Viver o momento!
05 - Viver o momento!
03 de Outubro de 1976.
Normalmente as aulas de Feitiços eram particularmente práticas, mas naquela manhã preguiçosa de outono, onde uma garoa fria e miúda se desprendia de nuvens cinzentas o Profº Flitwick optara por dar aulas teóricas que poderiam vir a ser úteis para a execução de Feitiços mais complexos e que seriam exigidos para os NIEM’s.
A vozinha do miúdo Profº chegava aos ouvidos de Tonks, que tentava absorver o fluxo de informações, mas decididamente sonolenta. Disposta a descobrir o que tanto os marotos faziam de madrugada nos corredores da escola, ela ficava até bem tarde na sala comunal, aguardando uma oportunidade de pegar os rapazes no flagra.
Mas o que ela não contava, era que os “passeios noturnos” na grande maioria das vezes, só ocorriam nas noites de lua cheia. E como o Vovô Tonks costumava dizer, a garota tinha “dado com os burros n’água”.
A garota soltou um bocejo e apoiou o rosto nos braços, rabiscando palavras avulsas e desconexas no pergaminho, escrevendo inúmeras vezes o próprio nome (somente Tonks, é claro). Arriscou um olhar para os colegas; Sirius e Peter pareciam tão ou mais sonolentos do que a garota, James lançava olhares furtivos à Lilly que assim como Remus parecia compenetrada em suas anotações sobre a explicação da matéria.
Tonks suspirou pesadamente.
Fazia pouco mais de um mês que ela havia parado no passado sem explicação aparente e até agora nada havia sido feito para que ela retornasse à sua real época.
-... durante muito tempo, feitiços eram feitos de maneira irresponsável, sem que houvesse um órgão responsável que o monitorasse...
Dumbledore garantira à ela que arrumariam uma maneira de reverter aquela situação, mas até agora nada havia sido feito. Mas Tonks podia compreender que a época era complicada. Todo dia notícias sombrias e nefastas chegavam até eles na escola através do correio, mostrando o quanto Lord Voldemort estava crescendo e espalhando terror à vida das pessoas.
Obviamente, por causa de sua influência, Dumbledore deveria estar engajado na guerra de alguma forma, pois vez ou outra ele se ausentava da escola e, por isso, Tonks não poderia exigir que ele desse total atenção ao seu caso.
-...e é por isso que o Departamento de Reversão de Feitiços Acidentais foi criado, para evitar...
“Já que, até agora, ninguém conseguiu pensar numa solução, eu vou ter de me virar sozinha”
De repente, como as grandes idéias ou as mais estúpidas também costumam surgir, uma idéia começou a se formar em sua cabeça.
“Bem, pelo jeito foi algum tipo de feitiço que me trouxe para cá”, Tonks pensava, enquanto as pálpebras pesadas de sonolência teimavam em se fechar, mas, logo, o sono foi vencido. “Se foi algum feitiço mesmo, eu só preciso encontrar uma maneira de reverte-lo.”
A garota se empertigou na cadeira onde estava sentada, as engrenagens em seu cérebro trabalhando furiosamente, sem nem ao menos se dar ao trabalho de registrar as palavras do Profº.
-...portanto, muito cuidado quando forem experimentar algum feitiço desconhecido, já que a falta de prática pode levá-los a cometer sérios enganos...
Por mais que gostasse das pessoas daquela época, ela sabia que não pertencia àquele tempo, como uma peça de xadrez mal posicionada. Sem contar que quando voltasse à sua real época, teria uma história no mínimo curiosa para contar à Carlinhos, enquanto os dois estivessem sentados em frente à lareira da sala comunal da Grifinória, disputando uma acirrada partida de Snap Explosivo.
Sorrindo internamente e francamente empolgada, a garota despertou de vez e decidiu, que ainda naquela tarde, faria uma visitinha à biblioteca.
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Dizem que os amores juvenis são os que a gente nunca esquece. São aqueles onde nos entregamos verdadeiramente, abrimos o nosso coração com mais franqueza, pois ainda somos inexperientes nesses assuntos tão íntimos.
Dizem que por vezes, são os mais sinceros, pois o sentimento é inteiramente puro, onde nos dedicamos com total devoção ao ser amado, como se nunca mais fossemos ser capazes de amar outra pessoa, como se aquele sentimento fosse ser eterno.
Somos tão ingênuos com relação a eles, que nos abrimos de forma sincera, sem nos importar se mais tarde vamos nos ferir ou não, se isso vai ser levado à diante, se aquele sentimento é realmente verdadeiro ou uma mera ilusão, um simples capricho dos nossos desejos adolescentes.
Assim como a decepção com esses amores são as mais intensas, mais doloridas. Pois de fato, é a primeira vez que experimentamos o gosto amargo da desilusão e da rejeição...
Já me acostumei com a insegurança
De quem não quer sofrer
A paixão certeira que nos alcança
Quem poderá prever
Remus suspirou, os pensamentos confusos, enquanto tentava concluir o seu trabalho sobre Transfiguração Humana.
Durante as últimas semanas, tentou a todo custo se manter placidamente calmo frente à presença de Claire, mas era inevitável não sentir algo muito amargo e doloroso se revirando em seu interior, trazendo um gosto de fel à sua boca.
Cedo ou tarde, ele sabia que as coisas não seriam simples em sua vida. Nem todos aceitariam a sua licantropia com tanta tranqüilidade quanto os marotos.
“Se bem que esses acham simplesmente o máximo ter um amigo amaldiçoado”, o rapaz reprimiu uma risada amarga.
Sim, ele tinha consciência que, no fundo, ele seria sempre sozinho, porque ninguém aceitaria se relacionar com “alguém como ele”. E ele ainda se perguntava porque se importava tanto com isso, se sabia que seria sempre um amaldiçoado, um escravo dos seus próprios instintos de lobo.
E porque ele se importava tanto com a presença de Claire? Será que alguma vez ele realmente amara aquela garota?
Ele era jovem demais para saber se aquilo era realmente amor...
A profundidade e o envolvimento
Não dá pra controlar
A longevidade do sentimento
Só o tempo dirá
E como se os seus pensamentos tivessem vida própria, a imagem da garota de cabelos loiros e cacheados surgiu à sua frente, um sorriso constrangido por detrás dos óculos ovais.
-Hum... Oi Remus! - A garota o cumprimentou e indicou a cadeira em frente à que ele estava sentado. - Posso me sentar aqui?
Lupin ergueu a cabeça do trabalho que há muito estivera esquecido, enquanto ele divagava, e olhou em volta na biblioteca, onde ele notara que haviam várias mesinhas desocupadas. Apenas alguns alunos do sexto e sétimo ano estavam ali, pois tinham períodos livres à tarde.
-Olá. - Respondeu sem esboçar emoção alguma. E inclinou a cabeça para a cadeira. - Sem problemas, não tem ninguém aqui mesmo.
Alguns longos minutos de silêncio constrangedor seguiram-se, enquanto Remus tentava manter a sua concentração totalmente voltada para o seu trabalho escolar. A garota à sua frente vez ou outra lançava olhares furtivos à ele, como se estivesse procurando alguma brecha para puxar assunto.
Por fim, ela fechou o livro que estava à sua frente.
-Remus... eu realmente lamento, sabe. - Ela falou lentamente, sem ousar erguer os olhos azuis para o rapaz. - Não queria que você ficasse chateado comigo, mas...
-Mas você não poderia levar isso adiante, não é? - Ele completou mecanicamente, a voz baixa.
-Bem, é isso! - Claire suspirou, apoiando o rosto na mão direita. - Entenda, Remus, eu não seria capaz de continuar com você depois de...
-Claire, eu já entendi!
Vendo que não iria conseguir estudar mesmo, Lupin enrolou o seu pergaminho e guardou as suas coisas na mochila.
-Entendeu? - A moça franziu a testa.
-Você deve estar se sentindo enganada, traída de alguma forma, pois como poderia imaginar que eu fosse... - o rapaz passou as mãos nervosamente nos cabelos castanhos. - você sabe o que...
Os dois conversavam praticamente aos sussurros, sob o olhar atento de Madame Pince. Mas, o ruído da porta da biblioteca se fechando com estrondo foi o suficiente para desviar a atenção não só da eficiente bibliotecária, mas também dos dois jovens.
Uma jovem de cabelos curtos e lilases entrou, parecendo constrangida ante o olhar sisudo de Madame Pince.
-Desculpe, a porta escapou da minha mão. - Tonks murmurou e logo abriu um sorrisinho sem graça. - Eu queria pesquisar alguns feitiços, algum problema?
Tonks só perguntou isso para melhorar um pouco a sua imagem com a bibliotecária, que na época de Tonks costumava ser tão neurótica quanto o zelador Filch.
“Até que eles fariam um casal simpático, né?”
Tonks reprimiu uma risadinha, mordendo o lábio inferior.
-Tudo bem. - Madame Pince respondeu, olhando com desagrado a aparência da garota, como se aquilo fosse uma grave afronta à sua preciosa e tradicional biblioteca. - Mas nada de amassar, sujar, danificar, escrever, rabiscar ou desenhar de alguma forma, derrubar, queimar, molhar...
E enquanto a mulher continuava enumerando a enorme lista de cuidados e recomendações para com os seus queridos tesouros literários, Tonks esquadrinhou a escura biblioteca até encontrar duas figuras familiares, conversando aos sussurros.
-Remus... - Claire tentou argumentar, mas foi contida com um gesto.
-E ainda assim, tive a ousadia de me envolver com você, não é? Realmente me desculpe, eu não tive a intenção de agir assim...
No fundo, Claire não era má pessoa, mas apenas não sabia como lidar com isso tudo. Era uma garota comum, com o seu sonho cor-de-rosa de ter um namorado perfeito. Claro que ela achara que Remus fosse o candidato perfeito e até nutria um certo carinho por ele, mas no fundo nunca o amara e nem se apaixonara verdadeiramente por ele.
E depois de ter tomado ciência de certos fatos...
-Eu não queria que as coisas tivessem terminado dessa forma. - Ela murmurou.
Remus abriu um sorriso triste.
-Nem eu...
-Eu me sinto mal com isso. - Claire falou. - Não queria que você sofresse...
“Não sofresse mais do que já sofro? Realmente, isso é algo bem difícil”
-Claire, não precisa ter pena de mim. Eu não preciso que as pessoas se apiedem mais, ok?
Depois de alguns longos segundos onde ouvia as mil recomendações de Madame Pince, Tonks finalmente conseguira rumar para as prateleiras da biblioteca.
-E aí, Remus, beleza? - Ela cumprimentou o rapaz com o seu habitual jeito animado, e depois olhou para a outra moça. - E você, Claire, beleza?
Lupin esboçou um sorriso simpático à garota de cabelos coloridos que logo se embrenhou nos corredores apinhados de livros, enquanto Claire respondia o cumprimentou de maneira apática.
-Agora, por onde eu devo começar... - Tonks murmurou para si mesma, olhando para aquela infinidade de exemplares.
Obviamente ela não iria pedir ajuda à bibliotecária. Tonks já havia até visualizado a cena: ela pedindo a ajuda de Madame Pince para encontrar um feitiço super, hiper, mega poderoso que a ajudasse a fazer uma viagem no tempo para que ela retornasse ao futuro. Aquilo era bizarro demais até para Tonks, que já era capaz de imaginar a expressão de indignação da bibliotecária, achando que fosse apenas uma piada daquela garota excêntrica.
Tonks começou a procurar alguns livros na sessão de feitiços, começando a pesquisar pelos livros de feitiços básicos e depois procurando pelos mais complexos que estavam ao seu alcance.
-Feitiços Práticos para Jovens Bruxos, Dicas para Execução de Feitiços Ilusórios... - A garota murmurava, enquanto lia as inscrições nas capas dos livros. Conforme encontrava algum volume que parecia conter a informação desejada, ela ia mantendo seguro em seus braços e logo estava segurando uma enorme pilha de livros.
Quando começou a se encaminhar para uma das mesinhas ali próximo, para poder pesquisar com mais calma, não pôde deixar de notar o clima aparentemente tenso entre Remus e Claire. Ela parecia um pouco constrangida e ele... bem, Tonks não foi capaz de identificar o estado do rapaz.
-...sinceramente, Claire, não entendi o motivo de você ter vindo falar comigo, mas não precisa se preocupar, eu estou bem.
Tonks apurou os ouvidos, movida pela curiosidade, mas por uma distração sua, acabou trombando numa cadeira e ela já estava se preparando para a possível expulsão sua da biblioteca. Os livros que estavam em seus braços lhe escaparam rapidamente, fazendo uma curva graciosa no ar...
Mas com um feitiço agilmente executado por Remus, os livros pousaram suavemente em cima da mesa onde ele estava sentado com Claire.
Tonks conseguiu se equilibrar novamente, e deu um sorriso nervoso para Madame Pince. Ela podia jurar que vira uma veia latejando na têmpora da mulher, que a encarava como se dissesse: “é uma afronta a sua presença em um lugar tão sublime”. Mas a garota não se importou com isso. Encaminhou-se para a mesa onde Remus depositara os seus livros.
-Valeu, Remus. - Ela agradeceu, sorridente. - Eu falei que era um desastre, não foi? Se não fosse você eu ia acabar sendo expulsa definitivamente da biblioteca.
O rapaz sorriu. - Realmente, pelo olhar da Madame Pince, você seria expulsa debaixo de azaração.
-Bom, então eu já vou indo... - Só agora Tonks notara que Claire ainda estava ali. Ela levantou-se e recolheu o livro que estava lendo.
-Que é isso, Claire? - Tonks disse. - Não precisa sair só porque eu cheguei. Eu sento em outra mesinha sem problemas.
-Não é isso. - A garota loira forçara um sorriso. - Eu já estava de saída mesmo. Até mais.
-Até mais, Claire. - Tonks acenou, e sentou-se em frente à Remus, que apenas acenara com a cabeça à saída da moça.
-Hum... É impressão minha ou a Claire não vai com a minha cara? - Tonks perguntou casualmente, os olhos percorrendo as páginas do livro que estava à sua frente.
Lupin permaneceu calado.
-Remus?! - Tonks o chamou.
-Ah, desculpe, eu me distraí um pouco.
-Sei, Sr. Aluado. - A garota gracejou. - Tava no mundo da lua, é?
-Talvez ficar no mundo da lua seja melhor. - Ele murmurou para si mesmo, mas vendo o olhar atento da garota sobre si, mudou de assunto. - O que você estava dizendo?
-Eu comentei que acho que a Claire não vai com a minha cara. Só isso.
-Nymphadora. - Tonks fez uma careta. - Não adianta, se você continuar me tratando pelo primeiro nome, eu vou fazer o mesmo. Então... o problema da Claire não é com você, não se preocupe com isso, ok?
-Mesmo?
-Pode ter a mais absoluta certeza. - E Remus imitou o gesto que Tonks costumava fazer, quando jurava alguma coisa, beijando os dedos cruzados.
-Hum, então se o problema dela não era comigo, só posso deduzir que tenha sido com você.
Lupin fitou o tampo da mesa longamente.
-Ai, desculpa. - A garota mordeu o lábio inferior, com um sorriso constrangido. - Eu e a minha boca grande. Às vezes eu acabo falando demais e sendo inconveniente, né?
-Não se preocupa, Nymphadora. - Remus suspirou. - Pelo menos você é honesta e espontânea. Não fica cheia de rodeios e sempre fala o que pensa.
-Sério? Acho que você é a única pessoa que acha isso bom. Normalmente eu sempre acabo fazendo alguma besteira...
Os dois riram juntos.
-Mas será que vocês não têm outro lugar para darem risadinhas? - Uma voz sisuda falou atrás deles. - Isso aqui é uma biblioteca, ouviram bem?
Tonks teve vontade de enfiar a mão inteira dentro da boca para sufocar as risadas, depois de ver a cara de zanga de Madame Pince.
-Desculpe, Sra, não vamos fazer mais isso. - Lupin disse.
-Eu acho bom mesmo. O Sr. é um monitor, deve conhecer as regras melhor do que ninguém.
Tonks escondeu-se atrás do seu livro. Até parece que o fato de Lupin ser um monitor iria impedi-lo de quebrar algumas regras bobas. Será que ninguém entendia que, apesar de tudo, ele era um maroto?
A bibliotecária lançou mais um dos seus olhares sisudos e voltou para a sua mesa.
-Você e a Claire brigaram?
-Não foi bem uma briga. Mas... não sei direito o que foi, sabe...
E sem se dar conta, Lupin começara a falar de um assunto ainda delicado para ele, sem ter dificuldades. Era diferente das conversas que tinha com os marotos, que sempre levavam tudo na brincadeira. Às vezes ele conversava com Lilly (uma das poucas pessoas que também sabia de sua licantropia), mas também era difícil, já que a ruiva era amiga de Claire.
Mas com Tonks, era diferente...
-Assim, sem querer ser intrometida, nem nada do tipo, mas... - Tonks fechou o livro e debruçou-se sobre ele. - você ainda gosta dela, não gosta?
Aquela havia sido uma boa pergunta. Remus ainda nutria algum tipo de sentimento por Claire? Será que alguma vez ele realmente gostara de verdade daquela garota?
-Não. - e a resposta veio tão naturalmente, que ele próprio se espantou com isso. - Na verdade não. Acho que foi mais o final de tudo que foi mal resolvido. História mal resolvida é sempre algo meio... não sei direito...
-Dá uma sensação ruim, né? Como se você não fosse capaz de seguir adiante tendo algo te prendendo.
-Exatamente. - Remus sorriu. - É exatamente assim.
-Bom, mas se você não gosta mais dela... -Tonks falou. - o negócio é seguir adiante. Uma vez, quando eu tinha uns 14 anos, eu me apaixonei pelo irmão mais velho do meu melhor amigo, sabe. O nome dele era Gui.
-E o que aconteceu? - Lupin se inclinou mais para frente, para poder ouvir melhor.
-O cara era bem conhecido na escola. Bonitão, monitor, tinha todas as garotas da escola aos pés dele. Eu bem que me empolguei, tentei conquistar o cara, mas eu levei um belo de um fora. E sabe o que aconteceu?
-Você ficou chateada com isso? - o rapaz arriscou.
Tonks franziu a testa.
-É, ninguém fica muito feliz por ter levado um fora. Mas eu não me abalei com isso. Tratei logo de dar a volta por cima, sair com outras pessoas. Você está entendendo onde eu quero chegar?
-Mais ou menos.
-Eu quero dizer que você tem se soltar um pouco mais, não ficar encanado numa história só.
-Então você acha que eu tenho que arrumar outra pessoa. Nymphadora, eu mal acabei um namoro, e você acha que eu tenho que me envolver com outra pessoa?
-Sim, qual é o problema nisso? - Ela respondeu tranqüilamente.
-Você não entenderia... - Ele murmurou.
-Ah, qual é, Remus. - Ela balançou a cabeça. - Você é um cara jovem ainda, tem que aprender a viver o momento.
-Viver o momento?
-Sim, viver o momento. - Tonks confirmou. - Sair com outras garotas, se divertir um pouco mais, sabe... Duvido que a Claire esteja de luto por causa do fim do namoro de vocês.
-Realmente, nesse caso você tem razão. - o rapaz soltara uma risadinha amarga. - A Claire já tem um namorado novo.
-Eu não falei?! - Tonks exibiu o típico sorriso de alguém vitorioso. - Não tem porque você ficar assim. Vai por mim, cara, que eu tenho razão.
-Mas eu não sei se quero namorar alguém tão cedo.
-E quem falou em namorar? - a garota abriu um sorrisinho sabido. - Você pode apenas ir aproveitando uma oportunidade aqui, outra ali...
Lupin riu da expressão da garota.
-Às vezes você fala igualzinho ao Sirius. - Ele comentou, ainda risonho.
-Porque nós sabemos como estamos certos.
-Convencida! -Ele provocou.
-Eu? - Tonks arregalou os olhos, fingindo surpresa. - É, talvez eu seja um pouco.
-Bem, nós estamos falando, falando e estudando pouco. - o rapaz coçou os olhos, parecendo cansado. - Nem consegui terminar o meu dever de Transfiguração.
-Ah, o meu eu terminei há séculos. - Tonks parecia orgulhosa.
-Mas pra você é fácil, não é? Não tem a menor dificuldade em mudar a sua aparência.
-Ei, não tire o meu mérito.
-Ok, não está mais aqui quem falou, Nymphadora.
Tonks ergueu uma sobrancelha. - Você não vai desistir de me chamar assim, não é?
-Não mesmo.
-Então se você se acha no direito de me provocar, eu também vou fazer o mesmo, viu. - A garota tentou parecer ameaçadora, mas só conseguiu arrancar mais risadas do maroto. - Quer saber de uma coisa? Eu já cansei de ficar aqui. Vamos pra sala comunal?
-Mas você não estava estudando? - Lupin indagou, franzindo a testa.
-Ah, depois eu pesquiso isso. - Ela deu de ombros, se levantou agilmente e estendeu a mão para ele. - Vem!
Lupin piscou, confuso.
-Vem logo, seu bobo! - Tonks puxou a mão do maroto e enroscou o seu braço no dele.
-Até mais, Madame Pince, depois eu apareço aqui, tá bom? - a metamorfamaga acenou animada para a bibliotecária, antes de sair junto com Lupin para o corredor frio.
Os dois ficaram conversando sobre banalidades durante todo o trajeto até a sala comunal da grifinória, ainda de braços dados. A mulher gorda, que guardava a passagem do retrato, pareceu surpresa ao ver os dois jovens daquele jeito, e depois deu uma piscada maliciosa para eles, quando os admitiu para a sala comunal, sem nem ao menos pedir a senha.
-Aluado!!! - Uma voz animada exclamou, de uma das poltronas da sala. - Dando um passeio pela escola com a minha...
Tonks lançou um olhar desesperado para Sirius, que por pouco não revelara que, na verdade, Tonks era sua prima.
-Com a sua? - Lupin indagou, erguendo uma sobrancelha, sarcástico.
-Com a minha amiga Nymphadora, oras! - Ele completou com naturalidade e depois abriu o seu típico sorriso brejeiro. - Com ciúmes, Aluado?
-Na verdade não, Almofadinhas. Você não faz o meu tipo. - Lupin acrescentou ironicamente, arrancando risadas gerais dos jovens que estavam por ali.
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Notas da Tonks: No dia seguinte eu voltei à biblioteca, mas não encontrei nenhum livro que tivesse algum feitiço que me ajudasse. Tenho quase certeza de que se tiver na biblioteca, está na sessão reservada.
O Sirius ficou um pouco chateado quando soube que eu estou procurando um jeito de voltar para a minha época. Mas ele tem que entender que eu não posso ficar aqui para sempre, por mais que eu goste dele e dos outros garotos. De qualquer forma, ele disse que me ajudaria.
Só espero que dê tudo certo...
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Sim, aparentemente o bloqueio passou, tanto que consegui escrever o capítulo novo rapidinho =). Enfim, espero que tenham gostado desse capítulo. É, eu sei, ficou um pouco introspectivo, mas era um pouco necessário. Com relação à Claire, não se preocupem que a aparição dela vai ser mínima nessa fic. Eu só coloquei a moça na história pra mostrar um pouco do que aconteceu na adolescência do Remus, por ter sido rejeitado e tal.
Se a fic estiver ficando um pouco chata, me perdoem, mas eu acredito que os próximos capítulos vão ser mais animados.
ah, e a música que tem no meio no capítulo é: Pode ser, do Pedro Mariano... acho ela tão 'remusiana'..rsrsr...
Obrigado à: Sônia Sag (atualiza, mulher!), Anna Raven, Senhorita Granger, Belzinha, Sophie Tonks, Lara_Evans, Carolzinha, Charlotte Ravenclaw (estou mega feliz por você ter lido essa fic), Isabela Bichara, Anna Black, Betynha (sério que você tá começando a gostar desse shipper? \o/ que bom...aliás, a fic da Aline é ótima), Nath Potter e Mrs. Radcliffe.
Beijokas e até o próximo capítulo.
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