Descobertas
Os três chegaram ao corredor do 7º andar, próximo à tapeçaria de Barnabás.
- Pode deixar que eu faço aparecer a sala! – Harry disse.
Ele se concentrou andando de uma lado para o outro, até que a porta apareceu. Ao entrarem na Sala Precisa, eles se depararam com uma cópia quase fiel do Salão Comunal da Grifinória. Lá estavam o sofá e a lareira, tendo o vermelho como cor predominante nas paredes. A única diferença é que não havia escadas para os dormitórios. Havia 2 quartos e 2 banheiros distintos. Um para para Harry e Rony e outro para Hermione. Após tomarem banho, estavam reunidos na sala.
- Ron, Mione, esqueci de comentar. – Harry começou – Quando cruzei com a tal Stairovisk no corredor, eu pude olhar bem para a cara dela, que eu ainda não havia reparado naquela confusão toda.
- E? – perguntou Rony.
- Vocês chegaram a notar algo estranho?
- Eu só notei que ela é feinha. – respondeu Rony.
- Não notei nada, Harry. Mas eu também não fiquei reparando, afinal tinham Comensais a nossa volta. – Hermione disse.
- Pois é, quando olhei bem para ela, eu achei ela bem parecida com a Nancy. A Nancy da penseira de Regulus.
- A Nancy? A Nancy que também é a tal Violet que matou seus parentes? – estranhou Rony.
- A mesma que pode ser uma metamorfomoga temporal? – Hermione questionou, também surpresa.
- A própria! – ele disse.
- Harry, isso é sério. Devíamos falar com McGonagall. – disse Hermione.
- Eu prefiro esperar mais um pouco, Mione. McGonagall disse que ficaria de olho nela e na Parkinson. Vou pedir a Gina que fique atenta a qualquer coisa e também para ela falar com Neville e Luna. Eu confio neles e acho que eles podem nos ajudar aqui dentro também. Vamos ver se essa professora coloca as manguinhas de fora.
- Certo, talvez seja melhor mesmo.
- Bem, eu estou muito cansado. Boa noite para vocês. – disse Harry.
- Boa noite, então! – Rony disse.
- Eu vou ler um pouco desse livro que eu trouxe comigo. Boa noite aos dois! – Hermione disse e sentou-se no sofá, próximo à lareira.
Harry e Rony foram para o quarto. Cada um pegou uma cama e puxaram o cortinado. Passados cerca de 30min, Harry ainda se revirava de um lado para o outro sem conseguir dormir. “Droga!” Ele sentou-se e pegou seus óculos, quando viu o vulto de Rony levantando da cama e seguindo para a sala. Ele então ouviu a voz de Hermione.
- Não conseguiu dormir?
- Ah, que nada! Acho que é a tensão. Estou todo dolorido, você sabe. Por causa..., bem..., daquilo, creio eu.
Harry se levantou e viu os amigos por uma pequena abertura da porta do quarto. Hermione estava sentada no sofá, com um livro nas mãos. Rony estava em pé, em frente a ela. Quando Harry ía sair para se juntar a eles, viu Hermione fechar o livro, se levantar e dizer:
- Ron, tire sua camisa e deite de bruços no sofá.
- Hein?
- Tire sua camisa e deite aqui de bruços. – disse apontando o sofá.
- N-Não estou e-entendendo.
- Ron, você está acordado realmente? Não me faça ficar repetindo as frases. Francamente. – impacientou-se Hermione.
Harry segurou o riso da porta do quarto e decidiu ficar quieto ali.
- O que está esperando? – ela perguntou e olhou para ele, que estava da cor dos cabelos – Ah Ronald, não me diga que está com vergonha de eu ver você sem camisa?
- N-Não..., é que... tá legal! – ele então virou-se de costas para ela, tirou a camisa e deitou-se de bruços no sofá.
Novamente Harry deu um sorriso. Hermione, certamente aproveitando que Rony estava de costas para ela, deu uma encarada de cima abaixo no corpo dele. Harry anotou isso mentalmente para pegar no pé dela, da próxima vez que ela reclamasse que eles só viviam para jogar Quadribol. Neste momento, a menina conjurou algo. Pareceu-lhe um tipo de pomada. Então ela montou, literalmente, nas costas de Rony.
- Hermione, o que voc...
- Fica quieto Ronald!
Ela pegou um pouco da pomada e começou a espalhar pelo pescoço, pelos ombros e pelas costas do amigo, que soltou um gemido.
- Ahh, que coisa gelada é essa?
- É gelada agora, depois esquenta.
Ela então começou a massageá-lo.
- Ai! – exclamou ele.
- Shhhh, você quer acordar o Harry?
- Mas doeu, Mione!
- É porque você está tenso. Isso serve mesmo para relaxar. Daqui a pouco você vai se sentir melhor.
- Onde você aprendeu isso?
- Com os trouxas, lógico!
Harry observou Hermione fazer massagem nele por alguns minutos. “Bem que ela poderia me fazer uma massagem também, mas se eu pedir isso, o Ron me lançará uma azaração.” Não pôde deixar de rir com o próprio pensamento.
- Então, como está? – ela perguntou.
- Está bem melhor... hummm... muito melhor...
- Então acho que já chega.
- Ah não Hermione, continua, vai? – pediu ele – Olha, minhas pernas também estão doendo!
- Pernas? Não abusa, Ron!
- Está tão bom, não pára não! Continua!
- Nem pensar! Eu não sou sua pajem, ou sua escrava. Você já está legal! Vai, levanta! – disse ela começando a levantar.
Antes que Hermione se levantasse totalmente, Rony rapidamente virou-se de frente, por baixo dela, e segurou suas pernas para que ela voltasse ao lugar onde estava e não se movesse.
- Ron, me solta! Eu quero voltar a ler. Vai dormir!
- Ah, Mione, faz mais, por favor! Olha, eu continuo dolorido. Ai, ai... – disse ele fazendo cara de dor.
- Continua é? Então vamos ver! – e ela começou a fazer cócegas nele.
- Pára Hermione! Ai, pára, por favor! – dizia ele entre risos.
- O Harry vai acordar por sua causa, Ron! Vai, levanta! – disse continuando a fazer-lhe cócegas.
Agora mesmo é que Harry não sairia do quarto. Estava se sentindo mal por estar espionando os amigos, mas estava doido para ver aonde aquilo ía dar. Principalmente porque percebeu que nem Hermione e nem Rony haviam se dado conta, ainda, da cena que estavam protagonizando. Ele estava deitado de barriga para cima, sem camisa e ela montada sobre ele, fazendo cócegas no seu abdome, enquanto ele segurava uma de suas pernas e, com a outra mão, tentava segurar seus braços. Rony ria muito e parecia estar perdendo as forças. Foi Hermione quem se tocou primeiro da situação e saiu de cima dele, sentando ao lado, muito vermelha.
- O que foi? – perguntou ele sentando-se e ainda rindo.
- Nada! Vai, veste a camisa! Essa pomada vai esquentar e é melhor aproveitar a quentura, porque vai ajudar a relaxar.
- Hermione – disse ele colocando a mão no ombro dela – obrigado.
Ela deu um sorriso encabulado e eles ficaram ali, sentados no sofá, de cabeça baixa. Ela então quebrou o silêncio.
- Acho que eu é que tinha que agradecer algo aqui. Você sabe.
- Deixa disso. Eu...
- Por que você fez aquilo, Ron? – ela interrompeu.
Ele a encarou por um instante e baixou os olhos.
- Responde, Ron! Por que você se meteu na minha frente e recebeu o feitiço por mim?
Ele pensou por um instante.
- Porque eu achei a coisa certa a se fazer. – disse sem olhar para ela.
- Coisa certa? Como assim?
- Você é mais importante do que eu, Hermione! Você pode ajudar mais o Harry do que eu!
- Pára com isso, Ron! – ela disse fazendo-o encará-la – Como você pode dizer uma coisa dessas?
- Mione, o Harry precisa mais de você do que de mim. Você é a inteligente aqui, a esperta, a coerente, a lúcida. Eu sou só..., sou só...o Ronald Weasley.
- Isso, o Ronald Weasley: Aquele que enfrenta seus maiores medos para ajudar um amigo! Aquele que nunca abandona o barco! O fiel! O companheiro mais leal!
Ele olhou para ela. Depois ela continuou.
- Por que você faz isso consigo mesmo? Se desvalorizar, se pôr para baixo? – ela olhou bem dentro dos seus olhos – Ron, o Harry não pode ficar sem você! Eu... eu não posso ficar sem você, entendeu?
- Mione, eu... eu não agüentaria ver você sofrer. Eu preferi e vou preferir sempre levar o feitiço por você.
- Ron, você não pode..., não... – ela começou a chorar.
- Não chora, por favor! – disse se aproximando dela e passando o braço sobre seu ombro.
- Se aquilo fosse um Avada Kedavra, você estaria... estaria... Merlin, não consigo imaginar isso! Se acontecer algo... algo a você... Ron, eu...
- Hermione, me escuta! – ele pegou o rosto dela entre as mãos – Eu quero que você saiba de uma coisa: nunca você vai precisar sofrer, se eu puder evitar. Se eu tiver que morrer no seu lugar, eu... eu vou morrer!
- Nunca mais diga isso! Ron..., por favor... – ela disse entre lágrimas.
- Eu vou estar sempre por perto para te proteger. Sempre! – ele disse enxugando uma lágrima no rosto dela.
- Ron, eu não preciso que você me proteja. Você tem que proteger o Harry! Ele precisa seguir adiante. Ele é o único que pode matar aquele maldito!
- É diferente, Hermione! Por favor, me entenda! Claro que precisamos proteger o Harry! Não só porque é ele quem vai acabar com Você-Sabe-Quem, mas porque ele é nosso melhor amigo! – ele a olhou bem dentro dos olhos – Mas você..., Hermione..., você... – ele respirou fundo – você é a pessoa que eu amo! Amo! Entendeu? Eu não vou conseguir viver, se você não estiver aqui. Eu não suportaria. Eu te amo demais!
- Ron... – Hermione chorava muito.
- Vem cá! – ele a abraçou e deixou ela chorar no seu peito um tempinho.
Ela levantou a cabeça e olhou bem para ele.
- Eu também te amo, Ron! Amo tanto e tão forte que às vezes é assustador! – ela disse – Sempre sonhei com você me dizendo isso. – ela limpou algumas lágrimas do rosto – E também sempre me imaginei falando isso para você. – ela acariciou-lhe os cabelos e continuou – Eu vou estar sempre aqui, Ron. Você acha que eu vou deixar você solto por aí, sem eu por perto para te vigiar? Nunca! Ainda mais agora, sabendo que você sente a mesma coisa que eu. – ela segurou seu queixo – Olha, eu quero que você preste atenção! Nós não vamos morrer nesta guerra, Ron! Não vamos! Portanto, não se atreva a fazer aquilo de novo, entendeu? Nunca mais!
- Sempre mandona não é? – ele riu.
- Há coisas que nunca mudarão! – ela riu com ele.
Ele colocou uma mecha de cabelos dela para trás da sua orelha.
- Você sabe o que eu mais quero fazer agora, não sabe? – ele perguntou fazendo-lhe um carinho no rosto.
Ela fechou os olhos, sentindo a mão do garoto sobre a pele.
- Com certeza é a mesma coisa que eu. – ela deu um sorriso.
Harry viu Rony se inclinar e finalmente beijar a amiga. Devagar, provando seus lábios. Ela acompanhava os movimentos dele, delicadamente, como se também provasse o seu gosto. Então entreabriu os lábios, deixando-o entrar, tornando o beijo mais íntimo. Ao pararem, eles deram um forte abraço, então ela falou:
- Sabe o que sua mãe me disse, quando se despediu de mim lá na Toca?
- O quê? – ele enrolava um cacho de cabelos dela nos dedos.
- Ela me disse que você sentia algo diferente por mim e me pediu para te dar uma chance.
- Verdade? – ele surpreendeu-se, para depois acrescentar com um sorriso – Muito sábia a Sra. Molly Weasley. Acho que então eu devo agarrar a chance com unhas e dentes. – e a beijou novamente.
Mas desta vez o beijo não foi delicado. Foi voraz! Toda a paixão que reprimiram por tanto tempo, foi colocada para fora ali. Ele agarrou a cintura dela e ela enterrou as mãos nos cabelos ruivos dele, trazendo-o para mais perto e colando seus corpos de uma vez. Eles se beijavam com tanta vontade que era como se a vida deles dependesse daquilo. Rony devorava os lábios de Hermione e ela fazia o mesmo com a boca do garoto. O beijo estava de um jeito, que Harry achou que eles fossem sufocar. Quando eles se soltaram, Rony falou ofegante:
- Nossa! Como estou quente! E não é efeito da pomada, posso garantir! – deu um sorriso e beijou-a de novo.
Harry decidiu dar privacidade a eles. Eles mereciam. Deitou-se novamente com um sorriso nos lábios, já pensando em contar tudo à Gina, assim que se encontrassem na manhã seguinte. Então, finalmente, pegou no sono.
Ele agora estava em um lugar escuro, com apenas algumas velas em torno, que davam pouquíssima claridade ao local. Uma cobra envolvia suas pernas, acariciando-as. Alguém falava com ele:
- Mestre, o que fazemos com o traidor agora?
Harry se ouviu responder, com uma voz gélida:
- Traga ele aqui!
Não demorou muito e um vulto de vestes pretas foi arremessado ao chão, a seus pés.
- Levante! – disse Harry.
Não houve movimento.
- Levante maldito! Crucio!
O indivíduo no chão começou a contorcer-se, mas sem emitir som algum.
Harry voltou a falar:
- Levantem ele e tirem esse maldito capuz. Quero ver ele me encarar!
Lucius Malfoy e Dolohov suspenderam o homem e tiraram-lhe o capuz. Severo Snape tinha o rosto quase desfigurado. Estava muito machucado e inchado. Cicatrizes mal curadas espalhavam-se por sua face suja de sangue. Seu nariz estava quebrado.
- Ah Severo, parece que meus fiéis seguidores machucaram você um pouquinho. Muito bom, muito bom! Mas não o suficiente, creio eu! Crucio! – Harry disse novamente com a varinha voltada para Snape.
Aquilo lhe dava um prazer maravilhoso e ele riu alto. Uma risada fria e maquiavélica.
- Mestre... – Snape tentou balbuciar.
- Eu não autorizei que você falasse, autorizei? Sectumsempra!
Os cortes do rosto dele voltaram a sangrar em profusão e mais outros apareceram.
- Muito bom esse seu feitiço, Severo. Adorei! LEVANTEM ELE! – gritou Harry.
Novamente os Comensais ergueram um Snape moribundo.
- Fale agora! Onde ele está?
- Mestre, eu... não sei! Não... sei.. do que... fala... Acredite...
- Como ainda ousa idiota? Dizer na minha cara que não sabe! Como vocês armaram tudo? DIGA!
- Milorde... não...s-sei... – Snape murmurou.
- Mestre! – Dolohov chamou
- Sim.
- Se me permite, Mestre – ele se abaixou em uma reverência – nós já usamos de tudo nele: feitiços, maldições, nada funcionou. Ele não deve saber mesmo onde está o velho.
- Meu caro Dolohov, se tem alguém que sabe, é ele! Ele me enganou! Dumbledore não morreu! – Harry dizia com um ódio descomunal.
Ele acordou gritando e sua cicatriz parecia pegar fogo. A dor era insuportável. Em segundos, Rony e Hermione já estavam em volta da cama, junto a ele.
- Harry! – exclamou Hermione – Acorda!
- Acorda Harry! É um pesadelo! – disse Rony.
- Snape! – exclamou Harry erguendo-se – Precisamos tirá-lo de lá! Hermione estava certa! Dumbledore está vivo!
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