O Sepulcro de Azkaban



—Capitulo quatro
O sepulcro de Azkaban.


Quatro dias e as coisas no ministério pareciam acalmar. A equipe de inomináveis ainda trabalhava em sigilo para descobrir o que havia causado aquele misterioso pilar de luz.

Amanda caminhava pelos corredores de pedra, terminando de fechar o sobretudo, fechando com uma abotoadura em forma de uma cruz de malta, com uma varinha cortando-a na transversal, símbolo do ministério.

—Bom dia, Gryffindor...—Disse um homem alto que fazia a guarda em frente ao setor de mistérios.—recuperada?

—Pronta para socar o infeliz que fez isso...—Apontou para uma atadura em volta da testa.

O grandão apenas riu e deu passagem para a inominável. Amanda abriu a porta e tomou cuidado para não fechar-la. Atravessou a sala e entrou por uma porta entreaberta. Do lado de dentro, vários inomináveis vasculhavam a sala.

—Bom dia, Gryffindor...—Disse Roy Stagford. Alto, magro, de pele negra assim como seus olhos. Um dos melhores inomináveis da época.—Que bom que voltou...precisaremos de sua cabeça para solucionar isso...—Roy riu e virou-se para Amanda.—ela ainda funciona ou a pancada te desorientou?

—Sem graças, Roy...—Amanda agachou-se ao seu lado.—o que descobriram até agora?

—Na verdade, nada de muito construtivo...—Roy suspirou e passou a mão pela careca.—só um caldeirão com algo que parece com o almoço da cantina na quinta e “A urna”, fora do lugar.

—“A urna”?—Amanda arregalou os olhos, virando-se para Roy.—Isso quer dizer que...

—Não quer dizer nada, infelizmente...e felizmente...—Disse Roy, olhando para um balcão onde a urna de prata encontrava-se.—está fechada...e não temos como abrir para verificar...

Amanda também olhou para a urna. Quem quisesse abrir-la, teria que ter uma habilidade que praticamente ninguém possuía naqueles tempos.

—Procuraram os registros dos últimos ofidiglotas?—Perguntou Amanda, ainda olhando a urna.

—Sim...mas desde Potter, nenhuma outra atividade que envolvesse um ofidiglota foi registrada.—Roy virou-se para Amanda, com um olhar cansado.

Amanda não respondeu. Levantou-se e caminhou até a urna. Virou-a de um lado para o outro, mas nenhum sinal de alteração. Colocou-a novamente no balcão e soltou um suspiro triste.

—O ministro está?—Perguntou, sem virar-se.

—Está no escritório, mas pediu para...

Roy olhou para trás, mas Amanda já dirigia-se a porta. Olhou-a sair antes de voltar ao trabalho, balançando a cabeça negativamente.


==


Sentiu-se repentinamente envolto por aquela brisa de verão. Era tão gostoso. O sol se pondo no horizonte, lançando sua luz alaranjada sobre a vila. Os pássaros cantando, voltando para seus ninhos. Os moradores que entravam em suas casas para saborear pratos deliciosos, cujos odores eram lançados pelas janelas, seduzindo quem passasse ao lado.

Era mais um fim de tarde na vila Raven. Tudo estava em perfeita harmonia. Mesmo os mais rabugentos encantavam-se por aquela visão de paz.

Porém, algo negro recortando o pôr-do-sol, quebrava aquela harmonia. Quatro figuras altas, encapuzadas, aproximavam-se a passos lentos do vilarejo. Logo estavam na entrada, chamando a atenção de muitas pessoas assombradas.

Sentiu-se envolto por um abraço maternal e logo um aperto paterno em seu ombro. Estava protegido. Discretamente foi levado até uma casa, onde um homem trancava as portas e verificava as janelas.

Logo, a noite levou a paz da vila Raven. Labaredas ergueram-se no ar, misturando-se com lampejos verdes, recortando o negro do céu. Gritos de pânico, desespero e dor mesclavam-se ao estalo da madeira queimando. O caos. Um verdadeiro caos.

A terceira sensação foi de estar sendo encoberto por algo sedoso e macio. Viu o rosto do homem de olhos azuis logo a sua frente, antes de ser empurrado para um canto.

Não demorou, a porta da casa foi derrubada, fazendo os sons aterrorizantes do lado de fora, entrarem com mais agressividade. Apertou-se mais à capa que lhe envolvia e observava duas figuras encapuzadas entrarem na casa. As pessoas que lhe protegiam falavam algo, o homem parecia suplicar. Então, um forte lampejo verde, uma risada maligna e o baque surdo do corpo...

—NÃÃÃÃÃÃÃÃO!!—Gritou, sentando-se na cama bruscamente.
Ofegante, olhou para os lados. Estava de volta ao seu quarto. Deixou-se cair novamente, olhando o teto, o suor correndo por sua face. Passou a mão pela testa, tirando o suor.

—Por que esses pesadelos voltaram?—Perguntou Pedro, puxando um travesseiro e pressionando-o contra o rosto.—Faz dez anos que não sonho com isso.

Jogou o travesseiro para o lado e sentou-se na beira da cama. Ficou olhando os próprios pés. Os pesadelos haviam recomeçado. Então...ela estaria com a razão? Ergueu o rosto e apoiou-o na mão, olhando a porta do quarto semi-aberta.

O radio relógio ligou. Com um suspiro, Pedro apertou o botão calando o repórter e levantou-se. Desceu até a cozinha que começou a passar um café. Deixou a cafeteira trabalhando e sentou-se na mesa. Olhou distraído para um redemoinho de poeira que vinha de uma fresta na janela.


**


Saiu da sala de reuniões, soltando um muxoxo cansado. Moody estava enlouquecendo todos. O ministério havia pedido empenho, mas Olho-tonto estava exagerando um pouco.

—“Dêem suas vidas se necessário...—Ironizou Pedro, imitando a voz de Moody.—vocês são agentes e precisam se empenhar”...ah!—Jogou os braços para cima e soltou um muxoxo irritado.—Já está na hora desse velho se aposentar.

Chegou na movimentada recepção, de onde vários agentes chegavam e saiam a cada instante. Aparatando, via pó de flu ou pela entrada secreta. Carregavam caixas de papelão ou documentos e, de vez em quando, algum bruxo adolescente que tentava se aproveitar da situação e criar pânico.

—Tarde, Jenny...—Disse Pedro, encostando-se no balcão da recepção.

—Boa tarde...—Respondeu uma garota de uns vinte e dois anos, cabelos loiros e sardas no rosto. Apesar da idade, lembrava uma adolescente.—Moody está arrancando sua pele?

—Minha pele ele já arrancou faz tempo...—Resmungou, olhando o movimento.—ele já está arrancando o resto mesmo.

Jenny riu e olhou alguns papeis sobre a mesa. Soltou uma exclamação e bateu na testa.

—Quase esqueci! Tem uma moça querendo falar com você na sua sala.

—Uma moça?—Pedro ergueu uma sobrancelha.—Quem?

—Não sei...mas parece que é do ministério francês...—Deu de ombros, voltando a mexer em alguns pergaminhos.—mas está te esperando faz um tempão...e é urgente.

Com uma sobrancelha erguida, Pedro desencostou-se do balcão e seguiu até sua sala, num corredor estreito, do outro lado da recepção.

—Me disseram que queria falar comi...

—Pedro!—A garota de cabelos loiros agarrou-se em seu pescoço, sufocando-o.—Seu desgraçado! Como ousa partir daquele jeito, sem dar UMA noticia?—Largou-o e começou a sacudir-lo pelos ombros.—Todos ficamos um ano inteiro esperando, no mínimo, uma ligação!

—Pera...moça...espera um pouco...—Pedro tentava parar a garota.—Dá pra parar!?—Segurou-lhe as mãos, afastando de seus ombros.—Quem é você?!

—Aaaah não!—A garota fechou os olhos e ergueu um punho, parecendo furiosa.—Agora eu me indignei. Tantos anos de convivência...—Virou-se dramaticamente e encarou a parede.—depois de tanta amizade...você...você...—Virou-se para ele, com os olhos extremamente mareados.—esqueceu de mim?!

—Ahm...er...calma moça, calma...—Disse Pedro, desconcertado.—não é isso...é que...tem muita coisa...muita gente...e sabe...a memória acaba falhando...—Riu sem jeito, coçando a nuca.

—Tratante...—E deu um tapa fraco no rosto dele.—tudo bem, eu deixo passar dessa vez...—foi até a mesa bagunçada de Pedro e afastou alguns objetos, sentando-se nela.—Sou eu...Ashley DeLacour...lembra?


**


O som da cafeteira assim que o café ficou pronto, arrancou Pedro de seus pensamentos. Levantou-se e pegou a caneca da cafeteira, despejando todo o café numa xícara. Colocou a caneca na pia e abriu a torneira, deixando a água correr.

—Mas que merda...—Resmungou, fechando os olhos e encostando o queixo no peito.—de novo?

—Deixou café cair na calça, papai?—Perguntou Emily, ainda com ar enfadonho.

—Ahm?—Pedro virou-se, sorrindo sem jeito.—Não, não...foi...por outra coisa...mas o que faz acordada a essa hora, num domingo?

—Perdi o sono...—A garota sentou-se numa cadeira e apoiou o cotovelo na mesa, olhando distraída o saleiro.

—Teve um sonho ruim?—Pedro pegou a xícara e bebeu um gole de café.

Emily não respondeu. Apenas ficou olhando o saleiro. Olhou para o pai e rapidamente abaixou o olhar. Pedro soltou um muxoxo e foi até a filha. Deixou a xícara de lado, abaixou-se ao lado dela e segurou-lhe as mãos.

—Emily...conheço você melhor do que ninguém...—Sorriu, acariciando-lhe as mãos.—sei que nessa idade não gostamos muito de nos abrir, mas...pode contar para mim...sou seu pai.

Emily encarou o pai por um tempo, antes de fechar os olhos e falar.

—Foi só um sonho bobo com a mamãe...—Balançou a cabeça negativamente.—nada de mais.

Ravenclaw ficou olhando a filha por um tempo. Balançou a cabeça negativamente e levantou-se, afagando a cabeça de Emily, voltando a tomar seu café.


==


—Onde eu estava com a cabeça quando aceitei esse trabalho?—Perguntava Poul, andando de um lado para o outro, no pequeno ancoradouro da ilha de Azkaban.

Arrastava os pés e procurava encolher-se melhor na capa. Em Azkaban sempre vazia frio. No verão, frio. Na primavera, frio. No outono, frio. E no inverno, mais frio ainda.

—Eu devia ter ido trabalhar na floreios e borrões.—Resmungou, soltando uma nuvem de fumaça pela boca depois.

Parou na beira do ancoradouro e estreitou o olhar, para ver se algum barco estava vindo. Nada. Soltou um suspiro e caminhou novamente até o inicio do ancoradouro. Ficou indo e voltando, até que viu um pequeno ponto sobressair-se as ondas. Parou na beira do ancoradouro e acendeu uma lanterna.

—Não tinha noticia de presos vindo pra cá hoje...—Franziu a testa e pegou a varinha. Murmurou algumas palavras e ela adquiriu uma coloração verde, muito luminosa.

Ergueu o braço e começou a acenar. O barco logo atracou. Haviam duas figuras encapuzadas nele.

—O que fazem aqui?—Perguntou Poul, ajudando-os a sair do barco.

Não teve resposta. Os dois saíram do barco e bateram o pó das vestes.

—Não estou vendo o preso...—Poul olhou para o barco, mas não havia mais ninguém.—Onde ele est...argh!

—Irritante...—Disse uma das figuras, com uma voz feminina. Segurava o pescoço dele com força, erguendo-o do chão.

Caminhou até a beira do ancoradouro e estendeu o braço para o mar. Poul debatia-se, tentando soltar, vendo o mar revolto abaixo de seus pés.

—Sabe...—A outra figura disse, com um ar de riso.—Aqui tem muitos tubarões. E tubarões só atacam quando sentem cheiro de sangue.

Poul engoliu seco e olhou para a outra figura. Depois olhou para a que lhe segurava pelo pescoço e por ultimo para o mar. Era tão escuro que não podia ver o que havia em baixo.

—Morra...—Sentiu uma varinha encostar em sua barriga.—Sectusempra...
Poul soltou um grito de dor muito alto. De uma só vez, meia dúzia de cortes profundos abriram-se em suas costas, jorrando sangue na água. A figura abriu a mão e largou-o no mar.

Afundou alguns instantes antes de voltar a superfície. Debatendo-se, tentou alcançar a escada do ancoradouro. Próximo ao primeiro degrau, sentiu algo morder-lhe o pé. Depois outra mordida. Mais outra. Logo Poul estava sendo arrastado para o fundo do mar, por um cardume de tubarões.


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—Vamos...—Murmurou Stephanie, assim que Poul sumiu de vista.

—Agora eu sei porque ele te escolheu...—Tom riu, seguindo logo atrás dela.

Stephanie grunhiu algo e seguiu o caminho, sem olhar para trás. Na verdade, não estava com Voldemort por lealdade nem nada. O próprio já havia tentado eliminar ela e as irmãs quando estudavam em Hogwarts. Só estava ao lado dele, por vingança.

O vento seco quer corria por Azkaban, parecia aumentar quanto mais perto estavam da prisão. Com as mãos em frente ao rosto, para proteger de pedaços de terra que se desprendiam do solo árido, os dois comensais continuaram, em silencio.

—Parecia que tem mais gente ali na frente.—Disse Tom, com a mão sobre a boca para não engolir terra.

Stephanie estreitou o olhar e viu dois guardas em frente às portas da prisão. Sacou a varinha e pulou para os lados, escondendo-se entre as arvores. Puxou o capuz para baixo, deixando o cabelo negro cair sobre os ombros.

—São só dois...—Murmurou, olhando de trás de uma das arvores retorcidas. Guardou a varinha e continuou.—não vale a pena.

Puxou uma bolsa de dentro da capa e retirou duas facas. Colocou-as entre os dedos e respirou fundo. Saltou para o lado e atirou as facas.

—Ahn!? O que?! Arrrgh!—Um dos guardas caiu, com a faca cravada em sua jugular. O sangue rapidamente jorrou.

—O que? O que houve?!—Perguntou o outro, abaixando-se.—Vamos! Acorde!—Sacudiu-o, mas não teve resposta.

—Não adianta...—Disse Stephanie, friamente, andando na direção do outro guarda.—ele já está morto. Acertei sua jugular. Parei o fornecimento de sangue para o cérebro.

O guarda olhou Stephanie, amedrontado. Puxou a varinha e foi andando para trás. Sentiu a parede da prisão logo atrás e tateou-a.

—Pa...para trás!—Apontava a varinha pra ela, tremendo.—E...eu tenho permissão para te matar!!

Stephanie apenas olhou para ele. Não um olhar comum. Era um olhar frio, vazio. Em igual gesto, ergueu a varinha e apontou para o guarda.

—Tremendo desse jeito, acha que vai conseguir me matar?—Estreitou o olhar mais ainda e exclamou.—Nunca! Sectusem...

—Avada kedrava!—Um jorro de luz verde soou ao lado de Stephanie.

O guarda permaneceu em pé, com o olhar estarrecido por um tempo, antes de cair no chão.

—Por que fez isso?—Perguntou Stephanie, sem olhar para trás.

—Chega de sangue...—Disse Tom, alguns passos atrás dela, com a varinha apontada por cima de seu ombro.—vamos terminar isso rápido e de modo limpo.

Stephanie resmungou algo e jogou o capuz por cima da cabeça, mais uma vez.


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—Mamãe, mamãe!—Disse uma pequena garota, de cinco anos, cabelos negros e olhos cinzentos.—Tia Violet no telefone!

—Já vai Marie!—Lauren seca as mãos numa toalha e ia de encontro a filha.—Obrigado.

Sorriu para ela e afagou-lhe a cabeça, pegando o fone.

—Vih?—Lauren sorriu ao escutar a voz da irmã.—Como vai? Com toda essa confusão no ministério nem tive oportunidade de falar com você.

—Não tem problema.—Respondeu Violet.—Também andei ocupada.

—Problemas com a limpeza da casa?

—Um pouco...estava cheia de titica de elfo e de outras coisas...—Violet fez um barulho de nojo e continuou.—mas, graças a Deus, tem muitos elfos na casa ainda. Sem contar com os novos. Essas coisas se reproduzem como coelhos!

—Não diga...—Lauren diu, apoiando-se na mesinha de telefone.—mas vai ficar por aí ou pretende retornar a Londres?

—Acho que vou ficar por aqui...—Violet soltou um suspiro e continuou.—quero que a mansão Lestrange seja novamente habitável, como eram naqueles tempos.

—E...tem falado com...

—A Stephanie?—Novo suspiro de Violet, dessa vez triste.—Sim...falei com ela no natal do ano passado...me pareceu meio sombria...me deu até medo...

—Acha que ela está metida em alguma confusão?—Perguntou Lauren, com o tom de voz preocupado.

—Não tenho certeza...mas...ei...EI! Wildeberto! Não é para colocar isso aí! Não! NÃO!—Lauren afastou o fone do ouvido, escutando a irmã gritar.—Desculpe, vou ter que desligar...esses elfos não fazem nada direito...a gente se fala, beijos.

—Beijos, minha irmã.—Lauren colocou o telefone no gancho e ficou olhando perdida para parede à frente.—Stephanie...

Já tinha um bom tempo, um pouco depois do nascimento de sua filha, Lauren havia perdido completo contato com sua irmã caçula. Isso lhe deixava muito triste.

—Mamãe...—Perguntou Marie, ao seu lado.—por que está chorando?

—Ahm? Chorando?—Lauren passou as costas das mãos sobre os olhos e sorriu.—Não estou chorando, minha pequena...


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—Chegamos...—Murmurou Tom, abaixando o capuz.

Haviam chegado num lugar, ao lado da prisão, onde a terra havia sido remexida. Haviam varias cruzes cravadas na terra, indicando o lugar dos túmulos.

—Segundo Lord Voldemort, aqui só ficam os últimos mortos.—Disse Stephanie, abaixando-se em frente a uma cruz que se destacava entre as outras.—Os mais antigos, eles enterram em baixo da prisão.

Puxou a varinha do bolso e apontou para o próprio pulso.

—Diffindo...

Um corte abriu-se em sua pele, fazendo o sangue correr. Colocou-o em cima da cruz, de modo que o sangue caísse em cima dela. Quando o sangue chegou até chão, Stephanie apontou a varinha para o corte e murmurou algo, parando o sangramento.

—Será que vai funcionar?—Perguntou Tom, olhando por cima do ombro dela.

—Gastei muito sangue para isso não funcionar...—Resmungou a Lestrange, levantando.

O sangue continuava a correr pela cruz. Porém, nenhuma gota pingou dela. O sangue foi espalhando-se por toda a cruz, até cobrir-la por completo. A cruz começou a emitir um brilho vermelho, de forma intensa.

—Parece que funcionou...—Riu Tom, aproximando-se.—Seu sangue foi bem gaaaaaaaaaaastoooooo!

Sem aviso, a terra sugou Tom. Logo depois, sugou Stephanie. Como se houvesse um imã puxando os dois, foram sendo puxados cada vez mais para o fundo, por uma estreita passagem cavada na terra.

—Aaaaaaah!—Tom caiu primeiro, sentado, levantando uma pequena nuvem de poeira.

Stephanie veio logo depois, parando em pé, de braços cruzados. Bateu o pó das vestes e seguiu caminho.

—Você já sabia e não me avisou?—Perguntou Tom, irado, levantando e limpando as vestes. Stephanie meramente acenou de maneira positiva.—Sua...sua...

A Lestrange parecia não ligar para Tom. Seguia pelo corredor escuro, parecendo também ter sido escavado. Havia vidas de madeira sustentando o teto. Tateando a parede, Stephanie foi andando, até...

—Flamarius solon...—Varias chamas ascenderam am redor da varinha e se espalharam. Foram acendendo, gradualmente, vários archotes, iluminando a sala com uma luz alaranjada.

—Chegam...mos?—Perguntou Tom, deixando o queixo cair ao ver a sala

Estavam no topo de uma sala cilíndrica. O chão era tão profundo que era quase impossível de se ver. Havia vários camarotes largos, onde, ao invés de cadeira, haviam túmulos e gavetas embutidas nas paredes. Não havia mureta de proteção. Stephanie estava na beira do camarote, olhando o chão distante.

—Vamos terminar logo com isso...—Disse Tom, tentando esconder o medo.—milord não quer que demoremos muito aqui.

Stephanie resmungou algo e tirou uma estatueta do bolso. Estendeu a mão e largou a estatueta, que foi caindo lentamente.

—Dagdá!—Exclamou Stephanie, juntando as mãos e começando a orar numa língua antiga.

A estatua, ainda em queda livre, começou a emitir um brilho tênue. Assim que Stephanie parou a oração e abriu os olhos, o brilho aumentou. Milhares de fachos de luz partiram da estatueta, perfurando túmulos ou quebrando as gavetas. Pareciam estar ligadas a algo.

—Guie-os até o mestre...—Disse Stephanie, dando as costas e seguindo pelo corredor.—tenho algo para resolver.

—Ta...mas como eu volto?—Perguntou Tom, olhando a estatueta parada no ar.

—Se vira...—Resmungou, sumindo nas trevas.

Tom virou-se de um pulo, pronto para gritar algum palavrão, mas ficou mudo. Ao seu lado, um corpo em profundo estado de decomposição, havia levantado-se.


==


Stephanie não demorou a subir novamente e caminhava até a prisão de Azkaban. Precisava ter certeza de que ela estava lá. E se estivesse, precisava liberta-la. Assim que chegou na porta, viu um aglomerado de guardas ao redor dos dois mortos.

—Não tenho tempo a perder...—Resmungou, puxando a varinha e apontando para a pequena floresta de arvores retorcidas que crescia ali.

As arvores começaram a balançar com força, mesmo com o vento parado. Os guardas olharam curiosos para as arvores.

Então, pararam de balançar. Os guardas se entreolharam e foram se aproximando das arvores. Seus galhos cresceram de repente, numa velocidade incrível, perfurando o corpo de todos eles.

Com o caminho livre, Stephanie entrou na prisão. O lugar cheirava a algo podre e, apesar de terem sido abolidos a algum tempo, ainda carregava o cheiro dos dementadores.

—Onde ela está?—Perguntou a si mesma, mordendo o lábio inferior.

Todas as celas haviam pessoas acorrentadas e de aparência doentia. Mas em nenhuma delas estava quem Stephanie procurava. Quando dobrou um corredor, viu um dos guardas, com a varinha apontada a frente, iluminando o caminho.

—Ahm? O que faz aqui? Quem é você?

—Estou procurando Bellatrix Lestrange...diga onde está e pouparei sua vida.

—Poupara minha vida?—O guarda riu, subestimando a garota.—E o que quer com Bellatrix Lestrange? O que é dela?

—Quero leva-la comigo...—Stephanie levou a mão até o capuz e tirou-o. —porque ela é minha mãe.

—Vo...você é filha de Bellatrix Lestrange?—Abandonando o ar confiante de antes, o guarda recuou, temeroso.

—Diga onde ela está e pouparei sua vida.—Dizia, no mesmo tom frio.

—Nunca!

—Estou perdendo a paciência...—Puxou a varinha do bolso e apontou para o guarda.—diga onde ela está. Já!

—Já disse que nunca!—Apontou a varinha para Stephanie também.—Estupe...

—Petrificus totalus! Sectusempra!—O corpo do guarda foi paralisado e vários cortes abriram em seu corpo, simultaneamente.—Agora...—Stephanie aproximou-se, segurando o rosto do guarda.—diga onde ela está e te poupo do sofrimento.

—Nunca!

—Sectusempra!—Mais cortes abriram, fazendo o guarda urrar de dor.—Onde?!

—Não vou dizer!—Berrou o guarda.

—Sectusempra!!—O corpo do guarda já estava quase mutilado. O sangue pingava de cada canto de seu rosto e espirrado nas paredes.—Diga! É sua ultima chance!

—Tu...tudo bem...—Disse o guarda, a voz tremida, o sangue escorrendo por sua boca.—ela...está...na cela...no final do corre...corredor...

—Bom garoto...—Atirou o corpo do guarda para o lado, seguindo pelo corredor.

—Me solte! Você prometeu!—Gritou o guarda, paralisado no chão.

Stephanie não respondeu. Continuou andando pelo corredor. O coração batia mais forte a cada passo. Sentia-se nervosa, insegura. O que diria? O que faria? Como ela estaria? Essas perguntas rondavam a cabeça da caçula da família e deixava-a tonta.

Parou, na penúltima cela. Sentia a respiração ofegante, as mãos suadas e o coração já prestes a sair pela boca. Com as pernas tremendo, Stephanie deu os últimos passos e virou-se na direção da cela.

—Mamãe...—Disse, com os olhos marejados.

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