A primeira morte de Pedro
Um mês se passou desde a morte de Marlene. Para os membros da Ordem, o fato de um de seus companheiros ter sido assassinado não passava de mera coincidência. Ataques ocorriam quase que diariamente, comensais eram presos, aurores pereciam em missões... Era a guerra.
No escritório que dividia com Camille, Lílian trabalhava com a mente muito longe dali. Constantemente ela voltava seus pensamentos para o que descobrira na festa de ano novo. Por anos ela achara que tinha superado a morte dos pais, mas agora sabia que isso não era verdade. Ela só trabalhara em esconder a dor que sentia, mas não lidara realmente com o fato deles terem sido assassinados, mesmo porque, na época, estava muito ocupada com seu recém-descoberto dragão.
Era uma sorte ter tanto trabalho nos últimos tempos, pelo menos isso a distraía um pouco dos pensamentos sombrios que Bellatrix despertara nela. Assim, para todos, parecia que ela estava meramente cansada. Lílian forçou-se a prestar atenção no documento que tinha diante de si, mas uma leve dor de cabeça a assaltara.
Camille observou a amiga com curiosidade por alguns instantes. Lílian estava pálida, e extremamente quieta. Isso não era normal. De repente, a ruiva levantou-se quase correndo e entrou no pequeno banheiro do escritório. A loira levantou-se também, preocupada.
- Lily? O que está acontecendo?
Lílian não respondeu, estava muito ocupada vomitando. Camille sentiu como se uma luz se acendesse em seu cérebro.
- Lily?
- Eu estou bem, Camille. - Lílian respondeu rouca - Só estou um pouco tonta.
- Isso tem sido contante, Lily? - Camille perguntou, aproximando-se.
- Bem... Desde o começo do ano, quando o pai de Tiago morreu. Acho que estou sofrendo de algum colapso nervoso.
Lílian lavou a boca e voltou ao escritório, procurando pastilhas em sua bolsa. Camille a seguiu com um sorriso.
- Na verdade, Lily, eu acho que não é um colapso nervoso. Aliás, me espanta você, sendo uma aprendiz de curandeira, sequer desconfiar disso.
A ruiva sentiu-se congelar. Como não pensara naquela possibilidade? Estava tão absorta em "planos de vingança" e coisas do tipo que não dera atenção aos enjôos, às tonteiras, os... desmaios.
- Ai, meu Merlin, Lílian, acorda!
Camille ajoelhou-se ao lado da amiga, que acabara de desmaiar. Elifas Doge, atraído pelo grito da sra. Bones, entrou no escritório.
- Lílian? O que está acontecendo, Camille?
- Nós estávamos conversando... e ela simplesmente desmaiou!
O velho senhor saiu do escritório e pouco depois voltou com um medi-bruxo que sempre estava a postos no Ministério. Colocando um frasquinho com um líquido incolor sob o nariz de Lílian, ele conseguiu fazê-la acordar. A ruiva piscou os olhos com força, observando as três pessoas que ocupavam a sala.
- Lílian, acho melhor você ir para casa, descansar um pouco. - Doge observou - Tire o restante do dia para se cuidar.
Ela se levantou, apoiada no medi-bruxo.
- Obrigada, senhor Doge. Eu vou sim. Mas antes eu gostaria de tirar uma dúvida... Acho que vou passar no St. Mungus, com licença.
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Hora do almoço. No quartel-general de aurores, Tiago e Sirius deixam seus cubículos para chamarem Lílian e Susan para o almoço. A morena, que trabalha no mesmo andar, logo se junta a eles em direção ao escritório que Lílian divide com Camille. Mas, chegando lá...
- Camille? - Tiago, após vasculhar com os olhos o aposento, virou-se para a colega da esposa - Onde está a Lily?
- Ela foi pra casa mais cedo, Tiago. Lílian passou mal e o senhor doge decidiu liberá-la.
- Passou mal? - Tiago perguntou apreensivo.
- Bem, ela desmaiou e... é melhor você ir pra casa.
- Ei, Pontas, você não tá cuidando da sua esposa direito? - Sirius perguntou, cruzando os braços - Como padrinho do casamento, eu quero saber o que você está aprontando com a minha amiga para ela estar desmaiando no trabalho!
Susan sorriu discretamente, meneando a cabeça e Tiago virou-se para eles, confuso.
- Podem ir almoçar, eu... eu vou pra casa.
- Ei, e a Lílian não vai... O moreno logo aparatou e Sirius ficou olhando para o nada - ...comer?
Susan entrou no escritório, sorrindo para Camille.
- O que realmente aconteceu? - a italianinha perguntou sem prestar atenção no fato de Sirius não ter entrado no escritório.
- Bem, eu acho que logo, logo, vocês vão ser chamados para ser padrinhos de novo...
Sirius sorriu, encostando-se à parede mas não disse nada. Susan soltou um gritinho de excitação.
- Falando em afilhados, como vai a pequena Susana?
- Muito bem. Ela está gordinha... e finalmente deixou de ser careca. Ela é moreninha, que nem o pai.
- Então depois a gente se vê. Ainda temos que almoçar, só a Lily ganhou dia de folga. Tchau, Camille.
A loira fez um aceno com a cabeça e Susan fechou a porta do escritório, virando-se para Sirius.
- Bem, parece que o time de quadribol de vocês está começando a tomar forma. - ela piscou o olho - Vamos?
- Com toda a certeza.
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Os olhos de Pedro se alargaram em choque.
- Milorde, eu, eu...
- Escolha, Pettigrew. - Voldemort disse com a voz fria - Você tem que decidir de uma vez com qual lado está a sua lealdade. Eu não irei tolerar que continue se negando a realmente ser um de meus comensais.
- Mas, senhor, eu sou um fiel seguidor de...
- E onde está a sua Marca Negra, Rabicho? Você não se mostrou digno de usá-la, recusando-se a usar minha mais bela maldição. Não seguirá em minhas fileiras até tê-la em seu braço. Estou lhe dando a escolha de seu meu servo de poder e direito, ou de morrer gloriosamente em nome do que chama "amizade". Ou não tão gloriosamente, já que ninguém saberá onde seu corpo imundo foi parar, não é?
Pedro abaixou a cabeça.
- Eu farei o que milorde deseja.
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- Lílian! - a voz de Tiago soou da sala.
A ruiva se levantou com um sorriso, embora tudo ainda rodasse. Ela caminhou até o umbral da porta, onde encontrou o rapaz correndo pelas escadas, olhando-a preocupado.
- A Camille me avisou, eu vim correndo, deixei até o Sirius falando sozinho... O que você tem? Está doente? Com febre? É grave? - ele perguntou ansioso.
- Tiago... eu acho melhor você se sentar.
Ele ajeitou os óculos que tinham escorregado para a ponta do nariz em sua afobação e obedeceu à esposa. Ela estava sorrindo. Então não estava doente. Mas Camille dissera que ela passara mal e que era melhor ele ir procurá-la...
- Você sabe que eu não costumo enrolar, Tiago, então vou ser bem direta. Eu sei que vai ser um choque, que você...
- Lily, querida, você não disse que ia ser direta?
Ela respirou fundo, assentindo com a cabeça.
- Então... Certo. Tiago, você vai ser papai.
- Ok, eu vou ser... - ele piscou os olhos, levantando-se de súbito - PAPAI?! Você está querendo dizer que eu vou ser... papai? Hum, você comprou algum bichinho para ser nosso filhote? Um cachorro talvez?
Ela meneou a cabeça. Tiago estava em choque, como ela previra. Ela também se chocara. Como ter um filho no meio de uma guerra? Mas agora já estava feito, não havia para onde correr. O rapaz começou a andar de um lado para o outro e Lílian não conseguiu reprimir um sorriso. A face de Tiago estava contorcida, como se ele estivesse fazendo força para pensar.
- Você tem certeza disso, Lily?
- Passei no St. Mungus para confirmar. Ele já está com três meses.
- Ele? Você já sabe...
- Lembra do nosso sonho? - ela perguntou sorrindo.
Tiago suspirou e passou a mão de leve sobre a barriga da esposa.
- Harry, primeiro jogador do "Potter's king". Meu primogênito vai ser o apanhador. Ele vai herdar o talento do pai.
- Espero que não herde a modéstia do pai também... - ela sorriu e Tiago a abraçou com carinho.
- Acho que minha mãe vai gostar de saber da notícia.
Lílian riu.
- É... E provavelmente ela vai estar se mudando de mala e cuia amanhã mesmo, para poder cuidar de mim, o que significa que ela vai tentar me prender na cama o dia inteiro. Como se gravidez fosse doença...
- Mas você vai precisar se cuidar mais, Lily. - o rapaz observou com uma pontada de preocupação - Voldemort ainda não desistiu de você. Ele a quer como aliada.
- Ele é um idiota. Como diz o Sirius, é uma velha amargurada porque criou uma verruga no nariz.
Tiago riu.
- Espero que mantenha esse humor...
- Ah, senhor Potter, comece a se preparar. Nunca ouviu falar que uma mulher grávida é um vulcão de hormônios? É um coquetel de instintos assassinos, com tensão sexual e feminismo desregrado?
- Isso significa que eu vou ter que aguentar mudanças de humor a toda hora? - ele perguntou, segurando-a no colo - Está tentando fazer com que eu pague meus pecados, Lily?
- Por aí... - ela respondeu, eoubando um beijo dele enquanto ele a deitava na cama com cuidado - A propósito, eu estou com fome.
- A fase dos desejos... - Tiago suspirou - O que quer? Chapéus ao molho?
- Chapéus ao molho? - Lílian riu - De onde você tirou essa?
- Meu pai me dizia sempre que quando mamãe estava grávida de mim, manifestou o desejo de comer chapéus ao molho de tomate.
- E ela comeu?
- Eu não nasci com cara de chapéu, né?
A ruiva riu.
- Na verdade, eu queria uma macarronada ensopada com queijo e...
Tiago levantou-se.
- Isso me lembra que eu também não almocei. Muito bem, eu vou no restaurante da esquina fazer seu pedido e trago o almoço pra cá. Vamos fazer uma pequena festa para comemorar a notícia.
Ele saiu do quarto e Lílian se sentou na cama, observando o céu. A primavera se aproximava. A ruiva sorriu.
- Harry, Harry, Harry... Se realmente herdar o gosto de seu pai por vassouras, espero que não me mate de preocupação...
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A noite caiu silenciosamente na grande propriedade dos Bones. Camille colocou Susana no berço, depois de niná-la. A loira voltou-se para a janela de onde divisava o bosque que circundava o casarão. Uma sensação ruim a assaltou. Pela primeira vez em muito tempo, ela pensou que morar num lugar tão remoto poderia lhes causar problemas.
O som de uma porta se abrindo fez com que acordasse de suas preocupações. Edgar acabara de chegar. Ele sorriu ao vê-la sair do quarto de Susana e a abraçou com carinho.
- Como foi o dia? - ele perguntou após beijá-la.
- Interessante. Parece que vamos ter um novo mascote para a Ordem.
Edgar olhou para ela, curioso.
- Como?
- Lembra que você tinha dito que a Susana seria a mascote da ordem, já que o pai e o avô dela estavam lá?
- Lembro. - Edgar sorriu - E quem vai ser a dupla de Susana?
- Bem, eu não sei ainda o nome, nem se vai ser uma ou um mascote... Mas lílian está grávida.
- Tiago deve estar subindo pelas paredes de felicidade. - Edgar sentou-se no sofá, no que foi seguido pela esposa - lembro de diversas vezes em que ele disse que queria ter um time de quadribol só de filhos. Com direito a reservas.
Camille riu, balançando a cabeça. Edgar ficou pensativo por alguns instantes.
- Edgar? O que foi? - ela perguntou suavemente.
- Não vai ser uma dupla, mas um trio. Os Longbottom também estão esperando um filho.
A loira pousou a cabeça no ombro dele.
- Já pensou como seria, todos eles serem colegas em Hogwarts? Imagina um filho dos Potter... será que ele vai continuar com a tradição dos marotos ou vai puxar à mãe certinha?
- A Lílian não é tão certinha quanto aparenta. - Edgar riu - Fui monitor-chefe com ela, lembra? Eu me lembro de várias vezes em que ela infrigiu as regras... se bem que, em todas elas, ela fez por causa de Tiago.
Camille meneou a cabeça e voltou a se levantar, caminhando para a cozinha. Nesse momento a campainha tocou.
- Deixa que eu atendo. - Edgar levantou-se e ela continuou seu caminho para a cozinha - Pettigrew?
Pedro sorriu tristemente. Duas sombras se moveram na escuridão, juntando-se ao loirinho. Uma delas apontou uma varinha para o peito de Bones.
- Expelliarmus.
Edgar se viu desarmado e antes que pudesse protestar, o outro vulto o projetou para a parede. Ele atravessou uma cristaleira e cortes se abriram em seu corpo. O barulho chamou a atenção de Camille, que apareceu na porta da cozinha, seguida de um elfo doméstico.
- Imperio! - o primeiro vulto gritou e os olhos dela vidraram-se - Vá, Pettigrew. Eles não vão lhe dar muito trabalho.
Pedro aproximou-se de Edgar, sentado no chão, respirando pesado. O olhar do auror era de puro ódio. Ele cuspiu quando o rapaz aproximou-se.
- Traidor. - Edgar murmurou, sem se importar com os pedaços de vidro que perfuravam seu corpo ou com os vários arranhões de onde o sangue minava - Covarde imundo, traidor!
Tremendo levemente, Pedro levantou a varinha.
- Avada Kedavra!
Um lampejo de luz verde atingiu Edgar no peito. Nos olhos dele, embora já não houvesse vida, estava estampado o ódio que ele sentira no momento de sua morte. Pedro suspirou. Bones sequer tivera chance de se defender.
- Vamos embora. Eu já fiz o quê...
- Tão rápido, Pettigrew? - uma voz feminina soou e ele se virou para o menor dos vultos - Quer deixar testemunhas da sua traição?
- Eu...
- Mate a mulher.
Pedro se virou para Camille, que permanecia parada. O elfo doméstico chorava aos pés de sua senhora, mas um dos comensais o segurou com força pelo pescoço, até ele parar de se debater. Ele aproximou-se e notou que os olhos dela estavam pontilhados de lágrimas.
- O que está esperando, Pettigrew?
Ele ergueu novamente a varinha.
- AVADA KEDAVRA!
O corpo de Camille caiu molemente no chão. Pedro abaixou a cabeça, resfolegando.
- Vamos olhar os quartos. Talvez haja mais alguém.
Pedro sabia que havia mais alguém. A filha dos Bones. Ele seguiu os comensais pela casa e. assim que eles se separaram, correu até o quarto da criança. Susana ainda dormia, alheia a tudo que acontecera. Um pacífico sorriso estava estampado em seu rosto. Precisava arranjar uma maneira de esconder a criança.
Não era tão competente quanto os amigos, mas a convivência com eles tinha lhe ensinado alguns truques muito bons. A menina, apesar de tudo, viveria. Quando saiu do quarto dela, ele encontrou os outros dois comensais.
- Encontrou alguém?
Pedro meneou a cabeça.
- vamos embora.
Eles saíram da casa e, lá fora, o comensal mais alto ergueu a varinha.
- Morsmordre.
Sobre a casa dos Bones, um sinistro crânio verde com uma cobra saindo de sua boca, flutuou. Os três aparataram. E apenas o silêncio permaneceu como testemunha.
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Uma enorme planície. O céu escuro parecia tentar esconder a devastação a perder de vista. Ela caminhou calmamente, sem noção de tempo ou espaço. Apenas caminhava. Até chegar à beira de um pequeno córrego.
As águas tranqüilas contrastavam terrivelmente com a paisagem sombria. Lílian sentou-se numa das pedras sobre o chão, observando o lugar. Sabia que estava em mais um de seus sonhos estranhos. Passos a tiraram de sua contemplação e ela se virou para encontrar um homem alto, de barba ruiva espessa e olhos azulados, olhos que a lembravam de Dumbledore.
- Olá, guardiã. - ele a cumprimentou com voz forte.
Ela não precisou de mais nada para descobrir quem era aquele homem. Já ouvira a voz dele, numa noite tão sombria quanto era aquele mundo.
- Chaos.
Ele assentiu a põs-se de pé ao lado dela, observando a planície que tinham diante de si. De repente, um tremor fez a garota ficar em pé de um salto, mas ele não se moveu. Diante dos olhos atônitos de Lílian, uma montanha se ergueu.
- Como fez isso?
- Eu não fiz nada. - ele respondeu - É da natureza desse lugar se destruir e reconstruir sempre. Para se criar alguma coisa, antes é preciso um ato de destruição.
- Porque estou aqui?
Ele sorriu.
- Porque está sempre atrás de respostas. Você as deseja tanto que consegue ultrapassar as fronteiras entre os reinos dos Perpétuos.
- Você é um dos Perpétuos? - ela perguntou fracamente.
- Sim, eu sou.
- Então, você pode me dar as respostas que procuro?
- Não. Só o que posso fazer é alertá-la.
- Alertar? - ela estava visivelmente curiosa.
- Você deve se lembrar do que eu disse em nosso último encontro. A Antiga Magia é feita de sarifícios. Usá-la pode significar perder algo por demais importante. Só use seu verdadeiro poder em último caso.
Lílian respirou fundo.
- Eu... eu poderia usar o meu poder para... para deter voldemort?
- Seria uma escolha sua. Mas devo avisá-la que o ódio que sente poderia fazer a magia se voltar contra você. Não apenas isso. Você poderia invocar o Ragnarock sem ter real consciência do que estaria fazendo.
Passos mais leves soaram e Lílian voltou a se virar. Uma garota de olhos claros e gentis. Thanatus sorriu, aproximando-se.
- Guardiã. - ela fez um aceno com a cabeça, sentando-se na pedra que a ruiva deixara livre.
A montanha que repentinamente se erguera começou a desabar, levantando nuvens de poeira. Lílian perdeu o equilíbrio, mas antes que fosse ao chão, Chaos a segurou. Quando a poeira baixou, um deserto de pedras se estendia a perder de vista.
- Obrigada. - Lílian se aprumou, olhando para Chaos, que apenas sorria de leve.
- Há outra coisa da qual deve ser alertada, guardiã. - a voz suave de Thantus soou. Lílian virou-se para ela, embora a garota observasse o córrego - O toque da morte jamais abandona aqueles sobre os quais caíram. Ele assombrará suas visões, sempre que alguém que ama estiver em sua hora.
- Como? - a ruiva agora estava realmente confusa.
- Você sempre verá minha face antes que eu me abata sobre aqueles que ama. - Thanatus respondeu tranqüilamente - Suas visões se tornarão cada vez mais precisas, até o momento em que eu for buscá-la.
Lílian sentiu uma lágrima escapar de seus olhos, mesmo que não compreendesse o que a garota queria realmente dizer. Mas antes que pudesse perguntar mais alguma coisa, um torvelinho escuro a envolveu e ela caiu em um sono profundo e sem sonhos.
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Carátaco terminou de arrumar o lugar do piquenique, no meio do bosque da propriedade dos Bones. Prometera à filha e à neta que, naquele fim de semana iria levá-las num passeio pelo bosque. O velho sorriu ao ver tudo pronto e aparatou para a orla do bosque, ainda sorrindo.
No entanto, a visão de uma caveira recortada contra o sol, flutuando sobre o casarão, teve o mesmo efeito de um soco no estômago. Ele observou a marca negra atônito, antes de começar a correr pelo gramado.
A porta da casa estava aberta. O velho auror entrou com cuidado, mas não precisou andar muito para encontrar a cena que tanto temia. Caído contra a parede, com um olhar de ódio, estava Edgar. Camille estava um pouco mais adiante, perto da cozinha, uma última lágrima descansando sobre os cílios. Ele ajoelhou-se ao lado da filha, limpando o rosto dela e fechando seus olhos.
- Camille...
Ele também fechou os olhos, tentando se controlar. A casa estava em profundo silêncio... Não... Os ouvidos treinados de Carátaco Dearborn ouviram um choro fraco, cansado...
- Susana!
Ele se pôs em pé num pulo e subiu as escadarias quase correndo, entrando no quarto da neta. O choro fraco continuava e vinha dali, mas o cômodo estava vazio. Carátaco entrou com cuidado. E se fosse uma armadilha?
Ao chegar no ponto onde o berço de Susana deveria estar, ele deu uma topada em alguma coisa. Sem se importar com a dor, Carátaco tirou a varinha do bolso e estendeu para a frente.
- Aparecium!
Instantaneamente o berço voltou a aparecer e, dentro dele, chorando, estava Susana. Com cuidado, o auror segurou a neta. Ela parou de chorar, embora fungasse de quando em quando. Carátaco abraçou a pequena órfã.
- Não se preocupe, querida. Eu vou pegar quem fez isso com você. Eles vão pagar caro...
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Lílian entrou na sala, onde quase todos os mebros da Ordem já se encontravam. Ela sentou-se entre Tiago e Sirius e observou Dumbledore com ansiedade. O que poderia ter acontecido durante o fim de semana? Dumbledore se levantou imponentemente e tirou os óculos, limpando os olhos.
- Eu sinto muito por interromper o merecido descanso de alguns de vocês, mas Carátaco Dearborn se comunicou comigo agora há pouco e eu precisei convocar essa reunião. - o velho diretor respirou fundo - Essa noite, Edgar e Camille Bones foram assassinados em sua residência.
Susan sentiu algo ruim subindo por sua garganta.
- Professor... - ela o interrompeu num fio de voz - E... e a filha deles?
- Susana foi poupada. Carátaco está entregando a menina a um irmão de Edgar que irá cuidar dela como se fosse realmente filha dele. Ela crescerá sem saber a verdade, achando que Edgar e camille eram apenas seus tios, que sequer chegou a conhecer, isso para a própria segurança dela.
A italianinha abaixou a cabeça e Lílian lembrou-se de seu sonho. A face da morte... Ela vira a face da morte na noite anterior. Então era isso? Seria sempre avisada quando alguém próximo a ela estivesse morrendo? Tiago percebeu a preocupação da esposa e segurou a mão dela por debaixo da mesa.
- Esse é o segundo ataque a membros da Ordem. - foi a vez de Moody se pronunciar - Quando Marlene foi assassinada, pensamos que era apenas uma coincidência, mas...
- Ao que parece, voldemort descobriu sobre a Ordem da Fênix. - Dumbledore completou.
Sirius olhou para Remo, que parecia beber cada palavra do que era dito. Pedro abaixou a cabeça, culpado, lembrando-se do olhar de Edgar e de Camille. Em seu braço, a marca negra ainda ardia.
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