício de sentimentos bons, mas que agora estavam ali, docemente voltados para ela.
- Sua pele ficou gelada de repente... Seu corpo estremeceu... Você tá se sentindo bem?
Ela sorriu. Ato que extraiu um leve sorriso dos lábios do louro.
- Não podia estar melhor – ela respondeu com o habitual ar etéreo – Só acho que tá um pouco frio.
- É. O tempo tá esfriando... – ele apertou o abraço ao redor do corpo dela, como para que aconchegá-la melhor – Tá bom assim?
- Sim. – ela acomodou melhor a cabeça no peito dele.
Mais uma vez o silêncio pairou sobre eles. Mas não era aquele silêncio incômodo. Era um silêncio bom, de quem não precisa dizer muita coisa. Bastava estarem sentindo o corpo um do outro juntos, transmitindo calor e conforto.
Afinal, a circunstância era tão estranha, que palavras poderiam atrapalhá-la.
Luna Lovegood, a garota estranha de Hogwarts, agora estava ali, sentindo a mão do aristocrata Draco Malfoy passar suavemente por seus cabelos causando uma sensação de sonolência. Em poucos segundos, ela caiu num sono tranqüilo.
Alguns minutos depois, Luna abriu os olhos e percebeu que o filme já havia terminado, e a TV trouxa estava sintonizada em um documentário sobre a Idade Média.
Podiam dizer o que quisessem de Draco Malfoy – ou “Black”, como exige ser chamado depois da prisão do pai, Lúcio Malfoy – mas uma coisa era certa: ele tinha classe. Era um erudito. Gostava de boa música, bons livros, boa comida, bons vinhos... Sempre se mantinha informado de tudo o que se passava no mundo. Interessava-se por tudo o que possuía relação com cultura “cult”. Era definitivamente inteligente e um cavalheiro.
Em outros momentos, porém, Luna se surpreendia com a capacidade de transformação dele. Era brincalhão – mas sempre mantendo o sarcasmo e a ironia – tomava refrigerante com hambúrguer e batata-frita, assistia programas e filmes por puro entretenimento, saía para dançar em boates da moda. Nessas ocasiões ele dizia que estava com preguiça de pensar... Que queria apenas se divertir.
Outra marca forte dele estava na elegância. Roupas e sapatos de grife. Sua forma de se vestir o deixava ainda mais charmoso. Abusando do preto e de cores escuras, para contrastar com a pele pálida e os olhos acinzentados.
Lindo. Com os traços bem marcados. O rosto alongado, lábios finos e nariz afilado. Olhos profundamente marcantes. Tinha os cabelos platinados sempre bem cortados e arrumados. O porte físico bem definido. O caminhar firme e decidido.
Luna o comparou, mentalmente, a um elfo.
Mas não um elfo doméstico... Draco lembrava um alto-elfo. Daqueles que aparecem em “O Senhor dos Anéis”. A imagem da perfeição.
O pai de Luna havia lhe dito que aqueles elfos existiram de verdade. Que o próprio Tolkien* tinha mantido contato com eles. Mas agora, o mundo estava muito cruel e eles não suportariam tamanha barbárie... Por isso a maioria afastou-se do mundo. Alguns ainda viviam por aqui, não desistiram completamente da humanidade, entretanto ficavam reclusos, movendo-se nos bastidores pelo bem dos outros...
Pensou no projeto de ir procurá-los. Seria uma boa matéria para “O Pasquim”. Seu pai com certeza aprovaria...
A mão de Draco deslizando por seu braço fez com que ela retornasse para o mundo real.
Então ela percebeu que, provavelmente, Draco estaria naquela mesma posição a um bom tempo. Talvez até estivesse com câimbras. Mexeu-se na intenção de levantar-se, mas foi impedida por ele.
- O que foi dorminhoca? – disse o rapaz em tom divertido – Está desconfortável?
- Você não é tão fofinho como uma almofada...
- As mulheres nunca reclamaram do meu porte atlético...
- Eu não sabia que você usava um feitiço silenciador nas suas namoradas! – ela riu da própria piada.
Ele riu também, mas adquiriu um ar galanteador e falou.
- Na verdade – inclinou-se para ela – Eu não uso feitiços. Utilizo-me de algo bem mais... Como posso dizer... Estimulante! – e a beijou.
Luna entregou-se sem mais receios. Desistiu deles. Mas ainda assim, era uma situação estranha. Definitivamente, se, em Hogwarts, alguém tivesse lhe dito que no futuro estaria daquela forma, teria chorado de tanto rir.
Ele se afastou e ficou olhando para ela. A mão passeando na cintura dela.
- Draco... – chamou ela.
- Hum...
- O que você sente por mim?
- O quê? – ele perguntou assustado.
- O que você sente por mim?
Luna sentiu-se orgulhosa de si mesma. Havia conseguido desestabilizar Draco “Black”.
- Por que a pergunta? – ele se afastou ainda mais dela.
- Sou jornalista... Curiosidade.
- Não é uma pergunta necessária – despistou o louro.
- É uma pergunta pertinente.
- Luna... Eu não estou muito disponível para DR’s**
- Eu não quero discutir relação. É apenas uma pergunta.
Ele suspirou irritado. Meneou a cabeça e mais uma vez suspirou.
- É bom estar com você – disse de uma vez.
Luna olhou para ele interrogativa.
- Eu gosto de estar com você... Você é uma mulher inteligente, bonita... – ele tentava dizer algo, mas parecia sem palavras.
- Que sabe dar uns amassos.
- É. – respondeu ele sem jeito – Nós conversamos, saímos, discutimos coisas interessantes... Nos divertimos...
- Nos divertimos...
- Você não se diverte comigo?
- Claro! – ela pensou um pouco, então continuou – Então nosso objetivo é somente se divertir?
- Tecnicamente sim.
- Ah... Dois “amigos” que se divertem juntos... E de vez em quando “se amassam”...
- Talvez não tão esporadicamente. Mas seria isso sim. Isso te chateia?
- Imagina – disse Luna rindo – De jeito nenhum... Eu só gostaria de ter uma noção melhor... Pra saber como organizar minha vida sabe? – disse dando de ombros.
- Organizar sua vida? – ele ficou intrigado.
- Sim... Saber como me comportar exatamente. Sabe, se nos estamos apenas nos divertindo, isso não me obriga a rejeitar demais convites né?
De repente a postura de Draco mudou. Ele endireitou-se no sofá, pigarreou trocou o ar zombeteiro pela seriedade.
- Demais convites? – perguntou estreitando os olhos.
- A-ham – disse ela naturalmente – Convites pra sair... Talvez você não seja o único que me ache interessante.
- Existe mais alguém? – perguntou tentando transparecer desinteresse.
- Não concretamente.
- E... Abstratamente?
- Você não tem? – perguntou ela divertida.
- Claro que sim! – respondeu com arrogância. – Mas foi bom colocar tudo em pratos limpos... Pois eu achava que estávamos nos divertindo com compromisso.
- Divertindo com compromisso?
- Sim... Na verdade eu não gosto muito dessa coisa de ter várias de uma vez só.
- Draco Malf... Black é fiel? – perguntou em tom jocoso.
- Eu apenas respeito meu corpo... e o da outra pessoa. – Luna arregalou os olhos surpresa – Ei, minha mãe conseguiu me passar bons valores tá? Além do mais eu não gosto muito de dividir nada... Sou filho único.
Luna riu.
Ele manteve-se sério.
- Eu também sou filha única. – disse ela recuperando-se do ataque de risos – Então quer dizer que estamos nos divertindo com compromisso...
-Talvez essa não seja uma boa nomenclatura...
- E qual seria?
- Que tal... Juntos? – ele falou hesitante.
- Juntos?
- Sim... Nós estamos juntos – disse Draco como quem encerra a questão.
- Isso subentende compromisso né?
- Exatamente.
- Okay então – ela disse por fim – Nós estamos juntos.
- É. Estamos.
Um silêncio se instalou sobre eles. Luna olhava para as unhas e tentava tirar, com os dentes, uma cutícula saliente***, já Draco fitava a televisão.
De repente Draco a beijou e levantou-se. Luna olhou para ele, que caminhava para a outra sala.
- Estou ficando com fome... O que você acha de pedirmos comida chinesa?
- Claro.
E Luna observou, com um sorriso nos lábios, ele sair da sala e ir à busca do telefone.
- Luna? – disse ele colocando a cabeça para dentro da sala.
- Sim? – respondeu ela inocentemente.
- Isso foi uma DR... – Draco falou desconfiado.
- Eu sei. – Luna disse divertida
Ele suspirou com um sorriso de canto de boca.
- Você é inacreditável.
Ela apenas atirou um beijinho para ele, que saiu sorrindo.
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Hermione estava de frente para o espelho penteando os cabelos molhados. Sentia-se tão feliz que parecia que explodiria a qualquer momento. Apesar de já se ter imaginado como namorada de Rony várias vezes, jamais pensara que a sensação fosse tão boa... Milhões de vezes superior a tirar um 10 em Poções.
- Mione?
Ela ouviu a voz do seu namorado dentro do quarto e foi até lá.
O que viu fez seus olhos brilharem e um sorriso ainda maior ser formado. Havia uma bandeja enorme em cima da cama. E na bandeja, um enorme cheesecake de morango****, sua sobremesa preferida, e um garrafa de dois litros de coca-cola.
- Achei que estivesse com fome... Porque eu estou – ele disse sorrindo.
- Estou sim... Na verdade, estou faminta – ela falou pegando um pedaço do doce.
- Isso mesmo, boa menina, é assim que se fala! – brincou ele.
Hermione apenas estirou a língua para ele e saboreou a sobremesa.
- Talvez seja melhor nos apressarmos.
- Por quê?
- A Gina mandou uma coruja. Parece que tem algo na Toca... E ela nos quer lá também.
- Alguma coisa com a Molly – perguntou Hermione preocupada
- Não... Quer dizer, acho que não. Se fosse ela teria me dito né?
- Claro que teria... Bom, mas se ela chamou... Temos que ir.
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A lareira da Toca adquiriu um tom esverdeado e por ela saíram um homem muito alto e ruivo e uma mulher morena.
A casa estava estranhamente escura e vazia, mas um barulho vindo da cozinha chamou a atenção deles. Hermione olhou para Rony intrigada, pegou sua mão e o puxou para lá. Quando eles chegaram à porta, uma pequena explosão foi ouvida e tudo se iluminou.
Então Hermione pôde ver os Weasley, Harry e até seus pais. Havia uma pequena festa montada e na parede uma faixa onde letras apareciam e desapareciam formando a frase “Finalmente! Rony e Mione!”. Os gêmeos seguravam um cartaz onde se lia a frase “Eu já sabia!”.
Hermione corou furiosamente e escondeu o rosto no peito do namorado que a abraçou e beijou o topo de sua cabeça sorrindo.
Todos batiam palmas e cantarolavam um “Até que enfim” bastante significativo.
- Oh... Merlin... Eu não acredito nisso... – foi o que a vergonha permitiu que Hermione dissesse. – Foi por isso que você mandou aquela coruja pra Gina? – ele perguntou olhando para Rony que acenou afirmativamente – Eu tinha até esquecido disso!
- E você acha que nós deixaríamos uma ocasião dessas passar em branco? – disse Gina vindo abraçar os dois.
Hermione afastou a amiga e tentou manter uma expressão séria.
- Você me enganou direitinho... Eu devia...
- Me agradecer eternamente! – completou a ruiva com um beijo estalado na bochecha da cunhada.
- Hermione querida... Oh! Estou tão feliz! Finalmente minha família perfeita! – disse Molly caminhando em direção aos dois e os sufocando em um abraço de urso.
- Ei! E quanto a nós? – disse Fred.
- Nossas futuras esposas não contam? – completou Jorge.
- Vamos meu bem... Não sufoque nossas crianças. Eles ainda precisam ficar juntos por muito tempo – o tom brincalhão de Arthur fez com que Molly se afastasse – Parabéns meus filhos...
- Brigado pai – Rony respondeu sorrindo.
Hermione jogou-se nos braços do sogro. Olhou para frente e recebeu um olhar cúmplice de seus pais. Afastou-se de Arthur e pegou Rony pela mão conduzindo-o até os dois.
- Que bom que vocês estão aqui!
- Não podíamos faltar minha querida – respondeu a mãe dela. – Se bem que vocês dois é algo que já sabíamos há muito tempo.
- Só faltava que vocês percebessem – completou o Sr. Granger.
- Eu sou completamente apaixonado por sua filha... E garanto que tentarei fazer com que ela seja a mulher mais feliz do mundo – disse Rony em tom sério.
- Eu tenho certeza disso meu rapaz... Nunca duvidarei disso – respondeu o pai de Hermione.
Ela, em lágrimas e sorrisos jogou-se nos braços dos pais.
A Toca parecia mais alegre, mais iluminada. Todos riam e cumprimentavam o mais novo casal. Havia comida, música e muita conversa. Os pais de Hermione pareciam se divertir mais que os outros por estarem em contato direto com o mundo mágico e a morena não cabia em si de tanta felicidade por ter seus pais ao seu lado em um momento tão importante de sua vida.
- Nós nunca pensamos que iríamos dizer uma coisa dessas – começou Jorge.
- Mas... Roniquinho – completou Fred – Estamos muito orgulhosos de você!
- Você é um cara corajoso! Declarou-se pra Mione...
- E... – Fred disse com empolgação – Fez o que fez no Ministério!
- O que aconteceu no Ministério? – perguntou Molly.
Artur suspirou.
- Eu devia lançar um feitiço silenciador em vocês! – ele ralhou.
- Qual foi o problema que aconteceu no Ministério? – preocupou-se Hermione.
De repente Rony adquiriu uma tonalidade esverdeada.
- Alguém pode me dizer o que aconteceu? – insistiu Molly já irritada.
- Ué? A mamãe não sabia? – admirou-se Jorge.
- É só o que se comenta nas ruas... – comentou Fred.
- Eu não quis preocupar a mãe de vocês... – disse Arthur.
- Eu exijo saber do que vocês estão falando! – Molly foi adquirindo uma tonalidade vermelha.
- Calma mamãe... – Gina foi ampará-la e olhou furiosamente para os irmãos – Eu devia estuporar vocês dois!
- Ronald Billius Weasley... – começou a Sra. Weasley.
- Eu discuti com o pessoal do Ministério – disse ele baixinho.
- Discutiu?! – disse Fred.
- Você mandou o Rufus à mer... – atalhou Jorge.
- PAREM VOCÊS DOIS! – Gina irritou-se.
- Oh, meu filho... O que você fez? – disse Molly chorosa.
- Você devia ter se controlado... – Arthur falou calmamente, segurando a mão da esposa.
- O que vai acontecer com meu Roniquinho?
- O que vocês queriam que eu fizesse? – Rony se exaltou – Eles queriam advertir o Harry! Queriam puni-lo por ele ter recusado um cargo que nunca quis! Querem puni-lo por ter feito a coisa certa! Querem ferrar o Harry... Sempre quiseram! Eu não podia ficar calado. Além do mais eu fiz uma coisa que desejava fazer a muito tempo! Aquele filho da mãe do Scrimgeour nunca aceitou que o Harry tivesse vontade própria, sempre pensou em transformar meu melhor amigo numa marionete do Ministério... Ou na melhor das hipóteses, no bode expiatório das burradas que eles mesmos se metem... Eu não ia ficar calado de jeito nenhum! Fiz. Não me arrependo... E que venham as conseqüências que eu enfrento!
Todos ficaram calados diante da resposta de Rony. Calados, atentos e emocionados diante de tamanha demonstração de lealdade e amizade. A primeira pessoa que se moveu foi Harry. Ele caminhou na direção do amigo e sorriu para ele.
- Eu não sei o que dizer... – ele respirou fundo e colocou a mão no ombro de Rony – obrigado cara... Você é o melhor amigo que alguém poderia querer ter.
- Não foi nada... – respondeu Rony sem jeito.
E Harry o puxou para um abraço que emocionou a todos na sala. Ali estavam dois amigos para sempre. Nada seria capaz de abalar a amizade deles. Resistiu às diferenças sociais, a gênios fortes, a uma guerra. Uma amizade que muitos gostariam de ter.
Então um pequeno movimento chamou a atenção de todos na sala. Era Hermione que havia colocado uma mecha de cabelo atrás da orelha. Rony respirou fundo esperando uma reação dela, mas ela permanecia em silêncio... Então foi ele quem começou.
- Olha... Eu sei que você tá achando que eu fui um irresponsável, um imaturo que não mediu as conseqüências dos atos... Mas eu lhe digo que eu não ia conseguir ficar quieto...
Então ela caminhou para ele e colocou dois dedos sobre os lábios do namorado para silenciá-lo. Olhou fundo em seus olhos e disse:
- Irresponsável? Inconseqüente? – começou ela com doçura – Sim... Você foi. Mas por incrível que pareça eu estou muito orgulhosa de você... Digamos que em você eu realizei um sonho – ela riu – eu sempre quis fazer uma coisa dessas com o Scrimgeour... Além do mais, eu não esperaria outra coisa de você. Alguém tão leal, correto, nobre... Corajoso. Não é a toa que você é um grifinório, meu Ron. – ela acariciou o rosto dele – E que venham advertências e punições... Você é bom demais para o Ministério. Se te demitirem eu tenho certeza que os times vão brigar por você. Outros empregos virão... Afinal, quem não vai se descabelar para ter Rony Weasley no seu quadro de funcionários?
Rony respirou fundo e sorriu.
- Eu te amo – ele disse.
Ela abriu um sorriso enorme e respondeu:
- Eu também... Te amo!
Rony puxou Hermione para si e a beijou, sob os aplausos, assovios e risadas de todos e dos “Ahhhhhh” emitido por Fleur.
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* J. R. R. Tolkien, o autor de O Senhor dos Anéis... Perfeito né? ^.^
** DR... Discutir relação... Vocês sabem...
*** Vai dizer que nunca tentaram arrancar cutícula com o dente? ;]
**** Uma sobremesa deliciosa feita com creme de queijo, biscoito e recheio à gosto.
Música do capítulo: Kissing you da Dess’re (aquela da trilha sonora do filme “Romeu e Julieta” com o Leonardo DiCaprio).
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*Autora saindo de trás da parede devagar, munida de escudo, capacete e malha de metal*
Ok... Eu sei, eu sei... Podem xingar. Eu deixo. Tenho plena consciência que desta vez eu me superei. Faz um tempão que não trago nada de novo né? Mas eu juro que a culpa não foi minha! Acho que vocês devem imaginar o quanto gosto de vir aqui e contar história pra vocês... Aconteceu, porém, que o problema foi sério. Numa bela manhã de sol, fui ligar meu computador a tomada começou a soltar faísca, cheguei a pensar que minha casa ia pegar fogo (sem exageros)... E olhem que aqui tem aterramento e tudo. Não faço a menor idéia do que aconteceu, só sei que as conseqüências foram algumas pecinhas do PC destruídas, aí já viu né? Mas tudo acabou bem... hehehehe...
Bom, justificativas dadas... E então, o que acharam do capítulo? Posso ser sincera? Não é o meu preferido, mas para não fazer vocês esperarem mais aqui está ele, eu particularmente gostei da parte em que o Rony deixa a Hermione sem argumentos quando estão no quarto. No início da semana passada ele tava quase pronto, mas de repente me veio a idéia da cena D/L e, sinceramente, eu me diverti muito escrevendo ela... Apesar de ser H/R roxa a cena da DR é a minha preferida do capítulo. ^.^
E novamente não vai dar pra responder aos comentários. Mas quero agradecer mais uma vez pela paciência de vocês e por não desistirem da fic... Fico tão empolgada com os comentários de vocês... Vocês são maravilhosos!!!
Ah, só deixarei um beijo especial para Bárbara, que estava lendo a fic em pleno dia do seu aniversário... hehehe... Brigada mesmo!
Ah, por favor, dêem uma olhada na comu linda que a Lídia Käfer criou para a fic: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=30367718
Agora a notícia triste... Segundo meus planos está chegando a hora de terminar a fic... Pois é, tanto tempo envolvida nessa história e ela vai acabar... É triste né? O próximo será o último capítulo (se não houver alteração de planos) e ainda terá um epílogo. =[
Ah, no caso, o próximo capítulo pode demorar um pouco, talvez início de junho. Pois esse mês será agitado pra mim. É o mês do meu níver (19/05) e eu vou pra um congresso em Maceió no dia 23 só voltando no dia 28. Fora minhas obrigações de estudante. Portanto meus dias serão meio apertados. Espero que compreendam =]
Milhares e trilhares de beijos!
Adoro todos vocês!!!!!!
Comentários (1)
adorei o capitulo muiiito divertido lindo maravilhos...*------------------------*
2011-10-02