O amigo fiel

09- O amigo fiel


26 de Outubro de 1981.


Ah, como a vergonha é capaz de acabar com todo e qualquer pensamento racional! Infiltrando-se em cada mínima parte do seu ser e queimando qualquer sentimento bom que possa existir. Vergonha de algo que ocorrera não por sua culpa, mas por uma infeliz obra do destino.

A vergonha queimava, de fato.

Remus sentia isso em cada parte de si próprio ao ver o olhar de espanto de Nymphadora Tonks, do outro lado da sala da casa de Sirius. Uma coisa era falar disso com os seus antigos colegas de escola, que já sabiam sobre o seu problema, outra coisa era ter uma explosão, um desabafo, exatamente como ocorrera momentos antes, na presença de uma pessoa que convivera tão pouco tempo com ele e que, do nada, reaparecera.


A hundred days have made me older
since the last time that I saw your pretty face


Tentou usar o seu lado racional e dizer algo, mas não conseguiu. Como uma fera acuada, a única coisa que lhe vinha à mente era fugir, sumir dali, desaparatar para o local mais distante do universo. Ele já estava acostumado com o olhar chocado das pessoas quando descobriam sobre o seu segredo, mas, de algum modo, o olhar de Tonks parecia feri-lo. Ele não sabia explicar. Deixou o seu instinto tomar conta da situação. Abriu a porta e saiu dali o mais rápido que podia sem nem ao menos dizer adeus.

-Ei, Remus! - Tonks chamou, mas Remus já havia saído para o corredor do pequeno edifício.

A garota olhou para Sirius, buscando apoio, mas o outro rapaz parecia indiferente com a situação. Impulsiva, como sempre, ela saiu atrás de Lupin. Quais os motivos para que ela tivesse feito aquilo? Creio que nem ela própria sabia a razão, mas, o fato é que logo ela descia as escadas do pequeno edifício, tentando alcançar Lupin.

Como a maioria das construções bruxas naquela época, o prédio estava protegido por feitiços anti-aparatação, portanto, Remus só poderia aparatar num beco que ficava perto do prédio de Sirius. Com passos ágeis, ele chegou rapidamente na rua escura. O vento frio da noite trazia até ele o som de uma voz feminina, chamando-o.

-Remus, espera aí! - Tonks alcançou o rapaz, que já estava se encaminhando para o beco escuro onde ele costumava aparatar quando ia para a casa de Sirius.

O rapaz estacou, os olhos voltados para o chão, sem ter coragem de encarar Tonks.


A thousand lies have made me colder
and I don’t think I can look at this the same


Para Tonks, eles estiveram separados por apenas dois dias, mas para ele, foram cinco anos. Cinco longos anos, onde as coisas haviam mudado de maneira significativa, como a garota havia acabado de constatar. Ela se aproximou rapidamente e em meio à sua afobação acabou tropeçando nos próprios pés. Por pouco ela não caiu no chão, mas, com um movimento rápido, foi amparada pelos braços de Lupin.

-Obrigada! - ela murmurou, quando conseguiu se erguer. - Eu sou uma desastrada mesmo!

-Certas coisas nunca mudam! - Ele resmungou para si mesmo, mas não de um modo aborrecido; uma sombra de sorriso passou por seu rosto. No entanto, recordou-se do que ocorrera momentos antes e sentiu como se uma garra de aço estivesse comprimindo a sua garganta.

Um silêncio constrangedor abateu-se sobre eles naquele momento.

Tonks queria dizer alguma coisa, mas não sabia por onde começar. De uma certa maneira, ela estava feliz em ver o rapaz à sua frente. Remus era uma pessoa excelente, ela concluíra, pelo pouco que convivera com ele. Mas o que ouviu da discussão entre ele e Sirius era realmente preocupante...

Aquilo tudo já não fazia muito sentido na cabeça dela. Preferiu deixar os fatos do momento presente de lado e apenas se preocupar com o rapaz que estava à sua frente.


But all the miles that separated
They disappear now when I'm dreamin' of your face


-Remus... - Tonks respirou fundo, abraçando o próprio corpo na tentativa de se aquecer, já que saíra da casa de Sirius sem vestir um casaco. - É verdade que você é... bem, um...

-Um lobisomem? - A voz do rapaz saíra fraca e rouca.

Ah, a vergonha!

-Sim, é verdade! - Ele respondeu, amargurado.

Aquele mesmo tom friamente polido retornara à voz de Lupin, mas Tonks estava pouco ligando para isso. O tom amargurado na voz do rapaz fizera com que ela sentisse algo estranho. Como se ela própria partilhasse daquele sentimento. Deveria ser terrível para ele conviver com algo assim e ser descriminado pelos outros, ser acusado de espião e traidor.

-Faz muito tempo que isso aconteceu? - Ela indagou. - Foi depois que você saiu de Hogwarts?

Lupin piscou, parecia confuso. Normalmente as pessoas, quando descobriam sobre o seu segredo, pouco estavam ligando em saber como e quando ele fora contaminado.

Mas, ele deveria ter imaginado que Tonks era uma garota diferente.


I'm here without you baby
but you're still alone on my lonely mind
I think about you baby
and I dream about you all the time


-Não, foi bem antes disso. Eu tinha apenas oito anos quando fui mordido por um lobisomem...

-Sério? - Tonks arregalou os olhos. - Nossa, isso é absurdo demais. Digo... você era só uma criança, não é?!

De fato, ninguém conhece ninguém. Você pode conviver anos e anos com uma pessoa e ainda assim, sempre vai ter algo desconhecido sobre essa pessoa. Pode ser um segredo oculto por anos a fio, ou uma atitude que viria de maneira inesperada.

-Sabe de uma coisa? - Ela falou. - Eu admiro você!

Se, antes, Lupin estava confuso, agora o estado de confusão dele havia dobrado. Tonks não parecia apavorada ou com pena dele. Ela parecia estar apenas curiosa e interessada.

-Pelo amor de Merlim, Tonks, do que você está falando? Você está dizendo que me admira por ser um lobisomem?

-Não, não por isso, seu bobo! - Ela tentou sorrir, mas vendo o olhar exasperado do rapaz, voltou a ficar séria. - Eu estou querendo dizer que eu admiro você por não ter desistido de viver como um bruxo normal. Calma, eu não estou dizendo que você não seja isso... - Tonks agitava as mãos muito rápido, parecendo ansiosa - mas estou querendo dizer que Lobisomens são descriminados e a maioria deles vive isolado dos bruxos e você estudou como qualquer um de nós e sempre foi tão gentil e dedicado... - Parou de falar para recuperar o fôlego. - Você entende o que quero dizer?

Lupin ergueu o rosto, procurando o olhar da garota e viu que ela tiritava com o vento frio daquela noite e retirando o próprio casaco, colocou-o nos ombros de Tonks:

-É melhor você voltar, vai acabar se resfriando.

-Remus... - Tonks suspirou. - Espera um pouco!

Mas antes que ela pudesse dizer algo, viu ele desaparecer com um sonoro “crack”. Naquela noite sombria e gelada, a única coisa que parecia ter vida era os cabelos rosa-chiclete de Tonks agitando-se, enquanto ela fitava o vazio, no local onde Lupin estivera anteriormente.


I'm here without you baby
but you're still with me in my dreams
And tonight it's only you and me


Com um sentimento angustiante, ela retornou ao apartamento de Sirius, trazendo para mais perto do corpo o casaco de Remus, que ele lhe depositara sobre os ombros para aquecê-la. Quando entrou na sala, viu Sirius sentado no sofá, os braços cruzados, parecendo taciturno e sombrio como Tonks jamais vira. E, se antes ela tinha a plena certeza de que o primo era inocente, a semente da dúvida já havia sido plantada em seu coração.


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28 de Outubro de 1981.


The miles just keep rolling
as the people leave their way to say hello


Nos dias que se seguiram ao desastroso reencontro de Lupin e Tonks, ela não tivera qualquer notícia dele. Sirius relutava solenemente em revelar qualquer informação a respeito do amigo (se é que Sirius o considerava um amigo) e Tonks tentava obter qualquer mínima notícia que fosse, sem obter sucesso.

Se antes a relação entre ela e Sirius era amistosa, como se eles fossem irmãos, isso também já não estava acontecendo. Tonks ficara desconfiada, afinal, até onde ela sabia, Sirius fora acusado de entregar os Potter e se Remus desconfiava disso, deveria haver motivos realmente fortes. Ela observava o comportamento do primo atentamente, tentando obter qualquer sinal de mudança ou qualquer indício de culpa. Mas ela simplesmente não podia seguir o primo para todo lugar que ele fosse.

Houve vários momentos que ela pensou em reter o primo em casa, para que ele não saísse e não fizesse nada que pudesse colocá-lo em risco. Porque, mesmo se ele fosse culpado, ele ainda era seu primo e ela não queria que ele fosse à Azkaban. Mas Tonks não tinha o poder de interferir na vida das pessoas. Dumbledore lhe dissera que ela devia tomar o máximo de cuidado possível para não entregar nenhuma informação que pudesse mudar o curso da vida daquelas pessoas.

Na noite anterior, antes de dormir, um pensamento realmente bizarro lhe passara pela cabeça: se ela tentasse impedir Sirius de entregar os Potter (caso ele fosse realmente o espião), o pequeno Harry não seria o “menino-que-sobreviveu” e nem Voldemort teria sido contido.

E quanto mais a data do ataque ao casal Potter se aproximava, mais Tonks tinha a certeza de que estava beirando a insanidade.


I've heard this life is overrated
but I hope it gets better as we go


Aproveitando um dos vários momentos onde Sirius se ausentava, a garota foi revirar as coisas do primo, em busca de alguma pista. Ela precisava tirar aquilo à limpo. Tonks queria desesperadamente encontrar uma razão naquela insanidade toda. Ela queria acordar daquele sonho e descobrir que estava na sua cama, enroscada nos seus edredons fluorescentes e que, em breve, ouviria sua mãe batendo na porta e pedindo para que ela se arrumasse logo, pois senão se atrasaria para embarcar no Expresso de Hogwarts.

Entrou cautelosamente no quarto de Sirius, perscrutando o aposento com atenção. Aparentemente não havia nada de suspeito, nenhum objeto que pudesse estar impregnado de magia negra. Encontrou novamente o álbum de fotografias que Sirius lhe mostrara antes. A figura de Remus Lupin, sorrindo timidamente para a câmera, lhe despertou aquele mesmo sentimento de angústia que ela sentira quando soubera que ele era um lobisomem. Quantas pessoas mais sabiam daquele segredo? Quantas vezes ele fora rejeitado por causa disso?

“Isso é injusto demais”

E no meio das fotografias, ela encontrara um pequeno pedaço de pergaminho velho, contendo o endereço do rapaz, escrito numa caligrafia firme e legível, que Tonks reconheceu como sendo a letra de Lupin. Respirou fundo e guardou o papel no bolso do jeans.


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30 de Outubro de 1981.


I'm here without you baby
but you're still alone on my lonely mind
I think about you baby
and I dream about you all the time


Nos últimos dias, Lupin estivera isolado em seu apartamento, como se estivesse na época da Lua Cheia. A discussão que tivera com Sirius havia desgastado-o muito. Era como ver um castelo de cartas cuidadosamente armado, desmoronar de maneira brusca. Ver a amizade construída de maneira tão forte ser destruída por um erro deixava-o doente. Queria que aquilo tudo acabasse.

E, no entanto... no entanto, havia o reencontro com Tonks. Ela parecia ser a mesma adolescente que ele conhecera no seu último ano de Hogwarts. O mesmo olhar, que mesmo chocado, possuía aquele brilho peculiar. O mesmo sorriso encorajador. O mesmo jeito estabanado...

Como se o tempo não tivesse passado para ela.

As palavras que estavam no pergaminho à sua frente pareciam não fazer o mínimo sentido. Não conseguia se concentrar. Estava cansado mentalmente. Cansado da guerra, cansado da sua vida cinzenta, daquele clima sombrio, onde nem sabia se poderia contar com os velhos amigos.

O som de batidas ritmadas na porta do apartamento o sobressaltou. Quem seria? Pouquíssimas pessoas sabiam o seu endereço, afinal, em tempos como aquele, até mesmo uma informação simples que fosse extraviada, poderia ser usada de maneira perigosa.

Levantou-se e com a varinha em punho, abriu a porta.

Não conseguiu conter a surpresa ao se deparar com uma jovem de olhos verdes e cabelos negros na altura dos ombros, emoldurando o rosto em forma de coração. Ela sorriu, um tanto vacilante, encarando Lupin com ansiedade.


I'm here without you baby
but you're still with me in my dreams
And tonight girl it's only you and me


-Oi Remus, beleza?

-Tonks? - Ele franziu a testa.

-Oh, sim, eu mesma. - Ela deu uma piscadela cúmplice. - Metamorfamaga, lembra-se?

-Ah, certo...

-Eu vim trazer o seu casaco, você deixou comigo naquele outro dia. - Tonks estendeu o casaco para Lupin, que o pegou, só agora se dando conta de que o havia esquecido. - Além de que a gente mal conseguiu conversar, então resolvi fazer uma visita de cortesia.

-Entra! - Ele se afastou da porta, ainda surpreso, dando passagem para Tonks.

Era inevitável não fazer uma comparação mental entre a casa de Sirius e a de Remus. Enquanto a de Sirius possuía um certo luxo, embora sendo bastante bagunçada; a de Remus era simples, com poucas mobílias, mas com uma organização que faria D. Andrômeda Tonks sorrir de emoção. Notando o olhar de Tonks ao redor do pequeno apartamento, Lupin voltou a sentir o mesmo embaraço que sentira quando reencontrara a garota.

-Desculpe, mas o lugar é simples e...

-Ei, deixa de ser bobo! - Tonks sorriu e sem acanhamento, largou-se numa poltrona que ficava na sala. - Eu achei bem maneiro o seu apartamento. É pequeno, arrumadinho, aconchegante... combina com você!

-Obrigado! - Lupin puxou uma cadeira e sentou perto da garota. - Como você conseguiu o meu endereço? Quase ninguém sabe onde eu moro...

Tonks mordeu o lábio inferior, parecendo uma criança travessa que está prestes a contar uma traquinagem que fizera.

-Eu achei na casa do Sirius. Espero que você não tenha se importado com isso, mas eu achei que não haveria nenhum problema. Eu estou te atrapalhando em alguma coisa?

-Não, não, na verdade não... - Lupin suspirou e depois de uma pausa, falou. - Não vou negar que estou surpreso com a sua visita. Eu achei que você nem fosse se lembrar de mim, na verdade. Faz tanto tempo que não nos vemos.

Tonks ia retrucar, dizendo que não fora tanto tempo assim, mas acabou se lembrando que para ela foram alguns dias, mas para ele foram cinco anos.

Por Merlin, muita coisa acontece em cinco anos!

-Eu tive uns... contratempos! - Tonks respondeu. - Mas claro que eu iria me lembrar de você! O maroto enrustido, que mentiu pro Filch pra me encobrir.


Everything I know, and anywhere I go
it gets hard but it won't take away my love


Lupin sorriu e lembranças agradáveis a respeito de uma garota desastrada numa biblioteca escura começaram a flutuar em sua mente. Mas eram apenas lembranças de coisas que aconteceram no seu passado, não poderia deixar que isso o afetasse.

-Você... hum, está com o Sirius? - Ele perguntou. A desconfiança com o amigo, agora, parecia ainda pior. - Desculpe me intrometer, mas... você estava na casa dele e...

-Ah, não, não, nada disso! - Tonks agitou as mãos, como se quisesse dar mais ênfase às suas palavras. - O Sirius apenas me hospedou na casa dele, enquanto eu não consigo um lugar melhor.

-E você? Conseguiu se formar para Auror? - Lupin desviou de assunto rapidamente. Tudo o que ele não queria era ter de falar de Sirius naquele momento. - Era você que queria ser Auror, não era?

-Oh, sim, era eu mesma! - A garota fora pega de surpresa, não sabia o que inventar para aquilo. - Mas como eu disse, eu tive contratempos e não consegui me formar... ainda! - Completou depressa.

Os dois ficaram conversando sobre coisas estúpidas e supérfluas, talvez por educação. Tonks notou que Lupin parecia um pouco desconfortável com a presença dela. Era o mesmo estado desconfortável que ele exibira na noite em que eles se reencontraram.

-Remus... - Ela começou lentamente, tocando amistosamente a mão dele. - Olha só, não precisa ficar todo desconfiado comigo, não! Lembra como a gente conversava antes? Era tão legal, não era?

-As coisas mudaram, Tonks! - ele respondeu sombriamente.

-Claro que as coisas mudaram. Você não esperava que as coisas fossem iguais por toda a vida, esperava? - Ela falou energicamente. - Você ficou todo estranho porque eu soube que você era um lobisomem e não adiante negar!


And when the last one falls,
when it's all said and done


Claro que Tonks havia tocado no ponto crucial da questão. Claro que aquilo havia mexido com Lupin. Enquanto ele era apenas um adolescente, isso não o afetava tanto, pois tinha os seus amigos por perto, lhe dando apoio. Mas a vida de “gente grande” não é tão simples assim. Após Hogwarts, a vida do rapaz começou a se complicar; vieram as rejeições, as várias “portas na cara”. Como ele poderia levar uma vida normal, sendo que não era capaz de manter um emprego?

Claro que o fato de Lupin ser Lobisomem o incomodava. De que outro modo ele deveria se sentir?

-E também não pense que eu estou com pena de você, ok? - Tonks suspirou. - Agir desse modo só vai ser pior para você...

-Desculpe... - Lupin murmurou, encarando os próprios joelhos. - Eu fui mal-educado com você, não fui?

-Só um pouquinho. - Tonks deu um sorriso complacente. - Só não tente afastar as pessoas que gostam de você. Eu queria ver você, saber se você estava bem... E se eu disse que admirava você pelo o que você é por dentro, não estava mentindo.

E de repente, Tonks não parecia ser apenas uma metamorfamaga atrapalhada e desastrada. Não apenas a garota com um gosto exótico para cabelos coloridos. Naquele momento ela havia crescido para Lupin, mostrando um lado novo e diferente.

-Obrigado! - Ele sorriu brevemente, sentindo-se melhor. Era como se uma mão quente e macia penetrasse no seu peito e retirasse do seu coração todas as suas mágoas. - Ultimamente tem sido difícil lidar com isso. Normalmente as pessoas se afastam de mim quando descobrem sobre... hum, sobre a minha licantropia. E não vou negar que a sua atitude me surpreendeu!

-Remus, você ainda não percebeu que eu sou uma garota diferente?

O rapaz olhou para Tonks e viu que ela exibia um sorriso sapeca, aquele mesmo sorriso que fazia surgir duas covinhas de cada lado do seu rosto. E ele foi contagiado por aquele sorriso.

-Acho que só agora eu percebi isso!


it gets hard but it won't take away my love


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Finalmente, alguma coisa parecia ter dado certo, afinal de contas. Tudo o que Tonks não queria era que houvesse algum tipo de mágoa ou mal-entendido entre ela e Lupin. Simplesmente porque ela o achava um cara legal e que não merecia sofrer. Eles ainda ficaram um bom tempo conversando no apartamento de Remus e ela ficou satisfeita ao notar o quanto ele parecia mais à vontade na presença dela.

Com um suspiro de satisfação, ela adentrou o apartamento de Sirius, com um sorriso brincando nos lábios. Assim que entrou, sons indistintos chegaram ao seu ouvido. Retirou a varinha do bolso do jeans e a ergueu com um movimento ágil.

“Melhor prevenir do que remediar”

-Expelliarmus!

Mas Tonks fora surpreendida, quando a sua varinha escapara de seus dedos e fora parar a alguns metros de distância.

-Tonks? - Sirius disse com um suspiro. - Desculpe por isso, mas você me assustou! Onde você estava? Eu procurei você por toda a casa...

-Você não achou que eu fosse ficar trancada aqui o tempo todo, né? - Ela respondeu, quando se abaixou para recolher sua varinha.

Sirius notou um certo tom arredio na voz da prima, mas aquele não era o momento para discutir aquilo.

-Tonks, nós precisamos conversar. - Ele conduziu a prima até o sofá, onde os dois se acomodaram. - Eu tenho coisas para resolver. Coisas que eu não posso falar para você, infelizmente. - Sirius tirou uma mecha de cabelo dos olhos. - Então eu acho melhor você ficar no Caldeirão Furado, por enquanto...

-Sirius!

-Calma, deixa eu terminar de falar, Tonks. - Sirius parecia muito ansioso. - Eu preciso que você fique no Caldeirão Furado, pelo menos lá eu sei que você vai estar segura! Como já disse, eu não posso falar o que eu vou fazer. É complicado demais.

Lágrimas começaram a brotar nos olhos de Tonks. Ela sabia, ou pelo menos achava que sabia, o que viria a seguir.

-Toma! - o rapaz empurrou um saquinho pesado, cheio de galeões, que retinia tristemente nas mãos de Tonks. - Tem o suficiente para você se virar por um tempo. Eu sei que deveria te ajudar a voltar pra sua época, mas tenho coisas a fazer. - Ele ergueu a mão, para secar uma lágrima dela, mas Tonks se esquivou. - Qualquer coisa, procure por Dumbledore, ele vai poder te ajudar...

-Sirius, você prometeu que não ia fazer nenhuma besteira...

-Eu sei disso e pode ter certeza de que estou fazendo o que é certo.

Tonks tentou protestar, mas Sirius não deixou que ela argumentasse. Com grande agonia, ela viu Sirius lhe instruir mil cuidados, mas ela mal ouvia o que ele dizia. Arrumou suas coisas e, ajudada pelo primo, arrastou o seu malão para a rua, onde ela chamou o Nôitibus Andante. Poucos instantes depois, ela desembarcava no Caldeirão Furado, tendo a certeza, de que não iria conseguir dormir naquela noite.


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Notas do Sirius: Talvez a Tonks real, ou melhor, a minha prima dessa época, fosse nova demais para compreender a situação na época. Talvez por isso, ela tenha ficado tão apavorada, agora, com o que estou prestes a fazer. Mas eu não podia explicar para ela.
Tenho certeza de que estou fazendo o que é correto. Vai ser um grande blefe, na verdade. O maldito Voldemort vai achar que eu sou o Fiel do segredo que irá proteger James, Lilly e o meu afilhado, Harry, sendo que na verdade quem vai ser o fiel, vai ser o Peter. É genial!
E enquanto eu for perseguido pelos comensais, o meu afilhado ficará em segurança!


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ok, esse capítulo não ficou assim, uma Brastemp, masssss... eu nem podia fazer a Tonks se entender com o Lupin facilmente e nem podia deixar eles muito separados. Além de que tinha a situação com o Sirius. (pobre, pobre Sirius!). foi um capítulo meio introspectivo, mas eu não sabia direito como lidar com o Lupin de 1981. Foi mais ou menos o que eu imagino dele. Prolixa eu, não?
Então... eu sei que disse que iria postar no fim-se-semana passado, mas entre uma coisa e outra, eu não consegui sentar para escrever. Sorry!

Música tema do capítulo (fica melhor se ouvir a música enquanto lê o capítulo ;-)):

/Here without you - 3 Doors Down/
Aqui sem você

Cem dias me fizeram mais velho, desde o momento em que eu
Vi seu lindo rosto
Milhares de mentiras me fizeram mais frio
E eu não sei se eu posso ver isso da mesma maneira
Mas todos os quilômetros que nos separam
Desaparecem quando eu sonho com a sua face

Eu estou aqui sem você baby
Mas você ainda mora em minha mente solitária
Eu penso em você, baby, e eu sonho com você o tempo todo
Eu estou aqui sem você
Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E à noite, somos só você e eu

Os quilômetros simplesmente continuam a correr
Como as pessoas que deixaram seus caminhos para dizer olá
Eu ouvi que essa vida é supervalorizada
Mas eu espero que ela continue bem enquanto nós caminhamos

Eu estou aqui sem você baby
Mas você ainda mora em minha mente solitária
Eu penso em você, baby, e eu sonho com você o tempo todo
Eu estou aqui sem você
Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E à noite, menina, somos só você e eu

Tudo que eu sei, e em qualquer lugar que eu vou
É difícil, mas isso não vai acabar com o meu amor
E quando o último cair, quando tudo isso estiver dito e feito
É difícil, mas isso não vai tirar o meu amor

Eu estou aqui sem você baby
Mas você ainda mora em minha mente solitária
Eu penso em você, baby, e eu sonho com você o tempo todo
Eu estou aqui sem você
Mas você ainda está comigo em meus sonhos

E à noite, menina, somos só você e eu

***

Thanks às pessoas fofas que moram no meu coração e que comentaram o capítulo passado: Ana Luiza, Aline, Sônia Sag, Belzinha, Sally Owens, Vanessa (fiquei muito lisonjeada com os teus comentários), Anna Black (coitado do nosso marido, né, sócia?), Anna Raven (ô sardades das suas fics, viu!), Lunny, Charlotte (quem sabe, um dia, eu não consiga escrever R/Hr. digamos que não seja a minha especialidade.), Carolzinha, Mrs. Radcliffe, Géia, Bruna, Pérola, Hellen, Regina (vc por aqui...ebaaaaaa!!!), Agatha...

See ya!

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