Depois da calmaria vem a tempe
—Capitulo um.
Depois da calmaria vem a tempestade.
O silencio reinava na casa. Nenhum ruído, exceto ocasionais rangidos do encanamento e sonoros roncos, perturbava a calma do lar doce lar.
Num quarto de casal bem mobiliado, um jovem casal dormia tranqüilamente. Ele um jovem ruivo, de estatura mediana e pele sardenta. Ela um pouco mais alta, cabelos negros e pele branca, assim como o marido. Eram a imagem perfeita da paz e da tranqüilidade daqueles tempos.
Ao marcar seis horas, o radio-relógio sobre a mesa de cabeceira ligou. Uma voz abafada começou a falar algo sobre o transito. O ruivo estendeu a mão e apertou um botão, silenciando o locutor. Sentou-se na cama, com cara de sono e esfregou os olhos muito azuis. Esticou os braços e bocejou alto. Calçou seus velhos chinelos e arrastou-se para fora do quarto.
O dia estava ensolarado, com algumas nuvens. Aquele verão estava sendo muito agradável. Principalmente para os turistas. Pessoas vinham de todo lugar do mundo para aproveitar esse clima agradável e os belos monumentos de Londres.
Mas Chapolim Weasley não era um turista. Bem que ele queria, mas não era. Era dono de uma das mais famosas fabricantes de vassouras de corrida. A weasley’s. Após a guerra contra Lord Voldemort, Chap, apelido dos tempos de escola, recebeu uma grande quantia em dinheiro e assim pode usar suas habilidades com “envenenamento” de vassouras.
Desceu as escadas até o patamar principal. Atravessou a sala, ainda arrastando os pés e entrou na cozinha, onde começou a preparar um café forte. Deixou a água esquentando sobre o fogão e seguiu novamente para o andar se cima, a fim de tomar um bom banho antes de mais um exaustivo dia.
Tirou a varinha de dentro do bolso de uma túnica suja jogada sobre a pia. Deu um toque nas torneiras da banheira que rapidamente começaram a jorrar água. Despiu-se preguiçosamente, jogando o roupão no chão. Sentou-se na banheira e espreguiçou-se antes de deitar e esquecer um pouco o trabalho que teria. Apenas fechou os olhos e relaxou.
—Bom dia querido.—Disse Amanda, a jovem esposa de Chapolim, entrando no banheiro.
—Devia bater na porta antes de entrar...—Disse Chap, despreocupado, sem abrir os olhos.—Eu poderia estar pelado.
Amanda olhou-o ironicamente, com as mãos na cintura.
—Vejo essa tua bunda branca e sardenta há quase seis anos. Como se fosse fazer alguma diferença.
—A cada ano que passa minha bunda fica mais sexy.—Riu Chapolim, ainda sem abrir os olhos.
—Merlin...—Amanda revirou os olhos e virou-se.—Isso soou tão gay.
—Não se preocupe, eu ainda curto espécimes do sexo feminino.—Brincou o Weasley.—Não vou sair dand...
Antes que pudesse continuar, sentiu uma mão empurrando sua cabeça para baixo da água, segurando-a por um instante. Quando soltou, o ruivo ergueu-se afobado, debatendo-se, com os cabelos muito vermelhos cobrindo-lhe o rosto.
—É melhor tomar banho rápido, hoje é você quem leva as crianças para a escola.—Disse Amanda, casualmente, saindo do banheiro, deixando um “afogado” Chapolim para trás.
O ruivo ficou alguns instantes parado, respirando fundo, antes de deixar-se afundar, ficando apenas os olhos fora da água.
Amanda Gryffindor não tinha muito do que se queixar na vida. Um bom emprego, um casamento estável, dois filhos. As vezes o trabalho tomava muito do seu tempo, mas sempre aproveitava o Maximo do tempo em família.
Vestindo seu roby cinza, entrou no quarto de seus filhos.
Tinham cinco anos. Gêmeos. Uma menina e um menino. Isabelle, alguns minutos mais nova, era a cara da mãe, exceto pelos cabelos ruivos, herdados do pai. Já Julian era o contrario. Havia puxado tudo do pai, inclusive o dom da piromancia e o gosto por arroz “unidos venceremos”. Porém, os cabelos eram negros, assim como os da mãe.
Admirou suas “crias” dormindo, parecendo pequenos anjinhos, antes de acordar-lhes, com um leve sacudido de ombro.
—Vamos, vamos...hora de acordar...são os últimos dias de escola mas não podem chegar atrasados.—Dizia Gryffindor, abrindo as cortinas do quarto, deixando o sol entrar pela janela.
—Ah, mãe!—Resmungava Julian, cobrindo o rosto com o lençol e virando-se.—Para que ir nessa escola de trouxas?
—Querendo ou não, vocês ainda são trouxas...—Disse Amanda, num tom maternal, juntando os livros dos filhos e colocando em duas mochilas.—Vamos Julian. São só mais alguns dias.
—Humpf...—Resmungou Julian, jogando o lençol para o lado e levantando mal-humorado.—não vejo a hora de entrar para Hogwarts.
—Bem...isso vai demorar um pouco.—Disse Amanda, terminando de arrumar a mochila dos filhos e saindo do quarto.— Não demorem.
Fechou a porta e caminhou para a cozinha no andar inferior. Chapolim já estava lá, sentado a mesa, comendo algumas torradas com café. A TV sobre o balcão de granito estava ligada, transmitindo o jornal.
—Muito trabalho para hoje?—Perguntou Chapolim, fazendo biquinho, pedindo beijo.
—Sim, muito.—Respondeu Amanda, dando um leve tapa no “biquinho” do marido. Logo depois voltou e deu-lhe um suave beijo nos lábios, sorrindo.—E você? Muitos pedidos para entregar?
—Alguns.—Disse Chap, tomando um gole do café e olhando novamente para a televisão.
O ancora terminava de dar uma noticia. Logo depois, a figura de um homem de meia idade, barbudo, apareceu no canto da tela. As palavras “desaparecido” apareciam logo abaixo, em vermelho.
—John Walk desapareceu misteriosamente na tarde de ontem, em Nova Iorque. Não há testemunhas. Curiosamente, no mesmo dia, duas pessoas morreram na mesma rua onde Walk mora.—Dizia o ancora, com sua formalidade britânica.—Walk é considerado um dos melhores engenheiros dos Estados Unidos. Já é o décimo segundo caso de desaparecimento de profissionais que se destacam em suas áreas. Apesar das suspeitas de que há envolvimento de grupos extremistas, nenhum grupo terrorista assumiu a autoria dos seqüestros. E agora vamos aos esportes...
—Estranho, não acha?—Perguntou Chap, enquanto comia o resto da torrada.
—O que?
—Esses desaparecimentos...—O ruivo limpou a boca com um guardanapo e levantou-se.—semana passada foi aquele físico nuclear russo. Será que é algum tipo de conspiração?
Amanda apenas deu de ombros. Seguiu até a geladeira e pegou uma caixa com suco de laranja, colocando em dois copos.
—Vá apressas as crianças.—Disse Gryffindor, espreguiçando-se e largando-se na cadeira, esticando os braços para cima.—Aqueles dois sempre perdem a hora.
—Você manda, capitã.—Beijou a esposa e seguiu para o segundo andar.
Amanda riu e pegou o jornal, lendo a pagina inicial.
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As ruas parisienses ainda estavam vazias. O sol começava a nascer, dando uma coloração cinza ao céu da “cidade luz”. Num luxuoso apartamento, próximo ao centro de Paris, olhando de trás de uma janela, estava uma jovem de cabelos loiros, longos. Os olhos azuis refletiam as lojas do outro lado da rua, ainda fechadas.
Vestia um suéter verde e uma causa de moletom da mesma cor. Tomava chocolate quente, segurando a caneca com as duas mãos, parecendo uma criança. Era possível confundir Ashley com uma criança, por seu jeito de ser. Porém, já estava no auge de seus vinte e cinco anos.
Olhou para a rua, por cima do caneco, vislumbrando cada detalhe do local. Afastou a caneca da boca e lambeu os lábios, antes de afastar-se da janela. Pousou a caneca numa mesa de mogno ao lado da janela e seguiu para o escritório.
Morava sozinha em Paris. Aquele apartamento havia pertencido a seu pai, porém, como ele agora morava em Londres, Ashley apossou-se dele. Havia casado-se uma vez, mas descobriu que seu marido lhe traia com a secretaria. Divorciou-se e agora preferia não relacionar-se serio com ninguém.
Era auror. Uma excelente auror. Trabalhava como mediadora entre o mundo bruxo e os clãs de vampiros. Saia-se muito bem em seu trabalho, uma vez que tinha sangue vampiro nas veias.
Caminhou até uma agenda, onde folheou algumas paginas. Conhecia poucas pessoas em Paris e já não tinha contato com grande parte dos seus amigos de Hogwarts.
Entre as paginas da agenda, havia um retrato de um grupo de jovens, todos com vestes negras, acenando e sorrindo. Sem que percebesse, deixou um sorriso formar-se em seus lábios.
Haviam tantos anos que eles de despediram. Logo depois da guerra, muitos dispersaram-se, seguindo suas vidas de forma tranqüila.
Deixou a foto de lado e pegou o jornal. O France Soir estava intocado sobre a mesa de cabeceira e trazia como manchete mais um dos misteriosos sumiços de trouxas. Ashley correu rapidamente o olhar pela primeira pagina e tornou a deixar-lo sobre a mesa.
—Mon Dieu...—Murmurou Ashley, largando-se sobre uma poltrona, com a mão sobre a testa.
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A sala coberta de quadros estava carregada por um clima de ansiedade. O premier francês, um homem delgado, de cabelos grisalhos e face castigada pelo tempo, tamborilava os dedos sobre a mesa. Estava impaciente e olhava constantemente para seu relógio de pulso.
Ashley apenas observava-o. Havia sido convocada urgentemente até a sala de reuniões. Porém, já havia passado meia hora e a reunião não tinha começado. Além dela, o chefe dos aurores e o chefe de relações exteriores estavam lá, parecendo tão confusos quanto ela.
—Senhores...—Ouviu-se um rangido vindo da porta e um homem de porte educado, parecendo um mordomo, entrou.—o ministro da magia britânico chegou.
—Ótimo! Ótimo! Mande-o entrar! Ele já está atrasado!—Disse o premier francês, exasperado.
O “mordomo” fez uma reverencia e saiu. Logo depois, um homem alto, de cabelos ruivos, encaracolados, curtos, entrou. Usava óculos de armações finas e uma elegante veste negra. Cumprimentou os ocupantes da sala com um aceno de mão e um sorriso.
—Filipe!—Disse alegremente o ministro da magia britânico, Percy Weasley, estendendo a mão para o ministro da França.—Quanto tempo!
Filipe Chauvin não compartilhava da alegria do companheiro. Apertou sua mão brevemente a apontou para uma cadeira na outra ponta da mesa. Percy sentou-se, ainda sorrindo.
—Sr Weasley...—Começou Filipe, com os dedos cruzados, o olhar baixo, pensativo.—chamei-o aqui por um motivo de segurança global.
—Algum problema?—Percy desfez o sorriso e franziu a testa, gesticulando com as mãos.—Pensei que nesses tempos, só os americanos tinham problemas.
Riu da própria “piada”, mas desconcertou-se quando viu que ninguém ria. Pigarreou e ajeitou-se na poltrona, assumindo uma posição mais imponente.
—Nossos problemas vão além de bruxos loucos que saem explodindo prédios ou carros.—O ministro francês suspirou e ergueu o olhar até o colega britânico.—Estive há algum tempo na arábia para combinar com o sheik da Arábia Saudita, onde seria realizado o jogo de quadribol entre Arábia e França, pela final da copa mundial. Apesar de ser um encontro informal, ele me informou coisas que me deixaram preocupado.
—E o que seriam essas coisas?—Percy fez um gesto com a mão, pedindo para o colega francês continuar.
—Movimentações...estranhas...muito estranhas no deserto da Arábia.—O semblante de Filipe parecia coberto por uma sombra. Cada ruga acentuada, cada marca bem delineada.
—Não poderiam ser beduínos?—Percy deu de ombros, ainda sem demonstrar real interesse pelo assunto.
—Muito estranho esses beduínos terem aparecido justo quando começaram a desaparecer os trouxas.—Disse Filipe, irônico, com uma sobrancelha ligeiramente erguida.
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Ashley tornou a olhar o jornal com desgosto, pensando na reunião. Fechou os olhos e massageou-os, cansada e preocupada com o futuro.
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Sol, areia, o mar, céu completamente azul. Rede pendurada entre dois coqueiros, suco refrescante e o mais importante. Garotas bonitas. Isso era tudo que John Parker queria e tinha. Desde que fugira de Hogwarts, havia instalado-se com seu irmão numa cabana à beira mar, numa praia do Havaí.
Já não era branco nem magro, como antes. O forte sol havaiano e a intensa prática do surf, assim como outras atividades físicas, fizeram o Parker desenvolver uma certa musculatura.
John não dava a mínima para o tempo ou para qualquer outra coisa. Balançava a rede para lá e para cá, os cabelos castanhos, meio alourados pela parafina, esvoaçando a cada lufada de vento. Estava literalmente no paraíso.
—John Parker!—Gritou alguém, próximo à John. Sentiu a rede brecar de forma abrupta, tendo que se segurar nela para não cair.
Quando conseguiu levantar, olhou para cima, pronto para estrangular o filho da puta que resolvera interromper seu descanso.
—Qual é cara? Acha que eu tenho cara de Jurema?!—Perguntava Josh Parker, irmão de John, tão mal humorado quanto o irmão.
—Ah, é você...—Disse John, fazendo um gesto com a mão, voltando a deitar na rede.
—Como assim, sou só eu?!—Perguntou Josh, irritado. Vendo que o irmão não responderia, segurou a rede e virou-a, fazendo John cair de cara na areia.
—Qual é, cara?!—Perguntou John, levantando, com a cara cheia de areia.
—Qual é pergunto eu!—Esbravejou Josh.—Você não ajuda a arrumar a casa, não ajuda a trazer comida para casa, só fica aí deitado, coçando o saco ou surfando!
—Qual é? Vai querer o divorcio?—Perguntou John, irônico.
—John, pelo amor de Deus...—Disse Josh, soltando um muxoxo de cansaço logo depois.—não vivemos mais com nossos pais...não temos mais milhares de empregados para fazer o trabalho para nós...foi você quem quis fugir de Hogwarts...agora, poderia pelo menos ajudar um pouco...
John soltou um muxoxo e revirou os olhos, batendo o pé. Demorou um pouco antes de olhar novamente para o irmão, largando as mãos para o alto e caminhando a passos duros para a casa.
—Tá certo, tá certo!—Esbravejou John, caminhando até a casa, chutando areia para cima.—Eu arrumo a porcaria de casa.
Saiu o caminho todo chutando areia, até acertar um coco. Pulou num pé só, xingando metade dos nomes imagináveis e alguns inimagináveis, segurando o dedão. Josh apenas riu e ajeitou a rede, deitando, olhando o céu azulado.
—Ele sempre cai nessa...—Fechou os olhos e ficou aproveitando a brisa.
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Do alto do qüinquagésimo andar de um prédio triangular, Theodore Parker observava todo seu “império”. O grande pavilhão industrial da empresa “Atari 200X” crescia em meio a um vasto gramado. Um verdadeiro contraste.
Com o dinheiro que recebera de seus pais, comprou os direitos autorais do nome Atari e construiu o novo pavilhão na zona industrial da Grã-Bretanha e, com ajuda de magia, conseguia uma produção de consoles de alta tecnologia, por um baixo custo e totalmente antipoluente.
O jovem Parker debruçou-se sobre o parapeito da janela e observou o vento que balançava a copa das arvores. Os cabelos castanhos balançando, assim como as golas de sua camisa social. O paletó de linho jogado sobre o ombro. Os olhos castanhos refletindo, orgulhosos, cada pedaço da fabrica.
Teddy havia se tornado numa das personalidades do mundo. Suas doações de consoles, TV’s, e até de grandes quantidades de dinheiro para instituições de ajuda a pessoas carentes, haviam feito ele alcançar esse patamar.
E mesmo que os invejosos dissessem que ele fazia isso apenas para aparecer, ele não ligava, apenas gostava de deixar os outros felizes.
No momento, Theodore estava pensando em outra coisa. Há muito tempo não via seus pais que estavam viajando pela Europa e fazia muitos anos que via seus irmãos, John e Josh que haviam saído da escola, um ano antes da derrocada de Voldemort.
Soltou um suspiro desanimado e virou-se, quando seu assistente entrou pela porta, segurando um telefone sem fio.
¾Senhor. Seus pais.
Teddy agradeceu e pegou o telefone. O assistente retirou-se e Teddy levou o telefone até a orelha.
¾Papai? Como vai a viagem?
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A família Parker, por toda sua história, foi marcada por escândalos e pelo jeito polemico de seus componentes. Não seria diferente com Luke Parker. Tendo assumido todo o controle das industrias Parker, de produção de absinto, procurava utilizar da “melhor” maneira possível sua fortuna.
O melhor para Luke significava mulheres, luxo e bebidas. E era exatamente disso que ele aproveitava no momento. Estava em sua luxuosa sala, onde ficavam sua mesa, objetos pessoas, documentos, etc...Estava dentro de uma luxuosa hidromassagem, cercado de belas garotas e com um copo e absinto na mão, já bêbado.
Luke já tinha 30 anos, cabelos compridos, na altura dos ombros, desgrenhados. Barba por fazer, cobrindo quase todo o rosto. Forte, sempre procurando manter o físico para “atrair as garotas”. Vivia praticamente para ganhar dinheiro com sua empresa e “pegar” garotas, principalmente mais novas que ele.
O que poucos, ou ninguém sabia, era dos negócios ilegais de Luke com comerciantes do mundo todo. Em seu absinto, usava alguns elementos mágicos, que só poderiam ser liberados pagando impostos para o ministério da magia. Como era muito caro, Luke mantinha uma rede de contrabando com árabes, indianos e chineses. Tudo isso garantia a Luke uma facilidade em obter os elementos e mantinha-o informado sobre o mundo.
—Luke, amor...—Dizia uma das garotas, loira de busto avantajado. Passava o dedo pelo peitoral de Luke, fazendo desenhos com a unha grande.—pega mais absinto para a gente?
—Claro...—Luke deu um violento beijo nela, com a mão em um dos seus seios, antes de levantar-se e sair da hidromassagem.
Trôpego, molhado e soluçante, Luke seguiu até um enorme armário de mogno, com portas de vidro. Abriu e retirou uma garrafa contendo um liquido verde. Voltou e abriu depois de muitas tentativas.
—Aqui, meus amores...—Virou a garrafa no copo, derramando um pouco no chão.—opa.
Os três riram muito, como se fosse a coisa mais engraçada do mundo. Luke mergulhou novamente, molhando mais ainda o chão. Mais risadas. As duas vieram até Luke e começaram a massagear-lhe o corpo, inclusive em partes submersas na água.
Estavam tão compenetrados no que faziam que nem notaram que a maçaneta da sala girava. A porta abriu com um rangido leve, quase imperceptível. Uma mulher, vestindo um terninho marrom, com óculos de armação grossa, quadrados, entrou na sala, carregando uma penca de papeis.
—Sr. Parker, o senhor tem uma reunião em meia hora e, SANTO CRISTO!—A secretária deu um pulo, largando os papéis no chão, levando as mãos à boca.
Luke, que já segurava a parte de cima do sutiã de uma das garotas, virou-se. Olhou torto para a secretária, parecendo estar confuso.
—O que quer, Welma?—Perguntou, piscando os olhos com força.
Ainda assustada, a pobre secretária apenas balbuciou.
—Senhor...o senhor...tem um empresário em meia sala na hora doze com uma reunião...—Welma soltou um gritinho e pigarreou novamente.—Quero dizer...o senhor tem uma reunião em meia-hora na sala doze com um empresário.
Luke soltou um bufo, batendo na água, espalhando-a para todos os lados. Levantou-se, trôpego e caminhou até sua mesa, pegando um frasco com um liquido marrom. Desarrolhou e derramou tudo na goela. Sentiu um forte calafrio antes de voltar os sentidos.
—Odeio quando interrompem meu happy hour.—Resmungou, usando a varinha para secar-se.
Welma apenas concordou, pegando os papeis no chão. Quando Luke terminou de colocar seu terno, a secretaria acompanhou-o até a saída. As garotas foram esquecidas ali. Olharam uma para a outra e pensaram num jeito de se divertirem sozinha, enquanto Luke não voltava.
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Hogwarts aproximava-se das provas finais. O clima em todo o castelo era de apreensão. Biblioteca lotada todos os dias. Alunos visitavam constantemente a ala hospitalar, com crises nervosas ou feitiços mal executados.
Era nesse clima que Sara Turner dava aula no terceiro ano. Fazia uma revisão geral sobre alguns animais mágicos e como lidar com eles. Haviam miniaturas de barretes, grindlows, pocotós e toletes sobre as mesas. Os alunos tinham que usar o feitiço correto para parar-los.
No momento Sara estava sentada em sua mesa, observando-os. Vez ou outra saia para socorrer algum feitiço mal executado ou que havia atingido outro aluno ao invés do ser mágico.
Apesar de toda correria, Sara adorava das aulas. Achava cada dia mais empolgante que o outro. Nunca havia um só dia em que se arrependesse de se tornar professora.
—Profª Turner! Profª Turner!—Disse uma aluna de cabelos loiros e olhos grandes e castanhos.—Consegui dominar todos!
Sara olhou para a garota e sorriu. Estendeu a mão e pegou as miniaturas paralisadas por completo.
—Muito bem, querida...volte para sua mesa e espere o horário terminar...
A garota acenou positivamente e voltou saltitante para junto de suas amigas. Sara puxou uma caixinha de madeira e despejou as miniaturas dentro, fechando-a com um feitiço.
Voltou a olhar a sala. Os alunos continuavam a correr atrás dos pequenos animais mágicos, atirando feitiços para todos os lados. Seu olhar deteu-se na porta. Um homem de uns cinqüenta anos, cabelos oleosos, grisalhos, de nariz anduco e feições severas olhava diretamente para ela.
Sara levantou-se rapidamente, brandindo a varinha contra o quadro, pedindo aos alunos para deixarem os animais sobre a mesa após o trabalho. Caminhou até a porta e saiu, fechando-a lentamente.
—O que houve, Severo?—Perguntou Sara, encarando o mestre de poções.
—Professora McGonagall mandou chamar-lhe.—Disse Snape, ainda com o olhar sério.
Sara ergueu as sobrancelhas, meio que assustada. Em silencio, acompanhou Snape pelos corredores.
Desde a morte do profº Dumbledore, um ano antes da guerra, Minerva McGonagall assumira a diretoria de Hogwarts. Depois do combate, Minerva aceitou o retorno de Snape, após o mestre de poções demonstrar sua lealdade. Foi desde então que Sara tornou-se professora de defesa contra as artes das trevas. Rezou durante o primeiro ano, para não acabar como os outros professores. Agora, já fazia dez anos que ela ensinava a matéria, sem nenhum problema.
Quase sem perceber, Sara viu-se diante da gárgula que guardava a entrada para o escritório. Snape murmurou a senha e a gárgula abriu os olhos. Piscou demoradamente e bocejou.
—Boa noite professores. Podem entrar.—Disse a gárgula, em tom solene, pulando para o lado e revelando a entrada, por onde uma escada em espiral subia sozinha.
Sara entrou logo após Snape. Rapidamente chegaram à frente de uma grande porta branca, com puxadores de latão, em forma de cabeça de grifo. Sem cerimônia, Snape entrou na sala, onde Sara encontrou outros diversos professores.
—Profª Turner.—Disse McGonagall, sentada em sua cadeira. A diretora estava mais velha, com muitas rugas na face, porém, ainda com a expressão severa.—Bom...acho que podemos começar.
Ergueu a varinha e conjurou oito cadeiras. Todos sentaram-se e olharam para McGonagall, que parecia pensar em como começar.
—Meus caros colegas...chamei-os aqui para falar sobre algo importante.—Todos se entreolharam, desconfiados.—Vocês sabem que todo diretor de Hogwarts, deixa um objeto para simbolizar sua passagem pelo colégio.
—Acho que ainda lembro do velho Binns ter dito isso...—Disse Lucas Crouch, professor de Herbologia. Não devia ter mais que uns vinte e sete anos. Tinha cabelos loiros, cor de palha, olhos muito azuis e pele sardenta.—todos ficam guardados a sete chaves no escritório.
—Correto, profº Crouch...—Disse McGonagall, pondo a mão sobre um livro grande e esfarrapado, que só agora Sara veio notar.—o nosso antigo diretor, o profº Alvo Dumbledore, escolheu um diário para marcar sua passagem.
—Um diário?—Disse Arnold Pendragon, professor de transfiguração. Era alto, lá para seus trinta se oito anos. Alto, forte, cabelos negros, na altura dos ombros, e olhos verdes.—Pensei que deixaria algo mais magnífico, como aquela fênix dele...mas, um diário?—E riu desdenhoso, cruzando os braços.
—Sim, Sr. Pendragon. Um diário.—McGonagall mal pareceu ligar para o tom de desdém do professor.—Como dizia, o profº Dumbledore deixou um diário como marca. Andei lendo e vi coisas um pouco...intrigantes...—A diretoria olhou pode cima do aro de seus óculos quadrados, com uma mão sobre a capa, pronta para abrir.
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Os corredores do ministério da magia estavam completamente vazios. As tochas na parede estavam quase apagadas e os pedregosos corredores, próximo ao ala dos inomináveis, estavam mais assustadores e frios do que nunca.
Por entre esses corredores, percorria uma figura envolta pelas sombras, a capa próxima ao corpo, para aliviar o frio que sentia. Falava baixinho, praguejando irritado, rangendo os dentes.
—Maldita Gryffindor...—Dizia o inominável, Gerald Armstrong. Alto, forte, com um bigode escovinha, castanho e cabelos curtos, da mesma cor.—não vou agüentar esperar mais por ela.
Parou de frente a uma porta de cor negra e socou-a com raiva. Resmungou mais alguma coisa e virou-se, fazendo o caminho inverso.
Desde a invasão ao ministério, durante a guerra, era sempre reforçada à guarda. Principalmente no setor de mistérios. Gerald estava de guarda desde as sete horas e era hora da troca de turno. Porém sua substituta, Amanda Gryffindor, havia se atrasado, deixando Gerald por mais alguns minutos “de molho”.
Quando o inominável chegou ao fim do corredor, viu um vulto caminhando na sombra. Andava lentamente, sem fazer barulho. Revirou os olhos e grunhiu, procurando mostrar-se bastante irritado.
—Oras! Finalmente!—Dizia Armstrong, retirando a capa, indo na direção do vulto.—Perdeu o senso de pontual...argh!
Antes de completar sua frase, o vulto segurou seu pescoço, apertando-o. Assustado, Gerald arregalou os olhos, procurando tirar as mãos do vulto de seu pescoço.
—Argh! Grryfindorr...o que...está fazen..do?—Falou com dificuldade.
—Surpresa!—O vulto levou a mão até o capuz que usava e jogou-o para trás. Era um homem de uns vinte anos, cabelos negros, meio despenteados e olhos da mesma cor, frios.
Novamente o inominável arregalou os olhos. Desesperado, tentou chutar o homem a sua frente, sem sucesso. Foi sentindo cada pedaço de seu corpo adormecer e um intenso formigamento na ponta dos pés e das mãos. Quando achava que ia morrer, o homem jogou-lhe contra uma parede.
Bateu contra a superfície irregular e áspera, caindo sentado no chão, como uma boneca velha. Com um pouco de esforço ergueu a cabeça para encarar o homem. Ele havia entrado no pequeno circulo de luz, emitido por uma das tochas. Usava uma longa rúnica negra, presa na cintura por uma corda. As mãos cobertas com luvas de couro, com espinhos nos nós dos dedos.Gerald engoliu seco e arrastou-se para trás, subindo um pouco pela parede.
—Não se aproxime!—Disse Gerald, sacando rapidamente a varinha de dentro do bolso.
—Expeliarmuns...—Disse uma voz, vinda das sombras.
A varinha de Armstrong voou, indo parar em meio às trevas. Logo depois, outro ser, vestido do mesmo modo que o primeiro, apareceu, segurando duas varinhas. Gerald tateou a parede, procurando levantar-se, mas as pernas não ajudavam.
—Tsc, tsc, tsc...—Dizia o primeiro, desdenhoso.—E o ministro ainda tem a cara de pau e falar que melhorou a segurança.
—Acabe logo com ele...—Disse o outro, com a voz fria, mas, Gerald pode reparar, com uma nota de medo.
—Calma, amigo...—Ajeitou as luvas espinhadas e caminhou lentamente até Gerald.—deixe-me divertir um pouco nosso anfitrião.
Sem chances de defesa, Gerald legou um forte soco na barriga. Seu corpo inclinou-se para frente, erguendo-se um pouco no ar. Logo depois, levou uma joelhada no lago do rosto, planando por um instante no ar, antes de arrastar-se pelo chão áspero, batendo contra a porta, deslocando o ombro.
A vista turva, o inominável olhava o homem que se aproximava lentamente. Não conseguia se mexer. Fechou os olhos lentamente e esperou. Foi erguido pela gola das vestes e assim permaneceu por algum tempo. Foi atirado para cima e escutou um duplo “Avada kedrava”.
Seu corpo fez uma estranha pirueta no ar, antes de disparar com um estampido contra a parede oposta. Bateu contra a parede e escorregou, caindo sentado no chão, a cabeça pendendo mole sobre o peito.
—Pronto...—Disse o segundo homem, ajeitando a capa.—meu trabalho terminou...agora me deixem em paz.
Sem esperar resposta, saiu andando, desaparecendo nas sombras. O primeiro observou por um tempo antes de jogar o capuz novamente sobre a cabeça. Saiu andando até a porta negra no fim do corredor. Abriu-a e viu-se na sala circular, com outras portas negras.
—Escolho a porta numero um!—Disse, seguindo na direção de uma porta da direita.
Dentro, havia uma enorme sala, iluminada por tochas com chamas azuis. Haviam varias estantes abarrotadas com livros, armários com portas de vidro e poções em seu interior. Haviam também varias bancadas, com diversos matérias. No centro de tudo, iluminado pelas velas de um candelabro, estava um caldeirão de estanho, meio enferrujado.
—O ambiente não podia ser mais propicio.—O homem sorriu, retirando as luvas.
Largou-as sobre uma bancada e caminhou lentamente até um armário. Pegou alguns frascos contendo líquidos das mais variadas cores. Colocou-os sobre a mesma bancada e desarrolhou todos, virando-os de uma vez dentro do caldeirão. Reagiram soltando uma fumaça espessa, borbulhando.
Passados dois minutos pararam de reagir. No caldeirão agora flutuava um liquido cor de sangue. Vez ou outra se formava uma bolha que vinha à superfície e estourava.
—Falta pouco, falta pouco!—O homem começava a exibir um riso maníaco.
Puxou a varinha e acendeu o fogo embaixo do caldeirão. Logo o liquido voltou a soltar fumaça e borbulhar. As bolhas agora atingiam a boca do caldeirão e estouravam, respingando um liquido acido no chão.
—Agora...o mais importante...— Caminhou até um dos objetos numa bancada e pegou-o. Era uma caixa de prata, com varias cobras em alto relevo talhadas. Não havia tampa. Tudo que havia era uma saliência em forma de cabeça de cobra.
O homem foi até o caldeirão e começou a falar numa língua rápida, sibilada. Parecia uma espécie de oração. Como se criasse vida, a saliência em forma de cobra abriu a boca lentamente, colocando a língua bifurcada para fora.
Calou-se. Ficou por um tempo parado. O liquido continuava borbulhando e respingando do lado de fora.
Então, virou a caixa. Cinzas começaram a cair no caldeirão. Flutuaram no liquido borbulhante antes de afundar, desaparecendo. A cor do liquido mudou para um verde esmeralda, brilhante. Uma nuvem de fumaça escura flutuava no ar. Estranhamente as nuvens emanavam uma luz esverdeada, como se fossem relâmpagos.
—Por ultimo...—Puxou de dentro das vestes um punhal de prata. Arregaçou a manda do braço direito e fez um corte no pulso, derramando sangue dentro do caldeirão. Parecia não sentir dor ou incomodar-se com a perda de sangue.
A poção começou a borbulhar mais intensamente. Lançava cada vez mais fumaça que acumulava-se no teto e pelo chão. Os clarões verdes vindo das nuvens de fumaça eram mais constantes agora, emitindo um chiado leve.
O homem arrancou um pedaço da manga e enrolou-o em torno do pulso cortando. Ergueu as mãos ao alto e recomeçou a falar na língua rápida e sibilada. Cada vez que aumentava o ritmo da oração, a infusão parecia mais agitada.
Então, ajoelhou-se. Fechou os olhos e reduziu o ritmo da oração. As nuvens foram retraindo, novamente entrando no caldeirão. Passou-se um dois minutos e tudo começou a tremer.
—Retornai, mestre! Volta ao trono que te é de direito! Destrói aqueles que te opuseram no passado! Voltai mestre da morte!—Gritava o homem, parecendo um fanático religioso.
Então o tremor parou. O homem olhou para o caldeirão, em suspense. Começou a escutar a mesma oração vinda de dentro do caldeirão. Logo, um raio de luz verde ergueu-s ao ar, perfurando o teto, a rua e subindo aos céus.
—Bem-vindo, mestre...—sorriu o homem, olhando para o raio de luz.
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N/A: Pois é, como eu disse vou demorar mais para publicar os capitulos e o prometido está cumprido u.u''
N/A2: Perdoem os erros de português ou concordancia...mas toh escrevendo meio na pressa de deixar uma parte bem adiantada e ainda sem beta reade u.u'
N/A3: Aproveitem a fic e comentem =)
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